Time escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 14
XIV - Escudo de Zeus - Aegis


Notas iniciais do capítulo

[corrigido: 31/03/15]



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[We Found Love - Rihanna]

Atena sorriu satisfeita.

Fazia alguns dias que ela e Hermes estavam trabalhando em ajudar o mortal Perseus em sua busca por Medusa, e, finalmente, o rapaz conseguiu matá-la e pegar a cabeça.

Atena torcia para que Perseus conseguisse voltar para casa e salvar sua mãe das garras daquele péssimo rei, Polidectes, mas o destino do rapaz ainda era muito incerto.

— Fizemos um bom trabalho, irmãzinha. — Saudou-a Hermes, limpando as mãos na toga que vestia.

— Apenas temo que ele não consiga voltar... — Atena falou baixo, mas havia um sorriso fraco em seu rosto. Ela desconhecia o que Perseus iria fazer com a cabeça de Medusa, mas ela sabia que ele jamais iria dar tal poder para Polidectes, como havia dito que daria no banquete que começou tudo aquilo.

— Depois de tantas provações que ele passou, duvido que as Parcas não lhe deem o merecido descanso. — Tranquilizou-a Hermes, saindo da sala onde eles haviam se confinado durante dias, a fim de enxergar com mais clareza a terra.

Atena, por sua vez, hesitou um pouco mais em ir embora. Observando o jovem Perseu encarar o ar com as botas aladas que as Ninfas haviam lhe dado a pedido de Hermes. Ele era corajoso e bravo, um semideus filho de Zeus que encarava caçara e matara Medusa para salvar sua mãe de um péssimo marido.

A história deles era tão triste que Atena sentia pena do rapaz. Ele era neto do rei de Argos, mas o rei, Acrísio, prendeu sua mãe, Dânea, em uma torre ao descobrir que Dânea daria luz a uma criança que viria a ser a causa da morte de Acrísio.

Porém Zeus, em forma de chuva de ouro, engravidou a jovem mulher, dando-lhe Perseus. Acrísio, temeroso, mandou Dânea e Perseus em um navio para Sérifo, terra do rei Polidectes, este que se apaixonou perdidamente por Dânea, mas ela sempre fora protegida das mãos do terrível homem por Perseus e por Dictis, irmão de Polidectes.

Em um jantar, Polidectes disse que todos deveriam dar-lhe presentes, e Perseus, sem nada para oferecer, quase perdeu sua mãe, que foi o que Polidectes pediu. Mas o rapaz agiu rápido, dizendo que traria a cabeça de Medusa para Polidectes como presente.

Desde então, Atena e Hermes o guiaram em sua viagem, mandando-lhe presentes e pessoas para ajudá-lo. Perseus lutou bravamente contra Medusa, usando um escudo espelhado para cortar-lhe a cabeça.

Mas agora, agora Perseus deveria voltar para casa por conta própria. E Atena odiava não poder ajudá-lo mais. Ela realmente queria um final feliz para seu irmão mortal.

— Atena? — chamou-lhe Ártemis, que acabara de entrar no quartinho que Atena se encontrava. — Faz dias que não lhe vejo irmã, onde se meteste?

— Estava aqui, neste quartinho, o tempo inteiro, irmã — Atena falou, com um sorriso animado por ver Ártemis. — Hermes e eu estávamos ajudando um mortal, mas a busca dele está próxima de terminar e não há mais nada que possa fazer...

— Então o que a prende aqui? — a ruiva dos olhos verdes jade perguntou, passando a mão sobre a saia de seu vestido branco.

— Eu sinto que devo ajudá-lo mais... Sinto que o que fiz não foi o suficiente... — Atena admitiu, brincando com alguns cachos louros.

— Ora, Atena — Ártemis disse, rindo. — Você não pode mais ajudá-lo! Será melhor ir para a Sala dos Tronos, onde, talvez, consiga fazer Poseidon e Zeus pararem de brigar...

— Poseidon e Zeus estão brigando? — Atena não estava surpresa. Poseidon e Zeus brigavam a cada cinco segundos, mas o que estranhou foi Ártemis achar que ela poderia fazê-los parar.

— Venha comigo e entenda...

E desta forma, Ártemis puxou a deusa para fora do quartinho, a levando para um mundo de problemas.

Time

— Você não tem o direito de me acusar de ter feito isso! — a voz de Poseidon fazia tremer os pilares que sustentavam o Olimpo.

— Você quebrou, Poseidon! — Zeus urrou de volta, fazendo algumas ninfas que andavam pelos jardins correrem para dentro de árvores, arbustos e outras plantas assim.

— O que está acontecendo? — murmurou Atena olhando surpresa para Ártemis enquanto as duas subiam apresadas os degraus que davam para a Sala dos Tronos.

Ártemis colocou a mão na cabeça, como quem tenta afastar uma enxaqueca.

— Eles estão assim desde ontem! — A deusa parecia ao ponto de um colapso. — Ares veio com um ideia de fazer um torneio amigável entre os deuses, e o escudo de Zeus quebrou! — A deusa da sabedoria fez uma careta, Zeus deveria estar mesmo muito bravo... Atena quase sentia um gostinho por aquilo, já que ela não estava exatamente de “bem” com Poseidon, embora a ocasião no templo de Afrodite ainda não havia sido esquecida pela deusa. — Zeus está pirando! Ele e Poseidon estavam lutando, então ele fica dizendo que Poseidon precisa conseguir um novo escudo, e melhor!

— E o que, exatamente, eu posso fazer? — perguntou a deusa, enquanto elas entravam de fininho na Sala dos Tronos.

Todos os Olimpianos, com exceção das duas, estavam ali. Observando, alguns com diversão, outros com receio, a disputa entre Poseidon e Zeus. Hera, em particular, parecia apavorada, caminhando em frente ao seu trono e lançando olhares aflitos para todos os lados.

— Os dois escutam você — Ártemis disse, como se fosse óbvio. — Zeus, pois é a filha dele, Poseidon porque...

— Não sei por quê e tão pouco quero saber. — Atena cortou a irmã. — Não faço a menor ideia do que dizer para fazê-los parar de...

— Atena! — Hera gritou do seu trono, andando/correndo em direção a deusa das corujas. — Por favor, me ajude! — Falou a deusa baixo, ao chegar ao lado das deusas recém chegadas.

— Como posso ajudá-la, Hera? — perguntou-lhe Atena, erguendo o queixo levemente, para mostrar seu respeito porém não submissão a rainha dos céus.

Hera sempre achava adorável o jeito teimoso de Atena, ela sabia que a mulher a respeitava, e muito, porém Atena sempre ouviria mais a si mesma do que a qualquer outro ser, perante a terra ou os céus.

— Acalmando seu pai e seu tio! — Hera exclamou com força, antes de puxá-la para dentro do salão.

— Por que todos acham que eu posso fazer alguma coisa? — Atena deixou escapar, lançando um longo e tristonho olhar em direção ao seu trono, implorando pela paz que seria sentar-se nele.

— Eu não acredito que você vai agir como uma cria... — Poseidon parou ao ver Hera se aproximando. A rainha era normal, ela havia tentado fazê-los parar de brigar desde o dia anterior, mas quem vinha atrás era uma novidade.

Os cachos louros, como raios do sol, foram o que denunciaram a deusa. Vestida com uma tradicional túnica grega branca, Atena estava com uma linda expressão confusa no rosto e seus olhos tempestosos pareciam saltar para fora do mesmo.

— Hera? Atena? — Zeus perguntou, seguindo o olhar de Poseidon. — O que há de errado?

— Ora, Zeus — Hera repreendeu. — Diga-me você! O que há de errado?

Zeus parecia confuso, olhando da mulher para a filha sem entender nada.

— Nada, eu suponho...

— Errado! — Hera exclamou. — Você e Poseidon não param de brigar!

— E o que Atena tem com isso? — Quis saber Poseidon.

— Atena é a deusa da razão, se alguém pode fazê-los parar de brigar é ela! — Hera deu um sorriso de incentivo a deusa da sabedoria. — Fale com eles, e os faça parar! Estamos todos com dor de cabeça! — E dito isso, a deusa marchou, para sentar-se no seu trono, passando todo o problema para as costas de Atena.

— Ahn... — Atena olhou nos olhos dos dois homens a sua frente. — Posso saber o que aconteceu?

Poseidon e Zeus se atrapalharam contando a história, um interrompia o outro, fazendo xingamentos e comentários irônicos — esse último mais por parte de Poseidon do que por parte de Zeus — em direção ao outro, mas por fim Atena entendeu.

O estudo de Zeus estava quebrado. Poseidon não havia quebrado, mas como eles estavam no meio de um duelo, Zeus o culpava. Ok...

— Onde está o escudo? — Atena perguntou.

Zeus andou para perto do seu trono, voltando com um embrulho grande. Ele colocou o embrulho nas mãos de Atena, que sentiu um peso de mil anos em seus braços, e recuou.

— Está quebrado! — Zeus exclamou. — E Hefesto não tem como consertar...

— Hefesto disse isso? — Atena perguntou, curiosa.

— Não, mas...

— Mas isso significa que pode ser consertado. — A deusa concluiu, sorrindo carinhosa para Zeus. Seu pai era muito cabeça dura as vezes... — Por que eu não conserto isso para vocês, e desse jeito vocês param de brigar?

— Zeus me ofendeu dizendo que havia sido eu que tinha quebrado, quero um pedido de desculpas! — Poseidon falou, fazendo a boca de Zeus e de Atena se abrirem em um perfeito O.

— Sem chances! — Zeus disse, orgulhoso.

— Mas você me deve!

— E você me deve um escudo melhor do que o quebrado, e não um remendado!

— Eu tenho cara de ferreiro?

Atena estava quase se desesperando... Ela olhava de um para o outro, enquanto eles trocavam “elogios” e se sentia cada fez mais cansada.

— Agora CHEGA! — A deusa gritou, em plenos pulmões. — Se vocês não ficarem quietos e me deixarem pensar eu vou fazer os dois se arrependerem!

Se não fosse pela surpresa pelas palavras da deusa, Poseidon e Zeus teriam ficado irritados, mas, ao invés disso, os dois se calaram, observando a deusa.

— Certo... Pai, se Poseidon lhe entregar um escudo melhor do que o que foi quebrado, você pede desculpas? — Zeus estava pronto para negar, mas Atena lhe lançou um olhar fulminante.

— Sim, eu peço... — Falou o deus a contra-gosto.

— Ótimo, dê-me 24 horas e Poseidon lhe entregará um escudo melhor...

Time

Atena havia acabado de pegar o escudo com Hefesto.

Fazia 20 horas que ela havia pedido 24 horas para Zeus e ela estava perto de enlouquecer, pois não havia conseguido pensar em nada que melhorasse o escudo do pai...

— Eu me meti em uma fria...

Foi nesse momento que algum mortal chamou forte por ela.

Atena foi levada, em forma de ar, em direção a terra, embora seu corpo físico continuasse no Olimpo.

Ela estava em Atenas, mais precisamente em no Partenon, diante a um jovem rapaz. Ele tinha cabelos claros e segurava algo enrolado a uma capa forte. Havia marcas de batalhas em suas roupas e seu belo rosto tinha alguns machucados feios. Sangue estava seco em sua perna direita... Mas ele ainda era belo. Com seus olhos azuis como o céu e os cabelos da cor da aurora.

Em sua frente estava Perseus.

— Ô deusa, tua mão me guiaste a minha vitória! — O rapaz falou alto. — Tua mão fez de mim um vencedor. Tua mão me deu a luz que eu precisa quando quase perdi minha mãe. Tua mão me levou para onde as Parcas estavam, e tua mão, junto com a do deus Hermes, me fizeram encontrar o caminho para as Ninfas e usar os presentes que elas me deram para achar o caminho do lar de Medusa. Tua mão me salvou a vida naquela hora, e tua mão me fez encontrar Andrômeda, o amor da minha vida, e tua mão me deu forças para salvá-la. — Atena quase sorria diante ao rapaz, que pelo que via havia salvado uma jovem princesa de um terrível monstro. Atena queria dizer-lhe que fora ele que salvara a garota e que ela não tinha nada com aquilo, mas não encontrou sua voz para informá-lo.

— Eu lhe sou muito grato, ô deusa de todas as deusas. — Atena sentiu seu orgulho se inflar. — E podes saber que onde eu estiver sempre haverá mortais rezando pela senhora, meus filhos irão orgulhá-la assim como espero ter orgulhado-a hoje. Mas agora, eu lhe peço que aceite esse presente — o rapaz colocou o embrulho cuidadosamente aos pés da estátua da deusa e se afastou. — Onde Medusa está, haverá mortes e eu não quero isso para mim e para minha família... Pretendo voltar para Argos e governar aquele reino com sabedoria, e se eu deixar Medusa lá, algo terrível pode acontecer... Então, nas tuas mãos divinas deposito a cabeça que ainda funciona da mulher-serpente.

Atena estava em choque, o que ela iria fazer com a cabeça de Medusa? Afinal, havia sido ela que havia transformado Medusa em... Medusa.

— Eu sei que usará a cabeça com sabedoria, minha senhora, afinal, és a deusa da sabedoria... Que está cabeça faça seus inimigos tremerem diante ao seu poder e que ela sempre proteja o seu portador... — O rapaz olhou para cima, segurando as mãos e fez uma última mesura. — Muito obrigada, minha deusa.

E quando Perseus saiu, Atena sorriu. Voltou para o Olimpo levando a cabeça de Medusa consigo. Ela havia finalmente resolvido todos os problemas.

Time

— E aqui está — Poseidon estendeu o escudo enrolado na capa do herói em direção a Zeus. — Aqui está um escudo melhor que o seu.

O moreno não fazia ideia o que estava sob o tecido, Atena havia entregado para ele uns poucos segundos antes de Zeus entrar exigindo o seu escudo. Poseidon nem teve tempo de perguntar o que raios era aquilo... Mas quando Zeus lhe ordenou que o entregasse, Poseidon entregou.

Atena observava tudo com os grandes olhos cinzas curiosos. Poseidon não havia feito nenhum comentário quando ela entregou o grande embrulho para ele e Atena duvidava que ele fosse fazer, ele simplesmente entregou o escudo para Zeus.

Zeus observou com cuidado a capa ao redor do escudo.

— Isso pertenceu a algum filho meu... — ele falou, baixo. Porém Atena ouviu e se levantou do seu trono.

— Perseus, pai, é o nome do herói cuja essa capa pertenceu. —Ela andou até Zeus, parando ao lado de Poseidon. — Ele me deu um... Presente, por ajudá-lo em sua jornada e eu implantei esse presente em seu escudo.

— O que seria tão presente? — Zeus perguntou, curioso.

— Desembrulhe e verá!

Zeus sorriu para a filha mais nova, tirando com cuidado o escudo de dentro da capa.

O rosto de Zeus congelou, por um momento suas sobrancelhas grossas pareceram vivar uma só. Seus olhos azuis ficaram duros e eletrizantes. Mas no momento seguinte ele deu um grande sorriso, virando o escudo.

Atena sabia o que esperava ela. Mas mesmo assim, quando olhou dentro dos “olhos” do escudo um arrepio passou pelas suas costas.

Todos os outros deuses recuaram, inclusive Poseidon.

Na sua frente, o escudo antigo de Zeus agora tinha a cara de Medusa na frente, os olhos lhe faziam sentir o medo. Ela petrificava todos de medo ao olhar no interior dos seus olhos.

— Há algum tempo, eu crie Medusa — Atena falou, sua voz forte e normal, surpreendendo todos que estavam meio confusos e assustados. — Perseus, meu irmão, a matou. Mas monstros não morrem. Um dia ela vai voltar e será dever dos semideuses continuarem matando. Mas agora, quando ela foi morta pela primeira fez, sua cabeça foi dada para mim como presente por ter ajudado um jovem semideus, e agora eu dou ela para você, meu pai. Que os seus inimigos tremam diante ao seu poder! Não haverá um único ser na terra, nos céus ou no mundo inferior que não trema diante ao seu escudo e ao seu poder, meu rei.

Atena se curvou no final, sorrindo levemente de orgulho.

Time

— Medusa? — Poseidon perguntou, parando ao lado dela.

Zeus pediu desculpas formalmente a Poseidon e agradeceu a Atena pelo trabalho bem feito... Isso iniciou uma festa, assim por si dizer. As musas tocavam, comida aparecia magicamente em grandes travessas. Deuses, ninfas e sátiros dançavam animados conforme as musas ditavam e outros tantos já estavam embriagados de tanta alegria.

Dionísio, por si só, parecia o mais animado.

— Perseus me deu a cabeça, mas não é como se eu fosse usá-la como um acessório... — Atena disse, segurando uma taça de néctar na mão.

— E você decidiu salvar a minha pele com a cabeça de Medusa? — Poseidon perguntou, com um sorriso de lado.

Atena quase caiu na gargalhada.

Aquilo era realmente irônico. Quer dizer, ela quase matou Poseidon porque encontrou ele com Medusa e agora... Agora ela salvou ele de começar uma guerra com Zeus com a cabeça de Medusa... Ele entendia perfeitamente o sorriso brincalhão na face do deus dos mares.

— Para você veres como o mundo da voltas... — ela disse, sorrindo levemente.

— Então... Ainda posso conversar com você sem você querer me matar? — perguntou o moreno, a pontada de esperança em sua voz era tão fofa que Atena nem riu da cara de cachorrinho que caiu da mudança que ele fez.

— Veremos, Poseidon, veremos...


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Notas finais do capítulo

[revisado]