- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 61
Capítulo 61


Notas iniciais do capítulo

Oiiii, sei que quase não apreço aqui em cima né, mas hoje apareci rs'
Pra dizer que esse capítulo é meio que dedicado a JSantos, que me escreve comentarios perfeitos, que eu amo demais, aliás Sariis também, amo o mega comentario de vocês, mas também amo todos os outros ein pessoal, nada de inveja nem raivinha, mas JSantos me pediu e me deu essa ideia que eu já estava pensando também, então JSantos se alguém queiser me matar de forma lenta e dolorosa impeça...
A todos os outros que acompanham a fic, amo vocês também...
PS: Lá embaixo conversamos mais rs
Espero que gostem...



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Por incrível que pareça a ultima confusão na escola não teve nada a ver com Pyter, confesso que quando vi toda aquela bagunça não tinha duvida nenhuma que iríamos terminar aquele dia na diretoria, tentando mais uma vez contornar as pegadinhas dele, mas não, ao que tudo indica foi um outro garoto, filho de um dos comerciantes da praça, o que todos dizem é que ele tentou imitar Pyter mas falhou vergonhosamente, ainda assim os sorrisos dele e do Ryan me deixaram meio cismado, mas é melhor eu nem querer saber. Os dias passaram e as coisas foram seguindo normais, até festa da Keyse.
As crianças estavam se divertindo bastante, tinha uma pista de dança com luzes coloridas e que piscavam varias vezes no mesmo ritmo da musica e desde que a musica começou eles não saíram de lá, Pyter ficava sempre perto de Keyse e Hanna, mas apenas estavam se divertindo, normal, mas não foi isso que Benny viu.
– Não to gostando disso – ele falou quando parou ao meu lado olhando pra eles, eu o olhei sorrindo.
– Nem eu, mas adivinha só... não adianta nada – eu falo olhando Ian e Pérola, ele cruza os braços e continua encarando eles.
– Eu to de olho nele – ele avisa e sai quando Grace o chama.
– Por que ele tá com aquela cara? – Katniss pergunta e eu aponto Pyter e Keyse, ele estava com o rosto próximo dela, falou algo e ela riu enquanto colocava a mão no ombro dele, Katniss também riu - Vocês vão acabar com problema no coração – ela me avisa sorrindo.
– Eu não tenho culpa, é mais forte que eu – eu falo e ela sorri e me beija rapidamente, então eu acabo deixando eles de lado e curto um pouco da festa com ela, claro que no fim acabamos na mesa de doces e ela come dois potes de chocolates, confesso que eu também, ainda estava parado perto da mesa com ela quando Grace apareceu.
– Se não é meu padeiro favorito – ela fala sorrindo e Katniss para de sorrir – Você me empresta ele um minutinho por favor? – ela pede sem esperar a resposta, já pegando minha mão e me arrastando, eu lanço um olhar a Katniss que me ignora.
– Espera – eu falo me soltando dela – Katniss vai ficar sozinha – eu falo e ela revira os olhos.
– Ela sobrevive – ela fala e quando eu ia revidar ela continua – O que não vai sobreviver é o bolo que começou a despencar – ela fala e isso ganha minha atenção, eu ando até a mesa do bolo e a parte de trás as flores estavam se soltando, eu tive que ir até a cozinha, pegar algumas coisas e levei cerca de vinte minutos pra ajeitar tudo – Pronto! – eu falo e Grace olha satisfeita – Isso consiste em hora extra – eu falo e ela faz uma careta e sai andando, eu sorrio e volto pra procurar Katniss encontro ela na mesa com Delly que parece falar algo animadamente enquanto Katniss apenas finge sorrisos, eu me aproximo.
– Peeta – ela fala como se não me visse a muito tempo – Eu estava falando com Katniss sobre como Ian está apaixonado, ele vive falando da Pérola, eu fico tão feliz por que eles formam um casal tão lindo, e , olha, não é engraçado, nossos filhos namorando... – ela começa a falar se empolgando.
– Engraçado não é bem a palavra que eu diria – eu falo enquanto me sento ao lado de Katniss – Ainda não sou fã da ideia da minha filha namorar – eu admito e ela faz uma careta.
– Isso por que você é um pai de uma menina linda – ela fala e eu concordo.
– Isso é verdade – eu falo e ela ri.
– Você devia aprender mais com a Katniss – ela fala e só agora que ela parece perceber a conversa e força um sorriso – Preciso ir... – ela fala quando alguém faz sinal pra ela, então sai apressada.
– Eu quero ir embora – Katniss fala séria.
– Que? Por que ? – eu pergunto e ela me encara – Eu disse que eu quero ir embora. Agora – ela repete e se levanta, eu me levanto também.
– Katss, peraí, eles estão se divertindo... – eu falo mostrando eles ainda rindo e dançando todos juntos, ela nem ao menos olha na direção deles – Olha se for por causa daquilo, ela só tava implicando com você, era só o bolo que estava despencando – eu falo e ela cruza os braços, o pessoal da mesa do lado nos olha curioso, eu a puxo para o canto – Katniss, por favor, para de bobeira – eu peço e ela se irrita.
– Eu, parar de bobeira? – ela pergunta colocando o dedo no meu peito – Então ela pode ‘’implicar’’ comigo, me provocar e eu que tenho que parar de bobeira? É isso? Você defende ela ao invés de ME defender, ao invés de defender a SUA esposa? – ela pergunta começando a falar mais alto.
– Não foi isso que eu disse, é só que você sabe como ela é... é só ignorar – eu falo e ela balança a cabeça irritada.
– Eu to indo embora, se você vem ou não o problema é seu – ela fala e já ia passar por mim, eu seguro seu braço.
– Eles estão se divertindo, eu não vou tirar eles daqui agora – eu falo e ela puxa o braço, me encara e sai, eu respiro fundo um minuto e corro pra alcançar ela que já está na rua andando apressada, eu tenho que apressar o passo, em uma breve corrida – Katniss, será que a gente pode conversar cinco minutos? – eu peço e ela para e me encara séria – Eu só fui ver o bolo por que estava desmontando! – eu falo e ela revira os olhos.
– O problema é esse jogo dela que você aceita fazer parte – ela me acusa parecendo irritada.
– Jogo? – eu repito sem acreditar – Que jogo Katniss? Pelo amor de Deus, olha o que você tá fazendo? Foi uma brincadeira, só isso! Agora para de bobeira, vamos voltar pra lá – eu falo e tento pegar sua mão, mas ela se esquiva e recua um passo.
– Eu não vou voltar – ela fala decidida.
– Eu não vou tirar eles de lá, eles estão se divertindo e não tem culpa se você prefere acabar com a festa – eu falo e ela parece surpresa, então solta um riso nervoso.
– Você é um idiota – ela fala passando a mão na testa como se enxugando um suor inexistente.
– Não sou eu quem tá querendo ir embora – eu revido e ela me encara – Eu não vou embora – eu aviso esperando ela voltar atrás, mas ela apenas me olha – Anda, vamos voltar, depois a gente conversa – eu falo e ela nega – Katniss... – eu começo a falar já me cansando disso.
– A escolha é sua – ela fala sem desviar os olhos do meu – Só não esquece que essa foi uma escolha sua! – ela me alerta.
– Não, você tá escolhendo isso – eu falo e ela balança a cabeça algumas vezes como se pensando em algo.
– Tudo bem! EU escolhi então – ela fala, me dá um ultimo olhar e então se afasta, eu a olho alguns segundos e conforme ela vai se afastando eu não consigo resistir e corro até ela de novo.
– Katss, por favor... – eu peço quando a alcanço – Fica – eu peço o mais sincero que consigo, eu não gosto de ficar longe dela, menos ainda se ela estiver chateada comigo.
– Eu não vou voltar pra lá e continuar a ser ‘’provocada’’, como você mesmo disse – ela fala com ironia – Se você acha divertido, então volta lá e aproveita a atenção – ela fala e volta a andar.
– Você está sendo ridícula – eu falo e ela não se dá o trabalho de olhar pra trás, ela segue ainda mais apressada, eu corro de volta pro salão, passo olhar por perto e encontro Philip, eu corro até ele e o puxo pra se afastar de algumas pessoas, tiro a chave do bolso e coloco na mão dele – Preciso que você pegue o carro e leve Katniss em casa – eu falo e ele me olha confuso – Sem perguntas, só vai logo ela já está andando – eu falo e ele concorda já saindo apressado, eu vou atrás dele – Ela vai dizer que não precisa e que quer ir andando, não me interessa como mas você leva ela, nem que tenha que ir seguindo ela de carro ouviu? – eu pergunto um pouco exigente demais, mas ele concorda já entrando no carro e fechando a porta – Obrigado – eu agradeço quando ele liga o carro e sai, eu olho ele se afastando e quando faz a curva já não tem como ser visto, eu ainda fico alguns segundos do lado de fora encarando o caminho vazio.
– Peeta! – Delly me chama e eu me distraio e vou até ela – Você viu o Philip? – ela pergunta parecendo preocupada.
– Eu pedi que ele levasse Katniss.. – eu falo e seu olhar se torna curioso – Ela estava cansada, dor de cabeça... mas vai ficar bem – eu já aviso logo e ela mesmo parecendo preocupada, respira aliviada.
– E você deixou ela ir sozinha? – ela pergunta desconfiada.
– Não! Ela foi com o Philip – eu falo e entro na festa de novo.
– Você entendeu – ela fala me seguindo.
– Eu vou ficar com eles – eu falo e aponto Pérola e Pyter que estão agora junto com os outros em uma mesa rindo animados.
– Eu podia ter ficado com eles e depois deixava eles em casa – ela fala sem desistir.
– Deixar Pérola com Ian, em uma festa cheia de gente onde existem inúmeros lugares escondidos, sem eu estar por perto? – eu pergunto e ela revira os olhos – Sem chance – eu falo concluindo o assunto.
– Você devia confiar mais em mim sabia? – ela fala parecendo ofendida.
– Eu confio! – eu garanto e ela parece ainda desacreditada – Só não confio tanto assim no seu filho – eu concluo e ela me olha sem acreditar – Não é nada pessoal, mas ele é um garoto! Garotos podem ser... perigosos – eu falo e ela nega mas não tem tempo de responder.
– Cadê a mamãe? – Pyter pergunta olhando ao redor.
– Foi embora – eu falo e ele me olha confuso – Ela estava passando um pouco mal, preferiu ir embora, mas não queria tirar vocês da festa – eu falo e ele ainda parece desconfiado.
– Ela foi sozinha? – ele pergunta preocupado.
– Seu tio Philip levou ela – eu falo e ele parece despreocupado agora.
– Anda, vai perder a vez do Ryan – Keyse aparece puxando o braço dele e praticamente o arrastando, ele não pareceu querer resistir, pra minha sorte um dos garçons também aparece chamando Delly e ela se afasta, eu continuo parado olhando eles se divertindo em algum tipo de brincadeira, onde de repente todos estão dando tapas na cabeça do Ryan que apenas se encolhe, eu acabo sorrindo vendo a alegria deles.
– Em casa e em segurança – a voz anuncia e a chave balança na frente do meu rosto, eu a pego e Philip para do meu lado – Me deu um certo trabalho mas... – ele fala olhando na mesma direção que eu – Eles estão bem animados – ele constata e eu confirmo – Agora eu posso perguntar o que aconteceu? – ele pergunta e me olha, eu o olho de volta e dou de ombros.
– Ela quis ir embora – eu falo e ele me encara por alguns segundos.
– Do nada? – ele questiona e eu desvio o olhar – Acho que você mesmo sabe a resposta né! – ele fala, me dá um aperto no ombro e se afasta, eu jogo a cabeça pra trás e solto o ar, depois volto pra mesa que estávamos e logo já não estou mais sozinho, Marie, o marido, Rory e a esposa se juntam a mim, eles perguntam da Katniss e eu falo o mesmo que disse antes, então eles decidem me fazer companhia e tenho que confessar que estava ótimo, se não fosse pela falta que Katniss sempre deixava, mas por alguns momentos eu consegui me divertir, rir e conversar sobre diversos assuntos, dos mais diferentes possíveis, e mal percebi quando a festa chegou ao fim, o bolo foi cortado, fotos foram tiradas e então as pessoas começaram a ir embora, nós fomos quase os últimos.
– Será que a mamãe melhorou? – Pérola perguntou preocupada enquanto entramos no carro.
– Ela já deve estar bem – eu falo de forma tranquilizadora, então ligo e saio com o carro e eles falam animados do quanto a festa foi incrível e divertida e muitas outras coisas.
– Eu posso ir na casa do vovô? – Pyter pergunta quando entramos na Aldeia.
– Tá tarde, seu avô deve estar dormindo e você deve entrar, tomar banho e fazer o mesmo – eu falo estacionando o carro, ele resmunga mas desce levando o terno jogado no ombro, Pérola desce segurando as sandálias.
– Tem certeza que a mamãe estava só com dor de cabeça? – Pyter pergunta quando abre a porta e eu me assusto e me apresso pra ver o que é, então vejo os travesseiros, lençol, cobertor, uma calça de moletom e uma camisa pra mim em cima do sofá, Pyter me olha parecendo achar graça e Pérola parece preocupada – Acho que é pra você ficar na sala – ele fala e eu passo as mãos no rosto sem acreditar nisso, nós já brigamos antes e mesmo assim ela nunca me expulsou do quarto, nunca.
– Tá, muito engraçado, agora sobe – eu falo empurrando ele pra escada, ele ri mas sobe sem reclamar – Você também – eu falo pra Pérola que ainda estava me olhando, ela abre a boca pra dizer algo mas desiste e sobe as escadas atrás do irmão e o cutuca pra não rir, eu encaro as coisas no sofá de novo, tranco a porta, deixo as chaves na mesa e subo, paro na porta do quarto e tento abrir, mas está trancada – Katss – eu bato esperando ela abrir, mas não acontece – Katniss – eu bato novamente forçando a maçaneta – Katniss, que foi... Me deixa entrar – eu insisto mas ela nem ao menos responde – Katniss, eu estou cansado, preciso de um banho e da cama, você pode abrir por favor – eu pedi mas na verdade o que eu precisava não era de nenhum dos dois, era dela, mesmo que irritada, mesmo que muito brava como ela deveria estar, ainda assim eu precisava dela, mas ela não respondeu – Katss... por favor! Eu quero mesmo falar com você – eu insisto, espero alguns instantes mas ela não responde – Só me deixa saber que você tá aí – eu falo começando a me preocupar que pode ter acontecido algo – Katniss, droga! Eu estou preocupado! Eu juro que se você não responder eu derrubo a porta – eu aviso mas ela não responde, eu espero alguns segundos e então me afasto da porta pra pegar impulso, solto o ar e já ia avançar contra a porta quando Pérola sai do quarto apressada.
– Não – ela fala com a mão pra me parar, eu paro e ela se aproxima da porta – Mãe... – ela chama batendo na porta – Mamãe? – ela chama de novo – Mamãe por favor responde – ela pede e me olha apreensiva.
– Já tá tarde, vai dormir – a voz surge e eu analiso a procura de algo diferente mas parece normal, tirando o fato que eu estou pra fora do quarto, o olhar de Pérola muda pra quase um pedido de desculpas, eu forço um sorriso, e beijo a cabeça dela.
– Sua mãe tá certa, já tá tarde – eu falo e antes que ela se mova eu desço as escadas rápido, antes que eu faça algo estúpido como derrubar a porta, eu coloco os travesseiros e cobertores sobre a mesinha e começo a arrumar o sofá, tiro as almofadas jogando na poltrona e abro o lençol sobre o sofá, então uma mão me ajuda a esticá-lo.
– Eu te ajudo – ela fala e me oferece um sorriso solidário, eu não nego, mas enquanto ela me ajuda seu olhar parece nervoso e curioso.
– Vai ficar tudo bem – eu falo jogando o travesseiro sobre o sofá e então a olho e ela concorda com um sorriso fraco.
Pérola me olha parecendo confusa, confesso que eu também estou assim, nunca imaginei que aquela simples brincadeira pudesse gerar isso, mas eu disfarço pra poder acalmá-la, por isso eu forço um sorriso e me aproximo dela, eu beijo sua cabeça e lhe dou uma piscada.
– Eu vou ficar bem! Agora você precisa de um banho e cama... Na verdade eu também preciso, mas no meu caso será sofá - eu falo com ironia e ela permite um sorriso, eu também sorrio - Anda... Pode ir - eu falo indicando que ela suba, ela ainda parece indecisiva, mas concorda.
– Boa noite - ela fala e me abraça.
– Boa noite - eu repito beijando sua testa.
– Eu te amo. Muito. Muito - ela fala e eu sorrio como sempre faço quando ela diz isso e ela também sorri.
– Eu também te amo. Muito. Muito - eu afirmo e ela beija minha bochecha e então vai subir as escadas, quando ela desaparece se vista eu me jogo no sofá, a cabeca pra trás encarando o teto e tentando entender como chegamos a isso por uma coisa tão boba, sem ter uma resposta eu pego a roupa que ela me deixou e vou pro banheiro no corredor, me livro da roupa e acabo esquecendo da hora debaixo do chuveiro, deixo a água cair bem na minha cabeça e fecho os olhos, quando saio de lá pareço um pouco melhor mas muito mais cansado, eu apago a luz e me deito no sofá e por mais estranho que seja dormir aqui, sem o conforto da cama e do quarto, não é isso que me incomoda mais, o que mais me incomoda é a falta da Katniss, do seu corpo ao lado do meu, do seu calor se
misturando ao meu, já era ruim não ter isso antes, agora depois de tantos anos juntos isso é horrível e nunca me acostumaria com isso, em algum momento da madrugada o sono aparece e eu apago.
Acordo com um leve barulho, no primeiro segundo estranho a dureza da cama e quando abro os olhos e encontro a televisão lembro que estou no sofá, eu viro e vejo quando Katniss esta fechando a porta, ela não me vê, mas esta com a jaqueta do pai e de botas e isso só pode significar uma coisa. Floresta. Ela fecha a porta e eu ainda a encaro alguns segundos, depois olho o relógio e ainda são cinco da manhã, eu olho pra janela e o sol ainda está em seu preguiçoso acordar, eu me levanto vou pro banheiro, lavo o rosto e depois volto pra sala, arrumando o sofá, junto as coisas que dobrei e subo para o quarto, entro e vejo que a cama está bagunçada, meu lado esta remexido, meu travesseiro está do lado dela e o lençol da cama revirado, espero que ela não tenha tido pesadelos, mas uma parte minha sabe que sim, ela os teve, e dessa vez eu não estava aqui com ela, não que a culpa seja minha, por que não foi, mas por que ela me expulsou do quarto, eu guardo as coisas e arrimo a cama, depois desco e vou pra cozinha, arrimo o café da manhã pra quando as crianças acordarem, depois paro na porta da cozinha que dá para os fundos da casa, eu encaro uma arvore que tem lá e acabo me perdendo nos meus pensamentos.
– Pai? - a voz baixa me desperta, ela de aproxima e para encostada em mim, seus braços envolvem minha cintura.
– Bom dia! - eu falo, abraçando ela de volta e beijando sua cabeça.
– Cadê a mamãe? Ela não tá no quarto - ela pergunta e me olha curiosa.
– Foi caminhar - nao preciso dizer onde, por que todos nós sabemos, ela apenas concorda e apóia a cabeça no meu corpo de novo e ficamos ali abraçados por algum tempo - E como estão as coisas com o Ian? - eu pergunto e mesmo sem olhar pro rosto dela, sei que ela sorri.
– Bem! - ela fala e levanto o rosto pra me olhar, eu faço uma cara de satisfeito e ela sorri, depois volta a encostar a cabeça em mim - Ele gosta de você - ela fala pra me amolecer.
– Eu gostaria mais dele se ele não estivesse namorando minha bebê - eu falo dando de ombros.
– Paaaaai - ela reclama e me olha repreendendo, eu sorrio e aperto meus braços nela que acaba rindo.
– Só estou sendo um pai cuidadoso - eu falo e ela sorri pra mim, mas acaba me soltando - Vou fazer as panquecas - eu falo e ela comemora batendo palma, eu sorrio e ela volta comigo pra dentro da cozinha, ela me ajuda a preparar a massa e fica ao meu lado enquanto eu as preparo, eu jogo uma pro alto e a deixo cair na frigideira e ela como sempre sorri e bate palmas também, ela pega um prato e eu vou colocando as que preparo, já estava colocando a última quando Pyter entrou na cozinha ainda esfregando o rosto de sono.
– Bom dia! - eu falo e ele me olha meio desanimado.
– Tô com fome - ele fala vindo até nós.
– A novidade seria você não estar com fome - Pérola fala e ele faz uma careta pra ela que apenas ri, ele pega um garfo e ameaça pegar uma mais Pérola desvia o prato.
– Só quando a gente sentar! - ela fala e ele já ia reclamar - Você sobrevive até lá - ela conclui mas já está indo pra mesa, ela coloca o prato lá e ele se senta, já passando uma pro prato dele, ele joga o mel por cima e lambe os dedos quando se suja.
– Cadê a mamãe? - ele pergunta depois da primeira mordida.
– Caminhada - eu falo e ele para o garfo a caminho da boca.
– Sem mim? - ele pergunta surpreso, por que hoje é domingo e dia da caminhada e do treino deles.
– Acho que ela preferiu ir sozinha hoje - eu falo e ele parece realmente decepcionado, ele espera ansioso esses dias.
– A gente podia aproveitar e passar o dia com o vovô, ontem ele reclamou que a gente não fica mais juntos - Pérola fala e Pyter dá de ombros ainda ressentido, mas quando terminamos de tomar café eles trocam de roupa e vão pra casa do avô levando panqueca, pão, salada de frutas e uma caneca de café.
Depois que eles saem eu vou pra padaria, ela está aberta e funcionando a todo vapor.
– Fala patrão - Benny me cumprimenta quando passo para o outro lado do balcão - Já ligaram do Sete - ele avisa e eu agradeço, entro na cozinha e todos estão trabalhando em algo, dou um bom dia geral e vou pro escritório, retorno a ligação e descubro que a padaria de lá está com problemas de infiltração na cozinha o que acabará implicando no funcionamento dela, já que pra reforma eles precisarão de no mínimo três dias sem funcionar e isso não é nada bom, mas por outro lado precisa ser feito, nós tentamos achar um meio termo pra isso e leva muito tempo e ainda assim as soluções não foram tão satisfatórias, eu desligo prometendo ligar mais tarde, chamo Philip e conto pra ele do problema e tentamos juntos achar uma solução, logo Rory e Marie acabam se juntando a nossas cabeças também e enquanto trabalhamos na cozinha tentamos encontrar maneiras de minimizar o prejuízo, quando chega a hora do almoço com todas as idéias juntas eu volto pro escritório e ligo pra lá de novo, como não há outra alternativa, a obra terá que acontecer e que seja o mais rápido possível, ele me diz que conseguiu diminuir para dois dias mesmo assim ainda teremos prejuízo por ficar fechado, por isso dou uma das idéias de alugar um espaço por esses dois dias, levar os fornos pra lá e tentar ao menos manter a produção de pães de sal, pra pelo menos não ficarmos parados, sem nenhum investimento, ele concorda e diz que irá ver isso agora mesmo e depois me retorna, por isso mesmo depois de desligar eu fico pelo escritório e acabo ficando na padaria na hora do almoço e só quando eles já estão voltando que a ligação é retornada, ele informa o valor do aluguel e mesmo sendo um pouco caro não temos muitas opções por isso dou carta branca pra que aceite, então depois de todos os outros detalhes resolvidos eu desligo, Marie me procura pra que eu possa fazer o recheio de duas tortas e eu já saio do escritório colocando meu avental, depois que os recheios estão prontos ainda tem mais um bolo pra confeitar e algumas dezenas de pão de queijo para assar, a tarde pareceu pequena pra tanta coisa mas no fim do dia tudo estava acertado, eu saí da padaria apressado pra chegar logo em casa, quando entrei as risadas do Pyter e do Haymitch enchiam a sala enquanto eles assistiam televisão, eu cumprimentei eles e ganhei um aceno rápido de quem com certeza nem me ouviu direito, ainda assim eu sorri e fui pra cozinha , Katniss está no fogão mexendo em algo na panela.
– Oi! - eu falo me aproximando, ela se vira e me olha rapidamente - Ainda não tinha te visto hoje - eu falo avaliando seu humor.
– Eu sai cedo - ela fala enquanto escorre o macarrão, ela evita me olhar.
– Eu acho que a gente tinha que conversar - eu falo quando percebo que ela ainda esta irritada.
– Não sei se você percebeu mas eu tô meio ocupada agora - ela fala continuando o que estava fazendo.
– Depois? - eu pergunto e ela ignora a pergunta.
– Melhor você tomar banho por que eu já vou servir o jantar - ela avisa e depois de olhar ela alguns segundos eu saio da cozinha e subo pro quarto.
– Você não veio almoçar - Pérola fala quando estava saindo do quarto dela.
– Problemas na padaria do Sete - eu falo e ela parece preocupada - Tudo resolvido! Mas a padaria vai entrar em obra - eu falo e ela faz uma careta - Eu vou tomar banho! Não almocei e tô com tanta fome que até o macarrão da sua mãe me pareceu uma delícia - eu falo e ela ri.
– Não fala assim - ela repreeende rindo.
– Você riu - eu falo e entro no quarto, vou pro banheiro e enquanto a água me lava eu espero que essa crise da Katniss acabe logo, saio do banho, me visto e desco, ela já serviu o jantar.
– Não precisavam ter me esperado - eu falo com ironia e ela me ignora, nós jantamos e enquanto Haymitch e Pyter discutem animados o programa que estava vendo e Pérola os repreendia dizendo que era muito violento por ser uma luta, eles não se importam claro, e implicam com ela, enquanto isso Katniss não fala nenhuma única palavra e mal toca na comida, quando terminamos, ela recolhe os pratos e Pérola a ajuda lavando-os, eu enxugo e guardo e isso faz o trabalho ser mais rápido, Haymitch vai embora e depois subimos, Pyter e Pérola vão dormir, Katniss entra no quarto e eu a sigo a passos cautelosos, mas ela não diz nada, então eu vou pro banheiro, escovo os dentes e saio, ela entra dessa vez, eu me deito no meu lado da cama e quando ela sai de lá, apaga a luz e vai pro seu lado, se deita e vira as costas.
– A gente precisa conversar - eu falo sem aprovar em nada essa situação, odeio ainda mais estar na cama com ela me ignorando.
– Eu não tenho nada pra falar - ela fala na defensiva.
– Mas eu sim - eu falo e me viro pra ela mesmo com ela de costas pra mim, meu dedos alcançam seu braço e descem um caminho por ele.
– Eu tô cansada! - ela fala e puxa o lençol me fazendo recuar, ela ajeita o travesseiro e continua me ignorando, como eu sei que agora nao adianta insistir deixo assim, volto para o meu canto e fico acordado observando ela que também deve estar acordada.
Quando abro os olhos o outro lado da cama esta vazio, eu olho ao redor do quarto, a porta do banheiro está aberta indicando que ela não esta lá também, assim como no dia anterior o sol ainda está nascendo, eu me levanto, vou pro banheiro e quando saio já estou arrumado pra ir pra padaria, desco, procuro por Katniss mas apenas confirmo o que eu já sabia, que ela não está em casa, vou pra cozinha preparo o café, quando Pérola desce já arrumada e com a mochila nas costas, ela pergunta pela mãe e quando digo que ela saiu de novo seu olhar se torna realmente preocupado, Pyter acaba se atrasando e bebe um copo de leite rápido, dessa vez eu saio com eles já que não tenho mais nada pra fazer em casa, eu fico pela padaria e eles vão pra escola, eu começo a trabalhar na cozinha mas essa situação com a Katniss mexe com a minha cabeça e eu mal percebo o que estou fazendo.
– Peeta!! - Marie é quem grita, eu a olho confuso e ela segura meu braço me mostrando a caneca com açúcar que eu ia despejar na massa do pão de sal - Você ta bem? - ela pergunta tirando a caneca da minha mão e me olhando curiosa.
– Só me distrai - eu falo já me afastando.
– Rory, pega essa aqui - eu falo mostrando a massa a minha frente, ele concorda e assume meu posto, eu saio da cozinha e vou para os fundos da padaria, estar brigado com a Katniss é a pior coisa pra mim, ela é minha base, se eu a perco é como se todo o resto que me mantem em pé aos poucos fraquejasse, por isso eu decido que não importa quem tá certo ou nao, que se dane meu orgulho ou qualquer outra coisa, eu vou falar com ela e pedir desculpas e não quero esperar nem um minuto pra isso, eu entro na cozinha de novo e passo direto por eles, saio da padaria e começo a andar rápido pelo caminho, quando vejo o antigo Prego eu corro, já estava passando por ele quando a imagem me fez parar, Katniss estava a alguns metros do pavilhão acompanhada de Gale, eu parei no caminho e observei eles, eles pararam um de frente pro outro, Gale falou algo e Katniss sorriu, depois ele apontou pra alguma coisa na floresta e ela soltou uma risada, aquilo me doeu, por que comigo ela mal estava olhando na minha cara, mas com ele, lá estava ela dando risadas e como se não bastasse ele passou os dedos pelo cabelo dela, colocando-o atrás da sua orelha assim como eu faço com ela, Katniss abaixou a cabeça como se olhando os próprios pés, ele segurou ela pelos ombros e falou algo, ela confirmou sorrindo, ele se aproximou mais e a abraçou a mantendo junto do dele por um eternidade, depois beijou sua testa, ela sorriu e ele disse algo enquanto eles voltavam a andar, quando já estavam próximos de onde eu estava, eles se despediram e ele tomou outro caminho enquanto ela seguia o caminho pra casa, eu continuei parado ali, sem ser visto e tentando entender o que eu acabei de ver, então depois que ela some de vista eu também tomo o caminho pra casa, a cada passo um nuvem de pensamentos me atingem e me confundem, eu tento manter alguma ordem mas lembrar deles tao íntimos me traz uma dor no peito, quando chego em casa eu respiro fundo antes de entrar, a jaqueta está pendurada atrás da porta, quando a porta se fecha ela aparece pra ver quem era e quando me vê ela fecha o rosto e volta pra cozinha sem nem ao menos falar comigo, eu me lembro dela rindo com Gale e isso me machuca ainda mais, eu vou pra cozinha, ela esta bebendo algo de costas pra porta.
– Você foi caminhar de novo? - eu pergunto e vejo quando ela ainda de costas pra mim para o copo mo caminho, entao confirma com a cabeça - Você foi caminhar ou foi se encontrar com Gale? - eu pergunto sem ter paciência nem humor pra enrolar, quando eu falo isso ela se vira rápido pra mim, me encarando desacreditada.
– Você me seguiu? - ela pergunta me acusando, eu solto uma risada nervosa.
– Nem precisaria já que você nao fez questão nenhuma de se esconder - eu falo e ela me olha como se eu estivesse louco.
– Me esconder? - ela pergunta me encarando - Por que eu teria que me esconder? Eu não fiz nada - ela fala e coloco o copo na pia.
– Não mesmo? Então ficar por aí abraçada a seu ex namorado não é fazer nada? - eu pergunto e ela avança pra mais perto de mim.
– Ele não é meu ex namorado - ela fala irritada - E eu não fiz nada que precisasse ser escondido! - ela afirma e passa por mim indo pra sala.
– Então por que não me disse que estava com ele na floresta? - eu pergunto e ela para no caminho e se vira pra mim.
– Por que eu não estava com ele lá! - ela fala e eu nego sem acreditar - Não estava! Eu o encontrei depois que passei da cerca, ele estava passando...- ela fala e eu sorrio.
– Muita coincidência né? - eu falo com ironia - Ontem ele também só estava passando? - eu pergunto e ela balança a cabeça várias vezes.
– Você ta sendo ridículo! Eu nem vi ele ontem. E sim foi uma coincidência hoje - ela fala e começa a andar pela sala.
– Deixa de ser ridícula você, ou você acha que eu não sei o que você ta fazendo? - eu pergunto e ela para e me encara.
– Eu não admito que você fale assim comigo - ela fala apontando o dedo pra mim.
– E você quer que eu fale como? Você ta fazendo essa palhaçada toda pelo que aconteceu na festa? - eu pergunto e ela passa as maos pelo cabelo - É esse o jogo? Você não gosto de alguma coisa e resolve me provocar? - eu pergunto e ela me encara sem acreditar.
– Eu não to te provocando! Para com isso - ela nega e parece cansada, ela coloca a mao na testa e na barriga e respira devagar, por um momento eu me preocupo com ela, ela parece pálida e fecha os olhos como se estivesse sentindo algo, eu me aproximo dando a volta no sofá mas quando encosto nela ela recua rápido demais - Não encosta em mim - ela avisa se recuperando, ainda irritada, eu paro - Você é um idiota - ela fala me encarando - Eu estava saindo de lá e encontrei ele foi só isso! Eu nunca faria algo assim. É com você que eu sou casada e ele com a Liesel - ela fala ainda parecendo fraca - Será que você nunca vai superar isso? Sempre tem que voltar nesse assunto. Eu ja disse mil vezes, eu...não... Tenho...nada...com...ele - ela fala passando na ultima frase.
– Não foi o que pareceu - eu falo resmungando e ela que solto um riso nervoso.
– Então deve parecer o mesmo que parece cada vez que a Grace dá em cima de você - ela fala e eu nego.
– Ela não dá em cima de mim! Não tem nada a ver! Foi uma brincadeira, ela só fez isso pra te provocar - eu falo e ela nega de novo.
– Você ta se escutando? - ela pergunta e eu a olho - Se você sabe que ela ta me provocando por que continua com isso? - ela pergunta e eu não responde, são apenas brincadeiras, nunca teve nem teria nada entre eu e Grace - Você gosta disso Peeta, por isso deixa ela fazer essas coisas e depois você quer que eu mantenha a calma e sorria enquanto tem uma mulher passando a mão em você ou dizendo coisas como que casaria com você? - ela me pergunta me olhando nos olhos - Eu tô cansada de aturar isso! Tô cansada de ser motivo das brincadeiras dela! Tô cansada de você sorrir com essa cara de idiota e não fazer nada - ela fala me encarando.
– Por isso você quis me fazer de idiota na frente do Distrito inteiro? Indo atrás do seu amante? Essa historia já é velha né? O que... Estava com saudades dos velhos tempos? - eu falo as palavras escapando da minha boca, leva um segundo quando percebo seu olhar chocado e entao a mão me acerta em cheio no rosto, no mesmo segundo a porta se abre .
– Mãe! - Pérola fala soltando um grito, mas eu não desvio meu olhar da Katniss e nem ela de mim - Pai? - ela me chama meio assustada, eu desvio meu olhar da Katniss e saio, passo por Pérola e Pyter que estavam parados na porta e saio de casa, leva alguns segundos e os passos me alcançam - Pai! Espera - ela pede e eu paro no caminho.
– Volta pra casa - eu falo sério sem olhar pra ela.
– Mas pai... - ela começa a pedir segurando meu braço, eu me esquivo dela.
– Pérola pra casa - eu falo e aponto a casa, o rápido olhar que dou a ela vejo que ela esta chorando, eu não aguento ver isso e volto a andar, eu ando sem saber pra onde exatamente, apenas deixo meus pés me levarem enquanto minha cabeça vira uma verdadeira bagunça, eu sinto os flashes se aproximando e paro, me apoio em uma arvore e fecho os olhos tentando manter alguma ordem a minha cabeça, eu me sento chão, pressiono as mãos na cabeça enquanto imagens da Katniss e do Gale surgem na minha frente, algumas delas são borradas e eu digo a mim mesmo que não são reais, outras são e torna mais difícil passar por elas, vejo eles abraçados, ela sorrindo, ele tocando nela, vejo o video que Snow fez questão que eu assistisse, deles se beijando, uma ânsia de vômito sobe a minha garganta e eu só tenho tempo de virar e colocar tudo pra fora, eu me arrasto me afastando mas permaneco no chão, por que isso combina perfeitamente com como eu estou por dentro, eu apoio a cabeça nos joelhos e uma nova onde flashes me atinge, leva muitos minutos, talvez horas quando finalmente elas se vão, eu abro os olhos, olhando ao redor e vejo que estou na Campina, não tem ninguém por perto, e eu me permito ficar mais um tempo ali, eu me encosto em um tronco, abraço minhas pernas e encaro o campo a frente tentando entender como conseguimos chegar nisso, como Katniss teve coragem de fazer isso comigo e o que eu vou fazer, não quero ter que voltar pra lá agora então fico aqui ate a noite começar a cair, eu coloco a mao no bolso e encontro as chaves, me levanto e vou direto pra padaria, não ten mais ninguém aqui e eu vou direto pro escritório, eu entro e encaro o lugar vazio e o silêncio e num acesso de ódio eu avanço na mesa e derrubo tudo que tem em cima, jogo o telefone na parede e o vejo se quebrar em vários pedaços, jogo a cadeira pro outro lado e a chuto algumas vezes, o cansaço e o peso do dia inteiro me atingem quando eu caio no chão, e faço a única coisa que restou eu choro, caído no chão e odiando a mim, odiando essa situação, odiando Katniss, odiando Gale, eu só queria que isso acabasse, eu perco a noção do tempo e quando me levanto meu corpo inteiro esta dolorido,eu vou pro banheiro e abro a torneira encho a mao com agua que logo se torno avermelhada, eu jogo a agua na pia e olho minhas maos, um corte na palma da minha mão a faz sangrar de forma espantosa, não sei como nao percebi antes, minha camisa esta suja de sangue e quando me olho no espelho meu rosto também, eu molho o ferimento e o ardor não é nada comparado a como eu me sinto, eu pego vidro de álcool e despejo quase a metade na ferida, ainda assim a dor física nao é nada, eu enrolo um pano na mão e depois de lavar o rosto com apenas uma mao, encontro uma cartela de remédios na maleta de primeiros socorros e como minha cabeça está doendo fortemente, eu pego dois comprimidos, coloco na boca e engulo com ajuda da agua da torneira, eu saio do banheiro, o escritório esta uma bagunça, eu coloco a cadeira no lugar mas é no sofá que eu me jogo, minha cabeca parece latejar a cada respiração, eu fecho os olhos e coloco o braco tampando, não sei se é o efeito do remédio ou o cansaço mas eu durmo, quando acordo percebo que o remédio não foi tão bom, minha cabeça parecia ainda pior que ontem eu me sento devagar e é como se tudo estivesse se balançando, eu me levanto e vou pro banheiro, lavo o rosto e me lembro da minha mão, olho o corte e parece um pouco melhor mas está vermelho e dolorido, saio de lá e a porta se abre, Philip olha o estado do escritório e depois seus olhos param em mim.
– Você ta bem? - ele pergunta e eu solto uma risada mas minha cabeca dói e eu paro, ando ate a cadeira e me jogo nela, ele entra na sala - Se você ....
– Sai! - eu falo assim que ele se aproxima, ele para mas continua me olhando.
– Com certeza você não ta bem - ele fala e da um passo.
– SAI - eu falo alto demais e mesmo que minha cabeça doa eu nao me importo - Eu mandei sair daqui - eu falo de novo e ele me olha surpreso - Se eu tiver que repetir você ta demitido - eu ameaço e vejo a confusão e a surpresa em seus olhos, mas ele concorda e sai da sala, eu me afundo na cadeira, depois me levando e tranco a porta, fecho a cortina e me jogo no sofá, olhos fechados e tentando não sentir todas essas coisas que eu estou sentindo, as horas e o tempo parecem relativos, por que é como se nada existisse fora daqui, fora da minha dor, fora da dor que é nao estar coma Katniss, mas eu não vou voltar lá e me humilhar pra ela sendo que ela esta errada, sendo que ela escolheu me fazer de idiota no meio do Distrito. Eu não me levanto. Não como. Não saio do escritório e nem respondo nenhuma das batidas que tiveram na porta durante o dia inteiro. Eu só fico ali, deitado, querendo morrer por que não há mais nada ora fazer, a diferença do dia pra noite é inexistente pra mim, os flashes vem e voltam e o relógio continua passando e eu acabo dormindo de novo, quando acordo ja estamos no dia seguinte e o único pensamento que me faz levantar são meus filhos. Pérola e Pyter. Nunca passei um dia longe deles e agora já são dois dias. Eu vou pro banheiro e as olheiras e meu semblante me mostram o quanto estou mal, eu tiro a camisa suja de sangue e pego outra na gaveta, sempre deixo uma reserva, eu a visto e saio do escritório, Philip, Rory e Marie já estão lá e percebo os olhares que eles trocam sem saber o que fazer.
– Eu vou sair! Não sei se volto - eu falo e eles concordam, eu saio me sentindo pesado e cansado, vou pra escola mas quando estava chegando escuto o sinal tocar e sei que é tarde demais, eles já entraram, eu paro olhando a escola e sinto a mão no meu ombro, me viro e Gale esta me olhando com um sorriso.
– Eles acabaram de entrar... Tá atrasado ein - ele fala em tom de brincadeira e eu cerro meus punhos me segurando pra não dar um soco nele, seu olhar muda e ele me encara pensando em algo - Você ta bem? - ele pergunta ainda com a mão no meu ombro, eu me esquivo.
– Tô - eu falo com os dentes cerrados, ele não parece convencido.
– É a Katniss? - ele pergunta e quando eu me preparo pra acertar ele, ele completa - Ela nao melhorou não foi? - ele pergunta fazendo uma cara de preocupado - Eu sabia! Meu Deus como ela é teimosa! Eu me ofereci pra levar ela pro Hospital mas ela disse que você ia levar ela - ele fala e não consigo disfarçar minha surpresa - Ela nem te contou né? - ele pergunta com um ar chateado.
– O que...o que ela tinha? - eu pergunto confuso.
– Ela disse que devia ser só a pressão que baixou! Ela tava pálida, fria, tremendo... Ela disse que não era nada - ele fala e eu me lembro dela no dia em que brigamos, aquele breve momento que ela se curvou procurando ar - Eu disse que acompanhava até em casa mas ela disse que ia passar na padaria e como Liesel estava me esperando eu não fui com ela - ele fala e eu sinto minha cabeça girando novamente.
"O que foi que eu fiz?" as palavras se repetem na minha cabeça e eu não sei como fui tão estúpido.
– Eu tenho que ir - eu falo pra ele e me afasto sem esperar uma resposta, eu volto pra padaria e entro no escritório, tranco a porta e aperto as mãos na cabeça. Eu acusei Katniss, briguei com ela, falei coisas horríveis e ela estava passando mal, e eu mem percebi, como eu sou idiota, eu me sento no chão encostado na porta, sem saber como eu vou consertar as coisas agora, sem nem saber se tem conserto. As horas passaram e no lugar daquele ódio, eu só tenho vergonha e culpa. Só agora que as coisas parecem se encaixar, eu acusei Katniss de estar exagerando mas quando eu a vi do lado do Gale agi ainda pior do que ela, eu a acusei e joguei coisas na cara dela que agora não fazem menor sentido, eu nunca deveria ter desconfiado dela desse jeito, nunca, Katniss nunca me deu motivo pra isso e eu mal ouvi o que ela falava, nem ouvi todas as vezes que ela reclamava das brincadeiras da Grace, que agora já não parecem tão bobas, nós já tínhamos conversado antes, eu ja tinha pedido a ela que diminuísse as brincadeiras mas esse é o jeito dela e a verdade é que uma parte egoísta e mesquinha minha gosta de saber que Katniss sente ciumes de mim, depois de tantos anos é de certa forma bom ver que ela ainda se preocupa com isso, mas ao mesmo tempo é inadmissível que eu tenha deixado isso chegar a esse ponto, eu sabia que ela não gostava e deixava rolar, agora quando eu apenas a vi com ele toda a brincadeira perdeu a graça, é muito fácil quando é ao contrário e agora eu simplesmente a julguei, condenei e saí de casa, eu não mereço estar lá de novo, o problema é que nada faz sentido se eu não estiver lá. Não me dou conta do tempo ate baterem na porta, eu me desperto, me levanto e abro.
– Nós ja estamos indo - Philip fala meio receoso.
– Eu vou ficar - eu falo e ele pensa em dizer algo mas desiste.
Quando ele sai eu volto pra cadeira e encaro o teto, ate um barulho alto vir da cozinha, ja estava me levantando quando a porta é aberta rápido demais, Haymitch entra e me encara em silêncio por alguns segundos.
– Anda! Vamos! - ele fala apontando pra porta.
– Eu... Eu não posso - eu falo sem saber como olhar pra Katniss agora, então ele bate a bengala forte na mesa fazendo um barulho estrondoso.
– Você vai levantar dessa cadeira e voltar pra casa. AGORA - ele fala e eu me surpreendo - Você ainda lembra que tem dois filhos? - ele pergunta e apenas o pensamento deles faz meu peito acelerar - Isso não é só sobre você e ela! É sobre eles! Não interessa o que aconteceu, você vai comigo agora e vai falar com eles! Você sempre foi o melhor pai pra eles e eu não vou deixar você estragar isso agora - ele fala e aponta a porta, eu não digo mais nada, apenas me levanto e saio do escritório, nós saímos da padaria em silencio ate a Aldeia.
– Eu não posso entrar lá - eu falo e ele me olha - Eu... Eu.. Eu nao posso! Eu não mereço entrar lá! Eu disse coisas horríveis pra ela - eu falo e ele anda na frente me deixando lá, eu fico parado na frente da casa e alguns minutos a porta abre de novo e Perola corre na minha direção, ela me agarra me abraçando forte.
– Meu amor, que saudade! - eu falo abraçando ela do mesmo jeito e beijando varias vezes sua bochecha e sua cabeça, ela esta chorando.
– Eu achei que você nao fosse voltar - ela fala entre lagrimas.
– Eu amo vocês! Muito. Eu nunca ia deixar vocês - eu falo e sinto a culpa desses dias atingindo quando olho pra eles, Pyter esta atrás dela me olhando desconfiado, eu o abraço e ele hesita.
– Como vocês estão? - eu pergunto segurando o rosto dele entre minhas mãos.
– Você ia saber se tivesse aqui - ele fala magoado.
– Eu sei... Eu... Eu errei - eu falo e ele continua me olhando do mesmo jeito - Mas isso não quer dizer que eu não ame vocês . Por que eu amo e eu amo Muito. Vocês são tudo pra mim! Eu nunca devia ter me afastado e eu nunca vou me perdoar por ter feito vocês passarem por isso! Vocês dois são as melhores parte da minha vida e eu me odeio por ter feito vocês passarem por qualquer situação ruim! Eu espero que um dia você me perdoe por isso! E lembra que mesmo eu sendo esse idiota aqui, eu te amo! Eu te amo da maneira mais forte que eu consigo - eu falo e dessa vez ele me abraça apertado.
– Eu também te amo - ele fala me abraçando - Só não vai mais embora - ele pede e isso quebra meu coração.
– Eu não vou - eu garanto e beijo sua cabeça.
– A mamãe ta la em cima! No quarto - ele fala e eu sei o que isso significa.
– Desde quando? - eu pergunto culpado.
– Hoje de tarde. A Tia Grace veio aqui e depois ela ficou la dentro daquele jeito - ele fala e eu não entendo o que Grace pode ter vindo fazer aqui, olho pro Haymitch e ele sinaliza pra que eu entre em casa, eu beijo a cabeca deles mas uma vez e entro, pisar em casa de novo parece que faz muito tempo sem estar aqui, eu subo e paro na porta do quarto, abro e encontro Katniss na cama encolhida, eu me aproximo dela e meu peito se aperta quando a vejo dormindo com uma aparência cansada e abatida, eu me aproximo e me ajoelho ao lado dela, meus dedos hesitam mas tocam seu cabelo e seu rosto, ela abre os olhos e quando me vê parece confusa, ela se senta rápido, olhando para os lados.
– Tá tudo bem - eu falo e ela fixa o olhar em mim.
– Você não voltou pra casa! Não ta tudo bem - ela fala e isso me acerta.
– Mas eu tô agora - eu falo e ela se endireita de modo que não encoste em mim.
– O que você veio fazer aqui? - ela pergunta e desvia o olhar do meu.
– Eu vim te pedir perdão - eu falo e ela volta a me olhar - Não que eu mereça, nem que eu acho que você vai conseguir me perdoar um dia, mas por que esse é o mínimo que eu posso fazer! Eu fui um completo idiota! Mais do que isso, eu passei do limite, eu fui estúpido, grosseiro e injusto e você nunca mereceu uma única palavra do que eu te disse e se eu pudesse eu voltava no tempo, só que eu não posso, eu... Eu sinto muito. Muito mesmo! - eu falo sinceramente tudo que estava preso, ela continua me olhando.
– A Grace veio aqui - ela fala e eu paro esperando ela continuar - O pessoal da padaria estava preocupado com você - ela fala e passa a mão pelo rosto - Ela disse que desconfiou do que seria e veio falar comigo! - ela revela e eu me surpreendo.
– Eu sinto muito por ter deixado essa historia rolar! Brincadeira ou nao eu devia ter parado! Nunca devia ter deixado você encarar isso. Você é minha esposa, eu te amo e eu nunca vou olhar pra outra mulher por que você é tudo que eu preciso mas eu confesso que quando eu via você com ciúmes eu.. Eu não sei. É ridículo. Egoísta e Mesquinho mas era como se eu realmente via que você ainda de importava comigo - eu confesso envergonhado.
– Você não precisa disso pra saber se eu me importo! Eu estou aqui não estou? - ela pergunta e eu concordo - É com você que eu estou - ela completa séria.
– Me perdoa - eu peço de novo - Me perdoa... Eu... Eu não consigo fazer nada longe de vocês! É como se minha vida parasse - eu falo e ela me olha em silencio - E na verdade ela para, por que nada tem sentido sem vocês - eu completo.
– Foi você quem saiu Peeta! Foi você que não voltou pra casa - ela joga na minha cara, não com intenção de me machucar mas magoada, e ela esta certa, uma coisa foi eu dormir no sofá outra foi eu não voltar pra casa.
– Eu nunca devia ter saído - eu falo lentamente e sincero - Eu nunca devia ter falado com você daquele jeito! Nunca devia ter levado essas brincadeiras e nunca devia ter me afastado - eu falo e uma lagrima escorre dos olhos dela, ela enxuga rapidamente.
– Mas você saiu! Você se afastou - ela fala e sustenta meu olhar.
– E eu faço qualquer coisa pra voltar - eu falo e ela me encara em silêncio alguns segundos.
– Eu nunca te trairia - ela fala e eu me envergonho mais uma vez.
– Eu sei que não - eu falo e ela mantem o olhar.
– Eu nunca ia querer te fazer de idiota, eu encontrei com ele por acaso... - ela começa a se explicar mas eu nego.
– Não! Você não tem que se explicar... Eu errei - eu falo e ela nega.
– Eu não estou me explicando! Estou esclarecendo... Eu. Amo. Você - ela fala pontuando as palavras e é como se minha respiração parasse - Você precisa entender isso - ela fala e eu concordo.
– Eu entendo! E eu te amo também! Eu te amo muito - eu falo e ela concorda - Será que a gente pode tentar passar por isso? Eu juro que eu vou fazer tudo pra você me perdoar - eu peço e ela nega com a cabeça.
– Você não escutou o que eu falei? - ela pergunta com os olhos fixos no meu, eu ja estava pronto pra recuar quando ela colocou a mão sobre a minha - Eu. Amo. Você! - ela repete cada palavra sem desviar os olhos do meu, um sorriso escapou da minha boca e foi como se o mundo estivesse parado e finalmente voltou a girar, eu segurei sua mão e a outra eu passei no seu rosto e então eu a beijei, encostar minha boca na dela de novo foi como voltar a viver, agora eu sei que longe dela eu não existo, mas então me lembro de outra coisa.
– Como você ta? - eu pergunto avaliando ela - Gale disse que você estava passando mal - eu falo preocupado.
– Eu to bem! Foi só um mal estar - ela garante pra mim enquanto eu a olho com atenção a qualquer coisa - Eu não tinha comido nada e minha pressão caiu - ela confessa e isso me faz parar.
– Me perdoa - eu peço de novo.
– Chega! Eu não quero falar disso - ela fala e passa os dedos pelo meu cabelo, me olhando como se nao me visse a muito tempo, mas eu tenho certeza que estou fazendo o mesmo com ela.
– Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo... - e quando eu ia repetir mais uma vez, ela me beijou, nossos lábios e nossas línguas se misturando com aquela mesma sintonia de antes, com o mesmo desejo.
Eu não sei como eu pude ficar longe dela esses dois dias, só agora eu sei o que é estar vivo de novo, só quando o corpo dela se encosta ao meu e eu a toco que eu me lembro como é estar de volta, quando seu corpo escorrega sobre o meu tudo começa a fazer sentido novamente, quando meus lábios descem pelo seu corpo cada parte do meu corpo volta a vida, quando eu estou dentro dela, é onde eu me encontro, aqui é o meu lugar e não a nenhuma outra maneira de existir vida em mim se não estiver com ela.


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Notas finais do capítulo

Genteeeee, noticia triste!
Acho que esse é o ultimo capitulo do ano, estou indo viajar amanhã e não posso garantir escrever e postar ainda esse ano, me perdoem, também estou triste mas é que vai ser complicado mesmo, eu vou tentar, juro, mas não posso jurar que irei conseguir!
Alguém tinha me perguntado sobre o fim da fic, e bom, tá quase lá, a história está andada já, meus planos era acabar esse ano mas acho que não vou conseguir, mas já adianto que no maximo serão mais 5 capitulos, só pra por em pratica o que já andaei pensando aqui, rs' não me odeiem, eu amo vocês, caso eu não volte aqui, FELIZ NATAL e FELIZ ANO NOVO! Obrigada por sempre estarem por aqui... BEIJOS