Meu Idiota escrita por marishaya


Capítulo 9
Meu dentista conselheiro.


Notas iniciais do capítulo

Leitoras do meu core, arrumarei todos os errinhos da fc e vou começar a investir mais nela tenho capas prontas e capítulos betados.
Fazer também algumas capas de capítulos, agora vou comentar exatamente as datas de postagens, preview serão colocados no final de alguns.
Enfim, espero que gostem deste e o próximo será um POV diferente c:



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Todo mundo tem um pesadelo real.

Na minha escola é assim:

Nerds medo de um F-.

Patricinhas medo de ficar sem maquiagem.

Garotos populares medo de pegar garotas despeitadas.

Garotos como Êvan tem medo de ficar na prisão por muito tempo.

Carie Cabot medo da diretora e ficar na detenção.

E eu... Tenho medo da minha vó.

Se vocês conhecerem minha vó por parte de mãe também teriam esse medo, a velhote do Alasca adora me atormentar.

Não atormentar do tipo Henrique –no caso dele eu consigo ser pior- mas daquelas que adora encontrar defeito na pessoa inteira.

Ela odeia todos, nem Morgan e meu irmão consegue fazê-la gostar deles.

E foi hoje, de manhã, que eu soube que a velhota e Vector estão vindo pra cá.

–Ah não –resmungou eu e Morgan juntas e nos encarando com desgosto depois.

–Quero que se comportem, sabem como a avó de vocês é.

–Sei muito bem como aquela bruaca é –resmunguei me jogando na cadeira.

–Verônica! –meu pai repreendeu mas sei que por dentro riu, Girtudes quando vem aqui adora encher o saco do meu pai, como falar “você nunca será perfeito para minha filha, Denny, eu falei pra ela se casar com um advogado!” e causava uma confusão daquelas.

Mas o que ela dizia era mentira, meu pai era perfeito para Amelia, até demais.

–A única noticia boa é a volta de Vector...- claro né Morgan, não é ela que vai ter que dividir tudo, eu estou acostumada a ser única, não o vejo desde os 7 anos e desde que ele foi pro Alasca para morar com Girtudes, meus pais me tratam como filha única e sinceramente, não me imagino chamando alguém de “irmão”, além de só lembrar dele nos natais entediantes de família quando reúne minhas titias fofoqueiras.

–Eles ficaram muito tempo?

–Só algumas semanas... mas Vector pretende se instalar na cidade, vai trocar de faculdade e morar mais perto da família.

Terei ele perto de mim, mais um para me atormentar.

–Sério? Vector está prestando faculdade de direito, fiquei sabendo.

–Sim, estou orgulhosa do meu bebezinho

Queria responder; você nem ao menos liga pra ele, qual foi a última vez que ligou? A um ano ou a dois? É muita falsidade.

Revirei os olhos tomando o meu leite, meu pai falava ao telefone mas me deu um sorriso.

–Verônica –ouvi meu nome ser chamado e levantei a cabeça- comprei duas camas, Morgan e Vector vão dormir no seu quarto e quero que coloque suas coisas no quarto de hospedes, vai dormir com sua vó.

Morgan e Vector em um quarto, coitado meu "irmãozinho" iria ser abusado, bufei irritada catando minha mochila na cadeira e saindo daquele lugar.

Meu dentista era um pouco longe de casa, então me dava a oportunidade de refletir um pouco.

Eu definitivamente queria ser de outro mundo agora, Nárnia, Marte, até ser uma bruxa e ir para Hogwarts.

A última vez que conversei com meu irmão ainda me lembro.

"-Verônica, cadê meu par de meias...eu coloquei em cima da cama e simplesmente sumiu, você sabe como tu é, adora esconder as coisas...

–Eu não sei onde você enfiou esse par de meias, agora pode se retirar do meu quarto, ser desconhecido da terra?

–Um dia, sua pestinha, você vai sentir saudades de ter um irmão, pode não ser agora quando criança ou quando adolescente, mas terá e irá perceber que sou o único que nunca te deixará sozinha e não terá tanta grosseria assim quando perceber..."

Suspirei a contra-gosta, a tanto tempo que não o vejo que até esqueci como ele é, suas características, apenas lembro do meu pai dizendo como ele é antes de esquecermos dele.

"-Seu irmão tem um gênio forte, suas falas são repletas de ironismo, meu Deus, lembro até hoje ele falando com sarcasmo perto de você bem pequenininha alegando que quando Verônica crescesse iria ser bem irônica e que seria seu escudo, e que não deixaria meninos maldosos chegar perto dela, eu ri muito nesse dia."

Olhei para o chão meio culpada, culpada de ter esquecido tão facilmente e culpando meus pais por também esquece-lo.

E além disso por ter o enxota-lo para o Alasca, deve ser tão solitário morar por lá... sinceramente, nunca me senti tão culpada.

***

–Patrick, o Dr. Gordon irá o atender logo -deu um sorriso a recepcionista, bufei pela 15402475 vez que estava ali, sério odeio esperar.

Quando cheguei ali eu achei que já iria entrar no consultório rapidamente e depois sair e ficar livre e solta, mas aí percebi que cheguei na hora errada, 2 horas antes da minha sessão.

E faz 1:30 que estava ali, parada, vendo uma garota lendo um jornal -que tipo de garota lê o jornal daquela cidade?-, uma criança birrenta que alguns minutos atrás gritava com a mãe mas agora estava com o dedo no nariz...e um senhor, Patrick, que tem sorte de ter chegado agora e já ser atendido.

Suspirei me deitando melhor no sofá branco, odeio dentista.

Era tudo muito branco, limpo e organizado, me sentia até suja.

O meu destino Dr.Gordon era legal, dentista de família, cuidou dos meus tios e foi por ele que meu pai seguir a carreira de médico, ele tinha um histórico de dar conselhos para as pessoas, quer um conselho? Vá para meu dentista, você paga pelo dentista e de brinde tem um psicologo, cuida melhor dos problemas dos outros do que os dentes.

E é por isso que meu pai ainda marca hora pra mim ali, e sempre quando fala pra mim "você tem dentista amanhã" é um aviso para "você está com problemas e precisa de conselho".

Não que eu não esteja, eu apenas estou passando por uma fase de revolta a sociedade, apenas.

Levantei-me e fui até a recepcionista.

–Eu estou aqui a duas horas, até agora não fui atendida e...

–Mocinha, você chegou cedo por que quis, não lhe liguei avisando nada -falou e empinou o nariz continuando a digitar no computador, a encarei cerrando os dentes, sério mesmo que ela me ignorou? Que jeito é esse de tratar os pacientes?

Aquele terninho branco e cabelo preso em um coque forte será desmanchado se ela não chamar logo o dentista.

–Olha aqui moça, estou falando que você chamar agora Gordon se não...

–Se não o que garota? Quer que eu chame o segurança?

–Ninguém vai chamar o segurança para Verônica, melhor Eliza você se por no lugar e não falar assim com uma das mais velhas pacientes -tipo meu dentista brotou, sabe aqueles velhos bonitões de filmes? Michael Gordon era um desses!

Casado e tinha gêmeas lindas, eu o conhecia desde de criança, o adorava por sempre que me via me dava um pirulito de coração , bem até hoje ele da.

–Desculpe, Verônica, ela é nova...

–Tudo bem, estou meio apressada hoje

–Então vamos ver logo esses dentes.

Entramos na sala, uma parte dela era enfeitada de ursos e coisas infantis e a outra era mais de adulto, por mais da minha idade eu ainda era atendida na ala infantil.

–Cuidou da cárie?

–Ah não ta pior que antes, até melhorou -resmunguei e encarei o babador de ursinhos, que deprimente.

–Por que ainda não fico na ala dos adultos?

–Qual a sua idade mesmo, Verônica?

–16

–Ainda é uma bebezinha.

Bufei e ele começou a examinar minha boca.

–Poderia usar mais fio dental -falou e pôs um aparelho na minha boca que saía água, me fazendo falar toda monga.

–Sabe iria facilitar muito o tratamento se você começasse a usar fio dental, facilitar as coisas ajuda, os dentes e não só eles...

–Não gosto de facilitar as coisas.

–As vezes facilitar seja a resposta para os nossas problemas, cospe -cuspi a água e remexi a boca -facilitar as coisas, Verônica, não é um motivo de fraqueza como você pensa, é apenas eliminar problemas futuros.

–Como a minha cárie?

–Exatamente, se você tivesse me ouvido antes e ter escovado e usado o fio dental melhor, você não teria ter ficado todas aquelas semanas fazendo tratamento.

–Então quer dizer que se eu facilitar as coisas talvez eu não tenha tantos problemas futuros?

–Isso...-pôs a pasta estranha na minha boca e o aparelho de água, retirou -cospe.

Cuspi e senti um gosto estranho na boca, deu vontade de catar de novo o aparelho.

–Verônica, é preciso você prestar atenção em mínimas coisas, se estivesse prestado mais atenção nos seus dentes não precisaria ter praticamente morado aqui, preste atenção e tente eliminar problemas.

Piscou pra mim sorrindo, dei um suspiro e sorri, trarei meus filhos para aquele velhota por que sinceramente, ouvir um conselho relacionado aos seus dentes é melhor do que ouvir um relacionado a você.

–Obrigado, Michael -desci da poltrona e dei um abraço -cadê meu pirulito?

Ele riu e andou até sua mesa catando um pirulito enorme e colorido de dentro, aquela era a gaveta dos sonhos.

Meu sorriso deve estar sendo igual a do gato da Alice.

Saí do consultório quase pulando, quase uma criança mas nem ligo.

Daí quase esbarrei em algum ser -normal eu esbarrar em pessoas-.

–Olhe por onde anda crian...Verônica! -bufei e cruzei os braços saindo todo o encanto.

Carie Cabot estava a minha frente com expressão de desgosto, aquele ser queria um conselho com meu dentista?

Deve ser pra saber qual apostila usar no próximo concurso público.

Até imagino:

"-Azul ou vermelha?

"-Acho que a azul, parece mais intelectual".

–Com licença, Dafoe -se virou e continuou andando com postura militar e queixo erguido, quase ri.

Acho que vou começar a pensar nas pessoas como dentes, escovar e limpar melhor, eliminar cáries como Carie.

***

–Verônica mudanças de planos, você vai dormir com o seu irmão e Morgan com Girtudes -não sei qual o pior, olhar para a cara do garoto que tem o mesmo sangue que eu e que não sei absurdamente nada ou ficar no mesmo quarto que uma velha rancorosa que vai tentar tacar água quente no meu ouvido.

–Eles iram chegar daqui a pouco com seu pai, arreste logo essa cama para seu quarto.

Sabe o que é arrastar uma cama do porão, subir escadas e ainda ter que colocar no seu quarto sozinha?

Por que ele não dorme no colchonete que nem a Morgan? Ele é visitante.

Limpei uma parte do quarto deixando apenas duas prateleiras e cabeceira.

Meus posters tive que colar do meu lado novamente e tive que ouvir um "jogue esse posteres no lixo, Verônica", eu nunca jogaria posters tão valiosos como de Pink Floyd e Joy Division e outras bandas favoritas, por mais que sejam velhos.

Espero que meu irmãozinho tenha bom gosto, por que ouvir música clássica ninguém merece, nada contra mas eu já tenho vontade de dormir o tempo todo já pensou ouvindo música clássica.

Ouvi uma buzina e um furacão passou praticamente gritando e jogando tudo no chão.

–Ele chegou! -Morgan não tem jeito, nunca vai acalmar essa vagina.

Olhei para o meu quarto com um monte de coisa amontoada em uma parte e a outra não, balancei a cabeça satisfeita e saí do quarto fazendo um coque no cabelo descendo as escadas pesadamente.

Vovó Girtudes não era feia, uma velhota com seus 62 com cabelos grisalhos e alguns fios ainda loiros, uma cara rabugenta quase transformada em uma careta mas não com muitas rugas, e os olhos negros que perfuram sua alma como se já soubesse tudo de errado que fez e seus defeitos, os olhos eram profundos assim.

Engoli o seco quando ela parou de reclamar do vestido de Morgan para me encarar.

–O que houve com Verônica? -ela esbravejou - Olha o tamanho dela, essa garota nem cresceu desde a última vez que há vi!

A olhei surpresa, pensando que a primeira coisa que faria seria reclamar da cor do meu cabelo.

–Venha aqui menina -ordenou e eu quase corri pra seu lado, me examinou de cima a baixo -não cresceu, não engordou, vocês por acaso estão escravizando essa garota? Sabem, o que minha mãe diria se visse Verônica nesse momento...

E olhei atrás dela onde um homem de cabelos castanhos puxados para o loiro me encarava engolindo o seco, parecia que um mar de lembranças me atingiu quando o vi.

A caneca do Barney quebrada, os pôrteres, a camiseta rasgada do Yankees, o boné da sorte.

Eu me esqueci de tudo isso e o quanto que ele era parecido comigo.

Seu olhar desafiador e irônico, as sobrancelhas levemente arqueada, um sorriso travesso nos lábios.

Sou a cópia feminina do homem a minha frente, que deu um sorriso e estendeu a mão.

–Oi, novamente, Verônica

"Facilite as coisas".

–Bem-vindo, maninho.


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Notas finais do capítulo

Qual personagem terá o POV no próximo capítulo?

A) Henrique Collis

B) Êvan Dolse

C) Morgan Dafoe

D) Vector Dafoe

F) Luis Miguel

Coloquem nos reviews ou por MP apenas uma das alternativas, quem acertar terá um preview do capítulo 12 e uma surpresinha c:
Será válido até dia 27/01, um dia antes da postagem.

ESTE CAPÍTULO SERÁ REVISADO AMANHÃ, 18/01.