Hollow Spirit - Tudo termina onde começou escrita por SEPTACORE


Capítulo 26
Pego em flagrante




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/485472/chapter/26

O desespero assumia Lyn e Dani. O som dos aparelhos de respiração dava pra ser ouvido do corredor onde elas estavam.

Nesse momento, médicos retiravam os cacos de vidro da lateral do rosto de Felipe e examinavam as partes do corpo dele que foram afetadas pelo impacto.

– Que idiota, pra quê ele foi fazer isso? - diz Lyn, que estava com a cara borrada e ainda vestida de super poderosa.

– Ele é retardado, sempre soube - fala Dani, na mesma situação que Lyn, só que vestida de mulher maravilha.

O dia está chegando, e é possível ver os raios de sol querendo sair do horizonte através da janela.

Há um silêncio mortal no corredor, que é quebrado por barulho de passos vindo em direção a elas.

Ana, Letícia e André param e se sentam ao lado delas.

– Notícias? - pergunta André, num tom triste.

– Nenhuma até agora - diz Dani.

– Ele vai ficar bem.

A porta da sala de cirurgias se abre, e o médico sai com uma prancheta, parando em frente a todos.

– Notícias? - pergunta Lyn.

– Sim, uma boa e a outra ruim - fala o médico. - A boa, é que não houve ferimentos graves.

Lyn e Dani soltam um ar de alívio, até o médico dar a outra notícia.

– A má, é que ele não acorda.

– Não acorda? Como assim? - pergunta Leti.

– Ele está em coma - diz o médico, por fim.

Após alguns minutos, quando a sala de cirurgia estava vazia, Dane e Lyn foram autorizadas a entrar.

Felipe estava deitado com a cabeça de lado, havia uma faixa em seu rosto e em algumas partes do corpo e respirava com a ajuda de um aparelho. Um monitor cardíaco estava ligado ao seu corpo, e indicava que seu coração estava batendo normalmente.

– E se ele ficar em coma por muito tempo? - pergunta Lyn. - E se ele não acordar mais?

– Ele vai acordar logo - responde Dane. - Ele não gosta de ficar muito tempo parado.

A porta da sala se abre, e uma enfermeira entra.

– Preciso que se retirem. O paciente será transferido para um quarto, e depois ficará sob observação médica.

Lyn e Dane saem do quarto, e são obrigadas por André e Leti a voltar para a faculdade e comer algo.

***

POV LEÍCIA

Todos estavam preocupados com Felipe, inclusive eu. Na verdade, até Ana estava preocupada, isso mesmo, ANA PFEIFER. Eu e Stefani, como de costume, saímos atrás de mais soluções pro caso da Myllana. Depois que IML levou o corpo dela, ninguém mais toca no assunto, a não ser nós, da Dazer.

Passamos por alguns Vebnus que estiveram na festa e eles sorriram. Olhei pra Stefani sem entender e seguimos. Hoje a escola estava desanimada, como se tivessem perdido um pedaço, mas não tinha visto ninguém derrubar um pedaço da escola. A não ser que alguém quisesse visitar o banheiro de Emilly novamente.

O fato de a universidade ser enorme afeta muito a cabeça de Stefani, ela é muito lerda e se perde facilmente. Estávamos no pátio, se encontrava vazio. Eu até achei estranho, em dia de semana, o zelador estar tirando o lixo.

– O dia do lixo não é sexta? - Stefani questiona. O saco era enorme, eu até achei estranho.

Decidimos segui-lo, ele estava indo para o ginásio, ainda arrastando o saco. Continuamos o trajeto, e o vimos entrando no mato que dava fora da escola.

– Pra onde esse velho está indo? - Sté pergunta.

– Não faço à mínima ideia - digo. - Vamos. - Adentramos o mato, o zelador parou por um instante, empurrei Stefani pra um arbusto e me joguei. A idiota acabou pisando em um galho.

– Você me machucou - ela disse.

– Fica calada, ele ainda tá olhando.

– Que isso? - digo vendo um tipo de boneco no chão.

– É o megazord do Fê. - Stefani diz, desesperada.

– Nossa, bons tempos o do megazord - digo, relembrando.

– Letícia, presta atenção. - Ela me empurra.

Ele se virou e continuou andando. Parou sobre um tipo de buraco, enorme, parecia mais uma cova. Então começou a desenrolar o saco e revelou-se: o corpo de Rose estava dentro do saco.

– PUTA QUE PARIU - Stefani sussurrou. - Vamos sair daqui, caralho.

Saímos dali, eu estava em choque, assim como Stefani. Precisávamos imediatamente falar com Ana. Felipe corria um perigo enorme.

– ANA! - Gritei.

– Que susto, para de gritar - ela diz.

– Ana, você não sabe o que houve! - Stefani diz.

– Não sei mesmo não, não vi.

– Cala a boca, acéfala - Stefani diz. - O zelador! Ele estava arrastando um saco preto enorme, aí decidimos segui-lo, ok. Ele entrou dentro de um matinho lá. E ele revelou o que estava dentro do saco...

– O quê?

– O corpo da Rose - Stefani diz. - Ela está morta.

– O QUÊ? – Jay pergunta.

– Parem de brincar com essas coisas, ontem mesmo ocorreu um assassinato - Ana disse.

– É sério, sua idiota - digo. - Por que brincaríamos com algo assim? Tá fumando orégano?

– To - ela disse e eu ri.

– Para, Ana - digo segurando o riso.

– Gente, eu estava pensando em ir visitar o Felipe. Vocês querem ir comigo? - Ana diz.

– Claro - digo.

– Eu não posso, peguei detenção por entrar no vestiário - Jay diz, rindo.

– Vamos - Stefani diz. Concordamos e saímos.

***

As irmandades, principalmente a Eruptidus, todos os residentes estavam arrasados. Nunca imaginariam que perderiam uma aluna tão dedicada como Myllana, e ainda mais para um assassinato.

– Ela era minha parceira de filosofia - Netto diz. - Cara, é difícil engolir.

– É difícil, claro - Erica diz. - Mas...

– Mas o que? - Vivian diz. - Não dá pra ficar se lamentando, acordem. Tem um assassino na faculdade.

– Vivian, isso é sério. Não podemos deixar pra lá - Netto retruca.

– Cara, o Americo deve estar arrasado - Math diz.

– Vão achar o assassino, vão sim - Athos diz.

***

Áxel desceu até a cozinha para tomar o café da manhã e achou Arthur dormindo com a cabeça em cima da mesa agarrado a uma garrafa vazia de vodka.

– A FESTA ESTAVA BOA, HEIN ARTHUR! - berra Áxel ao ouvido de Arthur que acorda sobressaltado e bate com a garrafa vazia na cabeça de Áxel. - Ai! Para que foi isso?! – reclama ele, esfregando o sítio onde a garrafa o atingiu.

– Nunca ouviu dizer “nunca cutuque um dragão adormecido”? Agora teve o que mereceu - ri Arthur.

– Besta! - diz Áxel rindo, mas ainda com a mão na cabeça por causa da dor.

– Você ontem sumiu cedo. Onde esteve? - pergunta Arthur.

– Fui procurar a Sarinha, mas como não a encontrei achei que ela ainda estivesse zangada comigo e por isso vim embora mais cedo. Vocês estiveram com ela? - Áxel fala com alguma tristeza.

– Não. A gente não a viu desde que ela sumiu pouco antes de você ter ido à procura dela. Por isso nós pensamos que você estava com ela - responde Arthur. - Talvez ela tenha ido direto para o quarto dela.

Entretanto Julia entra com o fato dela e o de Linna na mão:

– Alguém viu a Sarinha? Preciso da fantasia dela para lavar antes de devolver à loja.

– Ela não estava no quarto? - pergunta Arthur.

– Não, ela não dormiu lá. A gente achou que ela estava com você - diz Julia apontando para Áxel.

– Ela não está e nem esteve comigo! - diz Áxel começando a ficar assustado por ninguém saber onde ela estava. De repente ele sai correndo da cozinha.

– Aonde você vai? - grita Arthur a Áxel.

– Procurar a minha namorada! - responde Áxel, desaparecendo da vista de todos.

***

Os alunos da Vebnus quase não saíram hoje. Apenas alguns souberam do ocorrido.

– Vocês já pararam pra pensar que nesse exato momento pode estar ocorrendo outro assassinato? - Brenda diz.

– Assassinato? Oi? - Sininho pergunta.

– A Myllana foi encontrada morta ontem.

A maioria ficou sem reação.

– Gente, vocês viram a Sara? - Áxel, que acabara de chegar, diz. Ele estava desesperado.

– Não sei, a Maria tinha encontrado ela - Duda diz. - Eu acho.

– Eu a vi hoje, Áxel - Gina diz. - Ou pelo menos acho que vi. Ou era ela, ou era muito parecida, porque né.

– Onde?

– No ginásio, oras.

– Alguém acorda o Paulo, por favor - Hanna pede.

– Eu acordo.

Tico havia chegado e foi até Paulo, o mesmo estava desmaiado no sofá ainda com a fantasia.

– EI, ACORDA! - Tico grita e mete o travesseiro no garoto.

– Que foi, resto de aborto? - Paulo diz e vira pro outro lado.

– CARA, ACORDA - Paulo se mexe, depois de minutos ele levanta.

– Ai, minha cabeça - resmunga Paulo, que ao acordar, automaticamente leva a mão à cabeça.

– Deve estar doendo mesmo pelo seu estado ontem - responde Tico.

– Eu fiz alguma coisa? - pergunta ele.

– Além de ficar com o Rick, beber todas e quebrar a mesa na frente do reitor? - Tico diz, segurando o riso. - Não, nada.

– Me explica como eu acabei ficando o Rick, puta que pariu - diz Paulo.

– Bem, ambos estavam bêbados e solteiros, aí começaram a rir e se abraçar, aí ele te beijou - Tico diz, e Arthur cai no chão de tanto rir.

Paulo foi pro meio do povo, todos estavam no celular.

– ALGUÉM VIU A MARIA? - ele diz. - NOSSA, VOCÊS SÃO VICIADOS, LIBERTA JEOVÁ.

– Para de gritar, está todo mundo arrasado - Duda diz.

– O que houve? Estava lavando o cabelo - ele diz.

– Um assassinato.

– QUÊ?

– Myllana foi encontrada morta ontem, francamente, vocês moram no acre por acaso?

– Sério? - Beto pergunta. - Meu Deus! Quem será que fez uma coisa dessas?

– A Ingrid - Tico sussurra e começa a rir.

– Cala a boca - Arthur retruca, e começa a rir.

– Vocês não prestam - Beto diz, rindo.

Vivaldo enfim acordara, o mesmo estava deitado no sofá e Hanna foi até ele.

– Você é um fofo, sabia? – Hanna diz.

– Por quê? – Ele pergunta, sonolento.

– Porque você ficou bêbado na festa ontem e nem me reconheceu.

– E por que isso seria fofo?

– Porque quando eu tentei te beijar você disse: "Não, para, eu tenho namorada" - ela diz, Vivaldo ri.

***

Todos da Mercure estavam bem, para eles, a universidade continuava a mesma. Gabriela estava com dor de cabeça, mas estava chateada com Rick. Ananey não havia acordado, assim como Mick.

Americo, João, Gabriela, Rick e Sofia estavam no saguão. Americo estava arrasado.

– Cara, eu estava com ela ontem à noite - Americo diz. - É muito estranho, sinceramente.

– Cara, eu nem sei o que eu fiz ontem - Rick diz.

– Pegou o Paulo.

– Sério?

– Sim.

– Misericórdia - Rick disse se levantando e indo ao banheiro.

– Fiquei o ano todo fazendo esse vídeo com o Ricardo pra ele se esquecer de pedir pro DJ passar - Gabriela diz.

– Ele estava bêbado - João diz, rindo.

– Gente, eu peguei mesmo aquele garoto da Dazer? - pergunta Sofia.

– O chuveirinho? - Gabriela diz. - Sim, você o pegou. Mas não se iluda porque só eu o tranco no Box e o chamo de chuveirinho.

– Bom dia - diz Dan.

– Bom dia, olha o relógio – Americo diz.

– Nossa, são cinco horas?! Preciso me encontrar com a Maria! - ele sai correndo.

– Gente, vocês souberam de ontem à noite? - Gorran chega à sala. - Parece que um menino chamado Felipe bateu numa árvore e está desacordado.

– Chuveirinho? - Gabriela diz, preocupada.

– O quê?! - Americo diz

– Houve um acidente ontem à noite, vocês não ficaram sabendo?

– NÃO - João disse.

– Ele está no hospital - Gabriel Davi, diz.

– Essa universidade está indo de mal a pior - Mick diz.

***

O povo da Dazer estava: nervosos, irritados e tentando resolver o insolúvel. Ingrid e Barbara estavam com o telefone na mão, pagando a decoração, comidas e bebidas. Dani estava limpando o salão, porque o zelador não havia limpado. Isa e Clara foram até a cozinha pegar comida para todos. Enquanto Carlos e Guut tentavam ligar o assassinato de Myllana com o de Emilly.

– Cara, eu já passei o dinheiro pra vocês, bandicu – Ingrid diz. - Eu dei pra aquela decoradora fajuta que veio aqui ontem. Aham. Não, odiei a decoração. Passar mal, tchau.

– Eu gostei dos salgados. Aham. Sim. Eu pedi de presunto e queijo, não de massa, porque aquilo só tinha massa, né - Bah diz. - Busquem o dinheiro com o reitor, tchau.

– Agora venham me ajudar - Dani diz entregando a vassoura pra Bah.

– Vocês viram a Leti? - Bah pergunta.

– Tá querendo, né safada - Ingrid diz.

– Ela, Ana, Jay e Stefani sumiram o dia todo - Dani diz.

– Aposto que estão aprontando algo - Guut diz, de fundo.

– É difícil se concentrar enquanto meu irmão está em coma - Dani diz, triste.

– Senta lá, eu termino - Ingrid diz.

– Gente, saquem só. Peguei uns papéis com o reitor da data da fundação da escola. Ela foi fundada em 1884 - André chega junto com Alj, com vários papeis em mão.

– Ele te deixou pegar isso? - Guut pergunta.

– E o que tem a ver ser fundada em 1884?

– Eu peguei emprestado, depois eu devolvo - André diz.

– Mas vocês são burros? - Alj diz o óbvio. - Vocês não sabem, mas em 1927, ocorreu um assassinato.

– Não foi bem um assassinato, Alj - André diz. - Em 1927, um zelador teve um acidente enquanto limpava o chão, ele caiu e teve algum tipo de fratura, aqui não diz - ele diz lendo o papel. - Esse foi o primeiro caso sem solução que houve aqui.

– Ai ok, em 1970 aconteceu o caso da Emilly, que todos vocês conhecem e também foi insolúvel. E em 2014 acontece isso da Myllana.

– E da Rose! - Jay entra, ofegante.

– Rose? - Dani pergunta.

– Gente, o zelador estava com o corpo da Rose no meio do mato. Eu não sei como, ou quando, não sei se as meninas estão falando a verdade.

– Senta, Jay – Alj ajuda Jay.

– Ele é o assassino, só pode ser ele. Por favor, isso está me apavorando.

– Calma, quem viu? - Clara pergunta.

– Leti e Sté - ela diz.

– Jay, eu e Alj fomos à sala do reitor. A universidade foi fundada em 1884, 43 anos depois ocorreu uma morte com um zelador. Ele escorregou quando limpava algo, teve algum tipo de fratura. Isso em 1927. 43 anos depois, em 1970, houve o assassinato de Emilly. Esses dois fatos não foram resolvidos e não encontraram o culpado. Agora, 44 anos depois, 2014, aconteceu o assassinato da Myllana - André diz.

– Eu não entendo. Dois assassinatos esse ano? - Ingrid pergunta.

– É, isso que precisamos descobrir.

***

– Reitor, por favor! - Ana implorava para que ele as liberasse para irem ao hospital.

– Vão num pé e voltem no outro - Ele diz.

As três correram para o carro e Letícia dirigia com Ana e Stefani do lado.

– Você tem certeza que sabe o caminho? - Stefani pergunta.

– Claro.

– Será que ele acordou? - Ana pergunta, esperançosa.

Alguns minutos se passaram e as três avistaram o hospital. Difícil foi arranjar uma vaga, mas logo Letícia se enfiou em algum canto. As três subiram e avistaram Felipe, com os aparelhos, seu coração estava batendo, ao menos. Continuava desacordado.

– Ai, acorda... Por favor - Ana diz. As três ficaram ali, duas horas. Sentadas, na esperança de que ele acordasse.

– Licença, moças. - A enfermeira entrara. - A visita acaba daqui duas horas.

– Ok. não iremos demorar - Letícia diz.

O silêncio, como sempre, pairava sobre o ar. Apenas o barulho dos aparelhos de Felipe ecoava pela sala.

– Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles, num pão com gergelim – Felipe acordara cantando, as três levantaram correndo. - É o Big Mac

– PUTA QUE PARIU, QUE SUSTO, FELIPE - Ana berrava.

– Você estava acordado desde quando? - Stefani pergunta.

– Acordei agora - ele diz. - Espera, eu dormi por quanto tempo?

– Horas - Letícia diz. - O que houve ontem, Felipe?

– Esperem eu acordar. - Ele esfrega os olhos. - Mano, quero água. To com fome. Quero pizza.

– Cara, você tá no hospital - Stefani diz.

– Ontem? Caralho - ele inicia a explicação. - Tudo começou quando eu estava bebendo. Ok, a Sofia tinha ido embora, eu fiquei observando aquele mato enorme que dá pra fugir da universidade. Então eu vi a Sarinha entrar lá, eu não sei se ela estava zangada ou sei lá, triste, talvez. Mas ela entrou, aí em seguida, eu vi o zelador entrar no mato também. Eu achei isso estranho pra caralho, então eu decidi segui-lo, só pra achar Sara, eu entrei e então eu vi o zelador meio que agarrando a Sara pelo pescoço e a levando até uma casa. - Ele pausa. - Puta que pariu! Uma casa no meio do mato. Aí ok, eu fui até uma janela que tinha lá. E cara, se ele não fosse um filho da puta, ele seria um cara muito foda, porque tinha um bando de armas, coisas de tortura.

– Fê, foca na Sara - Ana diz.

– Então, eu espreitei pela janela, eu acho que ele tortura garotas, só pode... Então, eu estava bêbado pra caralho. Ele me viu espreitando a janela, e porra, eu não queria ser torturado. Então eu corri. Mano, eu não vi nada. Eu estava tão louco, que sai correndo pro carro, entrei e liguei aquela carroça e depois não me lembro de nada.

– Meu deus! - Stefani exclama.

– Agora ele sabe que eu sei que ele tortura as novinhas. E eu acho que estou em perigo, que louco.

– Fê, isso é sério, ele é louco - Ana diz. - Velho filho da puta. Não acredito. Então ele está com a Sara?

– Sim.

– Caralho, liga pra alguém aí, Leti.

– No hospital não tem sinal - ela diz.

– Fê, nós vamos chamar o médico e falar que você acordou. Aí vamos pra faculdade. A Sarinha pode estar sendo torturada - Stefani diz, chamara o médico e as três saíram correndo para a faculdade.

***

POV FELIPE

Sinto-me inútil por estar aqui, deitado na cama do Hospital Santa Luiza, com uma bandeja cheia de comida que aparenta ser gostosa, mas que na verdade tem gosto de remédio.

Tudo cheira a remédio no meu quarto, desde a roupa que eu visto até os remédios que são injetados na minha veia.

Nesse presente momento, Sté, Aninha, Leti e seja mais quem estão salvando a vida de Sara, e eu preso nessa droga de quarto, sendo que eu já disse que estou bem.

– Deseja algo? - pergunta a enfermeira.

– Sim, quero sair daqui - respondo.

– O médico ainda não te deu alta, então você continuará aqui. Ah, você tem visitas.

A enfermeira sai, e duas garotas chegam depois: Lyn e Dani, minhas irmãs.

– Idiota, nunca mais faça isso - diz Lyn.

– Beleza! Prometo não acordar mais - digo.

– Está todo ferrado e continua a ser irritante, você não muda - diz Dani.

– Não estou todo ferrado, só estou com algumas feridas.

– Ah é, fora os oito pontos na lateral do rosto e o fato de quase ter quebrado a perna direita - ironiza Lyn.

– Ok, se forem ficar reclamando de um acidente...

– Que não era pra ter acontecido - interrompe Dani.

– Vocês podem sair. E ah, peguei o carro por um propósito. Uma menina foi vítima de um psicopata.

– É eu sei, Myllana morreu - diz Lyn.

– Não estou falando de Myllana, seja lá quem for, estou falando da Sara.

– SARA? QUE SARA?

– A Sarinha, ué, sua amiga.

Lyn começa a respirar profundamente.

– O que houve com ela?

– Não sei, ia chamar socorro, mas me acidentei. As garotas da Dazer estão cuidando disso.

– Vou indo, preciso ajudar - diz Lyn.

– Ah, me leva junto? - pergunto.

– Não, você fica! - diz Lyn - Dani, tome conta dele.

– Pode deixar.

Linna sai correndo, e Dani pega o suco da minha bandeja.

– Pode comer, tem tudo gosto de remédio - digo.

– Que bom, eu adoro.

– Poderia fazer algo de útil pelo menos? - pergunto.

– Fala.

– Pode pedir que me transfiram pra outro quarto? Odeio esse.

– Ok, vou falar com o gerente do hospital.

Dani sai, me deixando sozinho. Ligo a TV, e está passando algo sobre um caso de uma menina encontrada morta, toda esfaqueada e pendurada em uma árvore de uma universidade. Imagino o quão louco seria se isso acontecesse em Hollow Spirit.

Mudo para o canal de esportes, onde está passando um jogo de futebol, onde São Paulo ganha do Corinthians por 2 a 1.

Após alguns minutos, começa o intervalo para o segundo tempo e eu me levanto para beber água.

Vou para a janela e observo a paisagem da frente do hospital. Está totalmente vazio, a não ser por um carro que acaba de estacionar.

Um sujeito usando macacão azul sai do carro e eu o reconheço: é o homem que estava prestes a torturar Sara. O homem que me perseguiu e que continua a me perseguir. É também o homem que irá me matar, pois eu sei o que ele é.

Esse homem é o zelador, o culpado por vários assassinatos na escola em que eu estudo.

Tenho pouco tempo pra escapar, então começo a improvisar.

Não posso sair do meu quarto e andar pelo hospital vestindo essa roupa de paciente, então vou ao corredor e procuro por qualquer homem do meu porte físico.

– Ei - chamo o faxineiro, que estava limpando o corredor -, eu acabei de vomitar, poderia limpar para mim?

O faxineiro acena com a cabeça e se dirige entra no quarto com o esfregão.

– Onde está o vômi... - começa ele, mas eu acerto sua nuca com um soco e ele apaga.

– Desculpa, mas tenho que fazer isso - digo.

Tiro o uniforme dele e me visto rapidamente. Depois o visto com o meu uniforme, e o deixo sobre a cama.

Pego o boné em sua cabeça, pois isso pode ajudar a disfarçar a faixa.

Saio rapidamente do quarto, pego o carrinho de limpeza e corro pelos corredores. Passo por Dani, e ela não me reconhece, o que significa que o disfarce funciona, ou que ela é lerda.

– Dani - chamo.

Dani se vira, e me só me reconhece após alguns segundos.

– O que você está aprontando? - pergunta ela.

– O zelador está aqui no hospital. Quer me matar.

– Zelador? What?– Dani congela de repente, mantendo sua visão em algo atrás de mim. Viro-me e deparo com o cara que quer minha morte.

Ele segura uma faca e anda lentamente em minha direção.

– Parece que terei que matar sua irmã também - diz ele.

– É, tenta a sorte - provoco.

Avanço correndo com o carrinho de limpeza, e jogo em sua direção. Ele é atingido, e por ser velho, demora pra se recompor, o que dá a mim e Dani a oportunidade de escapar.

– Para onde vamos? - pergunta ela.

Uma lâmpada acende sobre minha cabeça. Uma ideia doida surge em minha mente. Estarei cometendo um crime, talvez, mas é pra salvar nossas vidas.

– Vamos - digo.

Corremos pelo corredor até chegar a uma escada de emergência. Descemos apressadamente, com o zelador nos seguindo.

A escada dá para os fundos do hospital, que é onde se localizam as várias ambulâncias.

Escolho a mais próxima e entro.

– Essa é a sua ideia? - pergunta Dani.

– Entra logo.

– Você não está em condições de dirigir.

– E você não está em condições de escolher.

Ligo o carro, depois a sirene e piso fundo no acelerador. A ambulância entra na rua e seguimos para a universidade.

***

Letícia pisa no freio e para apressadamente ao lado da calçada, quase atropelando dois alunos que pareciam ser da Eruptidus.

– Ei, não vai pedir desculpas? - pergunta um deles, que ela reconhece por ser Victor.

– Não, você que estava na minha frente - diz Letícia, batendo a porta do carro enquanto Sté e Ana saem.

– Estava na calçada! - diz Victor - Eu hein, louca.

Elas adentram o mato e vão correndo em direção a casa. Ao chegar lá, vê que não há vestígios de assassinato ou provas. O zelador é bom em disfarçar, deve ser por isso que o culpado não foi achado até hoje.

Sté espreita pela janela e vê que não há ninguém lá dentro, muito menos instrumentos de tortura, como Felipe disse. Será que ele estava tão bêbado ao ponto de imaginar essas coisas? Mas faz sentido a história dele, pois correspondem aos fatos.

– Não há nada aí - diz Sté, quando Ana tenta abrir a porta.

– Mas vamos verificar, ele deve ter deixado algo escapar - diz Ana.

– Com licença - fala Letícia, empurrando as duas pro lado.

Leti arromba a posta de madeira com um chute.

– Deve ser experiente nisso - ri Ana.

Ao entrarem na casa, se frustram. Não há vestígios, provas que o incrimine ou qualquer outra anormalidade, como se Sara e os instrumentos de tortura nunca estivessem ali. Havia alguns mapas da escola na mesa, mas pelo jeito era apenas o mapa de faxina.

– Que bosta! - exclama Ana.

Elas saem da casa, cada uma com um pensamento diferente, mas tentando chegar ao mesmo objetivo. Nesse momento, um barulho de sirene ecoa pela rua, fazendo com que elas corram para saber o que houve. Quem será que morreu agora?

Uma ambulância pára atrás do carro estacionado, e a sirene é desligada. Ana, Leti e Sté ficam impressionadas com quem desce do carro.

– Sim, ele foi atrás de mim no hospital - diz Felipe. - mas ele não está vindo pra cá, despistamos ele. Onde está Sarinha?

– Não está mais aqui - diz Sté. - Acho que depois de você ter visto essa cena, ele mudou de lugar. E não nenhuma pista de onde ela está.

– Que filho da puta! - exclama Felipe.

– Não é melhor avisarmos Áxel? - pergunta Dani.

– Aquele vocalista? - pergunta Ana.

– Não, tonta. O namorado da Sara.

– Não seria aquele ali? - Leti aponta para um garoto correndo com Lyn.

Eles param ofegantes e Lyn respira fundo.

– O que... está fazendo... aqui? - pergunta Lyn,

– Uma longa história. Temos coisas mais importantes agora - diz Felipe.

– ONDE ESTÁ SARA? - pergunta Áxel.

– Não está mais aqui, sinto muito - Ana diz, com um ar triste.

Áxel leva a mão à testa e começa a andar de um lado para o outro. Lágrimas começam a sair dos olhos de Lyn.

– Precisamos continuar - diz Sté. - Ele não pode tê-la matado, não daria tempo de matar ela e Rose e ainda esconder o corpo das duas.

– Então ele está prestes a matá-la, porque se ele não ele estaria aqui, não acham? - questiona Dani. - Tem certeza de que não há nenhuma pista de onde ela possa estar nessa casa?

Letícia, Ana e Stefani se encaram. Havia um mapa sobre a mesa, e Ana vai buscá-lo rapidamente.

– Que espécie de mapa é esse? - pergunta Áxel. - Não tem nada indicando localização de corredores, construções ou portas. Só um monte de passagens.

– Onde estão os nerds irritantes quando a gente mais precisa? - pergunta Leti.

Ela avista um menino da Eruptidus passando, e o reconhece por ser Netto – o cara que estava vestido de lanterna verde na festa.

– Hey, Netto - chama Letícia. - Vem cá.

Netto acena com a cabeça e se aproxima.

– Você sabe que espécie de mapa é esse? - pergunta Ana.

– Sim, obviamente - responde ele. - Um mapa do subsolo, e de acordo com a sigla “HS”, que significa “Hollow Spirit”, e com quatro passagens com ligação á rua, deve ser daqui da universidade.

– E qual a entrada mais próxima? - pergunta Áxel.

– Pelo que vejo, fica naquele bueiro ali - Netto aponta para uma tampa circular no chão da rua.

Letícia respira fundo.

– Dani e Sté, avisem o reitor sobre o que acontece. O resto segue comigo.

– A não ser o Felipe, ele deve estar muito machucado - diz Lyn.

– Se eu estivesse com as duas pernas quebradas, correria mais rápido que você - responde Felipe. - Mas irei à Dazer e mandarei André para cá.

– Ok. Vamos esperar - diz Leti.

Eles esperam uns 15 minutos até André aparecer.

– Cheguei, então... Vamos? - diz André.

– Netto, pode ir com a gente? Você conhece esse mapa.

– Posso, mas o que procuram? - pergunta ele.

– Um assa... - começa André, mas Ana o interrompe.

– A carteira com alguns documentos que deixei cair.

– Ok, vamos então - diz Netto.

Dani e Sté seguem para pedir ajuda. Áxel e Netto começam a abrir o bueiro.

Que a sorte esteja ao vosso favor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hollow Spirit - Tudo termina onde começou" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.