Chained escrita por Hillary McKarter


Capítulo 10
Capítulo 10 - Fire Faces Winter


Notas iniciais do capítulo

"Fogo enfrenta inverno" - pode uma chama do meio da neve provocar um incêndio ou esta se apagará primeiro?
Um capítulo intenso para meus leitores queridos.



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Elsa tentou de tudo, mas simplesmente não conseguia deixar de olhar Hans. Ela nunca se incomodara tanto em ficar no canto da sala até aquelas últimas aulas em que ela obrigada a sempre estar com a cabeça virada para o lado vendo o professor e a pessoa que ela mais odiava ao seu lado. Por que ele tivera que sentar ali? Havia cerca de cinco lugares vazios em toda sala e, mesmo que dois fossem ao lado de dois garotos idiotas e estranhos, os outros dois eram perto da turma popular e falante. Elsa não entendia porque ele quisera sentar-se ao lado de alguém que ele sequer olhava na cara. Dia ainda por cima não se contera uma hora de tanta alegria e começara a puxar conversa por meio de papeizinhos com Hans. Nunca uma aula de algebra fora tão dificil de entender.

Quando o sinal finalmente tocou, Elsa estava faminta e irritada. Não queria falar com ninguém, nem mesmo com Dia. Hans tinha se levantado e ido ao lado de Tiffany Mowel, uma das garotas fofoqueiras da sala. Dia levantou-se e foi ao lado da amiga com dois pedaços de bolo.

_Gerda fez mais do que eu posso comer. Vamos dividir.

“Não tenho fome” seria a frase que Elsa diria se não estivesse se corroendo por dentro. Ela apenas sorriu timidamente e pegou um pedaço com o guardanapo. As duas começaram a conversar, ou melhor, Dia conversava e Elsa ouvia e ria. Elsa quase havia se esquecido da presença de Hans se não fosse pelo fato de a porta de sua sala ter acabado de abrir-se e uma Anna feliz e animada ter entrado por ela.

_HANS! – disse Anna quase num grito.

O rapaz ao vê-la acenou e se aproximou dela abraçando-a em meio a uma dúzia de garotas.

_Olá, irmãzinha.

Anna corou e todas as garotas em volta deles pareceram inconformadas.

_Elsa, você não poderia pedir para Filipe me adotar? Eu quero ser sua irmãzinha!!! – disse Dia fazendo biquinho.

Elsa, no entanto, ignorou a amiga preocupada com o que estava acontecendo. Tiffany Mowel, Sarah Dyson e Isy Yong eram as que mais olhavam para Anna furiosamente. Elas era um trio ameaçador na escola. Parte das líderes de torcida e do grupo mais popular do colégio, já se meteram em grandes encrencas por envolverem outros alunos em festas que sempre tiveram a presença da polícia no fim. Era perigoso entrar na mira delas e Elsa via que sua irmãzinha acabara de fazê-lo ao entrar nos braços de Hans.

_Terra para Elsa. – disse Dia movendo seu braço direito na frente da garota para chamar sua atenção. – Você está bem? Parece que viu um fantasma ou algo do tipo.

Elsa voltou a mirar Dia ainda sem reação.

_Eu...

Gritinhos ao redor de Hans voltaram sua atenção novamente para o que estava acontecendo e Elsa arregalou os olhos ao ver Hans beijando a bochecha de Anna enquanto suas mãos tocavam delicadamente seu rosto. Anna estava paralisada e todos na sala pareciam fazer o mesmo. As garotas eram as únicas que pareciam gritar e olhar de diferentes maneiras para a cena. De repente, a porta da sala é batida em um som alto trazendo a atenção de todos para o outro lado da sala. Lá, um rapaz moreno e alto aparece suando enquanto olha para o grupo de garotas ao redor de Anna e Hans que também o olham confuso. Suas roupas pretas indicam que ele não é um aluno, mas também não é um professor.

_Nitrox? – diz Hans parecendo surpreso.

_Mestre Hans, poderia conversar alguns instantes com você a sós? É importante.

Hans não se mexe por alguns segundos até finalmente compreender o recado e se virar para Anna e o resto de garotas sorrindo e dizendo que volta logo. Anna também sai da sala atrás dele, mas não parece que irá segui-lo. As garotas voltam a conversar entre si assim como o resto da sala. Dia suspira e volta a tagarelar, mas Elsa levanta-se rapidamente antes de sua primeira frase terminar.

_ Eu tenho que ir ao banheiro.

Elsa corre, sai da sala e olha ao redor. Ela sempre ouvira seu pai dizer a Anna que ruivos eram bem raros e por isso eram sempre fáceis de procurar em uma multidão. E quem diria que mesmo com tantos alunos, Hans seria tão fácil de encontrar? Ele ainda seguia Nitrox para sabe lá onde o empregado o estava levando. Elsa foi atrás deles com passos largos, mas cautelosamente sabendo tão bem quanto Hans para onde eles estavam seguindo.

* * *

O jardim era um dos poucos lugares frequentados pelos alunos de Bradowell High, pois desde o fechamento do clube de jardinagem o lugar estivera abandonado e as plantas secas e mortas. Sua localização era bem atrás da quadra onde se realizavam as formaturas e sua existência era quase desconhecida pelos novatos. Certamente, Hans se surpreendera com aquela cena e não sabia exatamente quando ou como Nitrox achara aquele local, mas suspeitava que para ele ter de levá-lo em meio a multidão para um lugar deserto certamente o assunto deveria se tratar Dela. Quando chegaram perto de um banco velho de madeira rodeado pelas árvores e pelos arbustos, Nitrox finalmente parou e voltou-se para o rapaz.

_Mestre Hans, o que pensa que estava fazendo com a senhorita Mendes? – disse Nitrox com um olhar austero, mas cansado. – Você sabe que a Senhora não gostará de saber disso.

O olhar calmo e tranquilo que Hans esboaçava ao redor dos colegas desapareceu instantemente e uma fúria incendiou seus olhos verdes.

_A nossa Senhora deveria cuidar das próprias verrugas e confiar mais em mim, afinal foi eu quem escolheu para quem trabalhar e não o contrário. – disse rudemente.

Hans sabia que ,por Nitrox ser seu serviçal particular desde quando eram crianças, ele só estava tentando protegê-lo, mas as vezes o modo como falava sobre aquela mulher desprezível incomodava o ruivo. Afinal, de quem lado ele estava?

_Senhor, por favor, só deixe-me entender o que você está planejando. – disse o serviçal cansado. – Você sabe que envolver sentimentos pela filha de seu inimigo só tornará tudo mais difícil e...

Hans não aguentou tanta ingenuidade e acabou gargalhando em meio ao jardim vazio. Nitrox olhou-o confuso.

_Sentimentos? Por Anna? Ha! – falou sentando-se no banco. – Nem um ET desenvolveria sentimentos por uma garota acéfala igual ela. Nunca vi figura mais cômica. Só falar umas palavras aqui, umas frases clichês de comédias românticas e oferecer um sorriso confortante que ela cai que nem uma luva no meu plano.

_Plano, senhor? – O serviçal olhou arregalado – Que plano?

Hans estava amando aquilo. Pensara a noite toda no que faria com Anna como um poeta pensa o que fazer quando cria seus poemas e agora estava animado para apresentar toda sua obra prima. Ele levantou-se de forma rápida e falou encarando com voracidade os olhos de sua única plateia.

_Diga-me, Nitrox. Do que as pessoas mais têm medo?

_Medo? Bem...- Nitrox demorou um século para pensar e finalmente responder. - Eu diria da morte, senhor.

_BEHHH! ERRADO! – disse Hans quase instantemente e começou a andar ao redor de Nitrox enquanto explicava. – Em geral, é natural pensar que todos tememos a morte, mas se olharmos para cada um vemos que esse medo torna-se apenas uma resposta comum para conversas normais. Padres, víuvas, idosos conhecem a morte mais do que ninguém e nem por isso a temem. Ela acaba se tornando algo natural de suas vidas. Ai você pode pensar que o medo vem do desconhecido, mas nem sempre. Aventureiros podem até tornar-se ansiosos quando encontram algo novo, mas não acredito que isso os faz correr para casa com suas calças borradas. Então o que, meu caro amigo, pode causar tanto medo nas pessoas?

_Senhor, podemos pular para a parte que você finalmente me fala o que é o plano? Estou ficando muito confuso com essa tese. Sem falar que o senhor andando ao meu redor está me deixando tonto.

Hans rolou os olhos e parou de andar, mas não apagou a chama de entusiasmo que tinha criado em seu interior.

_O plano, meu caro amigo, é não procurar o medo de todas as pessoas, mas sim de uma específica, àquela que você realmente se sente ameaçado.

_E essa pessoa seria a senhorita Mendes, senhor?

_Bem, mais ou menos. É a senhorita Mendes, mas não a que você pensa. Quando eu estou sendo gentil com Anna, não é porque eu quero atingí-la mais tarde, mas sim porque eu quero atingir sua irmã agora.

_A primogênita?

_Sim. Ela sim é a ameaça. Tudo o que Anna não tem, ela tem. Desconfiança, intransparência, solidão. Essas pequenas coisas tornam-na mais difícil de atingir.

Hans olhava para o chão e começava a andar de um lado para o outro como se estivesse tentando elaborar o perfil completo de Elsa.

_Senhor, eu não acho que... – começou Nitrox, mas Hans o interrompeu com um “xiu”

_Ela é durona e se tem segredos, consegue escondê-los como ninguém. Ela não mostra os sentimentos com facilidade, a menos que você consiga se aproximar como eu milagrosamente fiz na festa e ela também não deixa que você se aproxime...

_ Mas senhor...

_Quieto, Nitrox. Estou pensando.

_Senhor, eu...

_Cale a boca! – gritou Hans. – Você não entende que o que eu quero dizer? Que o que eu realmente preciso fazer não é me aproximar de Elsa para destrui-la, mas sim destruir quem já está próximo dela para atingí-la?! O que você quer, Nitrox? Que eu desenhe?! Não é possível que você não conseguiu concluir isso sozinho!

Hans olhou para Nitrox e se surpreendeu com seus olhos vidrados em algo atrás dele. O rapaz virou-se e paralisou ao ver uma garota familiar de cabelo loiro quase prateado observá-lo com o mais puro ódio em seus olhos enquanto sua mão apoiava-se em uma árvore dentre as várias. O frio do jardim de repente tornou-se mais intenso e Hans estava tão sem reação que se esqueceu completamente até da fúria que tinha da família da qual a moça pertencia. Elsa se aproximou dele com passos firmes e ignorou a expressão de espantado da rapaz.

_Até quanto você ouviu? – Foi tudo o que Hans conseguiu falar.

Em quase milésimos de segundos, a mão de Elsa voou para a bochecha de Hans. A colisão da mão fria da Rainha com o rosto quente de Hans tirou-o de seu equilíbrio e, consequentenmente, de seu transe enquanto o rapaz caia no chão desajeitadamente.

_ O suficiente. – respondeu Elsa.

Ela voltou seu olhar para Nitrox e o rapaz de quase 20 anos se viu recuando as pressas da escola.

“Covarde” pensou Hans. Ela voltou se olhar para aquela garota que ele tanto odiava e mirou-a com seus olhos flamejantes de fúria. Aquilo não pareceu incomodar Elsa do jeito que incomodara antes. O gelo de seus olhos finalmente estava vencendo o fogo dos olhos do rapaz.

_Só me diga uma coisa. – ordenou Elsa como se estivesse se dirigindo a um criado qualquer. – Por quê?

Hans sorriu amargamente enquanto sentia a pele do corpo congelar naquele frio. Não havia mais jeito de enganar Elsa. O disfarce estava arruinado, mas não o plano. Ele prometeu a si mesmo naquele momento que não seria mais pisoteado por jovens mimados como Elsa ou seus irmãos. Ex- irmãos.

_Por que? POR QUE?– riu Hans sarcasticamente. – Vamos dizer que eu estou farto de ver pessoas ricas como você conseguirem se dar bem na vida enquanto o resto sufoca para sobreviver.

Elsa o analisou por alguns instantes em silêncio e Hans fez o mesmo. Ambos ficaram parados um ao lado do outro. Elsa em pé, Hans caído no chão. Os dois em completo silêncio. Por fim, o sinal finalmente bateu quebrando o clima tenso e perturbador entre os dois.

_ Eu não acredito em você. – disse Elsa.

Ela virou-se e se dirigiu para dentro do prédio deixando Hans caído no chão trincando os dentes de ódio.

_Isso não acabou, irmãzinha. Só acaba quando eu quiser. Só acaba quando todos nós estivermos no chão.


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Notas finais do capítulo

Capítulo mais tenso que escrevi até agora. O duro que não será o último.
Agora Elsa sabe de tudo, mas isso não impedirá Hans de continuar. Ele não está sozinho como pensávamos. Quem será a Senhora?

Espero que tenham gostado! Por favor comentem ^.^