Hollow Spirit - Tudo termina onde começou escrita por SEPTACORE


Capítulo 5
A vida é uma festa surpresa.


Notas iniciais do capítulo

Eu estou em relacionamento sério com esse capítulo.



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O dia amanhece com muita neblina na cidade de Spooderith. Apenas as partes de cima das casas mais altas são vistas no mar de nuvens, e Michael admira essa vista sentado no parapeito da janela do seu quarto.

Hoje ele completa 13 anos, então pediu pra que não fosse à escola. Portanto resolve ficar fazendo um monte de nada e andando pelo orfanato, observando as coisas com mais atenção. Pensa nas coisas que fará daqui pra frente, tantas aventuras que poderá viver. Só faltam cinco anos pra alcançar a maioridade, mas até lá, alguma coisa incrível tem que acontecer. O dia hoje será normal, como todos os outros. O dia do aniversário não tem nenhum significado para Michael, e na opinião dele, é só mais um dia do ano. E mesmo que significasse algo, não teria nada, pois apenas Matheus sabe que hoje é seu aniversário, e pra lembrar, eles estão brigados.

Enquanto Michael filosofa no seu quarto, Matheus tenta resolver uma equação difícil ao lado de Naty.

– Você é burro assim ou fez curso? –Naty não aguentava mais ensinar a mesma coisa para Matheus.

– A resposta é x=7 – diz Naty, e Matheus fica bravo.

– Se não quer me explicar essa porcaria, não explica. – Matheus fala com raiva.

– Eu to tentando te explicar. – Ela sorri. – Mas Math, é a quarta vez. – Ela dá uma gargalhada.

– Se você se ofereceu pra me ajudar tem a obrigação de me ensinar até eu aprender!

Eles param durante um tempo, e o silencio reina enquanto Matheus tenta resolver outra.

– A resposta é x=6 – Diz ele.

– Errado, é x=3 – Naty ri.

Matheus para de tentar fazer equações, pois algo está consumindo sua mente de uma maneira incrível, algo que ele nunca sentiu. Um tipo de culpa toma conta dele quando se lembra de que hoje é o aniversário de seu irmão. A culpa pairou pelo ar, não só por ter sido assim com seu irmão todo esse tempo, mas por não ter aproveitado os momentos ao lado do mesmo.

– Você nunca foi desconcentrado assim –Diz Naty– O que está acontecendo?

– Nada – diz Matheus, mas não consegue disfarçar.

– Há alguma coisa. Desembucha. – Matheus respira fundo.

– Hoje é aniversário do Michael. E me sinto estranho, só não sei o motivo.

– Ah, então é culpa – diz Naty.

– Culpa pelo o quê?

– Por não fazer nada pro Michael hoje. Por deixá-lo sozinho no seu aniversário.

– Não, nem me importo com ele.

– Se importa sim e sei que ambos estão morrendo de saudade um do outro. Só são orgulhosos de mais pra admitirem. – Matheus parou pra pensar, isso era mais do que verdade. Tapa o rosto com as mãos e começa a bater as pernas de impaciência. Odeia passar por esta situação. - Olha, sei que vai ser difícil, mas por que não faz uma festa surpresa para o Michael? – Sugere Naty.

– Ficou maluca? – pergunta Matheus. - Claro que não.

– Ótimo, então eu farei.

– Boa sorte. Michael não gosta muito de você.

– Mais um motivo pra fazermos. - Mais uma vez Matheus pensa durante um tempo, e pra sinceridade dele, estava mais difícil que resolver as equações.

– Ok. Faremos a festa. – Diz Naty respondendo por ele. - Mas precisaremos de ajuda.

– De quem? – pergunta Matheus.

– De pessoas, provavelmente. – Ela ri e ele faz cara de tédio. –vai me dizer que prefere ficar aqui fazendo equações? – Ele se levantou no exato momento e a seguiu pelo corredor.

A primeira pessoa em que Naty pensou em recorrer fora André e Tico, mas eles não resolveriam nada no quesito arrumar a festa, então seguiram rumo à sala da diretora.

– Aprontaram o que dessa vez? – A diretora diz.

– Nada, por enquanto. A questão é o que vamos aprontar. –Naty diz e contempla a cara de assustada da diretora. –Hoje é aniversário de Michael, diretora. É até um erro a senhora não lembrar, mas bem, agora você sabe. Estamos pensando em uma festa surpresa essa noite e precisamos da sua ajuda.

– Como eu pude esquecer? – Ela se levantou rapidamente e começou a discar um número, falou rapidamente algo com encomenda e desligou. – Chamem Tico, Felipe e Julia. As novas crianças ajudarão também.

– Novas? – Matheus pergunta. – E o André?

– André se encontra na enfermaria por motivos de gripe. – Ela diz e pega o interfone. – Mande as novas crianças a minha sala imediatamente. – Alguns minutos se passam e três meninas entram à sala. – Uma delas com cabelos pretos, os lábios grandes como os olhos, sua cor era parda e seus lábios era cor de sangue, era tão misteriosa, mas ao mesmo tempo trazia consigo grande confiança. A outra parecia média e seus olhos eram fundos e escuros pelo fato de usar lápis de olho e seus erros genéticos chamados covinhas estavam destacadas em seu rosto. E a outra, aparentava ser a mais velha do trio, por sua altura e por seu físico, tinha o cabelo marrom, olhos amendoados, seu sorriso era lindo e tinha um rosto angelical, seus cabelos eram lisos com as pontas enroladas.

– Tem certeza que entrou na porta certa, sua lerda? – A garota com os lábios vermelhos grita com as outras garotas.

– Isadora Emanuelle, você acha que eu sou burra? – A mais alta diz.

– Não, Bruna. Eu tenho certeza! – A garota é surpreendida por um barulho da diretora.

– Ah, desculpa, diretora. – A maior das garotas se aproxima. – Sou Bruna, e sou a nova garota que a senhora mandou chamar. – Suas bochechas estavam vermelhas, não tanto quanto as de Tico, mas estavam. – Essas são Elizangela e Isadora. – Ela aponta para as outras.

– E aí. – Isadora faz um gesto.

– O... – O oi de Elizangela é abafado por um barulho enorme vindo da porta, três garotos entram desajeitados se empurrando.

– Da próxima vez tenta me alcançar. – Um garoto baixo, cabelos quase no ombro, magro e moreno diz.

– Dan, você sabe que faço isso de olhos fechados. – O outro garoto, baixo, mais magro do que o outro, pele morena, bochechas curvadas. Pareciam irmãos, mas não eram. Trazia consigo um toddynho que derramara quase todo em sua roupa.

– Se comportem ao menos uma vez. – O garoto alto, pele morena, cabelos penteados, óculos, aparelho e era magro como um bambu.

– Hmrrum... – A diretora interrompe. – Desculpa interromper o que seria uma ótima corrida, mas estamos aqui com um propósito. – Ela diz. – Vocês devem ser Luiz, Danilo e Augusto, estou correta?

– Sim. – Os três falam em uníssono.

–Hoje é aniversário do Michael, bom, pra vocês não significa muita coisa porque vocês não o conhecem, mas queremos fazer uma surpresa á ele essa noite. O esquema será: Matheus atrasa Michael em seu dormitório enquanto eu e o resto do pessoal arrumamos a festa. Será diversão para todos, por isso o esforço. Bom, obrigada por me ouvirem, agora pode ir, Matheus. E o atrase por lá.

– Como vou atrasá-lo se não falo com ele há semanas? – Matheus pergunta.

– Não acha que é uma boa hora pra um perdão? – Isadora diz. – Digo, mesmo não te conhecendo, bem, eu não sei, mas, acho que, bem. – Ela se enrolava nas palavras. – Só peça perdão.

Matheus percebera que até mesmo desconhecidos percebiam que aquilo teria de ser feito a qualquer momento, e ele sabia que não era Michael que deveria fazer isso, e sim ele.

Michael estava deitado no dormitório fazendo cosplay de Matheus, no silêncio e pensando em como esse dia seria chato, era o que ele achava. Quando ele ouvira a porta abrir, seus olhos se fecharam no mesmo momento para que ninguém atrapalhasse seus pensamentos.

Matheus olhou para Michael e percebera que ele estava fingindo, embora não se falassem, Matheus o conhecia como ninguém.

– Ok, você já pode parar de fingir. – Matheus diz e ele se mexe.

– Eu estou ouvindo alguma coisa? – Michael ironiza. – Algo do além?

– Não, é só o Matheus mesmo.

– Bateu com a cabeça? Está bem mesmo?

– Michael... – Ele se senta. – Eu estou quebrando o meu orgulho, você pode imaginar como isso está sendo difícil para mim, e eu estou fazendo isso porque mesmo com as desavenças eu sinto falta do meu irmão, sinto falta das nossas brigas e simplesmente não dá pra ficar assim. Você é uma parte de mim. Foi difícil, pois suas lembranças sempre ficaram em minha mente, sabe? E o difícil foi não se lembrar dos momentos que você esteve em minha vida. Eu te odiava horas atrás, mas eu parei e pensei, sim, não pareço o Matheus. Na verdade, eu não pretendo ser o antigo Matheus nunca mais. – Os olhos de Michael se encheram de lágrimas, parecia um sonho, parecia mentira, parecia o que ele imaginava todas as noites, mas não era imaginação, estava mesmo acontecendo. Michael levantara e abraçara o irmão, os dois estavam emocionados com a reconciliação.

– Você não sabe como eu estou bem com isso. – Ele diz secando as lágrimas. – Sabe, tudo doeu tanto, por tanto tempo, guardar coisas, e eu percebi que, não adiantava eu guardar pra mim, isso só acabava comigo, e sabe... Agora eu me sinto diferente, como se existisse algo que valesse a pena lutar.

– É tão estranho ouvir isso de você. – Ele o abraça e no mesmo momento uma figura entra no quarto, essa figura era Felipe.

– Meu Deus! – Felipe diz. – deve ser por isso que está essa chuva lá fora. - Matheus ri pela primeira vez e isso deixa Michael muito feliz. –Math, está tdprnt.

– O quê? – Math não entendera.

– Estádrpdnt – Matheus era tão lerdo quanto uma porta, mas a festa estava pronta, e ele não havia entendido.

– Mick, tem uma toalha lá no banheiro? Verifica pra mim. – Ele diz e Mick sai. – Está tudo pronto, a festa, desça com ele, já! – Ao chegar à porta, Felipe se vira. – E adivinha só, tem frango!!! Uhuu! – Ele sai cantarolando.

Tudo estava indo muito bem, para Michael nunca fora melhor. Quando Matheus voltara e os dois irmãos desceram, tudo estava escuro e medonho.

– Vai me dizer que tem medo de escuro? – Matheus diz. – Achei que você era mais corajoso. – Ele o desafia.

– Eu não tenho medo. – Michael diz. – É só que... – Um estrondo junto com uma “explosão” pairou sobre o ar, juntamente com gritarias. Quando Michael vira todos ali, cantando parabéns para ele, sua vontade era pegar todos e guardar em um potinho, a felicidade era tanta que ele não conseguia conter.

– Feliz aniversário, irmão! – Math diz e o abraça. Naty se aproxima junto com Julia, Tico e Felipe. E atrás se encontram Luiz, Augusto, Danilo, Isadora, Bruna e Elizangela.

– Parabéns, irmão do frango. – Felipe diz e sorri.

– Obrigado, bambu. – Eles trocam sorrisos.

– Hey, parabéns garoto. – As bochechas vermelhas não mentiam, era Tico.

– Muito obrigado, Ticomia. – Michael sorri, Julia dá os parabéns, e atrás vinha o pessoal que ele nunca vira na vida.

– Bem, você não me conhece e nem eu te conheço, mas quero te desejar parabéns porque essa festa realmente deu trabalho. – Danilo diz e sua sinceridade comove todos.

– Nossa! Sincero você, Danilo. – Luiz disse e todos soltam uma risada.

– Parabéns, cara. – Augusto chega com o seu fiel toddynho na mão.

– Você sempre anda com um toddynho na mão? – Elizangela pergunta.

– Acho que ele tem um problema. – Isadora sussurra.

– Algum problema com o meu toddynho? É isso mesmo que eu estou entendendo? – Ele diz rindo.

– NOSSA CARA! PARABÉNS! – Danilo chega gritando.

– OBRIGADO, CARA. – Ele grita de volta.

– Olha querido, você não grite! Só eu grito. – Michael ri.

– Parabéns. – Bruna diz vergonhosa e Michael sorri.

Matheus estava feliz e Naty estava orgulhosa. Os dois sentaram em um sofá.

– Eu estou tão orgulhosa de você, mas tanto. – Ela sorri.

– Eu nem sei de onde tirei tanta coragem, sabe.

– Eu to tão feliz.

– Eu não teria conseguido se não fosse por você, Naty. – Ele a abraça, um abraço forte, verdadeiro e demorado. O tipo de abraço que você não quer soltar. Naty mexia na mão de Math, deitada em seu ombro.

– Sabe Math, de todas as histórias de amor, a nossa é a minha favorita. Porque além do amor, existe uma amizade mais que verdadeira. – Ele sorri e beija a testa dela.

– Os dois pombinhos. – Augusto diz. – E o casamento? Quero ser padrinho.

– E eu a madrinha. – Isadora sorri para Augusto.

– Hmm, ela tá tão na sua. – Danilo diz para Augusto e eles riem.

– Não se esqueçam de mim. – Felipe diz com o frango na mão.

– Você e o frango não se esquecem também. – Luiz diz e vê a diretora chegando.

– Eu prefiro yakisoba. – Danilo diz correndo à mesa. – Sabe, eu e o yakisoba temos uma história de amor melhor do que Crepúsculo.

– Parabéns, Michael. – Ela diz sorrindo.

– Muito obrigado, Diretora. Muito obrigado mesmo.

Essa festa fora tudo que Michael pedira um dia, apenas estar junto com seus amigos, para ele, era mais do que um presente. E ter o Matheus ao seu lado parecia irreal.

A noite ocorrera muito bem. E ao chegar ao fim, a diretoria viera avisar algumas coisas.

– Dormitório de Michael tem três camas vagas. Augusto, Danilo e Luiz. Suas coisas já se encontram lá. A festa foi ótima! Boa noite a vocês. – Ela sai em retirada à sala dela.

– Boa noite. – Bruna subira junto com Elizangela, mas Isadora ficara conversando com Augusto até todos irem.

– Deveríamos virar esposo e marida. – Isadora diz.

– Não seria ao contrario? – Augusto fala.

– Eu gosto de ser do contra. – Ela sorri.

– Ok, me trás uma vela ai, Luiz. – Danilo diz se referindo aos dois.

– Uma tocha olímpica, talvez. – Luiz provoca.

– Vamos subir, pessoas. – Michael diz.

– Boa noite. – Naty abraça Matheus e sobe junto com Isadora.

– Hmmm, ela tá tão na sua. – Danilo fala novamente se referindo a Naty e Matheus, dessa vez.

Ao subirem, a noite fora calorosa, demorara muito para que o fogo de Danilo, e a euforia de Augusto parassem um pouco. Todos estavam deitados, e Matheus soltava risos inesperados.

– Hmm, pensando nela, né. – Augusto diz.

– Eu to pensando naquele frango. – Felipe diz. – Ok, boa noite.

– Boa noite. – Danilo diz.

– Boa noite – Augusto diz, todos haviam dado boa noite, mas os dois não paravam de repetir a mesma coisa.

– Boa noite.

– Boa noite.

– Hm, boa noite.

– Boa noite.

– Calem a boca.

– Boa noite.

– Boa noite.

Uma almofada voou do além, e depois disso o silêncio reinou. O dia fora tão perfeito que Michael não conseguira pregar os olhos, demorara um pouco até ele conseguir dormir, mas quando conseguiu fora a melhor coisa.

A manhã fora fria, todos estavam dormindo, era começo de dezembro, quase natal, quase férias. Nessa manhã, os únicos que dormiram até tarde, foram Felipe, Michael, Matheus e Luiz.

A diretora subira as escadas euforicamente, precisava imediatamente falar com Michael.

De muito longe, acima de sua cabeça, ele ouviu uma voz fina e aguda, pertencente à diretora, dizer:

– Michael, Michael! – Ela disse e o mesmo acordara assustado.

A porta se abre com força, e uma segunda voz arranha o ar da manhã.

– Você será adotado.


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Notas finais do capítulo

Chegaram novos vinhados na história dçlksadkça espero que tenham gostado, DEIXEM COMENTÁRIOS OBG



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