- Recomeçando escrita por HungerGames


Capítulo 60
Capítulo EXTRA


Notas iniciais do capítulo

Alguns dias antes do ultimo capitulo rs'



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POV PYTER

Depois da morte da vovó é estranho como parece que eu penso mais nela agora do que antes, eu sei que papai disse que não adianta pensar em como seria ou me culpar por não ter sido mais legal, mas o problema é: eu deveria ter sido mais legal, deveria ter sido igual a Pérola e não fazer cara feia quando ela aparecia, eu queria muito poder mudar isso mas eu não posso, agora ela está morta, só espero que ela saiba, que no fundo eu sempre gostei dela, só não gostava dela sempre ir embora e nunca aparecer, sabe, ela era nossa avó de verdade mãe da mamãe e a gente só via ela no natal ou em alguns dos nossos aniversários, ela deveria também ter feito mais, vovô que nem é pai da mamãe e nem do papai, sempre estava presente, sempre mesmo, e ela que tinha nosso sangue sempre demorava meses pra aparecer de novo, por mais que eu sinta culpa ainda sinto um pouco de magoa dela, mas espero que isso passe logo, é estranho quando alguém morre e você sabe que nunca mais vai ver de novo, agora eu sei que podem se passar meses e anos, ela não irá voltar, é estranho mas pelo menos agora eu não preciso esperar pra saber se ela virá ou não, por a resposta já está dada. Esse assunto já estava ocupando demais minha cabeça, e eu só queria esquecer um pouco por isso, eu fui da escola direto pra casa do Ryan, de lá eu liguei pra mamãe e ela deixou que eu ficasse.
Eu já repeti pelo menos umas dez vezes pro Ryan o plano e ele ainda tá me olhando com aquela cara de bobo.
– O que você não entendeu? - eu pergunto começando a me irritar, ele é meu melhor amigo mas as vezes eu queria dar uns socos nele.
– Eu acho que entendi tudo! O problema é... A gente vai se dar mal - ele fala soltando o controle do video game na almofada na frente dele, eu solto o ar e largo o controle também.
– Alguma vez eu te coloquei em uma roubada? - eu pergunto me virando pra ele.
– Por ordem alfabética ou por data? - ele pergunta e eu empurro a perna dele.
– Eu nunca te coloquei em roubada. Você que é um medroso - eu falo e pego o controle retomando o jogo.
– Eu não sou medroso! Mas o que você quer fazer agora... - ele parece meio indeciso - Cara, o George é esperto, não é igual os outros - ele fala e eu me irrito e paro o jogo.
– Ele não é tão esperto assim! Quer saber... - eu falo e fico em pé - Eu não preciso de você! Quer ficar com medo fica! Eu vou fazer com ou sem você - eu falo e ele me olha daquele jeito quando está quase concordando, ele sempre coça a cabeça quando está na dúvida.
– Um dia eu ainda aprendo a convencer alguem igual você - ele fala e eu sorrio, estico a mão pra ele e ele agarra e fica em pé.
– Esse é meu garoto - eu falo e o puxo colocando a cabeça dele debaixo do meu braço, ele se debate e eu o solto.
– Agora presta atenção! A gente ten que fazer tudo certo! Minha mãe me mata se me pegarem - ele fala e então a porta do quarto abre.
– Meninos... Olha o que eu trouxe - a mãe dele fala trazendo uma bandeja com biscoitos e suco, ela é bem legal, não fica reclamando quando a gente coloca a televisão alto e sempre tem biscoitos de chocolates.
– Valeu tia! - eu falo enquanto ela coloca a bandeja na mesa.
– E o que vocês estavam fazendo? - ela pergunta olhando pro jogo parado. - Estudando pro teste - Ryan fala com ironia.
– Seu senso de humor é contagiante - ela fala também com ironia - Espero que não estejam planejando nada! - ela fala e me olha com um sorriso. - Tia, amanhã a gente tem um trabalho pra terminar então o Ryan vai ficar comigo na biblioteca tá? - eu falo e ela me olha duvidosa.
– Trabalho? - Feira de ciências! - eu falo dando de ombros e pegando um biscoito - Eu não queria fazer mas...
– Oh não! Vocês devem fazer. Gastem o tempo que for... - ela fala e sorri saindo do quarto.
– Cara! Como você faz isso? - Ryan pergunta apontando pra porta, eu sorrio.
– Isso se chama DOM - eu falo dando de ombros e comendo mais um biscoito.
– É sério! Um dia você vai ter que me contar o segredo - ele fala e nós começamos a lanchar enquanto eu repito mais uma vez minha ideia, dessa vez ele parece entender melhor.
– Então é isso! Amanhã a gente começa - eu falo quando já estava pegando a mochila pra ir embora.
– Eu só nao entendi uma coisa - ele fala e eu jogo a cabeça pra trás.
– Fala - eu falo olhando pra ele.
– Como a gente não se dá mal no final? - ele pergunta rindo e eu também acabo rindo.
– Não force tanto sua cabeça! Essa parte eu penso, você só tem que se concentrar no que eu mandei - eu falo e ele concorda, eu saio da casa dele antes de escurecer mas quando estava entrando na Aldeia papai também estava chegando em casa, eu prendo a bicicleta nos fundos e encontro ele ainda na porta.
– Tava até agora no Ryan? - ele pergunta com a mão na minha cabeça.
– A gente tava falando do projeto de ciências... Aliás amanha eu vou ficar até mais tarde na escola - eu falo enquanto entramos em casa, eu vou direto pro meu quarto, jogo a mochila na cama e entro no banheiro, tomo meu banho e depois eu desço, entro na cozinha e papai também está lá, eu corto um pedaço de bolo e como enquanto coloco alguns pães de queijo em um prato.
– Você não lanchou ainda? - papai pergunta me olhando.
– Só uns biscoitos e suco - eu falo mordendo outro pedaço do bolo.
– Isso parece um lanche pra mim - ele fala e eu me sento na cadeira de frente pra ele.
– Pra mim não! Eu tô em fase de crescimento lembra? - eu falo e ele ri.
– As vezes eu acho que essa fase nunca vai acabar - ele fala rindo.
– Você não vai jantar? - mamãe pergunta entrando na cozinha.
– Quem vai fazer o jantar? - eu pergunto e ela me olha fazendo uma careta, eu sorrio e mando um beijo pra ela que acaba vindo ate a mesa pegando um pão de queijo do meu prato, antes que eu tente puxar ela morde ele e depois mexe no meu cabelo.
– Eu fiquei sabendo que vai ter feira de ciências, espero que você já esteja trabalhando nisso - ela fala me olhando.
– HAHA o Pyter fazendo trabalho? - Perola entra me olhando com ironia - Essa eu queria ver - ela fala e puxa uma cadeira.
– Você vai ver irmãzinha. O melhor trabalho da escola - eu falo com um sorriso irônico, ela me olha tentando descobrir mas eu apenas sorrio pra ela. Nós ficamos pela cozinha e o vovô também aparece, ao invés de fazer o jantar nós lanchamos juntos, depois mamãe libera que a gente assista um pouco de televisão com o vovô, ate que uma hora depois ela nos manda ir dormir, vovô vai embora e nós vamos pro quarto.
– Você vai aprontar mas não vai mesmo me falar né? - ela pergunta quando já esta deitada na cama dela.
– Não! Mas eu preciso de um favor... - eu peço e ela se arrasta colocando a cabeça pra mais perto do meu colchão - Preciso de um projeto pra feira de ciências - eu falo e ela ri.
– Nem vem! Não vou fazer seu trabalho - ela fala negando.
– Qual é? Isso nem é difícil pra você. Tenho certeza que você deve ter no mínimo uns três projetos na cabeça - eu falo por que é verdade, Perola é o cérebro da família - Ainda mais agora namorando um nerd - eu falo e ela joga uma almofada em mim.
– Aí Você me conta o que ta armando? - ela pergunta me olhando curiosa.
– Nao! - eu falo sem enrolar - Não posso colocar sua reputação de perfeita em risco - eu falo implicando com ela que joga outra almofada - É sério! Eu não vou contar. Pelo menos não por enquanto, se quiser me ajudar é assim - eu falo e ela se endireita deitando na cama normal, eu encaro como um não e me deito também, as luzes se apagam e eu me cubro.
– Te entrego amanhã - ela fala e eu sorrio.
– Vê se faz algo decente! Preciso de pontos - eu falo implicando com ela.
– Nao abusa - ela fala mas esta sorrindo.
No dia seguinte eu acordo atrasado e tenho que colocar minha roupa enquanto jogo minhas coisas na mochila, desço correndo e Pérola esta na porta me esperando com uma cara nada boa, eu pego uma maçã e grito um adeus pra mamãe que esta na cozinha, não vejo papai mas nem tenho tempo de perguntar por que Pérola me puxa.
– Será que algum dia você aprende a acordar cedo? - ela pergunta andando na frente enquanto eu pego minha bicicleta eu a alcanço no portão da Aldeia.
– Será que algum dia você aprende a não ser tão chata de manhã? - eu pergunto e ela revira os olhos.
– Mamãe sabe que você ta indo de bicicleta? - ela pergunta me olhando, por que ela não gosta que eu estava barrado de usar a bicicleta.
– Eu vou voltar mais tarde - eu falo dando de ombros.
– Sobe aí - eu falo parando ao lado dela.
– Tá brincando né? - ela pergunta me olhando como se fosse algo impossível - Eu nunca vou chegar montada na sua bicicleta - ela fala rejeitando.
– Bom, as garotas se matariam por essa chance - eu falo e ela faz uma careta.
– Chama uma delas então - ela fala dando de ombros, então encontramos Ian, agora ele sempre fica esperando a gente na metade do caminho, eles se beijam e ficam naquele jeito meloso de cochichos, sorrisos e beijos.
– Sinceramente vocês me dão enjôo - eu falo e avanço na bicicleta deixando eles pra trás, chego na escola e Ryan também esta chegando.
– E aí? Tudo certo? - ele pergunta já ansioso.
– Você tem que aprender a relaxar sabia? - eu falo enquanto prendo minha bicicleta.
– Foi mal se eu sou único que vejo que a gente vai se ferrar dessa vez - ele fala e eu reviro os olhos e levanto parando na frente dele.
– Ryan! Relaxa cara! Eu não vou deixar você se ferrar! Nunca deixei. Nao sei por que o drama - eu falo sério e ele concorda.
– Mas e você? - ele pergunta e eu sorrio mas antes de responder somos interrompidos.
– Olha se não é o nosso casal favorito! - George fala com ironia parando ao nosso lado, Ryan logo fica tenso - Que foi princesa não vai chorar né? - ele pergunta implicando e passando a mão pelo queixo do Ryan que empurra a mão dele - Nossa, hoje ele ta bravo - ele fala e Paul e mais dois garotos que estão com ele riem.
– Nossa George, você é TÃO engraçado! - eu falo com a mão na direção do coração, ele me encara e sorri, ele sempre implicou com o Ryan mas não comigo, ele não é louco a esse ponto, primeiro por que eu sou tipo uma celebridade por aqui, aliás pelo país inteiro, essa é a parte que eu mais gosto, e alem disso por que a gente tem mais dinheiro do que a maioria dos outros e ele acha que devemos todos andar juntos e ignorar os que não são como nós, e como Ryan nao se enquadra nisso ele sempre implicou com ele, mas isso é babaquice, ate por que eu nunca seria igual a ele, não mesmo, eu até poderia ajudar Ryan pra que ele parasse, mas, em primeiro lugar eu nao posso me meter em brigas por causa do campeonato, e mesmo que eu brigasse com ele e ganhasse isso nao ajudaria Ryan por que ele iria implicar com ele dizendo que precisou de mim e em segundo lugar, por que na verdade Ryan nao precisa de ajuda.
– Cara, eu já disse não precisa ter ciúmes! Quem sabe se você for uma boa menina ele finalmente te olha! - ele fala implicando com George e ia colocar a mão no queixo dele mas George se esquiva e empurra a mão dele.
– Cuidado, isso pode ser considerado uma agressão - eu falo com ironia encarando George que apenas ri.
– Nós podíamos ser amigos... - ele fala pra mim e depois olha pro Ryan - Mas você prefere os perdedores - ele fala com desprezo.
– Não! Na verdade é o contrário. Pergunta pro Paul ele ainda deve se lembrar - eu falo e sorrio quando Paul fecha a cara, nós lutamos uma vez e só nao foi mais fácil por que eu estava com sono, em menos de 3 minutos ele tava no chão, depois disso ele sempre dava um jeito de não lutar comigo.
– Huum. Olha quem chegou! Agora sim o casal modelo - George fala e quando eu olho pra trás Perola vem entrando na escola de mãos dadas com Ian, Hazel e Hanna também estão com eles - Manda um beijo pra elas - ele fala e sai rindo com os outros garotos.
– Quer saber. Esquece! A gente vai ferrar com esse idiota! Não importa se depois eu for expulso mas esse imbecil vai ter o que merece - Ryan fala com raiva, eu sorrio e passo meu braço pelo pescoço dele.
– Assim que se fala! Agora mantenha essa raiva queimando pelos próximos 6 tempos de aula e depois nós começamos a montar a queda desse cara - eu falo e com a outra mão jogo minha maçã pra cima e a pego ainda no ar, nós encontramos com Pérola e os outros mas quando o sinal toca nós seguimos para nossa sala, a maioria já esta lá, passamos por Keyse que esta rindo descontroladamente de alguma coisa com a Hanna e vamos para nossos lugares no fundo da sala, Marcel e Henry que são nossos colegas já estão lá, temos aqueles minutos de conversa e bagunça mas logo a aula começa, na hora do intervalo Keyse vem até nós.
– Pra vocês! - ela fala e nos entrega dois convites, um pra cada - É em três semanas mas já podem começar a procurar o presente - ela fala sorrindo, em algumas semanas será a festa de 15 anos dela, e claro que eu já sabia por que tia Grace ta deixando o papai doido querendo que Marie seja dispensada pra ajudar na festa.
– Vou dar uma olhada na minha agenda - eu falo implicando com ela e ela me faz uma careta mas alguém chama por ela e ela se afasta.
– Cara, ela ta gostosa - Ryan fala quando ela se afasta, eu dou um empurrão nele.
– Olha como você fala! - eu brigo com ele mas acabo rindo enquanto olho ela se afastando.
– Que foi ta com ciumes? - ele pergunta enquanto andamos pro refeitório, eu o olho e ele ri levantando as mãos - Não falo mais nada - ele garante e nós entramos na fila pra pegar nosso lanche.
– Só tô te preservando. O pai dela te mata se pensar que você disse algo assim - eu falo e ele faz uma careta de quem não se importa.
– Oi! - uma menina a nossa frente se vira sorridente como se a gente se conhecesse, quando na verdade eu nem lembro dela.
– E aí?! - eu falo já pegando minha bandeja, na verdade eu já to acostumado com isso, não é querer cantar vantagem mas isso acontece bastante comigo, agora vem a Parte que ela nos convida pra se juntar a ela.
– Você pode sentar com a gente se quiser - ela fala e eu acabo sorrindo quando confirmo o que pensei, Ryan cutuca minha costela quase me empurrando, eu olho pra ele e sei que se eu negar ele me mata.
– Claro, eu não teria onde sentar mesmo! Vamos lá - eu falo com ironia mas ela não percebe, Ryan me olha reprovando, ela segue na frente junto com duas garotas e Ryan me segue atrás delas, nós sentamos, a menina na minha frente, ela é morena, cabelos bem escuro, olhos também escuro e sorri a cada segundo, isso é meio irritante mas ela é bonita.
– Você tem um campeonato semana que vem né? - ela fala puxando assunto.
– É isso aí! - eu falo concordando.
– Então se você ganhar esse, é a sexta luta seguida que você vence - ela fala entusiasmada.
– Pelo visto você sabe mais do que eu - eu falo com ironia mas acho que ela não entendeu por que ela ri orgulhosa. Ryan também entra em um assunto com as duas garotas e me larga lá falando com a menina que só sabe rir pra qualquer coisa que eu fale e isso começa a me irritar.
– A gente tem que ir - eu falo quando termino meu lanche, Ryan me olha negando - A gente se vê! - eu falo pra elas dando um aceno com a mão e praticamente arrasto Ryan pela camisa.
– Pô cara eu tava indo bem lá - ele reclama quando a gente se afasta.
– Então na próxima você me arranja uma garota que faça mais do que rir - eu falo e ele que ri.
– Ei! Se não é meu cunhado mais amado - eu falo quando alcanço a mesa do Ian, ele obviamente esta com a Pérola que obviamente me olha reprovando quando eu pego a outra metade do sanduíche dele.
– Pyter - ela briga mas eu ja mordi.
– Ele beija minha irmã. Eu como o sanduíche dele! Assim mantemos um acordo - eu falo e ela me olha com reprovação mas Hazel ri.
– A Pérola disse que você vai aprontar. O que você vai fazer? - ela pergunta e Ryan quase cai em cima da mesa.
– Você não quer subir em cima da mesa não? Acho que o pessoal no pátio não conseguiu te ouvir - eu falo e ela dá de ombros despreocupada - E eu não vou fazer nada! - eu minto mesmo que ninguém acredite, me aproximo da Pérola e ela me olha com um sorriso de desculpa - E quanto aquele projeto, vou precisar da maquete também - eu falo e ela começa a discordar - Ou eu conto pro papai dos seus amassos com o Ian - eu falo e ela arregala os olhos me encarando.
– Isso é mentira! - ela fala assustada.
– Será? Eu posso só ser um irmão preocupado - eu falo e sorrio.
– Então vai começar a mentir agora? - ela pergunta me encarando.
– Não é mentira, são apenas suposições! A decisão é do papai - eu falo, beijo a bochecha dela e saio.
– Eu tô falando que vai dar errado. Já tão comentando - Ryan fala quando me alcança.
– É só a Hazel e ninguém pode provar nada, alias nada aconteceu ainda - eu falo balançando o ombro dele - Relaxa - eu falo e coloco a mão na nuca dele.
– Relaxa? Relaxa? - ele repete começando a se preocupar de novo.
– Pyter - me chamam do outro lado, eu procuro e então vejo a garota se aproximando, é a Priscila, ela é de uma turma acima da nossa, ela é loira, olhos castanho claro, um pouco mais baixa do que eu, ela está com aquele batom rosa claro e as bochechas estão levemente coradas cara, ela é linda, e eu tenho que confessar que eu meio que gostava muito dela ano passado, mas isso foi antes dela ficar com o Bruno que é da turma da Pérola.
– E lá vem a futura Sra. Mellark - Ryan fala rindo e eu o cutuco pra calar a boca, ela se aproxima ainda sorrindo.
– Finalmente - ela fala quando para na nossa frente - Eu te procurei por todo refeitório! - ela fala quando para a minha frente.
– Oi! - eu falo meio sem graça mas ela beija minha bochecha, mantendo uma mão no meu ombro, confesso, ela ainda é a única garota que me deixa meio sem jeito mesmo que eu não esteja mais tão afim dela.
– Eu precisava te entregar isso - ela fala sorrindo e olhando nos meus olhos, e me estica o envelope, também entrega um pro Ryan, eu abro e é um convite - Vai ser uma festa legal! Espero você lá - ela fala me beija de novo, ela mantém o rosto perto demais e sorri, eu também sorrio e então ela sai acenando.
– Cara, fecha a boca - Ryan fala colocando a mão no meu queixo, eu esquivo meu rosto - Acho que agora você tem uma chance - ele fala rindo.
– E quem disse que agora eu quero uma chance? - eu pergunto me mantendo indiferente, ele ri mais alto.
– Sua cara de bobo quando ela te beijou? - ele pergunta com ironia, eu faço uma careta, enquanto olho o convite.
– É no mesmo dia que o da Keyse - eu falo virando o convite pra ele.
– Grande dúvida... A amiga gata ou A Super Gata - ele fala fazendo sinal com a mão no "super gata", a gente ri mas seguimos pra sala de aula, o professor é pontual e a aula logo começa. Quando acaba eu junto meu caderno e jogo na mochila.
– Pra biblioteca - eu falo enquanto Ryan guarda as coisas dele, nós nos despedimos dos garotos e estávamos saindo rápido da sala quando eu passei do lado da mesa da Hanna e derrubei o caderno e o livro dela.
– Desculpa - eu pedi já me abaixando pra pegar.
– Ta fugindo? - Keyse que pergunta parando na minha frente.
– Não interessa - eu falo depois de entregar as coisas pra Hanna.
– Huum. Ta misterioso? - ela pergunta com ironia.
– Eu sou misterioso - eu falo rindo e saio da sala, nós seguimos pra biblioteca, pegamos alguns livros e sentamos numa mesa.
– Até que horas a gente vai ficar aqui? - Ryan pergunta enquanto eu folheio um livro.
– Até não ter mais ninguém no corredor - eu falo e ele concorda, nós ficamos por quase uns 40 minutos enrolando, e só saímos quando não havia mais barulho nos corredores, a tia da biblioteca nos olhava com cuidado mas não disse nada, eu dei uma olhada no corredor, e confirmei que não tinha ninguém.
– Vamos - eu chamei seguindo para o corredor dos armários - Ta é esse aí, o 409 - eu falo apontando pro armário do George, que eu já havia pesquisado antes.
– E se eu não conseguir? - ele pergunta enquanto anda até lá.
– Então você tenta até conseguir - eu falo olhando pra ver se não vem ninguém.
– E se mesmo assim eu não conseguir? - ele questiona preocupado.
– Droga Ryan. Você nem tentou! Tenta pelo menos - eu falo irritado e ele faz sinal que já esta indo, ele abaixa, abre a mochila e pega um estojo, então enquanto eu vigio o corredor ele usa um grampo e mesmo com o desespero dele por errar, ele consegue abrir em poucos minutos, ele me chama e eu corro ate ele, deixando ele vigiando o corredor, eu remexo o armário e acho o caderno pequeno, de capa marrom, folheio ele confirmo que era isso que eu estava procurando, eu sorrio levantando o caderno pro Ryan que faz sinal de positivo com o dedo, eu enfio o caderno na minha calça e fecho o armário, pego a mochila e faço sinal pro Ryan, nós achamos uma sala vazia e entramos.
– Conseguiu? - ele pergunta assim que eu fecho a porta.
– Não esse é meu caderno de receitas - eu falo com ironia e pego o caderno de dentro da minha calça.
– Eu não encosto nisso - ele fala fazendo uma careta.
– Ah cala a boca - eu falo rindo e vou pra mesa que seria do professor, abro o caderno e lá esta a pontuação que ele e Paul tem de todas as garotas que eles já pegaram.
– Uau! A Celine? Fala sério.. Eu to querendo sair com ela desde o ano passado - ele fala impressionado.
– Você quer sair com qualquer garota desde o ano passado - eu implico com ele, que me dá um tapa na cabeça mas ri, eu continuo a folhear, eles são tão idiotas que escreveram os nomes deles também, deixando a prova pronta.
– Vigia a porta - eu falo enquanto continuo examinando, ele vai ate a porta, olha e volta.
– Quantas? - ele pergunta curioso.
– Nove! Cinco do George e Quatro do Paul! - eu falo e ele faz uma cara surpresa.
– O que vocês estão fazendo? - a voz entra pela sala e eu fecho o caderno rápido, Keyse já esta de braços cruzados nos olhando.
– Droga Ryan! Eu falei pra olhar a porta - eu brigo com ele e ele coça a cabeça nervoso.
– Vocês não responderam - ela fala se aproximando.
– Por que você não vai ter uma resposta! Cai fora! - eu falo e o olhar dela vai pro caderno, eu o escondo atrás do corpo.
– É o caderno do George - ela fala e eu me surpreendo.
– Como você sabe? - eu pergunto e ela sorri.
– Então é? - ela questiona levantando a sobrancelha.
– Não te interessa - eu falo disfarçando minha surpresa, ela ri. -
Ah agora me interessa! - ela fala e se aproxima mais, Ryan entra na frente dela ficando entre nós dois, ela cruza os braços encarando ele.
– Ryan sai da frente, eu não quero te machucar - ela fala e ele ri.
– Nem eu - ele fala encarando-a.
– Eu avisei - ela fala levantando as mãos e então agarra a mão dele virando pra trás, ele solta um grito se virando junto com o braço.
– Solta! Solta - ele pede e ela ri antes de soltar, eu acabo rindo também - Você é maluca - ele fala abrindo e fechando a mão.
– Eu avisei! Agora anda, fala logo. O que vocês estavam fazendo? - ela pergunta me encarando.
– Por que você não vai atrás da Hanna e das outras garotas fazer fofoca e falar de cabelo? - eu falo com ironia e ela revira os olhos.
– Você pode me contar numa boa ou a força! A escolha é sua - ela fala com um sorriso irônico.
– E o que você fazer? Vai virar meu braço? - eu pergunto sem me abalar - Não sei se você percebeu mas eu tenho uma vantagem - eu falo e fico mais reto, deixando mais claro a nossa diferença de altura, mas ela não recua.
– Eu entrego vocês - ela fala e Ryan a olha assustado.
– Por que? Por não querer falar com você? - eu pergunto com ironia e ela ri.
– Por mexer no armário de outro aluno - ela fala dando de ombros e quando eu ia revidar ela levanta um dedo impedindo - E antes que você diga que não adianta nada é melhor levar em conta sua fama, sem falar que mesmo que nada aconteça o seu plano vai ter que ser adiado! - ela fala e eu encaro ela que se mantem me encarando, ela estreita os olhos pra mim e nem por um segundo parece insegura, ela pode ser mais baixa que eu mas tem essa coisa de não se intimidar, o cabelo dela tá solto caindo pelos ombros, os olhos cor de mel me encarando e os braços cruzados, eu solto o ar derrotado e estico o caderno pra ela.
– Fala sério Pyter - Ryan reclama quando ela pega o caderno sorrindo - Você entregou a gente - ele fala passando a mão no rosto.
– E você tinha outra ideia gênio? Pelo que eu me lembro você devia ta na porta - eu falo e ele balança a cabeça reprovando.
– RÁ eu sabia! Peito vale mais que bunda - ela fala empolgada demais.
– O que? - eu volto a atenção pra ela que esta rindo orgulhosa.
– Peito vale mais que bunda - ela repete e vira o caderno - Ò. Bunda vale 15! Peito 25! Eu sabia - ela fala como se desvendasse um segredo e eu acabo rindo, por que nenhuma outra garota falaria assim - Eu devia ter apostado - ela fala como um pensamento perdido - Tá! Mas e agora o que a gente faz? - ela pergunta olhando pra gente, Ryan me olha.
– A gente nada! Eu continuo meu plano - eu falo e puxo o caderno dela.
– Nada disso! Agora eu tô dentro - ela fala e puxa o caderno de novo.
– Não mesmo! Você queria saber o que era, já sabe. Agora tchau - eu falo e puxo novamente agora levantando o braço pra ela não pegar, ela volta a cruzar os braços e me encarar e eu tenho que concordar com o Ryan que ela tá gata, tio Benny que me desculpe mas ela ta mesmo, os olhos dela se estreitam e me encaram, ela junta os lábios quase fazendo um bico, ela tem a pele clara que contrasta com o cabelo castanho escuro e bem, ela tem um corpo legal, eu balanço a cabeca pra me distrair.
– Sem chance - eu falo pra ela e quando ela ia reclamar eu escuto o som no corredor - Xiiii - eu peço silêncio e ela também se atenta, Ryan vai ate a porta e abre um pouquinho, então fecha e se vira pra gente assustado. - A diretora e o professor de historia - ele fala e Keyse nos olha esperando que a gente faça algo.
– Culpa sua - eu falo pra ela enquanto penso em que desculpa usar, então ela corre ate as janelas e abre uma delas, elas são grandes e não tem grades, mas é preciso subir em uma cadeira pra alcançar ela, ela sobe e faz sinal pra gente, quando eu a alcanço ela pula pro lado de fora caindo na grama, a altura deve ser de um pouco mais de dois metros, ela faz sinal pra gente pular e eu tenho que empurrar o Ryan pra ele sair, ele geme alto demais e quando eu ia pular os passos aumentam e eu sei que não vai dá tempo, então jogo o caderno pra eles e corro pra mesa do professor, assim que alcanço a porta abre.
– Pyter? - a diretora me olha confusa e depois olha ao redor - O que você ta fazendo aqui? - ela pergunta confusa.
– A senhora vai usar a sala? - eu pergunto enquanto ganho tempo pra pensar em algo.
– Não, só estava indo pra sala dos professores - ela fala e me olha mais confusa - E você? - ela repete.
– A senhora sabe se a professora de línguas está por aqui? - eu continuo ganhando tempo, por que preciso de uma boa resposta pra ela se convencer.
– Acho que sim! Ela teria trabalho a tarde - ela fala e olha pro fundo da sala - Então você estava...? - ela questiona de novo.
– Feira de ciências - eu falei dando de ombros e ela pareceu mais confusa.
– Sozinho? Pelo que eu saiba é um trabalho em grupo - ela fala desconfiada.
– Ah sim, grupo... - eu falo revirando os olhos - É que eu gosto de pensar sozinho e depois me integrar com o grupo - eu falo e ela cruza os bracos sem acreditar.
– Aqui? Numa sala vazia? Com o caderno dentro da mochila ainda? - ela pergunta me olhando.
– Não dá pra pensar sozinho numa sala cheia né? E primeiro eu penso depois passo pro papel - eu falo com ironia e ela me encara insatisfeita.
– É que...
– Até que enfim... Você disse que ia tá na 109, a gente tava te esperando - Keyse fala entrando pela sala rápido demais, a diretora olha pra ela e pro Ryan que acaba de entrar.
– Eu falei 309 - eu falo revirando os olhos.
– Claro que não! Eu até anotei! A gente tava lá um tempão ja - ela fala naturalmente - Né Ryan? - ela cutuca ele que confirma.
– Verdade cara, você falou 109 - ela fala meio apressado mas convincente.
– Viu, por isso é melhor pensar separado - eu falo fazendo uma careta e a diretora sorri.
– Muito bem! Mas quando precisarem de salas pra estudo me avisem assim evitamos esse mal entendido - ela fala sorrindo convencida.
– Ah eu falei, mas o Pyter disse que não tinha problema, que era só achar uma sala vazia e pronto - Keyse fala me olhando como se estivesse certa e por um momento até eu acreditei nela.
– Não, não é assim que funciona! Se querem fazer trabalho tudo bem a escola está aqui pra isso, mas vocês tem a biblioteca caso precisem de uma sala então me procurem antes e eu vejo se existe a possibilidade! Estamos conversados? - ela pergunta e nós três concordamos - Por hoje vocês podem ficar aqui mas não quero nenhuma cadeira fora do lugar - ela avisa olhando cada um de nós e nós concordamos, então ela sai nos deixando ali, Ryan respira aliviado e Keyse caminha até a mim, ela apóia as mãos na mesa e sorri de frente pra mim.
– Agora é a hora que você me agradece - ela fala inclinada pra mim, eu sorrio e me aproximo dela também.
– Só que eu não te pedi nada! Tava tudo sobre controle - eu falo e em vez de ficar brava ela sorri mais ainda.
– Bom, que seja... - ela fala e dá de ombros - Agora nós também estamos no mesmo grupo de ciências e ... Eu preciso de pontos - ela fala e aponta pra mim e depois pro Ryan - Espero que vocês tenham boas idéias - ela fala e Ryan se aproxima de nós.
– Isso tá resolvido - eu garanto e ela não faz mais perguntas.
– OK! Agora temos que resolver isso - ela fala e tira o caderno do bolso da calça e o coloca a minha frente em cima da mesa, Ryan me olha esperando minha decisão, eu olho pra ele e depois pra Keyse.
– O plano tem três partes... - Eu começo a falar e Ryan balança a cabeça como se eu tivesse fazendo besteira mas eu continuo e conto o plano, ela ri e se empolga mas quando eu termino ela parece pensar em algo.
– Eu acho que podemos tornar isso mais divertido - ela fala com um sorriso misterioso.
– Tipo? - eu pergunto e ela senta na mesa balançando os pés como uma criança, ela esfrega as mãos fazendo um suspense e então fala o que gostaria de mudar, enquanto ela fala meu sorriso aumenta e Ryan se joga em uma cadeira coçando a cabeça.
– Perfeito - eu falo e ela sorri satisfeita.
– Cara, vocês são loucos - ele fala nos olhando e Keyse ri, ela me olha e estica a mão pra mim.
– Tá dentro ou vai se juntar ao seu amigo ali? - ela pergunta e eu sorrio e aperto sua mão.
– Mas o plano ainda é meu! E eu ainda mando por aqui - eu falo e ela solta minha mão, pula da mesa e bate a mão na testa.
– Sim senhor - ela fala com a voz grossa, Ryan esfrega as mãos no rosto e se levanta. - Só não entendi uma coisa... - ele fala se levantando e dessa vez não sou apenas eu que me irrito com essa lerdeza dele, Keyse revira os olhos e coloca a mão no ombro dele.
– Sua sorte é que você é bonito - ela fala implicando com ele.
– Então você me acha bonito? - ele pergunta se aproximando dela com um sorriso.
– É... - ela fala e olha ele de cima a baixo - Você tem talento - ela fala e ele sorri, mas eu conheço esse sorriso dele, então antes que ele tente algo eu me aproximo deles.
– Melhor a gente ir andando - eu falo quase entre eles dois e ele me olha quase me ameaçando, eu o encaro com sobrancelha erguida, ele resmunga e se afasta.
– Nós precisamos deixar o recado - Keyse lembra e eu abro a mochila, pego uma folha lisa e branca e coloco em cima da mesa.
– Alguém consegue disfarçar a letra? - eu pergunto e Keyse pega um lápis e balança no ar, eu empurro a folha pra ela e ela escreve, quando termina me entrega pra aprovação.
" Agradeço pela leitura, está sendo muito interessante!" Nós rimos e eu pego o papel da mão dela.
– Vamos - eu falo saindo na frente, olho para os lados e sigo pro corredor dos armários, enquanto Keyse verifica se não vem ninguém eu coloco o papel no armário dele e então saímos. -
Isso vai ser divertido - ela fala enquanto eu pego minha bicicleta e saímos da escola, saímos e quando chegamos ate a parte que temos de nos separar, Ryan vira a rua pra casa dele.
– Então, valeu por me deixar participar - ela fala enquanto continuamos pelo mesmo caminho.
– Como se eu tivesse outra escolha - eu falo e ela ri.
– Mesmo assim! Eu sou uma garota educada - ela fala com ironia e é a minha vez de rir, então quando ela vira a esquerda eu também viro - Você não devia ir por lá - ela fala me olhando curiosa e apontando pra rua de frente, eu estou montado na bicicleta e pedalando devagar.
– A Tia Grace sabe que você ia ficar até mais tarde na escola? - eu pergunto e ela me olha curiosa.
– Não! - ela nega dando de ombros.
– Então talvez ela não te mate se você chegar com uma testemunha - eu falo e ela sorri.
– Ou talvez ela mate nós dois - ela completa e nós dois rimos, a casa dela é logo no começo e já podemos ver a Tia Grace no portão.
– Alguém está encrencada - eu falo e ela me faz uma careta.
– Onde você estava até agora? - tia Grace pergunta quando estamos a alguns passos.
– A gente tava fazendo o projeto de ciências - eu falo e ela me olha curiosa.
– Pyter! Não te reconheci de longe - ela fala mais calma, eu avanço com a bicicleta e paro ao lado dela que logo beija minha bochecha - Meu Deus por que eu nunca conheci um garoto lindo assim quando era mais nova? - ela fala com aquele jeito doido dela, mamãe as vezes briga com ela por isso, mas ela não liga muito.
– Papai chegou? - Keyse pergunta quando se aproxima e beija a mãe.
– Ainda não! - ela fala e me olha sorrindo - Então vocês estavam fazendo trabalho? - ela pergunta curiosa.
– Ah é! De ciências - eu minto e ela sorri .
– Espero que sim - ela fala e eu sorrio dando a volta com a bicicleta.
– Eu tenho que ir! Tchau! Ate amanhã - eu me despeço e volto pro meu caminho.
Quando chego em casa Pérola já está lá e quando eu entro no meu quarto pra tomar banho ela entra atrás de mim. - Olha só! Você não pode me ameaçar, eu não fiz nada errado e você vai estar mentindo se disser o contrário, então nem vem por que eu não vou montar seu projeto todo! Ta aqui apenas uma ideia se quiser trabalhe nela você - ela fala e joga um caderno em cima da cama, eu ouço tudo parado olhando pra ela, então quando ela termina, cruza os braços e espera minha resposta.
– Obrigado, gostaria muito de manter essa conversa e tal mas eu meio que to entrando no banho agora! Mesmo assim foi muita gentileza sua - eu falo e posso ver o olhar chocado dela antes de me virar e entrar no banheiro.
Eu saio de lá e o quarto está vazio, eu pego o caderno que ela deixou na cama e vejo o projeto que ela criou, fico aliviado quando vejo que é bom e não muito complicado já que esses dias eu estarei ocupado, depois eu desço e mamãe esquenta o almoço pra mim e me deixa ficar no vovô, nós jogamos xadrez e ele pergunta como está na escola então pra ele eu conto o que vou fazer, ele ri mas não me censura como papai faria pelo contrário ele ainda colabora, só volta pra casa com ele pro jantar, papai conta que tia Grace está deixando ele louco pra que ele libere a Marie pra ajudar nas coisas pra festa da Keyse, mamãe fala que é pra ele ter mais autoridade por que ele sempre fica com cara de bobo, papai diz que ela está com ciúmes então ela se irrita e nós perdemos nossa hora pra televisão.
– Poxa mãe quem falou foi o papai - Pérola reclama e recebe um olhar de reprovação dela.
– Não é por isso - ela fala mas é mentira, sempre que ela fica com ciúmes do papai a gente que paga.
– Então deixa a gente assistir televisao - eu falo e ela me olha com a mão na cintura.
– Vocês vão dormir. Agora! - ela fala e aponta a escada.
– Valeu ein Pai - eu falo enquanto subimos e mesmo com mamãe furiosa com ele, ele sorri.
– Você não vai mesmo me contar nada né? - Pérola pergunta quando entramos no quarto. -
Finalmente - eu falo com ironia e ela faz uma careta.
– Só tenta não fazer muita besteira tá? - ela fala sentada na cama com as pernas dobradas e me olhando.
– Mas aí você me pede o impossível - eu falo e nós rimos - Agora eu que te peço, manda a Hazel fechar aquela boca dela - eu peço e ela promete que ela não dirá mais nada.
– Pelo menos você não tem tempo pra pegar no meu pé - ela fala sorrindo.
– Estou te dando uma pausa. Depois não diga que eu não sou legal - eu falo e ela me manda um beijo antes de apagar a luz do abajur.
Quando acordo não estou tão atrasado e consigo pelo menos tomar um copo de leite e sair comendo um pão, papai fica na porta nos olhando e acenamos pra ele do portão e eu posso apostar que ele ainda está na porta, como sempre acontece encontramos Ian na metade do caminho e logo eles estão na melacao.
– Ei Pyter! Tem uma garota que veio me perguntar se Você ta livre hoje - Ian fala e eu o olho curioso.
– Quem? - não sou eu que pergunto, é Pérola.
– A Senyse - ele fala dando de ombros.
– Não, ele ta ocupado - ela fala e eu a encaro - Ela é insuportável e dois anos mais velha que você - ela fala como se fosse algo muito grave - E você, pode parar com isso! Pyter não vai sair com qualquer uma - ela fala pela primeira vez parecendo irritada com Ian.
– Eu só comentei! Nós somos cunhados agora, só tava ajudando - ele se defende e ela o encara nada satisfeita, ele a aperta nos braços dele e beija sua bochecha, ela sorri e eles se beijam.
– Como uma coisa sobre mim acaba terminando em mais um beijo de vocês? - eu pergunto e eles riem, nós alcançamos a escola e eu vejo Ryan no pátio - Depois eu falo com vocês - eu aviso já indo até Ryan.
–Trouxe a parada - ele fala sorrindo ansioso.
– Ótimo! A gente tem que ir logo antes que alguem entre na sala - eu falo e nós nos afastamos do patio entrando pelos corredores.
– Iam começar sem mim? - Keyse fala correndo pra nos alcançar.
– Você ta atrasada - eu falo e ela me mostra a lingua, nós chegamos na nossa sala, eles dois vigiam a porta e então eu coloco uma das folhas do caderno que arranquei presa com fita colante no quadro.
– Pronto, agora vamos dar o fora - Ryan fala e nós corremos pelo corredor e nos juntamos aos outros no pátio, Keyse se junta com as garotas e quando o sinal toca e todos seguem pelos corredores ela me lança um olhar divertido, eu sorrio de volta.
– Anda que eu nao quero perder isso - Ryan fala me fazendo andar mais rápido, já que George esta mais a frente, o pessoal entra pela sala e ninguém parece notar nada, nós entramos também e é Marcel, um dos garotos que anda com a gente que vê o papel.
– Ei, que isso lá no quadro - ele fala e aponta pro papel mas George e os outros não dão atenção, então uma menina vai lá e arranca.
– Ta com seu nome George! - ela fala e ele a olha curioso, ela estica o papel pra ele e a cor do rosto dele some.
– Que palhaçada é essa? - ele pergunta olhando pra menina.
– Sei lá! Tava ali colado! - ela fala olhando como se ele fosse louco, ele nem espera ela terminar e sai correndo da sala, provavelmente indo pro armário, Ryan me olha segurando o riso enquanto todos tentam entender, Paul vai atrás do amigo e alguns minutos depois eles voltam.
– Quem foi o imbecil que deixou isso aqui? - ele pergunta parado lá na frente segurando o papel, todos parecem confusos, cochichando um com outro, Keyse disfarça e olha pra gente sorrindo - Eu vou descobrir quem foi e você vai se arrepender - ele fala e então a professora aparece.
– Espero que isso não seja uma ameaça George, se não você terá que se explicar na diretoria - ela avisa e ele volta pro lugar bufando de raiva e olhando a cada um pelo caminho, quando ele me olha eu faço uma cara de confuso, ele se senta falando algo com Paul. Quando chega o intervalo ele sai da sala apressado falando algo sobre descobrir e recuperar o caderno.
– Primeira fase! Concluída - Keyse fala quando nos alcança no corredor.
– Escreveu o bilhete? - eu pergunto e ela sorri enquanto me entrega o papel dobrado.
– Agora, se misturem pessoal - eu falo sorrindo e ela se afasta, eu e Ryan vamos para a fila do refeitório e eu abro o papel sobre a bandeja disfarçado.
"Não adianta fazer cara feia, se quiser o caderno é melhor seguir tudo certinho, do contrário iremos dividir nossa leitura preferida com a diretora e talvez alguns pais... Em primeiro lugar, agora na aula de música você vai pedir pra cantar uma música e então vai cantar " Eu sou uma princesa" sorrindo obviamente! E em segundo lugar vai admitir na frente da sua turma que é um babaca. PS: Nem pense em não cumprir ou a próxima folha aparece na mesa da diretora, você vai ter muito que explicar"
– Essa ultima parte... Do babaca... Não estava no plano? Estava? - Ryan pergunta quando lê junto comigo, eu nego um pouco irritado, odeio que mudem os meus planos - E o que você vai fazer? - ele pergunta me conhecendo bem, eu dobro o papel e coloco no bolso.
– Agora já ta feito, não dá tempo de refazer - eu falo já me preparando pra falar com a Keyse.
– Mas eu tenho que confessar que vai ser demais - ele fala rindo e mesmo irritado eu acabo sorrindo imaginando - Se ele fizer ... - ele fala e eu sorrio mais ainda.
– Ele vai fazer! Ele não pode arriscar - eu falo e ele me olha sorrindo, nós pegamos o lanche e nos sentamos com o pessoal do time de luta, como hoje tem treino todos falam disso, mas antes que o intervalo acabe eu cutuco Ryan e saímos da mesa, verificamos onde George está e corremos pra sala de aula que esta vazia, eu vigio a porta e Ryan coloca o bilhete no caderno dele junto com mais uma filha arrancada do caderno, saímos rápido de lá e eu esbarro em Keyse no refeitório, eu me lembro da mudança dela.
– Nunca mais, muda nada - eu aviso olhando sério pra ela que mesmo errada não abaixa a cabeça.
– Vai me dizer que você não gostou? - ela pergunta me encarando com a sobrancelha erguida, antes que eu respondesse o sinal toca, Hanna aparece abraçando Keyse.
– Ei, você não me devolveu minha caneta naquele dia - ela fala pra mim.
– Ah qual é? Vai me cobrar uma caneta? - eu pergunto implicando com ela que faz um sim com a cabeça - Você deveria se sentir honrada por ser do meu grupo de amigos - eu falo e ela revira os olhos.
– Isso não é honroso. É perigoso - ela fala e segurando meu queixo ela balança minha cabeça e sorri - Tudo bem! Fica com a caneta - ela fala já andando com Keyse.
– Você é muito generosa - eu falo alto por que ela se afasta e ela sorri se virando pra mim.
– Você acha que a Hanna aceitava sair comigo? - Ryan pergunta do meu lado olhando elas se afastando, eu acabo rindo.
– Será que você só pensa nisso? - eu pergunto rindo depois de dar um tapa na cabeça dele.
– E tem coisa melhor? - ele me pergunta fazendo uma cara inocente - Ò que legal! Eu com a Hanna e você com a Keyse - ele fala mexendo a sobrancelha.
– Ryan, Cala a boca! - eu peço ignorando ele que ri, entramos na sala e George esta lendo o bilhete, ele xinga e amassa o papel socando o caderno, Paul fala algo e ele parece xingar ele também.
– Pessoal! Sala de música em 5 minutos - a professora avisa e vejo quando ele continua seu ataque de fúria.
– Ele nao vai fazer - Ryan sussurra enquanto andamos pra sala de música. - Ele TEM que fazer - eu conserto com a certeza que ele não vai arriscar. Nós entramos na sala e vamos para os fundos, Keyse e Hanna estão bem na frente já que elas fazem o solo da música que estamos ensaiando, esperamos os cinco minutos e quando a professora entra George e Paul ainda não apareceram, Keyse se vira pra trás e nos pergunta sem som "cadê?" se referindo a ele, eu dou de ombros e disfarço abrindo a pasta com a música.
– E se ele não fizer? - Ryan pergunta fingindo me mostrar uma parte da música.
– Então a diretora terá algo pra ler hoje - eu falo e ele me olha curioso mas sorri.
– Ele se dá mal de qualquer jeito - ele fala orgulhoso, então a aula começa, Keyse faz o primeiro solo e a professora sorri quando ela não erra nenhuma nota, bom, não conheço muito de música mas sei o suficiente pra saber que Keyse arrasa cantando, acho as vezes ela melhor que a Pérola, Hanna entra na segunda parte e também faz tudo certinho, nós entramos no coro e enquanto isso o relógio vai andando e nada do George, cantamos a música pela segunda vez e nada dele, então quando a professora já estava revendo algumas mudanças ele aparece. - Oh que bom que resolveram se juntar a nós - a professora fala quando ele e Paul entram, ele parece explodir de raiva, enquanto Paul empurra ele na direção da professora, Ryan me olha e eu tento não olhar muito pra ele, mesmo sem olhar na direção dela sei quando Keyse se vira e me lança um olhar, Paul empurra George de novo e ele se vira e fala algo parecendo muito irritado, Paul parece assustado mas tenta parecer mais calmo e fala algo no ouvido dele, mesmo longe posso ver ele bufando de raiva e me seguro pra não rir, então ele cerra os punhos e levanta a mão, a professora o olha curioso.
– Pode falar George. Talvez você possa explicar o que estava fazendo de tão importante que não estava na aula... - ela fala e ele força um sorriso.
– Na verdade professora eu estava pensando se a gente não podia mudar a música - ele fala e ela o olha confusa e curiosa, então indica que ele fale, ele olha pro Paul que o incentiva então parecendo morrer de ódio, ele limpa a garganta e quando George começa a cantar a primeira frase, Ryan sorri satisfeito...
"Eu gosto de rosa, de brilhos e borboletas..."
Toda a turma começa a rir, ele encara o chão e continua cantando, Ryan ri cada vez mais alto e Keyse se diverte tanto quanto ele, os outros garotos assobiam e implicam com ele.
– Essa é a música que sua mãe canta antes de você dormir? - alguem pergunta e a professora se levanta.
– Já chega! - ela fala e todos seguram a risada, George para de cantar - Não quero ouvir uma piada - ela avisa olhando pra turma que tenta não rir - E quanto a você George, não assiste a aula, chega no final e ainda quer tumultuar e chamar a atenção? - a professora que geralmente é doce e sorridente parece realmente irritada, George não diz nada - Nós vamos conversar no final da aula - ela avisa e dá as costas pra ele.
– Só mais uma coisa...- ele fala e ela o olha com reprovação - É que as vezes eu sou um babaca - ele fala e a professora o adverte.
– Já chega George, aguarde no canto - ela fala apontando a parede do fundo, Paul lança um olhar pro amigo e ele o ignora e se encosta na parede de braços cruzados, eu evito olhar, quando a aula acaba a professora nos dispensa deixando apenas George lá, só quando estamos no pátio que Keyse nos alcança.
– Dia produtivo não foi meninos? - ela fala sorrindo satisfeita mas eu ainda lembro que ela mudou o recado.
– Eu ainda lembro o que você fez - eu falo e ela revira os olhos - Olha só se você quer dar uma lição por que o cara te dispensou o problema é seu, só não vem mudar as minhas coisas - eu falo e ela me encara.
– Quem disse que ele me dispensou? - ela pergunta irritada.
– Vai me dizer que não é por isso que você quis entrar nessa coisa toda? - eu pergunto e ela pela primeira vez desvia o olhar.
– Fala sério! Você é afim dele? - Ryan pergunta horrorizado.
– Não! - ela fala rápido e eu a encaro, ela solta o ar e revira os olhos - Tá, eu meio que gostava dele... - ela admite e Ryan fica ainda mais horrorizado - Mas foi ano passado e ele não era um idiota total - ela fala e nós rimos.
– Ele sempre foi um idiota total - Ryan fala e ela dá de ombros.
– Que seja! A gente conversava e tal, até eu descobri que ele e o Paul tinham apostado quem ficava comigo primeiro - ela fala irritada.
– E quem ganhou? - Ryan pergunta e ela dá um tapa na cabeça dele.
– Ninguém né ô idiota! Eu descobri e parei de falar com ele - ela fala dando de ombros.
– Só isso? - eu pergunto estranhando.
– Depois de chutar entre as pernas dele - ela fala e eu sorrio, ela parece orgulhosa.
– Só não muda mais nada sem antes falar comigo - eu aviso e ela coloca a mão na testa.
– Sim, senhor - ela fala e sorri - Vocês já vão? - ela pergunta indicando a saída.
– Não, tem treino hoje - eu falo mostrando a bolsa com as coisas pro treino.
– E nosso campeão tem que treinar - Ryan fala com a mão no meu ombro - Se quiser continuar campeão né - ele fala me olhando.
– Eu nasci pra isso - eu falo rindo orgulhoso.
– Nada como a humildade - Keyse fala com ironia enquanto nós nos afastamos para o ginásio, nós vamos direto pro vestiário e trocamos o uniforme pela calça branca larga, o Kimono e a faixa, a minha preta, a do Ryan marrom, saímos e logo começamos o treino, o professor nos dá a sequência pra aquecimento e depois treinamos os golpes, mais de uma hora depois eu estou pingando de suor, a respiração forte e sentindo cada músculo do meu corpo dolorido, ainda assim o professor me força pra mais uma sequência com ele enquanto Ryan treina com outro garoto, passam mais meia hora e então quando o professor me joga no chão eu levanto o braço, sem nem conseguir me mexer mais, ele ri e bate na minha perna.
– Por hoje tá bom! Dispensado - ele fala e eu fico deitado de olhos fechados tentando descansar cinco minutos, quando eu finalmente consigo diminuir minha respiração eu me sento, o suor ainda escorre e eu tiro a parte de cima, enrolo a faixa na minha mão e Ryan aparece me esticando a mão, eu aceito e me levanto, a gente sai do tatame e estávamos voltando pro vestiário.
– E acabou? - a voz nos chama a atenção, Keyse está sentada nos olhando - Só isso? - ela pergunta fazendo cara de desdém.
– Você não aguentaria nem o aquecimento - Ryan fala enquanto ela vem até nós, não é uma surpresa ela estar aqui por que os treinos são abertos, qualquer um pode ver mas já acabou as aulas.
– Você nao tem mais medo da sua mãe não? - eu pergunto e ela sorri.
– Relaxa, ela sabe onde eu tô! Você nao precisa me levar em casa de novo - ela fala com ironia e Ryan me olha curioso.
– Ela livrou a gente ontem e eu livrei ela de um castigo - eu falo e ele ainda me olha desconfiado. -
Que isso? É tipo o amuleto da irmandade? - ela pergunta apontando pra corrente que eu e Ryan usamos, eu olho pra corrente em volta do meu pescoço e ela aproxima a mão segurando o pingente, que são duas mãos se apertando, mas depois de olhar a figura, o olhar dela desce um pouco mais.
– O Pyter que me deu - Ryan fala e ela solta a corrente rápido e me olha como se tivesse sido pega em flagrante, mas disfarça e olha pro Ryan que continua a historia - Foi presente de aniversario - ele lembra segurando a própria corrente.
– Cara ninguém quer ouvir - eu falo empurrando ele pra voltar a andar.
– Ah, eu quero muito ouvir - Keyse fala se virando pra dar atenção ao Ryan. - Ano passado no meu aniversario, o Pyter fingiu que esqueceu. Nós passamos o dia juntos aqui na escola, treinamos e ele não me deu os parabéns, eu tava preparado pra dar um sermão nele quando cheguei em casa e tinha uma caixa em cima da minha cama, junto com um cartão que tava escrito "não precisa chorar princesa, irmãos nunca se esquecem!" - ele falou e me olhou sorrindo, eu revirei os olhos, ele adora contar isso - Na caixinha tava a corrente e ele ainda apareceu lá em casa com bolo - ele relembra sorrindo.
– Então quer dizer que você também é do tipo fofo? - Keyse pergunta me olhando e sorrindo, eu reviro os olhos - Não, é sério! Isso foi bem legal - ela admite sinceramente.
– Foi mesmo e depois eu ainda vi que ele tinha uma igual - Ryan completa e ela sorri. -
E o que eu faço pra ganhar uma dessas? - ela pergunta me olhando.
– Nada - eu falo dando de ombros e ela me olha - Você nao ganha. Ponto - eu falo e ela sorri mais ainda, ia me responder algo mas outra voz surge primeiro.
– Pyter - eu olho pro lado e Priscila vem na minha direção, ela coloca o cabelo atrás da orelha e se aproxima e beija minha bochecha com a mão no meu peito - Você ta todo suado - ela fala recuando a mão, mas sorri.
– Eu tava treinando - eu falo sorrindo também.
– É eu vi! Meus Parabéns - ela fala e os olhos dela também descem pelo meu peito mas ela não disfarça como a Keyse - Nós vamos pra aquela lanchonete na praça, você não quer ir com a gente? - ela pergunta me olhando ansiosa.
– Ia ser maneiro - Ryan fala se aproximando, ela sorri pra ele.
– Mas a gente tem o trabalho de ciências - Keyse fala e agora Priscila se vira pra ela.
– Você pode ir também - ela fala e Keyse revira os olhos.
– Com eles? - ela pergunta e olha pra entrada do ginásio onde um grupo de uns 5 espera por ela, eles também fazem parte dos populares - Não, obrigada - Keyse recusa e Priscila dá se ombros.
– E você? - ela me pergunta ansiosa.
– Não vai dar, eu... Eu... Nem avisei em casa, e tem o trabalho de ciências - eu falo e ela parece desapontada.
– Eu queria muito que você fosse - ela fala e sorri.
– Se der eu passo lá - eu falo e ela beija minha bochecha.
– Vou esperar - ela fala já se juntando aos outros.
– Fala sério cara, ela tava te dando maior mole -Ryan fala enquanto me empurra várias vezes - É assim que você quer ela? - ele pergunta e eu o empurro de volta.
– Fala sério, você não quer ela quer? - Keyse pergunta me recriminando.
– Falou a menina que era apaixonada pelo George - eu falo e ela me da um tapa no braço.
– Nunca mais lembra isso - ela fala e eu sorrio - Essa garota é nojenta! É como o George de saia - ela fala e nós rimos.
– Mas ela é gata - Ryan fala e eu tenho que concordar.
– Ela só quer ficar com você por que você é popular! - ela joga na minha cara, mas eu sorrio.
– Acho que eu tenho algo a mais né - eu falo e abro os braços, ela me dá uma olhada geral mas dá de ombros.
– Grandes coisa - ela fala fingindo desinteresse, eu sorrio.
– Não mente Keyse, nao mente - eu falo já voltando a andar pro vestiário.

– Nós vamos na lanchonete né? – Ryan pergunta enquanto entramos pelo vestiário, eu não respondo, coloco minha mochila no banco que fica no meio do espaço e começo a me livrar da minha calça e entro debaixo do chuveiro – Olha, a Priscila vai tá lá, a Lena vai tá lá, cara nós TEMOS que ir – ele fala também entrando no chuveiro ao lado.
– Não, VOCÊ que quer ir – eu falo e ele olha por cima da pequena parede que nos separa.
– Você é ou não a fim da Priscila? – ele pergunta me olhando, eu enfio a cabeça debaixo da água – Eu respondo, sim, você é! E que tipo de chance você acha que tem se não fizer nada? Eu respondo de novo, Nenhuma! – ele fala e eu continuo sem responder, eu termino a chuveirada e puxo minha toalha – Olha só você é meu melhor amigo então é minha função falar isso... – ele fala e para na minha frente de braços cruzados.
– Cara, pega a toalha ou coloca a bermuda – eu falo e ele ri mas faz uma careta e enrola a toalha na cintura.
– Você é bonitão, engraçado, rico, popular, aparece até na televisão, mas não sabe aproveitar isso entende? – ele me pergunta parecendo realmente preocupado.
– Eu acho que eu sei sim – eu discordo e ele nega decepcionado.
– Não me leva a mal, mas você nunca nem ficou com nenhuma garota – ele fala e eu reviro os olhos enquanto visto minha bermuda, sabia que uma hora ele ia falar isso.
– Como se você já tivesse ficado com muitas... – eu falo pra implicar com ele. - Duas – ele fala orgulhoso e começa a se vestir.
– Sendo que uma é sua prima, não conta – eu falo e ele ri.
– É uma garota e ... ainda assim é mais que você – ele fala dando de ombros – Não que eu esteja apostando nem nada, mas olha, acho que você tá se concentrando demais nas suas pegadinhas e esquecendo o lado bom de ser você – ele fala e eu o olho curioso – TODAS as garotas já quiseram ou ainda querem ficar com você – ele explica e eu sorrio orgulhoso, isso é verdade – Eu só acho que você poderia aproveitar melhor – ele fala dando de ombros.
– E virar um George? – eu pergunto e ele nega.
– Você nunca seria um babaca assim, primeiro por que eu não deixaria, segundo por que seus pais te matariam e terceiro por que eu conheço o amigo que eu tenho – ele fala e joga a mochila nas costas – Só pensa nisso – ele fala e nós saímos do vestiário, só tem o professor no ginásio e então saímos da escola, quando eu me separo do Ryan começo a pensar no que ele disse e talvez ele esteja certo, não é que eu não tenha tido vontade de ficar com nenhuma dessas garotas, eu tive, mas sei lá, elas sempre parecem a mesma coisa e eu acabo achando mais interessante trabalhar nas minhas ‘’ideias’’.
– Ei... tá com a cabeça na lua? – a mão no meu ombro me balançando me distrai, papai me olha rindo.
– Eu nem vi você – eu falo enquanto ele começa a andar do meu lado.
– Percebi – ele fala sorrindo e me olha curioso – O que você tava pensando de tão importante? – ele pergunta e eu levo alguns segundos avaliando.
– Quando você era da minha idade, tipo, muitos, muitos anos atrás... – eu falo pra implicar com ele que me empurra rindo – Você, sei lá, ficava com as garotas? – eu pergunto meio indeciso e ele sorri me olhando.
– Por que essa pergunta? – ele pergunta e eu reviro os olhos.
– Você não me respondeu - eu falo e ele ri.
– Verdade! Eu não saia por aí, ‘’ficando’’ com as garotas – ele fala me olhando – Mas eu tive meus momentos – ele revela e eu o olho curioso.
– Achei que você sempre tivesse apaixonado pela mamãe – eu falo e ele concorda.
– E é verdade, mas sua mãe nem me olhava, e mesmo há muitos, e muitos anos atrás eu era um garoto... – ele fala rindo – Tinha meus irmãos, algumas garotas bonitas... bem, aconteceu – ele fala dando de ombros – Mas por que isso? – ele me pergunta e eu dou de ombros agora.
– É que eu... bem... nunca beijei – eu falo meio gaguejando e olhando pro chão, ele para de andar e eu paro também.
– Isso não é um problema – ele fala e eu discordo.
– O Ryan tá achando que é – eu falo meio sorrindo.
– Cada um é de um jeito, você não tem que fazer algo por que todos estão fazendo... Se você não quer fazer, não faça – ele fala e me olha.
– E se eu quiser mas não souber como fazer ? – eu falo e ele ri.
– Na hora você sabe o que fazer - ele garante sorrindo.
– É que tem uma garota, ela é MUITO gata – eu falo e ele ri de novo – Mas sei lá, eu nunca sei o que fazer – eu falo e ele coloca a mão no meu ombro e me puxa pra ele.
– Sinceramente, eu preferia que continuasse assim – ele fala e eu levanto o rosto pra olhar pra ele, ele ri – Mas... eu sei que você tá crescendo – ele admite meio contrariado, eu espero ele continuar – Só deixa as coisas acontecerem... ela pode ser gata mas você também é bonitão – ele fala e bagunça meu cabelo – Sem falar que é um campeão – ele completa orgulhoso, então começa a perguntar dos treinos e das lutas e eu entendo que ele não quer falar mais sobre isso, ele já tá surtando com o namoro da Pérola, melhor deixar assim.
No outro dia eu encontro Ryan no portão da escola, Keyse aparece logo depois.
– E aí? – eu pergunto e ela me entrega outra folha com recado pro George. ‘’Dez horas no almoxarifado. Tem um presente pra você lá!’’ – eu sorrio aprovando.
– E sua parte? – ela pergunta e eu abro a mochila mostrando uma caixa quadrada preta, com um laço vermelho, eles sorriem.
– Vamos? – Ryan pergunta e eu concordo, nós entramos e com cuidado vamos pro almoxarifado, enquanto eu vigio o corredor principal, Ryan vigia o outro lado e Keyse leva a caixa e esconde lá.
– Pronto – ela fala e nós saímos sem ninguém ver, dessa vez eu entro na sala e coloco a folha com o recado em cima da cadeira do George com mais uma folha do caderno, saímos de novo sem problemas e nos misturamos, até o sinal bater e entrarmos na sala, George pega a folha e xinga e tem seu ataque de novo, resmungando com Paul.
– Acho que estão abalando a amizade deles – Ryan cochicha e eu sorrio. A aula começa e quando dá dez horas George e Paul saem apressados.
– Eu to adorando isso – Keyse confessa parando ao nosso lado, nós rimos – E aí? O que você escreveu lá? – ela pergunta e eu sorrio.
– Surpresa – eu falo e eles tentam me fazer falar mas eu nego e entramos no refeitório. Na caixa que George vai encontrar, tem um gravador e duas folhas com instruções, em uma folha diz que ele deve ler o que está escrito na outra, gravando tudo obviamente, depois ele deve deixar o gravador escondido entre as caixas do almoxarifado, ou é claro, o restante das folhas aparecerão por todos os lados.
– Pyter – Priscila me chama se aproximando, como sempre ela beija minha bochecha – Você não foi – ela fala fazendo uma cara triste.
– Não deu mesmo! Mas a gente pode marcar outro dia, só tem que ser depois da luta – eu falo e ela sorri mais ainda.
– Claro, não queremos perder nosso campeão – ela fala e sorri antes de beijar minha bochecha novamente.
– Estamos avançando – Ryan fala implicando comigo, eu dou uma cotovelada nele e nós rimos. Quando voltamos pra sala de aula, pelo mau humor de George ele deve cumprido o que mandei. Na hora da saída Ryan fica ansioso.
– A gente tem que pegar o gravador – ele fala baixo mas já de pé. - Hoje não – eu falo e ele me encara confuso.
– Óbvio que ele e o Paul vão montar guarda – Keyse fala o que eu já havia pensado, eu sorrio concordando - Como você consegue trabalhar com ele? – ela me pergunta fazendo uma cara de confusa, eu acabo rindo e Ryan não parece achar graça.
– Pega leve! Ele é um bom garoto, só funciona mais devagar – eu falo passando o braço pelos ombros dele e ele me faz uma careta.
– Se você diz – ela fala rindo – E aí? Temos que fazer o projeto de ciências – ela lembra enquanto andamos pelo corredor.
– As três lá em casa! Agora a gente tem treino – eu aviso já seguindo pro lado oposto, ela concorda e nós vamos pro ginásio, quando acabamos o treino, passamos pela casa do Ryan apenas pra avisar que vamos fazer trabalho, depois vamos lá pra casa, mamãe nos serve o almoço enquanto Pérola já está saindo de casa pra ir pra Hazel, eles vão fazer o trabalho deles lá, Keyse chega cinco minutos atrasada.
– Tá atrasada – eu falo quando abro a porta, ela revira os olhos.
– Agradeça que eu vim – ela fala e passa direto se jogando no sofá ao lado Ryan.
– Keyse – mamãe fala descendo as escadas.
– Tiaa... – ela levanta e vai até ela, abraçando e beijando – Minha mãe pediu pra falar que ela tá te esperando amanhã lá na tia Delly – ela avisa e mamãe mesmo sem parecer animada diz que vai, então depois de nos desejar juízo, ela avisa que vai arrumar algumas coisas lá em cima e nós ficamos pela sala colocando no papel as ideias da Pérola, fizemos algumas mudanças e a noite já tinha caído quando acabamos.
– Você não é tão burro como os garotos bonitos geralmente são ... – Keyse fala quando eu termino de escrever algumas coisas no cartaz.
– Então você me acha bonito – eu falo e ela me empurra. - É o que dizem... – ela fala dando de ombros.
– SEI. – eu falo me levantando – E você não é tão insuportável como as garotas mais ou menos bonitas são – eu falo e ela tenta me dar um tapa na perna, mas eu recuo.
– Já acabou os elogios? Não quero atrapalhar nada – Ryan fala nos olhando – E agora? – ele pergunta e eu e Keyse nos olhamos – O que a gente faz com o George? – ele completa e nós sorrimos.
– Agora é a melhor parte... o terror psicológico – Keyse fala rindo – A gente não faz nada, até a feira, nós já temos o que precisamos... – ela fala e Ryan sorri satisfeito. Nós lanchamos e papai leva eles e depois vai buscar Pérola. Vovô e mamãe brigam e ela o expulsa de casa, ele grita pelo lado de fora e eu apenas fico quieto sem tomar lado de ninguém, mas antes do papai chegar, mesmo brava com o vovô, ela me chama na cozinha e me manda ir dar o remédio dele. - Eu não vou tomar nada que ela mandou, quem me garante que é remédio – ele reclama se recusando a pegar o comprimido.
– VÔ! – eu reclamo entregando o copo de água – Para de bobeira e toma logo, vocês sempre brigam mesmo – eu falo ele pega o remédio.
– Por que ela é ...
– VÔ – eu alerto antes que ele continue – Ela é minha mãe e ela se preocupa com você se não nem ia ligar pro remédio – eu falo e ele parece irritado, mas toma o remédio.
– Será que você pode assistir um pouco de TV com esse velho ou tem mais alguém pra defender? – ele pergunta e eu sorrio antes de me jogar no sofá ao lado dele, mesmo bravo ele sorri quando eu encosto a cabeça no ombro dele, só vou embora quando papai aparece pra me mandar pra casa, vovô diz que está sem fome mas papai avisa que vai trazer um prato assim mesmo, ele não discute, mamãe parece mais calma e nós jantamos normalmente. No dia seguinte na escola George parece meio confuso quando não encontra nada, eu me divirto com a confusão dele, então antes da aula acabar eu peço pra ir ao banheiro, com cuidado eu vou até o almoxarifado que fica vazio e remexo nas caixas até achar o gravador, eu pego e saio da sala, estava saindo do corredor quando uma mão me puxa rápido e quase me empurra pra dentro do laboratório de informática.
– Tá maluca? – eu pergunto quando vejo Keyse, ela olha pra trás.
– Paul saiu da sala – ela fala cochichando, eu olho por cima da cabeça dela e vejo ele indo para o corredor do almoxarifado – Se ele chegar lá vai saber que foi você – ela fala o que eu já desconfiava, então antes que eu fale algo ela me dá um tapa na cara.
– Qual seu problema? – eu pergunto com a mão no rosto, ela se afasta rápido.
– Na próxima vez eu chamo a diretora – ela fala indo pro meio do corredor, eu a olho sem entender – Ei você... tem alguém no corredor? – ela pergunta pro Paul que parou pra nos olhar, ele parece confuso mas nega, então ela me olha de novo e quando eu começo a entender, ela me acerta entre as pernas, eu me curvo pra frente – Foi mal – ela fala com as mãos no meu ombro mas eu já estou no chão, consigo ouvir a risada do Paul e ele se aproxima pra ver melhor.
– Parece que o campeão foi derrotado – ele fala com ironia enquanto eu continuo com a mão entre as pernas e sentado no chão – Por uma garota – ele fala rindo.
– Pelo menos ela conseguiu o que você não chegou nem perto – eu falo e abro os olhos a tempo de ver ele fechar o sorriso.
– Mas é você que tá no chão agora – ele fala e solta um sorriso irônico – Só queria saber o que aconteceu pra te deixar tão nervosinha – ele fala e passa a mão pelo cabelo dela que esquiva.
– Não te interessa – ela fala e então o sinal toca, é como se todos saíssem ao mesmo tempo e logo o corredor começa a encher.
– Droga – ele murmura e sai correndo, Keyse vem me ajudar a levantar.
– Não encosta em mim – eu falo me esquivando e me apoiando na parede.
– Olha desculpa, mas era o único jeito dele parar – ela fala parecendo culpada mas ainda orgulhosa.
– E eu deveria te agradecer? – eu pergunto com ironia ainda sentindo o chute.
– Na verdade sim – ela fala e sorri.
– Onde vocês estavam? – Ryan pergunta quando nos alcança.
– Eu que te pergunto, onde você tava que não viu o Paul sair da sala? – eu pergunto e ele parece confuso.
– A Keyse logo pediu pra sair, eu sabia que ela ia te ajudar... – ele fala sem entender minha raiva.
– Grande ajuda – eu falo com ironia e olho pra ela irritado.
– E aí? – ele pergunta nos olhando, tentando entender.
– Eu preciso de gelo – eu falo e dou o primeiro passo devagar e mancando.
– Eu consigo o gelo – ela fala vindo atrás de mim.
– Não precisa – eu falo rápido então ela avança e para na minha frente.
– Deixa de ser mal agradecido, eu podia deixar você se ferrar e te ajudei, então para de fazer drama – ela fala se achando certa.
– Me faz um favor... Não me ajuda mais – eu falo e passo por ela, ela avança de novo mas quando para na minha frente Priscila passa por nós e antes que eu entenda por que eu chamo por ela.
– Pyter – ela se vira sorrindo e vem até a mim, beija minha bochecha e eu a dela, Keyse continua parada de braços cruzados me encarando.
– Meu treino hoje é mais tarde, a gente podia sei lá... tomar um sorvete? – eu pergunto mas quando as palavras saem eu me arrependo. ‘’Tomar um sorvete’’, isso foi péssimo, mas pelo sorriso do Ryan acho que não foi tão ruim.
– Eu ia adorar – ela fala sorrindo – Eu te espero no pátio quando acabar a aula – ela fala e eu concordo, beijo a bochecha dela e ela a minha.
– Tomar sorvete? – Keyse pergunta reprovando.
– É isso aí garoto – Ryan fala e me dá um soco de leve no ombro.
– Isso foi ridículo, ridículo – ela fala e sai batendo o pé.
– Uau, ela parece com ciúmes – Ryan fala rindo, eu reviro os olhos e nego.
– Ela é maluca – eu falo e quando ando sinto a pontada de novo, ele me olha curioso – Ela me chutou – eu falo e ele arregala os olhos e ri – Não tem graça – eu falo e o empurro mas ele continua rindo. Nós vamos pro refeitório e passo direto pela mesa da Pérola por que ela está com todas as garotas, sento com o mesmo pessoal de ontem e depois voltamos pra sala, quando a aula acaba e eu estou saindo ouço a voz da Keyse.
– Cuidado pra não engasgar com o sorvete – ela fala e eu passo direto, assim que saio um dos garotos que treinam com a gente me alcança.
– Ei Pyter, o treino vai ser mais cedo – ele fala e Ryan que estava comigo reclama mais do que eu.
– Já to indo – eu falo e ele vai embora pro ginásio – Leva minha mochila – eu falo pro Ryan e mesmo contrariado ele faz, assim que chego no pátio vejo Priscila, ela sorri e acena, eu vou até ela, cumprimentando com um beijo na bochecha.
– Eu vou ter que ficar te devendo – eu falo e ela faz uma cara feia – O treino foi adiantado – eu falo.
– Poxa! Eu estava ansiosa pra isso – ela fala com um sorriso que quase me faz perder o treino, mas eu não posso.
– Eu também estava – eu confesso e ela sorri satisfeita – Mas a luta é na sexta, vai ter que ficar pra próxima – eu falo e ela concorda.
– Eu vou cobrar – ela garante e eu sorrio, nos despedimos e eu vou pro ginásio. O treino é ainda mais puxado, são faltam dois dias pra luta e o professor exige nosso Maximo, quando acaba, eu corro logo pro vestiário, tomo uma chuveirada e nós vamos embora. Os outros dois dias passam praticamente igual, mas nenhum recado pro George, o gravador está muito bem guardado e eu já voltei a falar com a Keyse, por mais que tenha doído, ela me salvou, então no dia seguinte eu acabei agradecendo e ela claro ficou ainda mais orgulhosa do que fez, ela quis saber como foi com a Priscila e quando eu digo que não pude ir ela sorri satisfeita. Na sexta as 10 horas, o ginásio está cheio, todos os alunos estão lá, nós nos aquecemos e eu descubro que vou ser o ultimo de seis, Ryan é o terceiro, eu assisto as lutas, no banco próximo ao professor, quando Ryan sobe no tatame eu me levanto e como sempre me empolgo torcendo por ele, que demora um pouco mas consegue a vitória, as outras lutas acontecem e começa a me dar um cala frio quando chega minha vez, mesmo treinando muito e sabendo que eu posso ganhar, isso sempre acontece, papai diz que é normal e talvez seja mesmo, mas eu ficaria mais tranquilo se ele estivesse aqui, infelizmente hoje a luta é fechada, eu subo no tatame, cumprimento o outro garoto e o sinal é dado, ele é um pouco mais alto que eu mas pra minha sorte ele sempre deixa as pernas abertas demais, eu passo a minha por ele, jogo o corpo dele nas minhas costas e então em um golpe rápido o derrubo com as costas no chão, VITÓRIA, mais uma, eu sorrio e levanto os braços que seguem acompanhados de palmas e gritos pelo nome, eu adoro isso, ver todo mundo me gritando, ajudo o garoto a levantar e quando meu braço é levantado, pela sexta vez seguida Ryan sobe no tatame e junto com os outros garotos me levantam, a gritaria aumenta e é preciso que o professor coloque um pouco de ordem, quando tudo termina e eu estava olhando mais uma medalha Pérola corre com os braços abertos, eu abro os braços e ela praticamente pula em mim.
– Meu campeão – ela fala beijando varias vezes minha bochecha – Papai ia amar ver aquilo – ela fala orgulhosa, eu a levanto do chão e ela ri me pedindo pra parar, eu beijo a bochecha dela e a coloco no chão, Ryan também está recebendo os parabéns a alguns passos de onde estamos, Ian me cumprimenta e Hazel também.
– Eu até ia te abraçar mas... você tá muito suado – ela fala fazendo cara de nojo e então eu a abraço a força, ela reclama me dando tapas no ombro mas acaba rindo.
– Eu preciso de um banho – ela fala quando eu a solto, Pérola ri e eles se afastam.
– Arrasou ein – Hanna fala se aproximando, eu sorrio e diferente da irmã ela me abraça sem reclamar, mas logo Hazel chama ela e ela corre até lá.
– É, nada mal – Keyse fala fazendo uma cara de desdém.
– Fala sério, eu fui incrível – eu falo e ela nega rindo – Confessa, eu SOU incrível – eu falo e a risada dela aumenta – Anda cumprimenta o campeão mais incrível do Distrito inteiro – eu falo abrindo os braços e ela nega, apertando os braços dela ao redor do próprio corpo, eu sorrio mas a abraço forçado.
– Você tá suado... isso é nojento – ela reclama mas está rindo – E você não é incrível – ela acrescenta e eu aperto meus braços ao redor dela tirando ela do chão, ela solta um grito e segura meus braços rindo, eu a coloco no chão ainda rindo – Você é um idiota – ela fala mas não parece irritada.
– Você também é – eu falo mas somos interrompidos.
– Eu também ganhei, alguém se lembra? – Ryan fala e Keyse sorri e o abraça. Nós combinamos de ir até a praça e já estávamos do lado de fora da escola quando uma mão alcançou a minha.
– Eu sabia que você ia ganhar – Priscila fala já me abraçando – Uma vez campeão... sempre campeão – ela fala ainda abraçada a mim, Keyse e Ryan param a alguns passos a frente – Eu tenho um presente – ela fala e eu olho pra sua mão, mas não vejo nada, antes que eu perguntasse, acontece, ela me beija, primeiro eu levo um susto por que não estava esperando, depois quando ela move os lábios no meu, eu começo a me acostumar com a sensação, ela apoia a mão no meu ombro pra me alcançar e então eu seguro sua cintura e a beijo de volta, e então eu começo a me arrepender de não ter feito isso antes, nossas bocas se encaixam e é uma sensação ótima, eu confesso, Ryan estava certo, eu deveria ter começado com isso antes, o beijo avança e quando para ela está sorrindo, eu também sorrio.
– Será que aquele sorvete finalmente sai hoje? – ela pergunta ainda próxima demais de mim, eu sorrio e beijo sua boca rapidamente.
– Com certeza – eu falo e ela sorri satisfeita, Ryan nos olha sorrindo animado, Keyse parece bem irritada – Vamos? – eu pergunto com Priscila do meu lado.
– Eu não posso, não avisei minha mãe, a gente se vê segunda – Keyse fala e sai andando na frente, eu estranho por que ela parecia animada.
– Só temos que esperar os outros pode ser? – ela me pergunta e eu concordo, então logo a amiga dela e mais um casal se juntam a nós, Ryan quase tem um ataque quando a vê e então nós vamos pra sorveteria, eles são meio chatos e só sabem falar de quem está fazendo o que ou sobre alguma coisa nova na TV ou na moda, mas os beijos com Priscila compensaram, depois nós nos despedimos e eu vou pra casa, já estava subindo as escadas quando Pérola saiu da cozinha.
– Você é um idiota! – ela fala e eu paro no primeiro degrau – Me diz que você não ficou com a Priscila? – ela pergunta e eu sorrio – Idiota! Idiota !Idiota – ela grita batendo o pé.
– Ei, o que tá havendo aqui? – papai pergunta saindo do escritório. - Seu filho é um idiota – ela fala irritada.
– O que você fez agora? – ele me pergunta e eu levanto as mãos inocente.
– Ele estava por aí beijando a garota mais idiota, nojenta e esnobe de todo o Distrito – ela fala mais alto e mais irritada.
– A mais gata também – eu falo e papai acaba rindo.
– Quer saber? Vocês homens são todos burros, não entendem nada – ela fala e sobe passando por mim. - Até o Ian? – papai pergunta pra provocar, ela o encara furiosa e ele prende o riso.
– E você não reclama quando ela te chutar pra ficar com outro – ela fala sobe as escadas e bate a porta do quarto, eu olho pro papai confuso e ele também parece não entender nada.
– Então você beijou uma garota? – ele pergunta com um sorriso curioso.
– Claro que foi uma garota – eu falo e ele faz uma careta – É, ela que eu tinha falado – eu acrescentei.
– Então você soube o que fazer – ele fala rindo.
– Acho que sim – eu confesso sorrindo, mas ele não pede mais detalhes e nem eu insisto em contar, claro que eu sei que é só por enquanto mas aproveito pra tomar um banho e me jogar na cama, depois acabo dormindo de cansaço, quando acordo já está anoitecendo, na hora do jantar eu conto sobre a luta, mamãe, papai e vovô me dão os parabéns e Pérola continua emburrada comigo, pra minha segurança não pergunto nada, quando vamos dormir ela logo apaga a luz indicando que não quer conversa. O fim de semana passa rápido e logo estamos na semana da Feira de ciências e do ultimo golpe contra o George, por isso na segunda quando Keyse passa por mim direto eu corro até ela.
– Bom dia pra você também – eu falo e ela me encara sem parecer muito animada.
– O que foi? – ela pergunta e mesmo estranhando eu continuo.
– É essa semana – eu falo e isso arranca um rápido sorriso dela.
– Sim, mas até sexta não tem mais nada pra fazer então... – ela fala e sai andando.
– Qual o problema dela? – eu pergunto pro Ryan quando ele se aproxima.
– Sei lá, mas a Priscila quer saber se você vai mesmo no aniversario dela – ele pergunta e eu ainda estava olhando Keyse se afastar.
– Não sei! – eu falo e ele começa seu sermão do por que eu devo ir, mas eu nem escuto por que tento entender por que Keyse tá estranha, ela tava mais animada que eu e agora tá assim, eu acabo não escutando Ryan e nem entendo o humor de Keyse e isso segue até a sexta, o dia da Feira e o único dia que Keyse correu pra falar comigo.
– É hoje garotos! – ela fala esfregando as mãos ansiosa, eu quase havia esquecido dessa animação dela.
– Fico feliz que você voltou ao normal – eu falo e ela me lança um olhar irritado. - Só por hoje! Negócios são negócios – ela fala já começando a rever nosso cronograma.
– O que eu fiz? – eu pergunto ignorando suas ordens e ela revira os olhos.
– Se concentra nos horários – ela fala e volta a dizer o que vamos fazer.
– Só depois que você falar o que foi... – eu falo e ela me encara.
– Fala logo, ou a feira acaba e a gente ainda tá nisso – Ryan fala perdendo a paciência.
– Eu achei que você fosse mais inteligente – ela fala e quando eu ia questionar ela continua – O Ryan ta certo, o tempo tá passando – ela fala irritada.
– Ouviu isso? – ele pergunta me olhando – Ela disse...O Ryan está certo! – ele fala e então mesmo irritada ela ri junto comigo.
Nós passamos o cronograma, nos separamos pra fazermos as coisas certas e quando tudo está encaminhado, nos encontramos em frente a mesa onde está nossa maquete, a feira começa primeiro para os alunos e depois abre para os pais, quando a diretora dá inicio, nós nos olhamos e sorrimos. Então o primeiro grito vem da professora de artes que está lá na frente do palco, eu gosto dela, ela sempre é simpática e sorridente, pena que não teve sorte hoje, ela estava com a caixa onde deveriam estar os panfletos sobre a feira, mas quando ela abriu, encontrou os ratinhos do laboratório, ela jogou a caixa no chão e eles se espalharam assim como os gritos e pulos e garotas em cima da mesa, os outros professores e a diretora tentam acalmar o pessoal, mas está todo mundo gritando, o professor de luta, o de matemática e o de história tentam pegar alguns dos ratinhos mas não tem sucesso, a diretora pega o microfone.
– Atenção... Calma! São apenas os ratos do laboratório, não tem mal nenhum, apenas mantenham calma pra ninguém se machucar – ela pede e então as tias do refeitório vem pro ginásio também gritando, nós já sabemos o que é, mas ela confirma quando explica pra um professor.
– Tem sapos lá dentro – ela fala apontando pro refeitório, a diretora solta o microfone e corre até elas, eu, Keyse e Ryan rimos tanto que temos que disfarçar e Keyse sobe na mesa fingindo medo, Ryan e eu ajudamos o professor a tentar pegar os ratinhos, a diretora corre pra dentro do colégio e então enquanto todos estão distraídos gritando, Keyse consegue alcançar o computador e dar play no áudio que já havíamos trocado.
– ‘’ Vocês não sabem de nada... – a voz do George enche o ginásio e eu o procuro pelo espaço, ele está com os olhos arregalados e Paul está falando algo com ele, eles aprecem nervosos mas a gravação continua, Keyse corre até nós e não é percebida no meio da confusão – ‘’Acham que sabem o que é diversão mas não sabem... – a voz dele parece meio insegura e ao mesmo tempo furiosa mas ele lê exatamente o que eu escrevi – ‘’Pra sorte de vocês, hoje eu vou mostrar o que é diversão de verdade... E relaxem não precisam me agradecer!’’ – ele termina e o áudio repete, enquanto a diretora sai de dentro do colégio, num ato de desespero pra salvar o amigo, eu acho, Paul corre até a caixa de som e despluga tudo, o que acaba causando um som fino e estridente.
– Ele ainda melhora as coisas... na moral, devíamos dar os parabéns pro cara – Ryan fala quando a diretora segura Paul pela camisa e então nem tentamos mais disfarçar e as risadas explodem junto com a satisfação, nós batemos as mãos rapidamente.
– Espero que vocês não tenham nada a ver com isso – papai fala e nós nos assustamos mas negamos, então a diretora controla a gritaria, pede desculpas aos pais mas a feira será cancelada, na correria as maquetes foram derrubadas e pisoteadas, mesas estão reviradas e ainda tem ratos andando pelo ginásio, então ainda segurando Paul pela camisa a diretora chama George e desliga o microfone.
– Acho que a gente já pode ir – eu falo e mesmo ainda parecendo não acreditar muito, eles concordam e nós saímos do ginásio, Pérola, Ian, Hazel e Hanna correm até nós.
– Gente o que foi aquilo tudo? – Hanna pergunta confusa, olhando pra trás.
– Sei lá, vai ver o George pirou – Keyse fala dando de ombros e me olha sorrindo.
– É, o George se superou dessa vez – Pérola concorda e me olha sorrindo também.
– Só não entendi por que ele gravou aquilo, tava na cara que era a voz ele – Hanna fala confusa.
– Por siso que eu disse que ele pirou – Keyse fala sem paciência.
– O garoto fez isso tudo isso e gravou a confissão? – mamãe pergunta também sem entender.
– É, ele é louco – Ryan fala prendendo o riso.
– Ele deve ter pensado que ninguém ia reconhecer - eu falo dando de ombros.
– Vai ver ele quis mostrar que é melhor que você em pegadinhas – Keyse fala e eu a olho reprovando – Fala sério, todo mundo aqui sabe que você faz – ela fala e até mamãe e papai concordam – Mas dessa vez, seu reinado acabou, aquele garoto, pegou o colégio inteiro de uma vez e ainda conseguiu cancelar a feira e nos dar o resto do dia de folga...fala sério, ele é um gênio – ela fala mas me olha sorrindo e nós sabemos que ela não fala dele.
– Bom, ele foi pego, não pareceu tão genial – mamãe fala e Keyse desvia o olhar do meu.
– Ah é verdade... Ele perdeu pontos por ser pego, mas ganhou pela ousadia – ela fala e sem ninguém perceber me da uma piscada, como os pais deles ainda não chegaram mamãe e papai, esperam com a gente na praça perto da escola.
– Pyter – Priscila acena pra mim a alguns metros, eu sorrio e vou até ela – Que confusão... você acredita que um bicho daqueles passou no meu pé... ai que nojo... eu juro que eu mato o George por isso – ela fala reclamando com uma cara de nojo – Isso é tão idiota, queria saber o que passa na cabeça dele pra perder tempo fazendo isso... Coisa de criança – ela fala enquanto coloca as mãos na minha cintura.
– Foi engraçado! – eu falo também botando a mão na cintura dela.
– Não, foi infantil! Tanta coisa mais útil pra pensar... Pra começar ele podia mudar aquele corte de cabelo dele, é tão atrasado – ela discorda rindo e se achando o Maximo, então ela tenta me beijar, mas eu desvio o rosto.
– Meus pais – eu falo indicando eles e ela sorri na direção deles.
– Eu ia adorar conhecer eles... Katniss Everdeen e Peeta Mellark! HÁ! Todas as garotas vão morrer de inveja, só quero ver a cara delas – ela fala com orgulho.
– Hoje não é um bom dia! – eu falo já me soltando dela, ela me olha confusa. - Por que não? – ela pergunta irritada.
– Eu tenho que ir – eu falo e ela cruza os braços. - Pyter, deixa de ser ridículo, como sua namorada eu devia ser apresentada aos seus pais, quanto antes melhor – ela fala e tenta me beijar de novo, mas mesmo que ela seja gata e ela é muito gata mesmo, e beijar ela seja a coisa mais incrível que já aconteceu nos ultimos, a verdade é que só isso que eu gosto nela, quando não estamos nos beijando na verdade eu gostaria que ele simplesmente calasse a boca ou sei lá, fosse embora, e quando ela me encara e bate o pé daquele jeito de menina mimada, a resposta escorrega.
– Você não é minha namorada – eu falo e ela parece chocada.
– O que? – ela pergunta com a mão na cintura.
– Você só ficou comigo por que eu sou do time de luta, ganhei, meus pais são quem são e todo mundo me conhece... – eu falo e ela parece sem saber o que dizer – É mentira?
– Eu gosto de você – ela fala mas nem ela deve acreditar nisso, eu sorrio.
– Não gosta não! – eu falo e beijo a bochecha dela – Mas foi legal – eu falo e saio voltando pra junto dos outros.
Tia Grace e tia Liesel chegam e todos estão contando o que aconteceu, Keyse voltou a me ignorar e está falando com todos menos comigo, quando a mãe do Ryan chega nós começamos o caminho pra casa. Mamãe e papai não me perguntam nada mais sobre a confusão e Pérola sabe que fui eu, mas eu sei que ela não vai contar nada, quando voltamos a aula na segunda seguinte, os boatos nos colocam a par da situação, ao que parece Paul tentou dizer que eles eram inocentes e estavam sendo ameaçados, mas George assumiu a culpa e disse que foi apenas uma brincadeira, obviamente por que se assumisse que estava sendo ameaçado teria que dizer por que e então as coisas iam estar pior pra ele, como castigo eles levaram advertências, obvio, e terão que fazer um projeto de ciências extra, além de terem aula durante um mês aos sábados, mas considerando tudo no final das contas não foi tão ruim, claro que o pior pra ele é todo mundo rir por que ele tentou ‘’me imitar’’ e quebrou a cara, eu desconfio que ele desconfie de mim mas como o caderno ainda não foi devolvido a ele, ele não vai tentar nada. A semana passa normal, exceto que Keyse continua a me ignorar e Priscila já está com outro garoto do ultimo ano, não que eu me importe, sinceramente, ela é gata mas tirando os beijos eu nem aguentava ficar perto dela, acho que sinto mais falta da Keyse do que dela, aliás com certeza eu sinto mais falta da Keyse, eu até tentei falar com ela mas ela sempre dá um jeito de cair fora, por isso conforme os dias passam e chega o aniversario dela eu nem me animo muito.
– Ela vai ficar chateada se você não for – Pérola fala enquanto eu ainda estou jogado no sofá, e ela está de pé tentando me convencer, eu rio.
– Ela nem tá falando comigo direito – eu falo e Pérola revira os olhos.
– Aí... homens... – ela fala e eu a olho confuso – Eu sei que ela vai me matar mas... que seja – ela fala e morde a boca como faz quando está prestes a falar besteira – Ela só tá com ciúmes – ela fala e eu fico ainda mais confuso.
– Ciumes? De mim? – eu pergunto e ela me olha sem acreditar.
– Você é mesmo tão tonto assim? – ela pergunta e quando eu reviro os olhos ela confessa – Ela gosta de você – ela fala e eu a encaro sem acreditar, mas ao mesmo tempo faz sentido, eu puxo a memória e ela só ficou estranha depois que me viu beijando a Priscila e ela é amiga da Hanna que pode ter falado com a Hazel que falou pra Pérola e por isso ela deu aquele ataque no dia que eu fiquei com a Priscila me chamando de idiota, eu sorrio e Pérola me olha curiosa.
– Você também gosta dela – ela fala me olhando e eu me levanto do sofá.
– Você não ia se arrumar? – eu pergunto e ela sorri e pula se pendurando nas minhas costas, nós subimos e começamos a nos arrumar, quando mamãe nos grita já estamos pronto, eu pego a caixinha com o presente que já tinha até desistido de dar a ela mas coloco no bolso, quando eu desço mamãe sorri.
– Achei que você ia de bermuda e camiseta – ela fala e aperta minha bochecha, eu sorrio mas desvio, estou com uma calça jeans, uma camisa branca sem botões que tem uma gola em formato de V, que mamãe vive reclamando que está muito justa em mim, mas eu gosto dela e um terno preto bem cortado, ela sorri aprovando e nós saímos da casa.
Tia Delly está saltitando com a festa como ela sempre fica em TODAS as festas,atenta a todos os detalhes, pelo menos Pérola e Ian tem um minuto de sossego por que quando eles estão por perto tia Delly só sabe babar em cima deles, logo tia Grace também aparece, ela está com um vestido vermelho que com certeza mamãe deve ter achado muito curto, o cabelo solto caindo nos ombros, maquiada e claro, animada como sempre, ainda mais agora no aniversario da única filha.
– Tão lindo quanto o pai, meu Deus, eu casaria com você – ela fala segurando meu queixo e beijando minha bochecha deixando uma marca de batom que mamãe logo esfrega os dedos pra tirar – E com você também – ela fala passando a mão na gola do terno do papai.
– Cadê o Benny? – mamãe pergunta meio irritada, tia Grace ri, mas já está acostumada e eu acho que ela até gosta de provocar a mamãe, papai fica ao lado dela e fala algo em seu ouvido e ela revira os olhos não parecendo satisfeita, mas ele sorri e a beija rapidamente, nós entramos no salão e escolhemos uma mesa, deixo eles lá e saio pra procurar Ryan, Pérola e Ian dão um jeito de escapar do papai e nós damos uma volta pela festa, até ele me cutucar.
– Caraca, aquela é a Keyse? – ele pergunta apontando pra o outro lado, e dessa vez não é exagero dele, ela está linda mesmo, nós encontramos um pessoal da escola mas enquanto Ryan começa a se empolgar com eles, eu vou até o outro lado.
– Oi! – eu falo quando alcanço ela do lado da mesa de doces, ela parece surpresa.
– Achei que ia tá na festa da sua namoradinha – ela fala com ironia, eu sorrio.
– Ela não é minha namoradinha – eu falo e ela revira os olhos - Seu cabelo ficou muito maneiro – eu falo já que ela cortou o cabelo acima dos ombros, na altura da orelha, foi uma mudança radical mas eles estão um pouco desfiado atrás e combina com esse jeito dela, sem falar que o rosto dela ficou ainda mais destacado, os olhos cor de mel me encaram e mesmo tentando parecer brava ela sorri então pega um dos potes com chocolate e come uma colherada – Achei que as aniversariantes só sorriam e tiravam foto – eu falo e ela faz uma cara de horror.
– E pra que eu daria uma festa se não posso comer? – ela pergunta e isso me faz rir, então coloca a mão segurando meu terno.
– Pegou do seu pai? – ela pergunta implicando comigo.
– Do vovô – eu falo e ela ri, então eu olho pra ela, num vestido azul claro, ele tem algumas pedras brilhosas e parece perfeito no corpo dela – Nada mal – eu falo indicando o vestido, ela segura a barra dele que está acima do joelho, sorri e dá uma voltinha.
– Sua irmã que desenhou – ela fala olhando o próprio vestido.
– Ficou muito bem, não que a modelo ajude né mas... minha irmã faz quase milagres – eu falo implicando com ela e ela ri fazendo uma careta.
– Olha só você está me atrapalhando, eu ia receber meus presentes e como eu sei que você não trouxe nada é melhor eu garantir os outros – ela fala e eu rio.
– Quem disse que não? – eu pergunto e ela me olha curiosa, eu pego a caixinha do bolso e ela me olha ansiosa – Eu comprei antes de você surtar e me ignorar então... nem sei se ainda vale – eu falo mas entrego pra ela, ela parece desconfiada.
– Se tiver um bicho aqui dentro eu juro que faço você engolir – ela me ameaça e eu levanto as mãos, então abre a caixinha, ela leva alguns segundos e então ri, puxando a corrente – Não acredito! – ela fala e me olha sorrindo, ela olha o pingente e é o mesmo que o meu e do Ryan, ela ri mais ainda – Então eu to tipo... aceita na irmandade? – ela pergunta me olhando com diversão.
– Se você ainda quiser – eu falo dando de ombros, ela faz suspense então me entrega a corrente, eu levo um susto achando que é um não, então ela se vira pra que eu coloque nela e mesmo sem ela me ver eu sorrio e coloco a corrente nela e quando ela se vira sorrindo e segurando a corrente eu percebo que talvez, apenas talvez, tenha uma grande chance de eu estar gostando dela de verdade.


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