Chained escrita por Hillary McKarter


Capítulo 8
Capítulo 7 - Anna Is Missing?!


Notas iniciais do capítulo

Desculpa, desculpa, desculpa. Eu vivo falando que voltei a escrever e paro. A verdade é que só consigo escrever durante as férias e sei que decepciono vocês. Sinto muitissimo mesmo. Eu não desisti dessa história apenas me canso e a recomeço. Por isso estou escrevendo as pressas para tentar chegar no fim da primeira parte de todo drama. Sim tem primeira parte, segunda e terceira, porque é uma história complexa e isso é que não me faz desistir.
Gostaria de agradecer às leitoras e aos leitores por terem sempre uma paciência enorme comigo e por aquelas que me mandam mensagens me pedindo para continuar, mesmo quando não atualizo faz tempo.
Muito obrigada. São vocês que tornam essa fic possível de continuar. Amo vocês.



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Havia três coisas que Anna mais amava naquela situação: 1) Hans era lindo de morrer, 2) Hans tinha uma moto e 3) ela finalmente passaria um dia inteiro longe da imensa e solitária mansão que chamavam de lar. A princípio, Filipe tinha sido completamente contrário a ideia de vê-la em um veículo cujo capacete era a sua única segurança e o motorista, um rapaz que acabara de tirar a carteira, mas com Judith por perto nada que umas carícias e uns sorrisos tanto dela quanto da incrível nova mãe que seu pai havia encontrado não pudessem resolver. Elsa também estava no cômodo quando fora pedir permissão para passear e apesar dos olhares um tanto hostis que ela trocara com Hans por trás de seu rosto calmo e tranquilo, ela nada disse contra ou a favor. Na verdade, Elsa não disse nada como era de se esperar. Alguns anos atrás, Anna imaginara que isso era devido a sua presença, mas acabara desistindo de descobrir.

Naquele momento, no entanto, ela tampouco se importava com a opinião de Elsa ou de seu pai sobre o assunto. Seu corpo estava simplesmente cheio de adrenalina e seu coração cheio de desejo para sair e ver Arendelle. Ela não se importava se poderia ser perigoso, se a reconheciram como filha de um famoso ou se ela seria perseguida por interesseiros, tudo o que ela queria era ter uma tarde como uma garota normal acompanhada por um amigo ou, no caso de Hans, um amigo-que-poderia-ser-mais-que-amigo.

Filipe, farto de tanta insistencia, acabou permitindo e Anna pulou de alegria como nunca na vida. Uma hora depois daquela conversa, a garota suspirou em decepção ao ver que seu pai ainda poderia ser mais esperto que ela. Lá estavam eles, Hans e Anna próximos da moto do rapaz e mais dois guardas que os vigiavam de perto dentro de um Hyundai preto preparados para partir a qualquer sinal. Anna também sentia como se a casa inteira os vigiasse e não pode deixar de notar a sombra de uma garota ruiva escondida atrás de uma árvore os observando suspeita. Provavelmente era Merida, sua outra irmã, mas Anna tampouco conversara com ela ontem a noite que não saberia distinguir sua voz em meio a mansão lotada.

Enquanto Anna tudo olhava curiosa, Hans não parecia se incomodar nem com os guardas nem com a irmã e tampouco com qualquer um que estivesse por perto. Estava sorridente naquela tarde e Anna retribuia o olhar carinhoso dele com outro atrás do capacete amarelo que usava tentando esconder o leve incomodo que tinha naquele momento.

_Você está bem, irmãzinha? – perguntou Hans

Anna o olhou curiosa, pega de surpresa. Seu coração palpitou. Ele estava preocupada com ela. Ele estava notando-a com seus olhos dóceis e verdes brilhantes. A ruiva sentiu seu rosto corar e desviou o olhar para baixo enquanto colocava uma mexa do cabelo para trás do ombro - o que não deu muito certo devido ao capacete - e abria um sorriso tímido.

_É-É claro, não é como se estivesse doente ou machucada, deus me livre. Talvez se eu cair dessa moto fique machucada, mas não doente. Mas se eu pegar um resfriado durante a viagem não se assuste, ok? Eu geralmente tenha esse azar de pegar doenças quando fico nervosa. E de falar coisas sem sentido. Nã-Não que esteja nervosa ou com medo de você. Deuses, quem teria medo de você? Um rapaz tão lindo, quer dizer, cuidadoso e ...

Hans pegou sua mão.

_Você não vai cair nem ficar doente enquanto eu estiver junto, ok?

Anna teria dito algo se aquelas palavras não tivessem tido um efeito tão intenso quanto tiveram. Ela sentiu o ar ser agarrado por seus pulmões com o desespero que seu coração agora batia.

_Ah...

_Vamos, então? –dissera Hans docilmente antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. Anna sorriu aliviada e concordou.

Hans montou na moto e esperou Anna subir. A garota nunca tinha montado numa moto e teve medo a princípio de cair, mas uma mão de seu meio irmão tocou na sua e moveu-a até a cintura do rapaz.

_Segure firme em mim e eu não deixarei que se machuque.

Tais palavras bastaram para criarem em Anna uma súbita confiança. Hans pegou o capacete extra e colocou em sua cabeça. Ele ligou o motor e tomou um impulso que assustou sua companheira fazendo-a se agarrar mais firmemente nele. Ambos ouviram o carro atrás também tendo seu motor ligado, mas Hans não os esperou e seguiu em frente. Eles sairam pelo portão principal e Anna ainda sentia a câmera de segurança vigia-la até virarem a esquina e finalmente sumirem de vista. O vento roçava seu cabelo ruivo e o fazia esvoaçar com delicadeza enquanto ela ainda tocava no peitoral de Hans.

_Tudo bem ai atrás? – ouviu Hans perguntar.

_Sim, mas não acha que essa velocidade é um pouco perigosa? Os guardas do meu pai não conseguirão nos acompanhar desse jeito.

Hans riu e Anna se sentiu confusa.

_Talvez devessemos nos perder hoje, o que você acha? – falou o rapaz.

Anna, mesmo sem ver, percebeu que um sorriso brotava na face de Hans e o mesmo ocorreu em seu rosto. Quem diria que ambos estavam querendo a mesma coisa? Uma tarde só para eles. Uma tarde em que eles não seriam os filhos ou quase filhos de um homem famoso como Filipe, mas sim apenas dois jovens sem rumo, sem preocupações, apenas perdidos na estrada infinita de sua imaginação.

Anna encostou a cabeça nas costas de Hans enquanto sonhava acordada e nem imaginava que estava completamente enganada sobre uma coisa: Hans tinha um rumo, uma preocupação e esta o atormentava inteiramente todos os dias e noites. A vingança, depois de tantos anos, nunca parecera tão próxima.

Elsa acordou de súbito pela terceira vez naquele domingo. Seu braço direito formigava diante do peso que sua cabeça fizera nele todas as vezes que ela dormia enquanto lia e olhava o relógio num ritmo quase sincronizado. Já passava das nove horas e nada de Anna e Hans chegarem. Desde a nóticia dos seguranças de Filipe de que tinham perdido de vista ambos os filhos, a mansão tinha se tornado um caos e nem Gerda ou Judith conseguiam diminuir a tensão que havia se formado. Nenhum celular atendia e o pai de Elsa esperava dar dez horas para finalmente chamar a polícia.

Se fosse pela Rainha de Gelo, os policiais já teriam sido chamados desde uma hora depois do desaparecimento de Anna, mas o que os anos haviam lhe ensinado era que a polícia trazia repórteres e repórteres causavam mais drama do que a situação realmente podia ter ou precisar. Naquele momento não importava, no entanto. Elsa, naquela tarde, percebera, por mais rápido que fosse o momento, que Hans tramava algo. Não sabia o que, mas já não gostava de imaginar. Ela poderia ter impedido tudo aquilo. Se não tivesse sido tão cômoda, tão quieta, tão defensiva quando Anna pedira para sair para seu pai talvez conseguiria ter salvado a irmã.

“Como você fez da última vez?” indagou uma voz em seu interior. Um peso enorme surgira em seu coração. Novamente falhara em proteger a irmã e agora nada ela podia fazer a não ser esperar que algo ou alguém aparecesse com notícias.

Elsa olhou para o livro em sua mão e leu novamente o título. “Os quatro grandes” de Agatha Christie. A príncipio, a garota pegara qualquer coisa para ler para se distrair de todo aquele problema e, principalmente, de sua imaginação ainda mais pertubadora, mas aos poucos foi adentrando naquela história cheia de mistérios, armadilhas e surpresas. Parara numa parte em que Poirot e seu grande companheiro Hastings estavam investigando mais um caso que suspeitavam ter a presença da organização criminosa dos Quatros Grandes. A principal pista fora a morte incerta de um jogador no meio de uma partida de xadrez contra um famoso homem russo a quem suspeitavam estar sendo o novo alvo dos criminosos. Eles haviam investigado a sobrinha e mais um empregado. Elsa começara a chegar no momento que o mistério estava sendo revelado e Poirot mandara a polícia atrás do empregado. Mas ao virar a página deparou-se com uma reviravolta e a última parte que leu foi a indagação do detetive a seu parceiro.

“— Imagine, Hastings, se você estivesse sentado nesta poltrona e escutasse a nossa porta sendo aberta e fechada, o que pensaria?

— Suponho que pensaria que alguém havia saído.

Sim, mas existem sempre duas maneiras de ver as coisas. Alguém pode ter saído, ou entrado — duas coisas totalmente diferentes. Mas se você assumir a opção errada, pequenas discrepâncias aparecerão, mostrando que você não está na pista certa. “

Elsa ficou submersa naquelas palavras por alguns segundos até finalmente ouvir a porta se abrir de súbito. Gerda entrou as pressas, vermelha e suada, mas com um rosto que demonstrava um alívio imenso.

_Eles chegaram, querida. Sua irmã e Hans estão de volta.

Elsa largou o livro quase de imediato e correu para fora junto à empregada. Lá estavam eles. Elsa em ocasiões normais se juntaria ao pai e observaria a irmã séria com um olhar neutro, mas naquele momento a coragem lhe faltou e por mais que quisesse correr e abraçar a irmãzinha juntou-se perto de escada e não desceu. Apenas observou de cima toda situação. E não era uma situação boa. Anna e Hans estavam olhando-se sérios para o chão enquanto ouviam o sermão de Filipe sobre como ambos haviam sido irresponsáveis e imaturos brandando que se aquilo acontecesse novamente ambos iriam ficar trancados em seus quartos durante seis meses tendo aulas particulares. Elsa não duvirada daquilo, já tivera aulas em casa quando mais nova e ,apesar de nem sempre gostar de multidões, preferiria sentir-se invisível em uma ,como acontecia na escola, do que solitária em seu quarto. O sermão ainda continuou por quase uma hora, até Judith finalemente conseguir acalmar Filipe e mandar Gerda preparar-lhe um chá de erva verde. Por fim, o pai suspirou e pediu que tanto Anna quanto Hans fossem para seus quartos e não saíssem até amanhã de manhã quando a escola começaria. Elsa juntou-se para perto do corrimão esperando poder conversar com Anna. Anna andava com passos pesados e ainda olhava deprimida para os degraus. Hans vinha atrás dela, mas Elsa tentou ignorar sua imagem focando apenas na de Anna. Quando a irmã finalmente chegou ao topo, as palavras finalmente pareceram fluir pelas cordas vocais de Elsa mesmo que baixas.

_Anna...

Repentinamente, Hans roçou seu braço no pescoço de Anna fazendo-a quase não ouvir a voz da primogênita enquanto virava seu rosto para ele.

_Melhor dia de todos, não? – sorriu o rapaz.

Anna riu baixinho e continuou caminhando sequer notando a presença de Elsa. Hans foi o único de virou para trás e, ao encontrar seus olhos com os da Rainha de Gelo, o fogo novamente surgiu para queimá-la. O coração da garota pesou ao ver Anna nos braços de alguém com aquele olhar. Hans ainda mostrou a língua enquanto fazia uma careta provocadora. Elsa fechou os punhos com força e mordeu o lábio. Hans era como a porta que Poirot descrevera, você nunca sabia quem ele realmente era: a pessoa que estava deixando Elsa entrar em seu mundo cruel ou a pessoa que estava entrando com toda brutalidade na realidade que a rainha de gelo tão firmemente tentara criar. Fosse como fosse, uma coisa era certa. O caos seria inevitável...

** *

Naquela noite tudo permanecia tranquilo e silencioso nos aposentos de Hans, mas ainda sim o rapaz não conseguia dormir. Seus ouvidos estavam cansados de tanto ouvir Anna tagarelar o dia inteiro e suas pernas doloridas de tanto andar de moto. No entanto, não eram esses os motivos para sua falta de sono. Ele conhecia a insônia desde muito novo e saberia dizer quase que instantemente o dia que ela começara.

_É tudo culpa dele. – disse encerrando o punho como se estivesse esmagando Filipe nela. – É culpa deles todos.

Uma luz pairou a escuridão do quarto e Hans virou-se para o outro lado daquela cama de casal para observar seu celular recebendo uma mensagem em cima do criado mudo. O rapaz afastou o edredom que o aquecia naquela noite fria e se arrependeu quase instantemente de fazê-lo. Odiava o frio. Sentira frio sua vida inteira, até mesmo das pessoas ao seu redor. Mesmo antes do incidente acontecer.

_O décimo terceiro filho. – disse melancólico só de lembrar seu passado. – O último.

Seus olhos observavam com certo cansaço a última mensagem que recebera de Nitrox notando pelo tom rude que não fora ele que pensara naquelas palavras.

“Venha me ver amanhã a noite. Estarei te esperando, desgraçado.”

Hans suspirou. Ele não saberia até quando aquilo tudo terminaria, mas esperava que a partir do momento que sua vingança estivesse terminada poderia dormir tranquilo como os mortos.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de falar que o livro da Agatha Christie mencionado realmente existe e é um dos meus favoritos assim como a frase acima. Eu os coloquei ai também para já avisá-los que nem tudo é o que parece e já mostrar que há mistérios muito mais profundos do que no começo aparentava. Obrigada por ler.

O próximo capítulo já está pronto e eu postarei nesse sábado.