2 anos depois

Tinha acabado de acordar, Damon estava num congresso de médicos juntamente com Zack por isso encontrava-me sozinha na cama, empurrei os lençóis para o lado e levantei-me, caminhando em direcção ao quarto de banho. Após o meu duche, vesti uma roupa previamente escolhida e finalmente fui tomar o pequeno-almoço.

Assim que sai de casa dirigi-me para o carro, que havia comprado no ano anterior, abri a porta e segui caminho para o meu trabalho. Nestes últimos dois anos, decidi especializar-me em cirurgia geral e como meu mentor tive o Dr. Edwards, agora além de alguns turnos nas urgências também tenho cirurgias comigo ao comando.

– Bom dia Donna. – cumprimentei assim que passei pela sua secretária para ir buscar os processos de admissão de doentes.

– Bom dia Dr. Rachel. Aqui estão os processos. – disse-me entregando-os.

– Obrigada. – sorri e caminhei até ao meu gabinete onde vesti a bata branca e comecei o meu dia de trabalho ao qual já estava mais que habituada.

Eram três horas da tarde quando tive um intervalo e aproveitei para “fugir” com a Danielle até ao refeitório para ambas comermos algo antes do trabalho voltar.

– Então como estás a lidar com a ausência de Damon? – questionou-me assim que nos sentamos numa mesa.

– Sinto falta dele, mas isso é normal. – sorri.

– Ele volta quando?

– Amanhã, em princípio. – disse sorrindo.

– Então já falta pouco para vocês se reencontrarem de novo. – disse antes de trincar a sua sande.

– Hum hum, eu disse-te que encontrei a mãe dele no outro dia? – questionei a minha amiga que logo fez uma expressão de espanto enquant abanava a cabeça negativamente. – Estava no shopping à procura da prenda perfeita para o Damon e senti alguém tocar-me no ombro quando a vejo. Cumprimentou-me muito querida e ficou admirada ao saber que a minha relação com o filho estava de pedra em cal, mas pelo menos foi mais simpática e não se pôs a tirar conclusões sobre mim. – desabafei.

– Uau, sabes que sendo o Damon filho de quem é, é normal a mãe pensar que quem se aproxima dele é apenas pelo dinheiro, daí ter-te assustado no vosso primeiro jantar.

– Eu percebo. O Damon contou-me cada história das suas ex’s, muito engraçadas. – disse gargalhando. – Bem parece que precisam de mim no meu gabinete. – afirmei após ouvir o bipper.

– Até logo. – despedimo-nos e caminhei em direcção ao meu gabinete.

Assim que abri a porta encontrei um dos meus pacientes que já se encontrava à minha espera, fechei a porta e dirigi-me até ele.

– Boa tarde, desculpe o pequeno atraso mas isto hoje está impossível. – desculpei-me enquanto me sentava na cadeira.

– Não tem problema algum, eu só vim mostrar as análises que me pediu. – disse sorrindo gentilmente.

– Ok, então vamos lá ver como estão. – sorri iniciando assim mais uma tarde cheia de trabalho.

Eram onze da noite quando finalmente acabei o meu turno, dirigi-me ao vestiário, pois havia tido uma cirurgia e encontrava-me suja com sangue, para mudar de roupa. Após me trocar peguei na carteira e sai da sala, despedi-me de Donna que ainda iria ficar e desci no elevador até ao parque de estacionamento onde havia deixado o carro.

Assim que cheguei a casa, depositei as chaves do carro na mesinha de entrada e pousei a carteira no sofá, dirigindo-me até à cozinha para beber um pouco de sumo. Estava exausta por isso decidi ir deitar-me, comi uma bolacha só para enganar o estômago e dirigi-me para o meu quarto. Despi a roupa e vesti os calções e o top de pijama, deitando-me de seguida no lençóis fofos da cama, acabei por adormecer quase instantaneamente.

Acordei levemente quando senti um ligeiro toque no ombro assim como o lençol a cobri-lo, aconcheguei-me e adormeci de novo continuando o sonho que estava a ter.
*

Podia ver o brilho dos raios de sol entrarem pela janela do quarto, aconcheguei a cabeça na almofada sentindo o perfume de Damon, sempre que ele ficava fora eu dormia no seu lado só para sentir mais próxima dele. Enquanto inspirava o aroma que eu tanto adorava de olhos fechados ouvi um respiração a meu lado o que me assustou, visto que Damon só chegaria hoje. Virei-me rapidamente para o lado da cama que supostamente estaria vazio e reparei no meu namorado a dormir profundamente com uma mão por baixo da almofada e outra ao lado do seu corpo e tronco despido. Sorri involuntariamente, era bem provável que Damon tivesse vindo num avião mais cedo só para me apanhar acordada, sem dúvida que ele era o namorado mais atencioso de sempre. Levantei-me e fui até ao quarto de banho onde tomei um duche e sequei o cabelo, indo até ao quarto vestir uma roupa confortável pois hoje seria a minha folga. Optei por uns skinny jeans, um top branco e uma camisa de ganga clara, calcei umas vans vermelhas do meu tempo de faculdade.

Assim que conclui o meu look, caminhei até à cama onde me sentei perto de Damon que ainda se encontrava na mesma posição, fiz-lhe uma carícia na face e beijei-lhe levemente os lábios dos quais pode ouvir um “hum” percebendo que o acordara.

– Morning. – sussurrei.

– Hey, surpresa. – disse sorrindo.

– Tive tantas saudades. – admiti repousando a cabeça no seu ombro.

– Eu também. – disse beijando-me o topo da cabeça.

– Quando é que chegaste?

– Passava pouco da uma da manhã, ainda pensei que te apanhava acordada. – disse enquanto se sentava encostado à cabeceira da cama.

– Desculpa, mas tive um dia daqueles. – informei.

– Não tem mal, assim pude adormecer com a visão mais perfeita ao meu lado. – sorriu e eu apenas o beijei como resposta.

– Ia fazer o pequeno-almoço, também queres que te prepare o teu? – questionei.

– Não, ficas aqui quietinha enquanto eu vou tomar um duche e me visto porque depois vamos tomar o nosso pequeno-almoço fora. – informou.

– Ok, fico à espera então. – sorri deixando-o sair da cama.

Enquanto esperava que o meu namorado acabasse de tomar banho ajeitei a cama deixando-a a arejar, coloquei um pouco de rímel e passei um batom ligeiro vermelho, deixei o cabelo solto e escolhi a carteira que iria levar.

– Love, onde está aquela t-shirt verde que me ofereceste? – perguntou enquanto procurava na cómoda vestindo apenas uns jeans.

– Aqui. – informei retirando-a do guarda vestidos onde estava pendurada.

– Obrigado. – disse beijando-me levemente quando lhe entreguei a camisola. – Ok, podemos ir. Estou esfomeado! – exclamou enquanto pegava na carteira e se olhava no espelho ajeitando o cabelo ainda molhado.

Ambos saímos do prédio e assim que Damon fechou a porta acelerou o passo para me apanhar e entrelaçar a sua mão na minha, fazendo-me trocar um sorriso com ele.

– Que tal umas belas panquecas com xarope de frutos silvestres? – questionou já no pequeno café enquanto viamos o menu que o empregado nos entregara.

– Óptima escolha. – sorri. – Com um batido de chocolate.

– Gulosa. – acusou em tom de gozo e depois chamou o empregado entregando os nossos pedidos. – Estava a pensar aproveitar o dia de hoje para irmos passear como antigamente que tal?

– Adorava. – afirmei. – Mas porquê tanto mimo? – questionei curiosa.

– Ora porque me apetece estar com a minha namorada, a qual não vejo à uma semana e da qual senti imensa falta. – disse afagando a minha mão.

– Sabes bem como me dar a volta. – afirmei sorrindo.

Após concluirmos a nossa refeição dirigimo-nos até à praia, visto que nos encontravamos em plena Primavera e as temperaturas ainda eram baixas ninguém se encontrava a fazer praia excepto um pequeno grupo de surfistas que praticavam nas ondas do mar.

– Já tinha saudades de vir aqui. – admiti enquanto caminhava lado a lado com Damon que colocara o seu braço por cima dos meus ombros.

– Foi algures por aqui que começamos a namorar a sério. – afirmou enquanto olhava para o horizonte. – Ainda me lembro de estar com os nervos à flor da pele.

– Olha que não notei nada disso, mas também estava tão concentrada nesses olhinhos azuis que não via nada mais à minha frente. – admiti corando ligeiramente.

A verdade é que neste momento ambos estavamos a contar aquilo que sentimos quando à dois anos e meio tinhamos vindo aqui e demos o primeiro passo para a nossa relação, e por isso mesmo sentia alguma timidez em revelar alguns sentimentos que tivera.

– Adoro quando ficas assim corada. – disse enquanto passava ligeiramente o dedo sobre a minha bochecha após parar o andamento e se virar de frente para mim. – Na verdade adoro cada pormenor em ti, desde as ligeiras covas que fazes quando sorris, à tua gargalhada genuína, até mesmo ao facto de roeres a caneta enquanto estudas.

– Estas a tentar que fique ainda mais vermelha? – sorri.

– Não, apenas quero que saibas que amo cada pormenor teu e que adorava poder ter o privilégio de observá-los e descobrir novos até ficarmos bem velhinhos e tu já não me aguentares.

– Isso é impossível, se fores sempre assim aguento-te a vida inteira. – disse gargalhando.

– Óptimo, então isso significa que aceitas casar comigo? – perguntou retirando um anel do bolso das calças que até então se encontrava sempre ocupado com a mão do meu namorado.

– Damon! – exclamei pois tinha sido apanhada completamente desprevinida. – Claro que aceito! – sorri beijando-o.

– Ufa, por momentos fiquei receoso da tua resposta. – disse suspirando enquanto sorria colocando o anel no meu dedo. – Amo-te mesmo muito Rachel.

– Também te amo meu tonto. – disse abraçando o meu noivo e dando-lhe um leve beijo no pescoço enquanto este me levantava ligeiramente do chão. – Podias ter dito que me ias pedir em casamento, assim tinha vestido uma roupa mais apropriada. – sorri.

– Tu ficas bem de qualquer maneira e não queria que desconfiasses de nada. – afirmou.

– Ah já tinhas planeado isto tudo, eu vi logo que para ter direito a este mimo todo é porque havia alguma coisa por trás. – provoquei.

– Só queria que fosse especial e verdadeiro, nada de clichés. – informou.

– Foi o melhor pedido que eu podia alguma vez ter imaginado. – admiti.

Continuamos o nosso passeio e Damon aproveitou para retirar algumas fotografias de nós os dois, como sempre fazia quando ambos faziamos estes passeios mais românticos. Quem diria que passados quase três anos desde que me mudara para Londres eu estaria com um anel de noivado no dedo e desta vez sentia que era para valer, sem dúvida que Damon era o homem da minha vida e a cada dia que passava eu tinha mais certezas disso.