Uma Razão Para Viver escrita por Veritacerum


Capítulo 8
Capítulo 8 – Não Me Deixe


Notas iniciais do capítulo

Olá!!! Como vão? Quero agradecer a todos (todos!), pelos comentários do cap anterior! Estou muito, muito feliz! E sejam bem-vindas, Sarah e Isabele!! E agora boa leitura!! PS: Se tiver algum erro me descupem, vou arrumar em breve!



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Capítulo 8 – Não Me Deixe

O garoto amaçava o pergaminho entre os dedos enquanto se esforçava para que o ar entrasse em seus pulmões.

_ Não... Como puderam? Não... – dizia ele como se fosse um mantra.

Mãos fortes abriram seus dedos e retiraram o pergaminho, mas ele não queria deixar. Não queria, por mais que tivesse vontade, se separar da verdade.

_ Harry? Harry?

Ele abriu os olhos. Imagens desfocadas se formavam diante de seus olhos embaçados. Ajoelhado a sua frente estava Alvo Dumbledore, a preocupação estampada naquele rosto velho. Mas Harry não entendia por que estava ali, sentado no chão frio, as mãos ainda segurando os cabelos.

_ Tome – disse uma voz atrás dele.

Harry se virou e encarou aqueles olhos negros que o fitavam com... O que era aquilo? Preocupação? Ansiedade? Descrença? Harry não sabia qual sentimento dominava aquele rosto impassível, onde ninguém, além de Dumbledore, sabia o que se passava. Mas ele tinha certeza que não era a costumeira raiva e desprezo. Ele estendeu a mão e apanhou o copo.

Depois de tomar a água ele se levantou com dificuldade e voltou a se sentar na cadeira. Seus olhos doíam e o ar voltava aos poucos para seus pulmões.

_ Como puderam? – sussurrou ele.

_ Harry, você tem que entender que sua mãe e Tiago queriam te afastar de um pai que...

_ Que era, era! Um Comensal da Morte? – interrompeu Harry, sem ligar para o respeito a Dumbledore. _ Vocês não podiam fazer isso!

_ Ele tem razão, Alvo – disse Snape ainda segurando a carta nas mãos.

Dumbledore suspirou.

_ O que queriam que eu fizesse? – perguntou ele com um ar de cansaço. _ Eles me pediram segredo.

Harry bufou. Eles não tinham direito de fazer aquilo com ele.

_ EU PERDI MEUS PAIS... QUER DIZER, PERDI MINHA MÃE! VOCÊS NÃO PODIAM ME TIRAR MEU PAI!

Harry não estava mais ligando para a educação. Eles não podiam ter feito aquilo com ele e Dumbledore tinha que entender.

_ Vocês sabem o que eu passei durante todos esses anos da minha vida? – perguntou ele tremendo, ficando em pé de um pulo. _ POIS EU DIGO! EU APANHEI TODOS OS DIAS! EU FIQUEI SEM COMER POR QUE TIRAVA NOTAS MAIS ALTAS DO QUE O MEU PRIMO! EU DORMI EM UM ARMÁRIO PEQUENO E CHEIO DE ARANHAS POR QUE DIZIAM QUE UMA ABERRAÇÃO COMO EU NÃO PODIA TER UM QUARTO! EU FUI UMILHADO, DESPRESADO DURANTE DOIS ANOS PELO MEU PRÓPRIO PAI! COMO O SENHOR PÔDE DEIXAR ISSO ACONTECER?! COMO?!

Ele foi na direção de Snape e arrancou a carta de suas mãos, ganhando um olhar de surpresa do professor.

_ Harry, eu acho... – começou Dumbledore, mas Harry se virou tão rápido que os copos e pratos se espatifaram devido o seu nível de magia.

_ O que mais eu posso descobrir aqui? – perguntou ele.

_ Harry, sente-se por favor – pediu o diretor.

Harry bufou novamente e se jogou na cadeira, sem perceber que era a cadeira ao lado de seu pai.

_ Feitiços – começou o diretor. _ Durante a gravidez de sua mãe, Tiago fazia feitiços para que as feições que você herdara de seu pai, se transformassem nas feições dele.

_ Quer dizer que... Merlin, isso também? – indagou Snape surpreso. Aquilo já estava indo longe demais. Primeiro lhe tiraram um filho e depois lhe tirara as feições?

_ Sim, Severo. Mas esses feitiços durarão até que os dois – fez um sinal para Harry e ele -, soubessem da verdade. Por isso seu rosto está mudando, Harry. Por isso que seu rosto está diferente.

Agora que Dumbledore mencionara e ele sabia da verdade, Harry se lembrou com quem ele estava parecido. Era com Snape.

_ Eu... Eu...

O garoto não sabia o que dizer.

_ E agora, Alvo? – Harry ouviu Snape perguntar.

_ Bem, a família dele são os tios...

_ Não! – gritou Harry, seu corpo começando a tremer. _ Eu não quero voltar para lá, não me mandem de volta para lá! Por favor, eu faço o que quiser – agora ele olhava para Snape com súplica -, Eu limpo, eu lavo, eu faço tudo sem magia! Mas por favor, não me deixe voltar para lá... Eles... Eles vão me bater...

Sem pensar no que estava fazendo, Severo passou os braços em volta de Harry e o puxou para um abraço apertado. Logo ele sentiu suas vestes úmidas pelas lágrimas do menino que ainda tentava dizer que iria fazer tudo que ele mandasse e em troca ele não o mandaria para a casa dos tios. No meio das palavras Harry tremeu e tentou se virar.

_ Severo! – exclamou Dumbledore.

Tarde demais. Todo o café da manhã que o garoto comera veio para fora e sujou o chão e pior, as roupas de Snape. “Não”, - pensou Harry desesperado.

_ Eu... Eu limpo! – disse ele ainda tossindo. _ Eu limpo...

Severo ainda estava surpreso com tudo o que acontecera. Em seu humor natural, ele teria dado um olhar de raiva ao garoto e se afastado para se limpar, mas em vez disso puxou ele mais para si.

_ Escuta, preste atenção – pediu ele segurando seu rosto. _ Eu não vou manda-lo para a casa dos seus tios, nunca. Você entendeu?

As palavras de Snape entraram como música em seus ouvidos. Harry queria dizer alguma coisa, queria agradecer e dizer que ele nunca iria esquecer aquilo, mas ao abrir a boca nenhum som saiu. Em vez disso ele fez que sim com a cabeça e se encostou no peito de Severo.

_ A coisa está pior do que imaginávamos, Severo – comentou Dumbledore fazendo sinal na direção de Harry, que descansava com os olhos fechados no peito do professor.

_ Sim, está – respondeu Severo, sua voz sem expressão. _ Já volto.

Com uma delicadeza que surpreendeu a si mesmo, Snape ajeitou Harry em seus braços e subiu a escada em direção aos quartos. Ele entrou no quarto do garoto e o depositou na cama, mas quando ia se levantar percebeu que as pequenas mãos agarravam suas vestes.

Ele ia fazer um comentário sarcástico, mas ao olhar naqueles olhos verdes suas palavras foram rio abaixo. Ali só tinha refletido medo e solidão. Em vez de sair do quarto, Snape se deitou na cama ao lado do garoto e pôs as mãos por cima das que seguravam suas vestes.

_ O senhor não vai me mandar em bora, não é? – perguntou Harry trêmulo.

Snape suspirou. Aquela criança realmente precisava de atenção; uma atenção que ele próprio não tivera.

_ Não, Potter. Eu não vou lhe mandar em bora.

Potter. Harry percebeu, pela primeira vez em sua vida, que a palavra Potter não fora cuspido com desprezo pelos lábios de Snape. Se sentindo confortável, o garoto fechou os olhos e apertou a mão do professor; mas antes de cair no vazio seus lábios conseguiram dizer as palavras que iriam acompanhar Severo pelo resto do dia.

_ Obrigado.

Um tom de surpresa passou pelo rosto de Severo mas logo foi escondido por sua máscara. Mas por dentro ele se perguntava por que o garoto lhe agradeceu, depois de ele, seu próprio pai, ter lhe humilhado na frente de todos. “Como isso foi acontecer?”, - pensou ele enquanto olhava para Harry adormecido em seu peito. “Lílian, agora eu tenho um pedacinho de você”.

Depois de alguns minutos ele se levantou e com um gesto de sua varinha fez um feitiço para que quando Harry acordasse ele ficasse sabendo e saiu do quarto, deixando a porta entreaberta.

Dumbledore ainda estava sentado no mesmo lugar quando Severo voltou a cozinha, seu rosto demonstrando uma leve preocupação. Ele não tinha porque esconder nada de Dumbledore.

_ Como ele está? – perguntou o diretor suavemente.

Snape levantou uma sobrancelha para ele e se sentou.

_ Está dormindo neste momento.

Dumbledore suspirou.

_ Eu não havia imaginado que ele iria reagir desta forma – disse ele.

_ E como você queria que ele reagisse? – perguntou Snape, seu tom levemente frio.

_ Tem razão – concordou Dumbledore. _ Quais serão seus próximos passos?

Snape não respondeu de imediato. Sua mente tentava se programar, mas não estava obtendo sucesso. Seus pensamentos estavam todos no garoto adormecido no andar de cima.

_ Acho que teremos de fazer o feitiço de sangue.

As palavras de Dumbledore o fizeram despertar. Ele abriu a boca para argumentar, mas Dumbledore ergueu a mão para lhe calar.

_ Na casa dos tios ele tinha o sangue da tia, a o mesmo sangue de Lílian. Agora ele perdeu a proteção e...

_ Agora ele tem a minha proteção, Alvo. Eu sou o pai dele.

Dumbledore sorriu. Ele estava percebendo que não seria tão difícil para Severo.

_ Eu sei, mas você não tem o sangue de Lílian. Por isso o feitiço. Nós vamos por mais do seu sangue nele e com isso a proteção da tia passará para você.

Snape ficou em silêncio. Por mais que ele tentasse achar um argumento para não realizar o feitiço, Dumbledore era um velho esperto e não lhe deixou escapatória. Suspirando de cansaço, ele acenou afirmativamente.

_ E posso saber quando você pretende realizar esse maldito feitiço? – perguntou em um tom de derrota.

Dumbledore sorriu para sua expressão. Em compensação, Snape queria arrancar a tapas aquele sorriso do rosto do diretor.

_ Iremos fazer assim que Harry acordar.

Snape se levantou assustado, mas logo se recompôs.

_ Hoje?!

_ Sim, hoje. Quanto mais demorarmos, mais perigo ele corre. Entenda, as proteções em volta dele estão em um nível muito baixo e se não fizermos o feitiço...

_ Ele correrá mais perigo – terminou Snape. _ Você está certo, como sempre. Assim que o garoto acordar nós faremos a proteção.


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Notas finais do capítulo

O que acharam deste?? Valeu apena?? Comentários (de todos) kkkkkk Beijos!!