Time escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 13
XIII - Aracne


Notas iniciais do capítulo

[revisado: 31/03/2015]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486802/chapter/13

[What the Hell - Avril Lavigne]

Ártemis sabia que Atena ia matar aquela mortal.

Onde já se viu? Desafiar justo a deusa mais orgulhosa do Olimpo?

Se fosse qualquer outra, mataria-a na hora, sem nem pensar duas vezes. Mas Atena não... Atena ia vencer dela antes de matá-la. Ou até deixaria-a viva, para carregar para sempre sua vergonha... E ainda havia outra opção... Uma pior... Atena transformar a mortal em um outro tipo de monstro, como vez com Medusa...

Ártemis, que segurava o pano de seu vestido nervosa, sinceramente não fazia ideia do que a loira iria fazer. Mas, enquanto via Atena se arrumar, tentou convencê-la a matar Aracne e pronto.

— Ora vamos, Atena! — Implorou a deusa da caça. — Você realmente não pode matá-la e deixar por isso mesmo?

— Não! — A deusa respondeu, indignada. Ela arrumava os longos cachos louros, seus olhos tempestosos eram um prenúncio de tragédia. A loura vestia um vestido branco, um branco que machucava os olhos se fitassem por tempo demais. Os braços estavam enfeitados com joias de ouro e prata, no topo de sua cabeça, uma coroa feita pela mistura dos dois metais preciosos, a coroa que todos os Olimpianos usavam para tratar de assuntos com os mortais. — Se eu relevar, e apenas matá-la, ela servirá de inspiração para outros me desafiarem! Mas se eu vencê-la... Ela servirá de exemplo para os mortais aprenderem a nunca desafiar os deuses.

— Minha irmã! — bradou Ártemis, em choque. — Que palavras escaparam-te das barreiras dos dentes? Queres dizer que faz isso por todos nós?

— Faço isso pela minha honra, Ártemis — a deusa da sabedoria disse, com jeito mas seca. — Nenhum mortal deve se equivaler aos deuses.

Desesperada mas sabendo que nada que dissesse iria mudar a opinião da deusa, Ártemis saiu do quarto, marchando em direção aos Jardins.

Todos os Olimpianos, e alguns outros deuses, iriam descer até Atenas para presenciar o torneio, conforme pedido por Atena, se apenas aquela mortal prepotente tivesse pedido, nenhum deus se mexeria. Eles estavam se reunindo nos Jardins para descer para lá, mas Ártemis não conseguia pensar que tudo aquilo era uma má ideia.

Antes da deusa chegar aos Jardins, sentiu alguém segurar-lhe o braço. Assustada, Ártemis puxou o mesmo, se afastando de seja lá quem ousou segurá-la.

— Ela está bem? — Perguntou o homem de olhos verdes, seus cabelos negros bagunçados e os olhos demonstrando ainda mais preocupação que a ruiva.

— Quem está bem, Poseidon? — Indagou a ruiva ao deus do mar. Ela sabia do amor de Poseidon por Atena, e sabia também da reciprocidade dele, mas jamais iria falar qualquer coisa, afinal, ela e Atena tinham um juramento a manter.

— A deusa das tempestades — falou Poseidon, de maneira sonhadora. — Filha de Zeus, senhora da sabedoria, protetora dos gregos...

— Atena. — Completou Ártemis, cansada daquilo tudo. Ela sempre lembrava de um certo deus quando pensava em Poseidon e Atena... E se odiava por isso. — Sim, ela está. Mas creio que não consegui fazê-la renunciar o desafio...

— Não pensei que fosse conseguir... — A voz de Poseidon era triste e melancólica. — Você acha... Acha que tem alguma chance dela perder?

Ártemis ficou em choque. Ela já havia considerado a morte da mortal, ou até mesmo uma nova raça de monstros... Mas não havia se preocupado com o fato de sua irmã perder... Não, isso não iria acontecer.

— Atena nunca perde. — Falou a deusa, olhando para Poseidon com carinho agora. Ela havia visto nos olhos do moreno o amor que ele tinha por sua irmã, um amor puro e uma preocupação evidente.

E com um pequeno suspiro, os dois seguiram para os Jardins.

Time

Os deuses haviam acabado de colocar os pés na terra quando ouviram os gritos da mortal.

Atena analisou sua adversária com cuidado. Ela era bela, com longos e grandes cachos escuros e olhos da mesma cor. Era alta e esbelta, mas possuía mãos de tecelã, algo que Atena não deixou de notar, longas e finas, perfeitas para passar por pequenos espaços.

— Onde ela está? — gritou novamente a mulher, para uma das sacerdotisas de Atena, trocadas recentemente depois do episódio Medusa. — Ela recusa meu desafio? Atena aceita que eu sou melhor que ela?

— E-e-eu... — a sacerdotisa mal conseguia falar, olhando para o céu como quem pedisse ajuda. Atena conseguia ouvir seus pesamentos, os pedidos e preces para que ela aparecesse logo pois temia a honra de sua deusa. Uma ótima sacerdotisa, pensou Atena.

— Cá estou, mortal insolente. — Bradou a deusa, subindo as escadas do seu templo enquanto os mortais a sua volta e a volta dos deuses faziam referências. — Pare de aportunar minha sacerdotisa, e mostre respeito ao se dirigir a sua deusa.

Os olhos escuros de Aracne pareceram hesitar ao fitar os tempestosos da deusa, ela sabia porquê, Atena transmitia medo tão bem como transmitia serenidade. Afinal, era a deusa das batalhas e guerras.

— Minha senhora. — Falou a sacerdotisa, fazendo um pequena mesura e parecendo bem mais calma.

— Levante-se, Cecily. — Disse delicadamente a deusa da sabedoria, ela odiava que suas sacerdotisas temessem ela depois do episódio da Medusa. — Vim até aqui para acertar as contas com essa mortal, ela pagará por me desafiar e mais ainda por se pensar que é como eu... Eu criei a tecelagem, mortal, você apenas aprendeu a tecer.

Aracne mordeu os lábios, mas lançou um sorriso seco em direção de Atena.

— Veremos.

Time

— Não! — Gritou Aracne, suas mãos agarrando os longos cachos negros. — Eu não posso perder! Eu fiz o meu melhor e...

— E perdeu. — Atena ouviu Poseidon falar ironicamente, mas aparentemente só ela estava prestando atenção no moreno.

Tanto deuses como mortais escolheram o lado da deusa, embora o quadro de Aracne estivesse realmente lindo, Atena admitia. A mortal havia retratado rios e florestas, ilhas e mares, misturando as cores tão bem que deixou Atena boquiaberta. Mas a deusa teceu o próprio Olimpo, com seus incríveis Jardins e ninfas dançantes. A deusa retratou o paraíso e deixou os mortais verem, teceu com a sua alma aquele quadro, e os fios pareciam ser de ouro embora as duas usaram a mesma linha. Atena havia ganhado e agora Aracne chorava.

— Não vou dizer que sinto muito, Aracne — falou a deusa, a lua já estava banhando o céu, e as estrelas davam um ar maravilhoso a tudo aquilo. — Você deveria saber que iria perder ao me desafiar.

Aracne gritou novamente, olhando para o quadro da deusa com uma expressão sonhadora e ao mesmo tempo insana. Antes que qualquer um pudesse fazer qualquer coisa, Aracne agarrou um fio que estava solto ao seu lado e se enforcou.

O choque passou pelos olhos dos presentes e Atena não conseguiu deixar de olhar surpresa para o corpo que jazia caído no chão. A mulher era tão bela e ao mesmo tempo tão esnobe...

Toda a praça gritava, enquanto os deuses permaneciam calmos, esperando Atena avisar que havia acabado e eles poderiam voltar.

Mas a deusa fitava o quadro de Aracne, triste por uma grande tecelã ser totalmente entregue a loucura. A deusa sentiu pena dela, algo que ainda não havia sentido antes. Aracne a desafio, mas tudo isso pois sua obra era realmente boa, ela pensou ser igual a deusa, não melhor que a mesma...

Atena olhou para Ártemis, que tinha seus olhos azuis arregalados, provavelmente adivinhando o que a deusa da sabedoria iria fazer.

— Escutem todos — a voz de Atena soou alta e forte pelas ruas de sua cidade, todos os mortais parando de gritar e prestando atenção na deusa naquele momento. — Não devemos prêmios aos mortais que desafiam os deuses, são arrogantes e esnobes, pensam que podem vencer imortais... Um mortal que desafia um Olimpiano é ainda pior... — seus olhos caíram sobre o corpo de Aracne e depois foram para Cecily, sua sacerdotisa que parecia confiante na deusa e ao mesmo tempo temerosa. Atena havia agido mal uma vez, transformando um mortal em um monstro e agora precisava tentar arrumar aquilo. Não queria ser temida por aqueles que devem amá-la. — Mas, Aracne era imensamente boa. Sua tecelagem é a melhor entre todos os mortais, embora não se compare a minha. Ela vai servir de lição para que nenhum mortal nunca mais tente se comparar aos deuses, e como prova de minha benevolência... Eu lhe devolvo a vida que tirou no desespero — Atena fixou o corpo da mulher. Pernas extras surgiram, sua face foi alongada e olhos surgiram em sua cara. Ela ganhou uma bunda enorme, peluda, e um ar de inseto.

— Continue tecendo coisas belas. — Falou a deusa, antes de mandar Aracne para uma ilha isolada, terminando por fim seu episódio com a mesma.

Mas o que Atena não sabia, e demoraria um tempo para saber, é que Aracne simplesmente odiou a deusa pelo que vez. Não houve nenhum frasco de agradecimento em ser transformada em um monstro imortal, e alguns deuses perceberam isso. Mas para os mortais, aquilo era apenas uma forma de perdão de Atena. E a história de Atena e Aracne iria para sempre ser contada com Atena sendo a grande vencedora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

{Mudei um pouco o final, mas na verdade ainda foi uma versão do conto. Ou seja, sim, a uma versão onde Atena tem pena de Aracne e diz: " Para que você possa continuar tecendo coisas belas". Mas, a maioria da versão que é contada é onde Atena é malvada e castiga Atena... }
[revisado]



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Time" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.