Meu Idiota escrita por marishaya


Capítulo 8
Meu jantar de azar, parte 2.




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–Me dê uma cerveja

–Você, por acaso, tem idade para beber mocinha? -resmungou o garçom me encarando de cima a baixo.

–Cara, dá logo isso, vamos cooperar, seja legal por favor e...

–Que deselegante, Verônica -essa voz histérica chega nos momentos mais inconvenientes.

–Morgan estou em um assunto importante aqui, deixe sua viadage para depois e vá embora.

–Garçom, ela é menor de idade -o garçom revirou os olhos e deu meia volta se indo com minha cerveja e salvação da noite, ela me olhou com um sorrisinho.

–O que está fazendo aqui?

–Tinha nada pra fazer e como Êvan me chamou pra cá, decidi vir...

–ÊVAN?? -eu gritei, e todos que estavam em volta nos encaram. Morgan me encarou irritada e saiu em direção ao banheiro, é claro que a segui.

–Como Êvan pode te chamar? O mundo por acaso virou dos avessos? Ele sabe que te odeio -reclamei, Êvan ta tramando alguma ou simplesmente quer catar a Morgan, o que eu acho um absurdo já que esse idiota me prometeu que não cataria, se bem que se tratando da minha prima do interior com os peitões acho que meu querido amigo tá nem aí pra promessa, quero me iludir e acreditar que ele esteja tramando alguma.

–Obrigado priminha, também te odeio -falou forçadamente enquanto passava um batom forte de vadia.

–Você não vai falar o motivo não é?

–Não mesmo.

Bufei e saí do banheiro batendo os pés, to me sentindo uma excluída; Morgan irá talvez catar o Êvan, meu amigo finalmente verá seus peitões e tenho certeza que Henrique também está se divertindo muito vendo muitas coisas de umazinha.

Retiro o que eu disse de adorar meu amigo e bla bla bla, Êvan é um idiota por me deixar sozinha e parada, com suco de laranja na mão -já que o garçom fez questão de trazer pra mim- e encarando um cara engravatado tocar violino.

Alguém me cutucou e eu olhei para trás bufando.

–Olha aqui Êvan, você me deixou sozinha até agora então vai pra puta queu...-arregalei os olhos quando percebi quem, na verdade, me cutucou.

–Er, oi -disse Luis Miguel, eu acabei de quase mandar um menino bonito ir pra um lugar não tão legal.

–Nossa -dei uma risadinha pra disfarçar meu constrangimento, acho que estou vermelha, uma Verônica corada não se vê todo dia minha gente -sinto muito, hã eu pensei que era meu amigo e...

–De boa, então você faz parte do grupo de caridade? -deu um sorriso animado e se encostou no balcão.

Eu queria dizer não, mas um sim praticamente foi cuspido da minha boca, ele deu um sorriso enorme e seus olhos brilharam.

Ele usava um terno azul escuro que caía muito bem, e uma gravata de...patinhos?

Além de bonito e fofo, me segurem.

–Sabe, é tão legal ajudar as pessoas -falei dando uma risadinha, falsidade é a alma do negocio.

–Bem, eu nunca imaginei te encontrar aqui...

–Muito menos eu.

Tipo encontrar um menino bonito como esse umas três vezes e nessas vezes apenas coincidências é muito estranho ou é destino ou Luis Miguel é investigador e está investigando sobre os furtos de queijo suíço da cidade...

Tenho que comunicar isso ao Êvan.

–E ainda mais de vestido...- ele só me viu três vezes e já sabe que eu odeio vestido, palmas para a percepção desse garoto.

–Não sou muito de usar vestido mas adorei esse -que mentira.

–É adorável mesmo -quem fala adorável hoje em dia? Foda-se, isso é fofo.

Acho que esse suco de laranja ta com um tiquinho de vodca, não é possível eu estar tão falsa e falando fofo.

Mas aí aconteceu outra coisa estranha, Sra.Collis aparecer atrás de Luis Miguel me chamando.

–Verônica, venha cá.

Sra.Collis me chamando, oi sociedade?

Olhei para Luis Miguel.

–Hã, tchau -e saí apressadamente atrás de Sra.Collis que saiu do nada.

–Te vejo por aí!

Encontrei-a em cima de um palco improvisado com Êvan ao lado, o que? Que essa pessoa ta fazendo aqui? Ele não estaria com a megera da Morgan?

Cheguei devagar, Sra.Collis olhou em minha direção e levantou as sobrancelhas.

–Queria chamar srta. Dafoe aqui, para cantar uma bela música

Arregalei os olhos e Êvan me empurrou "gentilmente" para o palco, estava assustada e encarei ela sussurrando.

–Por que eu?

–Por que será ótimo ver uma menina "rebelde", como sua mãe diz, cantando uma música para os fundos da caridade.

E naquele momento, olhando aquele monte de gente me encarando me senti envergonhada pela primeira vez em anos, não sei cantar, tipo só assisto as vezes um pouco de The Voice com minha mãe ou quando estou com bom humor -meio difícil de acontecer- canto no banheiro, e agora vou cantar perto desse monte de gente e ainda não sei nem a música!

A única música que eu estava em mente era Cherry Bomb, lembrando da vovó Feline rebolando e cantando com uma garrafa de uísque na mão, dando em cima do barman.

Isso que me deu forças para cantar, se uma velhota consegue por que eu não?

Can't stay at home, can't stay at school

Old folks say, ya poor little fool

Down the street I'm the girl next door

Todos me olharam com os olhos arregalados.

I'm the fox you've been waiting for

Levantei as sobrancelhas encarando Êvan que riu como uma hiena.

Hello Daddy, hello Mom

I'm your ch ch ch ch ch cherry bomb

Hello world I'm your wild girl

I'm your ch ch ch ch ch cherry bomb

No refrão algumas mulheres foram se soltando e cantando comigo, Sra. Collis dava um sorrisinho irônico.

Hey street boy whats your style

Your dead end dreams don't make you smile

I'll give ya something to live for

Have ya, grab ya til your sore

Sabe aquele vontade ridícula de se jogar em uma multidão, eu senti vontade disso, mas como aquilo não era uma multidão e como as coisas são para mim, provavelmente eu iria cair dura no chão, me contentei em só rebolar no ritmo da música.

Hello Daddy, hello Mom

I'm your ch ch ch ch ch cherry bomb

Hello world I'm your wild girl

I'm your ch ch ch ch ch cherry bomb

Cantei o refrão mais duas vezes, até o Êvan se animou e gritou a última parte, bateram palmas e eu fiz uma reverencia saindo do palco.

–Eu tenho uma amiga artista, que emoção -ria e bati no seu braço magrelo enquanto passávamos pelas pessoas, alguns até me cumprimentavam ou davam sorrisos satisfeitos.

Valeu vó Feline.

–Sabe o que isso merece?

–Que não seja drogas...o que seria?

–Credo Verônica, não sou tão crakudo assim...mas enfim, merece martinis!

–O garçom não vai permitir...

Na hora passou um, Êvan o parou autoritário.

–Quatro Martinis -catou 4 copos com minha ajuda, o garçom sorriu e se afastou.

–Mas como?

–Você tem que mostrar confiança, como se estivesse certeza que é adulta, e não precisa de ninguém para reprender, -tomou o seu martini e me puxou pra sei lá onde- nunca encare, e fale rudemente, como se estivessem obrigação de te dar as bebidas.

Chegamos nos fundos da mansão, tinha uma cerca fazendo divisória entre a casa e Parksroull, uma floresta abandonada que antigamente tinha passagem de trem, eu andava com meu pai entre os trilhos e ele me contava histórias que poderiam ou não ter acontecido pelos trens que passavam ali...Hoje em dia era apenas uma floresta que ninguém entra mais e solitária.

Olhando dá até nostalgia.

–Os trilhos eram legais -comentou Êvan depois de um silêncio entre nós enquanto encava Parksroull.

–Meu pai contava histórias, pensando nos passageiros e suas vidas -encostei a cabeça no ombro do meu amigo.

–Meu avô me levava pra jogar baralho

Me afastei e levantei a sobrancelha.

–Meu vô era meio doido,ele adorava jogar baralho em lugares de alto risco, se bem que não havia perigo lá, já que está desativado a mais de 50 anos, meu avô insistia que havia adrenalina ali.

–E você falava o que? -Êvan se abrindo pra mim era algo tão novo, meu amigo era do tipo muito reservado, contava apenas o que era preciso, e dificilmente falava algo da sua infância.

–Quieto, mas lembro que ficava pensando "esse velhote caducou" e era obrigado a ficar ouvindo barulho de tordos e ficar cheio de picadas de mosquito, mas o lugar que eu mais adorava, de todos que eu já fui com ele, era aqueles trilhos

Tento imaginar um mini Êvan todo vermelho e pipocado, gargalhei.

–Você está imaginando,né?

–Aham -e dei mais risada, revirou os olhos e deu um tapa na minha cabeça.

–Retardada.

***

–Ela parecia uma vassoura, tipo cintura super fina no vestido e nas bordas uns troços estranhos e na barra cheio de babados, como se fosse um pássaro

Gargalhei, e foi assim que Henrique nos encontrou; nos fundos da casa, gargalhando, falando mal dos outros e bebendo.

–E eu pensando que estava bêbado, até que encontro Êvan e percebo que estou sóbrio -resmungou- você não devia ter misturado as bebidas.

–Ta, eu sei -Êvan tomou mais um gole.- mas aí, como foi sua trepa?

–O que? -Henrique se fez de confuso e depois deu um tapa nas costas do bêbado quase fazendo o "coitadinho" se engasgar. - Eca, eu não iria trepar com aquela garota, além de serem pequenos ela não estava meio preparada...

–Ela estava peluda?! -Êvan arregalou os olhos e explodiu em gargalhadas- cara, tu não teve sorte hoje.

É tão legal se sentir fora dos assuntos, excluída.

–E você e Morgan? Como foi? -Henrique tentou fugir do assusto de sua trepa falhada.

–Nem liberou, acredita que ela me trocou por outro?! -ele abriu a boca mas Êvan o ignorou- tomara que ele tenha um pau pequeno.

Sinceramente, eu tive que rir, na verdade gargalhei da desgraça dos dois.

Na verdade, no final da noite nenhum de nós nos demos bem.

–Acho que vou investir na mãe do Henrique, sério, cansei dessas vadias novas

–Cala boca Êvan, não quero te socar enquanto está bêbado.

Desde quando os dois tem essa intimidade?

–Vamos pra um bar hoje? To sem sono

–Você sabe que horas são, seu babaca? -quase gritou o Henrique, ele deve estar com um pouquinho estressado...

–Que horas são? -perguntei me lembrando do meu pai, não voltar tarde.

–Uma e pouco da manhã

Arregalei os olhos e me pus de pé.

–Tenho que ir

–Eita, já Verônica? -Êvan se levantou com dificuldade- fique mais...

–Ta louco? Tenho compromisso amanhã

Que mentirosa, só tenho o dentista.

–E que seria? -os dois me olham em expectativa.

–Até parece que eu ia contar pra vocês

Até porque não tem nada pra contar, Verônica sua mentirosa.

–Quale...

–Tchau!

E tentei sair o mais triunfante possível, só que bati o dedão na porta, continuei andando sentindo dor.

O Jardim de frente já estava quase vazio de carros, muitas pessoas já foram e eu nem vi o tempo passar.

Andei em direção a minha humilde casa da frente.

–Verônica, espere!

Só o que me faltava, me virei deparando com Sra. Collis.

–Adorei você garota, espero mesmo que participe do casamento de Bridget.

–Quem?

–Minha filha mais velha, Henrique não falou dos preparamentos do casamento? Poxa ele deveria ter falado já que é seu namorado...

–Oi?!

Pisquei inúmeras vezes e quase vi unicórnios.

–Como assim...?

–Enfim, prazer lhe conhecer!

–Sra.Collis...

–Me chame de Valerie, até.

E saiu voltando com grande estilo para sua "casa", me deixando perplexa e no meio da rua.

Me virei e continuei meu caminho.

Eu e o Collis namorados?

Ela entendeu totalmente errado!

Tenho que esclarecer algumas coisinhas com um Henrique Collis.

Entrei em casa retirando os sapatos e os jogando em qualquer lugar, Amelia jogada no sofá com potes de amendoim ao lado, quase ri.

Subi correndo para meu quarto e encontrei Morgan roncando na minha cama.

Bufei e me joguei no colchonete ao lado, não queria fazer barraco com ela.

Me virei pra lado da cama e antes de cair no sono sorri, pensando em Henrique e Êvans, essa noite eu não havia ficado tão sozinha, compartilhei o meu azar.


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Notas finais do capítulo

✖ a música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=pMDn6V7ZLhE
✖ a tradução da música: http://www.vagalume.com.br/runaways/cherry-bomb-traducao.html
✖ A data do próximo não está previda, mas espero que seja em breve, só tem alguns rascunhos.

Eu não sabia até hoje de manhã que música Verônica iria cantar, até minha querida mãe colocar o CD de The Runaways e começar a fazer um show aqui em casa, foi na hora "É ESSA!".
Enfim, obrigada a nova leitora Silvers que comentou TODOS os capítulos da fic, e as todas novas leitoras.

Bjooos :3



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