A Beautiful Lie escrita por Letys


Capítulo 7
If I'm James Dean, You're Audrey Hepburn


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoas. Tudo bom com vocês?
Então, cá estamos nós. Recebi alguns reviews no último capítulo, e apesar de não serem muitos, me deixaram um pouquinho feliz. Talvez o suficiente para postar esse cap aqui.
Não quero dar spoilers nem nada, mas preparem seus corações Peetniss para o que vem a seguir.
Como a música do título desse cap não é muito conhecida, mas vale muito a pena conhecer, quem quiser entrar no clima, só conferir: https://www.youtube.com/watch?v=71SvPulAyZI
Adiós, até lá embaixo.



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De todas as experiências que já tive naquele corredor, nenhuma se comparava a essa. Enquanto eu andava, dezenas de pescoços se torciam para tentar descobrir quem era o "novo garoto da cidade". Mal eles sabiam que esse garoto era veterano, mas também, um pouco (talvez muito) invisível.

Estranhamente, consegui observar algumas garotas enviarem algumas "piscadinhas" na minha direção. Aquela situação não parecia real.

Não é real, não é real.

Não posso dizer que não estava gostando daquela situação. A cada passo, eu sentia coisas que nunca pude experimentar. Mas nada nem ninguém ali importava - só uma única menina. Dos olhos cinzas e cabelos castanho escuro.

Continuei meu caminho, ignorando os suspiros e faces espantadas ao descobrirem que eles estavam olhando para o bom e velho Peeta Mellark. Eu procurava desesperadamente por ela, e aguardava o momento em que poderia enxergá-la com a minha "nova visão" de mundo.

Mal podia esperar para ter sua reação.

Foi então que a vi.

Do outro lado, próximo a porta da sala de Literatura, ela estava encostada em seu armário, conversando com Madge e Annie. Naquele exato momento, eu já não estava mais tão certo se realmente queria ser notado.

Mas, como sempre, Madge não me deu escolha. Me enviou uma piscadela, como em uma mensagem silenciosa.

"Não vai fugir agora, né panaca?"

– Olha o que temos por aqui! - Ela exclamou. No mesmo instante, pude ver Katniss virar sua cabeça em minha direção, enquanto seus olhos se arregalavam e, literalmente, seu queixo caía.

Naquele momento, o pânico começou a me consumir. Eu já não sabia o que fazer, já não sabia se toda essa história de transformação tinha sido uma boa ideia.

Saí de meu estupor e percebi que estava congelado no meio da passagem de dezenas de estudantes. Annie e Madge me fitavam, assim como a Everdeen. Prossegui poucos passos, ainda resolvendo se valia a pena.

É pela Katniss.

É claro que vale a pena.

Finjo ter parado por causa de uma suposta vibração no meu celular, retirando-o do bolso e teclando qualquer coisa como uma expressão do meu nervosismo e ansiedade.

Já que não tinha muitas opções, e fugir seria assumir que realmente sou um covarde (como Gale tentou provar no outro dia), resolvi seguir meu caminho até as meninas.

Pe-Peeta? - Katniss parecia muito surpresa. Aflição, angústia, supressa: tudo isso estava presente em seu olhar tempestuoso.

– É, sou eu - Olho para ela, e apesar de provavelmente estar encarando-a por tempo demais, parecia o certo a se fazer, já que ela manteve-se calada e retribuía com um olhar fixo sobre mim - Bem, pelo menos, eu acho.

Isso provocou algumas risadas de Annie e Madge. Assim que olhei para elas, pude perceber que seus planos não eram de permanecer ali por muito tempo.

– Madge, acho que estamos atrasadas para a aula de Espanhol, não estamos?

Katniss se virou para as meninas, e pude perceber sua súplica: "não me deixem aqui com esse idiota".

– É, estamos sim, Annie - Respondeu Madge, de uma forma bem irônica, uma vez que olhou para o próprio pulso esquerdo, fingindo consultar a hora. Porém, o tiro saiu pela culatra: não havia nenhum relógio para ser consultado.

Sem mais prorrogações, as duas caminharam rebolando, me deixando em uma situação um tanto quanto muito desconfortável.

Mas eu não parecia estar sozinho quanto a este sentimento.

– O que aconteceu com você? - Diz Katniss. Sua pergunta me assustou um pouco.

– Como assim? Está tão ruim? - Pergunto. Não era o tipo de resposta que eu estava esperando, depois de uma longa tarde fazendo coisas de "menininhas".

– Não, é que... - Ela parece um pouco desconfortável - Bem, em um dia você está no hospital, e no outro, está... Assim.

"Assim"? Sério? Depois de tanta coisa, tudo o que ela pode dizer é "assim"?

– E com "assim" você se refere a...? - Respondo sua pergunta com outra. Cansei desses milhões de joguinhos da Everdeen. Dos meus joguinhos. Dos nossos joguinhos.

– Diferente... - Ela começa, e apesar de uma pausa, que me fez pensar que não havia mais nada para se dizer, ela reafirma - É. Isso. Diferente.

Eu estava confuso. Será que eu fiz algo que ela não queria? Será que ela queria o Peeta de antes, e não o atual?

Não seja idiota.

Ela não quer nenhum dos dois.

– Olha, Peeta - A Everdeen prosseguiu - Eu sei que já te pedi desculpas, e já te agradeci, mas sinto que te devo uma.

– Você não me deve nada, Katniss.

– Devo, devo sim.

Que garota teimosa! Lidar com Katniss nunca foi fácil, mas ter que lidar comigo mesmo já era difícil, com ela também, era praticamente impossível.

– Bem, então, faremos o seguinte: da próxima vez que eu precisar de alguma coisa, você será a primeira da lista por quem eu irei chamar. Fechado? - Merda. Que droga de proposta foi essa?

Com um sorriso tímido, porém sincero, Katniss me deu a melhor resposta possível.

– É claro. Fechado.

Por alguns minutos, não houve mais assunto. Assim como quando éramos crianças, permanecemos apenas nos encarando.

Azul no cinza.

Aquele momento parecia durar segundos, e também, uma vida inteira. Entretanto, nada bom dura para sempre.

O sinal tocou, e com um leve aceno de cabeça, Katniss retirou seus livros do armário e se despediu balançando a mão desocupada no ar em minha direção.

Aceno descaradamente em resposta.

– Olha, eu vou te falar - Uma voz mais do que familiar veio de repente ao meu ouvido - O rolo de vocês é mais enrolado do que eu pensava ser possível.

Dirijo meu olhar para trás.

– Cai fora, Finnick.

E com algumas risadas, e mais um de seus vários conselhos amorosos - que nunca deram certo pra ele, muito menos pra mim - seguimos nosso caminho até a sala de Inglês Avançado.

Com Finnick, as coisas funcionavam assim.

Não sei o que faria se não tivesse este puto ao meu lado.

* * *

Cá entre nós, sair da zona da invisibilidade para a zona "centro das atenções" não é fácil. É assustador, eu diria. Assim como vários outros alunos e professores, eu estava me surpreendendo com meu novo comportamento. Eu andava pelos corredores como nunca andei antes: em linha reta, confiante e de cabeça erguida.

Eu ainda estava com aquele diálogo que tive com a Katniss mais cedo na cabeça. Juro, eu queria muito descobrir o que ela estava sentindo. Mas ela é um enigma. "Ela gostava tanto de mistérios que acabou se tornando um". A verdade é que eu nunca sei o que fazer quando estou ao lado dela. Aquele diálogo preparado e encenado em frente ao espelho durante horas simplesmente some da minha cabeça. Foi quando a garota de cabelos loiros encaracolados apareceu.

– Peeta, precisamos conversar.

A Undersee me guiou até um canto, onde não estava tão barulhento e os garotos do time de futebol do colégio não faziam algazarra por terem acabado de vencer o time adversário.

Quando chegamos até lá, ela simplesmente desembuchou:

– Olha, é o seguinte: você tem que ser mais ágil - Ela falava de forma rápida e confusa, enquanto batia os dedos com suas unhas cor de rosa contra a perna - A Katniss ainda está naquela fase "superando", sabe? - Apenas concordo com a cabeça - Todo homem sabe que essa é a melhor hora pra "cair dentro" - Ela gesticula as aspas com suas mãos - Então faça alguma coisa. Esperar demais pode gerar um novo fim para essa história.

– E como você espera que eu seja ágil?! Eu nem sei se ela quer algo comigo, Madge! - Estava cansado daquilo tudo. Esse jogo estava indo longe demais, e por mais que fosse uma bela mentira, pensar que ela gostasse de mim era certamente loucura.

Uma loucura pela qual eu trocaria a minha vida, penso.

– Você não vê o que está embaixo do seu nariz, Mellark?! - Agora foi Madge quem explodiu - Ela gosta de você, seu panaca! Deixa de ser idiota, chama ela para sair, sei lá. Você sabe o que tem que fazer! E sabe muito bem que tem que fazer qualquer coisa que seja, tipo, imediatamente! Seja homem e faça!

Meu cérebro pouco ouviu o que Madge disse após ter afirmado certo fato, aquele pelo qual luto para acreditar ser verdade.

– Para tudo, para tudo. Ela gosta... De mim?

– Ela nunca me disse que não gosta, seu besta.

Minha criatividade começou a se tornar inquieta, como não ficava há muitos anos. Ideias surgiam, se modificavam e se moldavam.

Tudo estava muito confuso, e ao mesmo tempo, muito claro.

Não sei se foi muita coisa para poucos minutos, mas eu já sabia o que fazer. Com alguns minutos de conversa a mais com a Undersee, eu consegui o novo número de celular da Katniss e contei o que planejava fazer. Madge parecia estar mais empolgada que eu. A filha da mãe estava se tornando uma boa amiga.

Assim que saí de lá, liguei o mais rápido possível para Finnick, apenas pressionando o número "1" da minha discagem direta.

Como eu já esperava, ele pareceu estranhar o plano de início.

– Cara, desde quando você tem tanta atitude assim?

– Desde que eu percebi que não podemos viver pensando no passado, muito menos no futuro, Odair.

Mas que porra foi essa que eu acabei de dizer?

– Olha! Ta aí! Gostei muito mais desse novo Peeta.

– Então, você vai ou não me ajudar? - Estou esperando a resposta dele como amigo, mas Finnick anda tão ocupado procurando por Annie em todos os quatro cantos da Terra que ultimamente ele se esquece até de comer.

– Claro que vou, padeiro. O que você quer mesmo que eu faça?

Terminei de contar o plano para Finnick, e revisei o que ele deveria fazer. Não era muito difícil. A parte difícil estava com Madge.

E a impossível comigo.

Entrei no meu carro e dirigi o mais rápido que pude. Não queria nem saber.

Se tudo ocorresse de acordo, aquele seria o melhor dia da minha vida.

* * *

Quando escureceu, eu estava vestindo meu terno. Observei o sol se pôr naquele final de tarde, encarando-o pela minha janela. Tudo parecia tão perfeito, tão certo, que eu não podia deixar de me agarrar a todas as esperanças possíveis e impossíveis.

Após ter feito várias ligações para confirmar cada detalhe, tanto com Madge quanto com Finnick, eu esperava ansioso o sinal de que poderia prosseguir.

Como um novo milagre para um dia cheio de milagres, meu celular vibrou em resposta sobre a cômoda.

"Consegui Peeta :) dê um jeito de chegar aqui antes que ela fique mais confusa do que já está."

Antes de sair de casa, chequei se tudo estava certo no primeiro andar da padaria. Não tinha ninguém em casa, então organizar tudo foi bem fácil. Deixei para acender as velas quando voltasse, pois não queria correr o risco de atear fogo em tudo.

Era isso. Cada momento cronometrado e planejado.

O amor é engraçado. Olha até que ponto ele me levou. Depois de 10 anos, ainda tinha o mesmo espírito. Porém, agora eu também tinha coragem.

Isso era difícil de acreditar, até mesmo pra mim.

Continuei caminhando pelos bairros, até que cheguei na Costura. Aquele lugar é repleto de árvores, e o que mais gosto de lá é como as cinzas ficam dispostas no chão após uma tarde em frente à lareira de diversas famílias.

Liguei para o Finnick, e ele me informou que já estava na esquina em que combinamos de nos encontrar.

Prossegui andando, e percebi que alguns dos moradores me encaravam.

Em um bairro tão humilde, ver um garoto andando, quase correndo, pelas ruas, vestindo um terno, não deve ser algo considerado normal, digamos.

Quando cheguei em nosso ponto de encontro, ele me desejou um "boa sorte" com um sorriso muito verdadeiro. Odair pode ser tudo, e mais um pouco. Mas nunca tive tanta certeza de que ele era o melhor amigo que eu poderia ter. Assim, ele me passou o buquê de flores (lírios, como descobri que Katniss gostava - graças, é claro, à Undersee) e eu me despedi seguindo meu caminho.

Faço um agradecimento mental por não ter comprado as rosas brancas, que mais tarde, Madge me informaria que a Everdeen odiava.

Assim que cheguei em frente a casa de Katniss, esperei do outro lado da rua. Encontrei um bom ângulo da janela de seu quarto, aonde eu podia ver duas garotas aplicando maquiagem e dançando, ao que parecia, essas músicas Pop's que fazem sucesso.

Droga, eu pareço um velho com esse pensamento.

Talvez hoje seja uma noite pra ser um pouco mais velho do que realmente sou.

Observei elas por mais alguns minutos, então o vento frio da Costura atingiu minha pele, alertando-me que já estava na hora de agir.

Tirei meu celular do bolso, e digitei um SMS para o número que Madge me deu mais cedo.

"Katniss, aqui é o Peeta. Lembra daquele favor que eu disse que iria cobrar?"

Alguns segundos depois, pude perceber uma certa agitação dentro do quarto dela. Sendo assim, recebi sua resposta.

"Claro que lembro. O que houve?"

Respondo quase que instantaneamente.

"Acho que seria uma boa hora para cobrá-lo."

E recebo a resposta na mesma velocidade nervosa de meus dedos.

"E o que você cobra?"

Com essa deixa, finalizo:

"Que vá até a sua janela."

Meu coração pulsava como nunca pulsou antes. Observei duas sombras se movimentarem até o local aonde ordenei que fossem, e com um puxão da cortina, lá estava ela.

Sua expressão era de pura surpresa. Tudo o que eu pude fazer era sorrir. E também jogar meus braços para o ar, como quem diz "okay, você me pegou".

O que não era mentira, concluo. Ela realmente me pegou, no final.

Ela sorriu de volta.

Katniss acenou, e desapareceu imediatamente. Então, alguns segundos depois, abriu a porta da frente.

Ela parecia um anjo.

Em um vestido azul escuro, sapatilhas prateadas e cabelo encaracolado, com pouca maquiagem, ela atravessou a rua.

– Peeta, o que é tudo isso? - Ela estava, provavelmente, tão nervosa quanto eu.

– Bem, eu meio que preciso de um favor agora - Primeiro, lhe entrego o buquê de flores, e suas bochechas ficam mais rosadas. Meu deus, como ela é linda – Tem um jantar lá na padaria, que é para dois. E ainda não achei um par melhor para me acompanhar.

Nesse momento, Madge soltou um "awn" um pouco mais alto do que deveria. Katniss virou seu rosto, e começou a rir. Fiquei com medo de que pudesse ser por deboche, mas não. Ela apenas me encarou com os olhos mais lindos que já vi em toda a minha vida.

E eles pareciam ansiar por algo a mais.

E pela primeira vez na vida, eu sabia o que era.

Ajoelhei em pleno asfalto, tentando não ligar muito para o meu terno, que estava muito novo para ser desgastado daquele jeito.

Por alguns momentos na vida, alguns retalhos de pano sujo valem a pena.

– Katniss Everdeen, a Donzela daria o prazer de acompanhar um plebeu em um ótimo jantar, modéstia parte, esta noite?

Madge estava indo a loucura. Mais tarde, eu descobriria que ela estava sendo a personificação dos nossos sentimentos naquele momento.

– É claro, Peeta. Será uma honra.

Pela primeira vez em 10 anos, eu a segurei pela mão e a guiei até o nosso primeiro jantar.

O primeiro de muitos, suplico.

* * *

Nós comemos e rimos muito naquela noite. Eu preparei um salmão grelhado, com molho de alcaparra. Ofereci um isqueiro a Katniss, e juntos, acendemos todas as velas que estavam espalhadas por todo o perímetro do local.

Em algum momento durante a iluminação do local, ela trançou seus fios, como se soubesse que eu amava o cabelo dela deste jeito.

Depois de acender a última vela, volto meu olhar para repousá-lo sobre ela. Então, Katniss caminha até mim, numa distância considerada "aceitável".

Para mim, nenhuma distância entre mim e Katniss é aceitável.

– Peeta, me desculpe perguntar... Mas quando foi que essa ideia surgiu?

– Qual ideia? - Pergunto.

– Ah, você sabe - Ela aponta para "tudo" ao nosso redor - Essa ideia.

– Pra falar verdade, surgiu hoje - Rio um pouco.

Apesar de sermos menores, concluímos que uma champanhe não seria má ideia naquelas circunstâncias. Naquela noite, descobriríamos que nenhum de nós era propenso a ficar bêbado facilmente.

– Então, eu devo supor que você trabalhou muito, certo? - Ela me encarava com certo fascínio. Levantou sua taça, e fez um gesto para que eu fizesse o mesmo - Um brinde. Por tudo isso.

– Saúde! - Digo, após tomar um gole. Quando olho novamente para ela, percebo que ela está esperando por algo. Seus olhos tímidos tentam disfarçar, mas eu sei o que devo fazer.

Ao que parece, ultimamente eu venho sabendo muito "o que devo fazer".

– Katniss... - Comecei, e respirei fundo - Eu preciso lhe dizer algo. Mas só direi se você estiver disposta a me dar uma resposta.

Ela estava um pouco nervosa. Pude perceber pois suas mãos tremiam ao colocar a taça novamente e delicadamente sobre a mesa.

– Você terá sua resposta. Prometo.

– Pois bem.

Mal pude perceber quando comecei a falar tudo, ou pelo menos, boa parte do que já deveria ter falado há muito tempo atrás.

Há 10 anos atrás.

– Kat, eu estou apaixonado por você. Faz muito tempo, e você provavelmente já sabe disso. Por muitos anos, eu julguei não ser suficiente para você. Mas ao mesmo tempo, ninguém ao meu redor era tão imperfeita, porém tão perfeita para mim. Todos os dias, você é a primeira pessoa em que penso, e a última também. Não quero te assustar, mas vem sendo assim há 10 anos. Eu já não sei se o que sinto é paixão, mas de uma coisa eu tenho certeza: eu sou louco por você. Tenho medo de me magoar ao te dizer tudo isso, mas acho que já estava mais do que na hora. E por favor, desta vez, eu preciso, imploro uma resposta.

No momento em que eu acabei, uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

Não. De novo não.

Oh, Peeta...

Eu não poderia esperar pelo o que aconteceria em seguida.

Katniss levantou da mesa, e arrastou sua cadeira até estar bem próxima da minha. Eu tentei oferecer ajuda, já que ela tremia tanto que parecia que iria quebrar e cair. Mas ela afirmou que estava tudo bem, com sua famosa pose de forte e conseguiu se sentar. Assim que o fez, segurou uma das minhas mãos, que mesmo um pouco suadas, não a fizeram recuar. Então disse:

– Peeta, eu gosto muito de você. Mas tenho medo de te magoar, e de ser magoada. E espero que isso não interfira em nada entre nós.

Então é isso? Fiz tudo isso, pra nada?!

– Então essa é a sua resposta? Vamos ser apenas amigos?

– Ainda não dei minha resposta - Ela prosseguiu - Eu disse que tenho medo, e não que não tenho coragem de enfrentá-lo. E não vou deixar que esse medo estrague tudo.

Sem entender muito bem o que estava acontecendo, eu só fui reparar o que aquilo significava um pouco tarde.

"Um pouco tarde" nunca soou tão perfeito para mim.

Quando pude perceber, estávamos nos beijando. Katniss claramente chorava, e eu tive de interromper o beijo para secar uma de suas lágrimas. Aquela mulher era um mistério, com certeza.

Um mistério que eu teria prazer em resolver.

Continuamos a nos beijar, e em algum momento, Katniss foi parar em cima da bancada da padaria. Não estávamos planejando nada além de alguns beijos, não me entenda mal. Mas aquela pareceu uma boa saída para a grande variação de altura que existia entre nós.

– Katniss...

– Sim, Peeta?

– Tem mais uma coisa que você deve saber.

Ela sorriu, jogou os braços em volta do meu pescoço, e perguntou:

– E o que seria?

– Eu fiz brownies para sobremesa, e pelo cheiro, estão queimando.

– Oh não! - Ela exclamou.

E então, apostamos corrida até a cozinha. Algumas vezes a abracei, impedindo que fosse mais rápida que eu.

Trapacear não é tão ruim assim.

Nunca fui tão feliz em toda a minha vida.

Como sempre, alguma coisa deveria acontecer para estragar aquele momento.

Assim que voltamos à mesa, com nossos brownies em nossos respectivos pratos, finalizamos o jantar e eu a convidei para dançar.

Dançamos por alguns minutos, Katniss com as mãos em volta do meu pescoço e eu com as minhas em volta de sua cintura.

Assim como deveria ser.

Então, como um estrondo, a porta principal da padaria abriu.

– Então é verdade. Está rolando uma festa, para qual, aparentemente, eu não fui convidado.

Oh não.

Gale Hawthorne não.

* * *

"How the hell did you ever pick me?

Honestly, I could sing you a song

But I don't think words can express your beauty

It's singing to me

How the hell did we end up like this?

You bring out the beast in me

I fell in love from the moment we kissed

Since then we've been history

They say that love is forever

Your forever is all that I need

Please stay as long as you need

Can't promise that things won't be broken

But I swear that I will never leave

Please stay forever with me"

If I'm James Dean, You're Audrey Hepburn - Sleeping With Sirens




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Notas finais do capítulo

Vamos fundar o grupo "juntos para matar o Gale"? Quem vem comigo toca aqui o/
Então, gente, o que acharam? Eu preciso saber, porque esse capítulo deve ser um dos mais esperados e tal. Não me decepcionem e me mandem reviews, pode ser?
Uh, o próximo cap não ta pronto. Mas se vcs me ajudarem e me motivarem, ele sai rapidinho :), e vai por mim: vocês não fazem ideia do que vai acontecer a seguir, muahaha :D
Ah, lembrando que eu vou me virar de cabeça pra baixo, mas vou responder todos os reviews que eu receber a partir de agora. Prometo de coração, então me deem trabalho e enviem esses amados para mim. :)