Tomaram o café da manhã cada qual perdido em pensamentos e lembranças.

Oliver pensava em como sua vida havia mudado desde que voltou da ilha, em meio ao caos de uma vida noturna sempre em perigo, mergulhado em segredos sombrios, sendo apoiado por Felicity e Diggle, ele se viu apaixonado por sua técnica de Ti e parceira nessa luta por justiça. Foram dias longos ao lado dela sem poder tocá-la e noites igualmente longas longe dela, apenas ouvindo sua voz.

O primeiro beijo aconteceu tão rápido que ele podia jurar que foi apenas um sonho, não foi, fora realidade, a mais doce realidade. Ele a beijou, ela fugiu. Ele a seguiu.

E depois daquele primeiro beijo vieram outros e mais outros, era como caminhar por nuvens brancas. Foram muitas noites de paixão, de um namoro quase proibido. O pedido de casamento foi simples e perfeito, quando caminhavam por um parque de mãos dadas em um raro momento de lazer, ele parou em sua frente ajoelhando-se, tirou do bolso uma caixinha azul pequena, os olhos dela brilhavam com lágrimas não derramadas quando viu o mais belo anel. As palavras não foram necessárias, entre o silêncio deles e o barulho do parque seus corações se falavam, se aceitavam. O "sim" foi dito em um unir de lábios. O beijo selou o pedido, o casamento não demorou muito, algo sublime e sutil, poucos convidados, muita música e uma explosão de amor e risos.

Os dias não poderiam ser mais perfeitos, as noites não poderiam ser mais sedutoras. Trabalhavam juntos em um clima de sedução no ar.

Quando Felicity descobriu que estava grávida, ele estava se preparando junto com Dig a uma invasão ao cais, enquanto recebia coordenadas de como proceder, ela disse em um tom doce algo pra se cuidar melhor:

— Cuide-se Ollie, "nós" precisamos de você.

E aquele "nós" fez com ele ficasse paralisado e totalmente mudo, o coração aos trancos. Esse "nós" poderia ser tantas coisas, tantas pessoas que dependia dele, mas pelo tom de voz dela quase choroso e preocupado, ele sabia o que "nós" significava, não sabia se ria ou chorava, e o momento pedia atenção e concentração. E ele se cuidou naquela noite e em todas as outras. Ele se cuidava sempre. Por elas.

A gravidez foi relativamente calma, desejos loucos pela noite afora, enjoos matinais no começo, até que chegou a hora e ninguém o preparou para aquele momento de agonia e alegria.

Sentiu-se impotente por ver sua esposa sofrer com as dores do parto. Impaciente. Nervoso. Sentiu-se eufórico por ver o rostinho de seu bebê, por sentir o corpinho frágil em seus braços fortes. Sensações variadas lhe cortavam o coração, até que um choro cortou o ar, e foi o som mais perfeito que ele já ouviu, beijou a testa suada da esposa e chorou como um menino.

A filha era perfeita, contou-lhe todos os dedos, 5 em cada mãozinha, 5 em cada pezinho, dizia rindo pra ela: 20 ao total. E chorou novamente. E naquele momento ele soube que morreria por ela, sua pequena princesa nerd. Morreria por elas, suas garotas. Mulheres de sua vida.

Suspirou com as recordações, tomando seu café já quase frio. Lembranças doces que alegravam seu coração.

Felicity também sonhava acordada, quem poderia imaginar que um dia ela estaria sentada ao lado de Oliver, seu marido, com a filha aninhada ao carrinho e seu cachorro dormindo aos seus pés? Ela vivia um sonho, um sonho lindo e perfeito.

Um beijo, um pedido de casamento, uma filha. Sua vida resumia-se em Felicidade plena. Sempre.

Ela pensou na perfeição do pedido de casamento, na emoção que fez com que ela engasgasse o "sim", nas lágrimas de felicidade, no casamento maravilhoso que Oliver proporcionou pra ela. Tudo era mágico. Tudo era amor e paixão. Tudo resumia-se em Oliver e Mavi Alexandra.

Felicidade plena. Sempre.

Esboçou um sorriso, lembrou-se do momento em que ficou sabendo da gravidez, entrou em pânico com aquelas linhas azuis do teste, não que ela estivesse triste, só temia não ser uma boa mãe, durante a gravidez devorou livros e mais livros sobre o assunto. Devorou potes de sorvetes também enquanto admirava Ollie fazer exercícios em sua barra. Afinal, alguém tinha que malhar e manter o corpo sarado!

Ela foi rodeada de conforto e proteção, quase proibida de trabalhar por Oliver e por Dig, sentia-se extremamente feliz com todo esse cuidado. Um pouco sufocada na verdade, mas feliz. Vivia seu próprio conto de fadas moderno.

Seu devaneio foi interrompido com uma pergunta curiosa de Oliver. Ele estava olhando pra filha, umedeceu o dedo em seu café e passava na boquinha da criança que parecia deliciada com o novo gosto.

Felicity o olhou com ar de repreendimento.

Ele corou e voltou a fazer a pergunta, visto que ela não ouviu a primeira vez.

— Querida, quando podemos dar pra Mavi aquelas papinhas de cores diversas e que parece não ter gosto de nada?

— Ollie, a partir do 4° mês ela já pode começar a comer alimentos mais sólidos, mas já é penoso ver nossa filha tomando mamadeira, já que meu leite secou, não quero antecipar as coisas, portanto, nada de café, ouviu bem? — Lembrar que foi privada de amamentar a filha era doloroso demais. Desesperador até.

Ele assentiu ainda concentrado na filha e sua carinha de alegria ao lamber a boquinha com o café, Felicity furiosa e triste era a última coisa que ele queria.

Fez-lhe sorrir, contou piadas sem graça em tom de desculpa, aquecendo seu coração e levando alegria para aquele olhar tristonho.

Contou seus planos para o sábado, planos em família. Almoço no parque num belo piquenique.

Ela zombou dizendo que ele não esperasse que assassem pães e fizesse sucos naturais para levar, a não ser que quisesse uma pequena fogueira no apartamento.

Não, ele não queria, por isso tudo já estava arranjado, uma facilidade comum dos muito ricos, quando queria e o que queria bastava apenas um telefonema, e foi o que ele fez, providenciou tudo em um discar de números, comidas e bebidas, um verdadeiro almoço em família no parque.