HIATUS - This Love escrita por Pequena Stiff, SheWolf


Capítulo 7
Six


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal, sei que demorei, mas vou compensar, ok? Hoje tem postagem dupla! Hihi. Espero que gostem. Finalmente, o sofrimento do Sasuke vai começar.
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Edit da SheWolf: capítulo betado :3



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Nem que vivesse mais dez vidas, algo doeria tanto quanto estava doendo naquele momento.

Eu fiquei naquele sofá, em uma posição nada confortável, durante um bom tempo. Quando eu não suportava mais chorar, levantei e me dirigi até a sala de jogos, onde também ficava o mini bar mais bem abastecido da casa. Peguei a primeira garrafa, que na verdade eu nem cheguei a ver por conta da visão turva pelas lágrimas, tirei o lacre e virei-a, como se estivesse bebendo um copo de água em um dia quente.

Queimou, desceu rasgando, mas eu sabia que me sentiria aliviado quando entrasse em minha corrente sanguínea e começasse a fazer efeito.

Entornei a garrafa novamente, ansiando pelo momento em que o torpor causado pelo álcool tomasse conta de mim, e levasse para longe aquela angústia esmagadora que eu estava sentindo.

Tornei a virar a garrafa, e a bebida já não queimava mais. Meu olhos ardiam e meu peito estava comprimido, mas a falta de sensibilidade em minha garganta já indicava que o álcool finalmente estava fazendo seu efeito.

Me fazendo esquecer, pelo menos por enquanto, o homem nojento e desprezível que eu sou.

Virei novamente a garrafa em minha boca, já sentindo minhas mãos trêmulas pelo ato, e sorri, em meio as lágrimas, por saber que logo eu estaria tão bêbado que não conseguiria raciocinar.

A bebida acabou, voltei ao bar e peguei mais duas garrafas.

Eu saí dali e segui para o cômodo que eu menos frequentei na casa, mas que eu deveria ter ido com mais frequência em quanto podia. Abri a segunda garrafa, e o líquido que desceu pela minha garganta aparentava ser mais forte que o primeiro.

Quando alcancei a porta do quarto de Mei, entrei sem cerimônias. Meio cambaleante, encostei no berço e escorreguei até o chão.

Coloquei a outra garrafa de lado e bebi desesperado da que estava em minha mão.

O cheiro do quarto queimava em meu nariz, não literalmente, mas me fazia querer morrer. E isso era bom. O meu sofrimento é bom. Eu mereço.

Tornei a beber.

Onde Sakura estaria? Em algum hotel, provavelmente. Pensei em pegar o celular no bolso e ligar para cada hotel que existia na Inglaterra, mas me lembrei que mesmo que eu conseguisse, Sakura não iria querer me ver. Ela provavelmente me chutaria como o cachorro nojento que eu sou. Em vez de pegar o celular, bebi mais alguns goles da bebida, que fez com que meu estômago começasse a revirar.

Passei a mão pelo tapete fofinho onde estava sentado; era lilás e, provavelmente, minha filha já havia passado as mãozinhas gorduchas por onde as minhas deslizavam. Peguei a garrafa e bebi mais. Continuei a passar a mão pelo tapete fofo, me amaldiçoando por estar profanando o lugar onde a minha princesa havia passado suas mãos puras.

Estanquei e me levantei apressado, tropeçando em nada e quase caindo.

Os soluços potentes se fizeram presentes quando percebi o que estava fazendo.

Eu estava sujo, e estava no quarto da minha filhinha! Estava sujo de sexo com a mulher que causou toda essa desgraça. Comecei a soluçar, peguei as garrafas de bebida e corri para o banheiro do quarto. Parei cambaleante na porta e vi o banheiro todo limpo. A banheira havia sido modificada por outra banheira removível que encaixava na que eu pretendia me lavar, para minha filha poder tomar banho. Imaginei ela tomando banho ali, e comecei a sentir falta de ar pelo choro excessivo que saía de minha garganta. Será que ela era igual ao Deisuke? Adorava água? Molhava tudo ao seu redor quando tomava banho? A consciência de não saber disso me fez sair o mais rápido que pude daquele quarto, me xingando internamente por ter sujado aquele cômodo precioso com a pessoa asquerosa que eu sou.

Ainda com as garrafas na mão, cheguei ao meu quarto e, sem olhar para cama que antes eu dividia com a minha mulher, fui direto ao banheiro. Coloquei as garrafas de bebida, uma quase acabando e outra cheia, no encosto da banheira, depois de dar mais alguns goles. Me despi desajeitadamente, liguei a ducha e entrei, como se a vida dependesse daquilo. Peguei o sabonete líquido de Sakura e despejei na bucha. Esfreguei até ficar vermelho e arder por todo o meu corpo, e chorei ainda mais por estar sentido o cheiro dela. Repeti o ato mais algumas vezes, até perceber que não importava o quanto eu me lavasse, eu continuaria sujo. Eu era sujo. E nada que eu fizesse mudaria isso.

Desliguei o chuveiro e olhei para aquelas garrafas pensando em despejá-las no ralo e parar de ser idiota. Mas não consegui. Sofrer sóbrio é pior, eu sei disso.

Fui tropeçando até o closete me vesti só com uma boxer. Voltei para o banheiro, peguei as garrafase, quando estava saindo, lembrei do meu celular. Voltei e o peguei. Eu precisava fazer algumas ligações.

Fui caminhando em direção ao escritório, bebendo da garrafa que estava quase no fim, até chegar lá. Na altura em que cheguei em minha mesa, já havia acabado toda a bebida. Me sentei lá e disquei o mesmo número pela segunda vez hoje.

Era o de Ino. Chamou, chamou, ninguém atendeu.

Liguei para Tsunade. Estava desligado.

Quando estava passando pela agenda para procurar mais algum número para saber do paradeiro de Sakura, passei pelo maldito número daquela maldita vaca da Karin. Disquei.

Chamou três vezes, quando ia passar para o quarto toque, ela atendeu, dizendo:

Meu amor, está muito tarde...

Eu a interrompi, gritando:

— NÃO ME CHAMA DE AMOR, SUA VAGABUNDA DESGRAÇADA! VOCÊ SE OFERECEU PRA MIM, EU CEDI, E AGORA EU PERDI TUDO! VOCÊ NÃO SABE O QUE É AMOR! NÃO SABE!

— Sasuke-kun, o que é que...

— CALA ESSA SUA MALDITA BOCA! EU ODEIO VOCÊ! VOCÊ NÃO É AMADA POR NINGUÉM, SUA PUTA FÁCIL! NUNCA MAIS, ESCUTE O QUE EU ESTOU DIZENDO, NUNCA MAIS OUSE CRUZAR SEU OLHAR COM O MEU! SE VOCÊ FIZER ISSO, EU FAREI DA SUA VIDA UM INFERNO!

— Sasuke, me ouve, meu amor, o que está acontecendo? Você bebeu? Só pode...

— EU BEBI, SIM, MAS NÃO É POR ISSO QUE ESTOU DIZENDO ISSO PRA VOCÊ, SUA CADELA IMUNDA. ME RESPONDE: PORQUE É MESMO QUE EU COMO VOCÊ? INFERNO, EU TENHO UMA MULHER BEM MELHOR EM CASA, QUE CARREGA MEU SOBRENOME, A MULHER QUE EU AMO! PORQUE É QUE VOCÊ TINHA QUE SE OFERECER PRA MIM NAQUELA PORRA DAQUELE ESCRITÓRIO, EIN?

— Sasuke-kun, pare de dizer essas coisas pra...

— CALA BOCA! EU VOU DESLIGAR ESSA PORRA DESSE TELEFONE, PORQUE EU ODEIO A SUA VOZ! ODEIO! É SUA CULPA, TUDO SUA CULPA!

— Sasuke, não desliga, meu amor, vamos conversar, eu...

Eu desliguei o celular, com mais raiva ainda, pois eu sabia que ela não era toda culpada. Pode ter sido a primeira a errar, se oferecendo pra mim, mas eu errei mais ainda.

Droga!

Percebendo o ato sem sentido algum que eu havia acabado de fazer, abri a terceira garrafa e entornei. Me engasguei com a bebida, e quase vomitei pela ânsia que me deu. Respirei fundo, e estava quase ligando pra Sakura quando me lembrei de que se o telefone tocasse alto, minha menininha provavelmente acordaria, e meu filho também. E ele detestava ser acordado. Chorei. Eu daria tudo para poder lidar com a sua cara de emburrado por ter sido acordado se pudesse ter ele por perto.

Eu passava a mão na tela do celular, sem nem ler os nomes da minha agenda, procurando alguém que pudesse me dizer onde Sakura estava, quando parei sobre o número de celular do meu melhor amigo.

Divaguei sobre a possibilidade de acordá-lo aquela hora, e percebi que por mais idiota que eu fosse, ele estaria do meu lado.

Disquei. Na primeira tentativa, ele não atendeu, então tornei a ligar, rejeitando as ligações que Karin fazia para o meu celular. Ele atendeu, no segundo toque, e disse:

— Olha, Sasuke, eu não sei onde a Saku...

— Dobe, ela me deixou - confessei e, finalmente dizendo isso em voz alta, desabei.

Ele não falou mais nada. Ficamos ali, na linha, eu chorando de um lado, e ele provavelmente saindo da cama e indo para algum lugar para poder conversar comigo sem acordar sua esposa. Depois de um tempo, ele disse:

— Como assim ela te...

— Ela me deixou, Dobe, me deixou. Foi embora, levou tudo. Tudo mesmo. Ela levou as roupas, os cremes, as maquiagens, não tem mais bagunça no meu banheiro, Dobe, não tem. Não tem mais roupas jogadas no quarto de Deisuke, ele não está lá, Dobe. Não tem nada no quarto da Mei, nada. Ela não está lá. Ninguém está aqui. Ela foi embora, ela os levou, Dobe. Eu preciso deles, Dobe.

Ouvi-o respirar fundo e dizer com a voz vacilante:

— Quer que eu vá aí?

— Não, quero eles aqui. Agora.

Solucei e escutei a resposta firme dele:

— Você fez por merecer, Sasuke. Sabe disso. Agora pare de beber, vá deitar e dormir. Amanhã você tem trabalho. Amanhã conversaremos. Sei que é difícil, Teme, mas você fez isso. Não estou dizendo isso para você se sentir mal, e sim para você pensar. Vá tomar um banho...

— Acabei de tomar.

— Ótimo. Deite na sua cama...

— Não quero, a Sakura não está lá.

— Vai deitar mesmo assim. Abrace o travesseiro dela, e durma. Amanhã temos reunião.

— EU NÃO QUERO SABER DE PORRA DE REUNIÃO NENHUMA! EU QUERO A SAKURA! EU QUERO AGORA!

— Pare de agir como o mimado que você é! Toma vergonha na cara e escute o que o seu melhor e único amigo tem a dizer. Deite, durma. Amanhã eu te ajudo a resolver as coisas.

— Ela não vai voltar, cara, ela não vai.

— Vocês se amam, Sasuke, as coisas vão se ajeitar. Agora, por hora, faça o que eu disse. E pare de beber, pois sei que você está pra lá de bêbado.

— Eu quero ela, Dobe. Quero meu filho, quero ele pra me fazer disputar espaço na cama. Quero minha filha, pra poder pegá-la e dizer que a amo. Eu amo minha filha, sabia? Amo tanto. Eu quero minha mulher. Eu preciso deles.

— Olha, Sasuke, estou indo me trocar pra ir aí...

— NÃO! Não saia de perto da sua mulher e do seu filho. Fica com eles. Eu... Eu vou dormir. Vou...

— Pegue o travesseiro da Mei e do Deisuke também, vai fazer você se sentir melhor. Eu faço isso quando Hinata vai para casa do pai dela com Minato e fica lá, às vezes.

Solucei e disse:

— Vou te deixar dormir, Dobe, desculpa te ligar, e...

— Eu sou seu melhor amigo. Tô aqui pra você.

Não fala pra Sakura sobre isso. Se ela souber que eu estou chorando como um bebê e enchendo a cara, nunca vai voltar pra mim, pois vai ver o fraco que eu sou.

Tem certeza que não quer que eu vá?

Respirei fundo e respondi com a voz vacilante e indecisa:

— Tenho... Não iria mudar nada.

Naruto ponderou, então começou:

— Teme...

— Você não a traria com você, e é disso que eu preciso, Dobe.

— Faça o que eu disse. Amanhã nos vemos na empresa, tudo bem?

Funguei e respondi:

— Sim. Até.

Apertei o "end", me levantei, com a mente turva pela bebida, e caminhei devagar para o andar de cima.

Parei na porta do quarto de Mei, abri e entrei. Fui até seu berço e peguei a pequena almofada em forma de corujinha. Coloquei a almofada contra o rosto e respirei fundo. Tinha o cheiro dela, provavelmente. Eu nunca havia cheirado-a.

Sem ter forças realmente para ir embora daquele lugar no momento, me sentei na cadeira de balanço que havia no quarto e me lembrei da primeira vez que havia visto Mei. Ela estava aqui, nessa cadeira, no colo de Sakura.

Deisuke brincava no chão, e Sakura estava sentada com um pacotinho miúdo nos braços, onde minha filha estava.

Abracei a almofada mais apertado contra o peito, e continuei me recordando da cena, fazendo questão de tentar recordar dos mínimos detalhes para poder me martirizar e sofrer tanto quanto eu merecia.

Lembro de passar pela porta, olhar para dentro e contemplar a cena por um tempo, até ser descoberto. Deisuke levantou a cabeça e me viu. Abriu um sorriso lindo e disse:

— Papai, vem aqui ver a Mei. Ela é igualzinha a você papai.

Não respondi nada, só olhei para cima e encontrei os olhos de Sakura me fitando. Ela olhou para Deisuke e olhou para mim de volta antes de responder:

— Seu pai está ocupado, filho, só deve ter vindo em casa para tomar um banho e se trocar. Não tem tempo para ver a Mei-chan.

Lembro de ver o olhar confuso do meu filho, antes de abaixar a cabeça, recomeçar a brincar e dizer, me ferindo mais do que pretendia ou gostaria:

— Papai sempre está ocupado, nunca tem tempo pra gente. Mas está tudo bem, a Mei se acostuma.

Lembro de seguir andando pelo corredor com o peito apertado pelas palavras inocentes e sinceras do meu filho, entrar no meu quarto e ligar para Karin, dizendo que não sairia mais naquela noite.

A essa altura, eu não conseguia nem chorar mais. Eu não merecia nem o direito de sofrer por eles.

Me levantei e, ainda seguindo o conselho do Naruto, segui até o quarto de Deisuke.

Fui até sua cama e peguei o travesseiro dele. Inspirei profundamente, com o rosto enterrado ali, e segui para o meu quarto, pensando no quanto eu sentia falta do meu garoto correndo e sorrindo perto de mim.

O sorriso de dentes faltando, os olhos brilhantes que eram exatamente iguais aos meus, o cabelo liso e extremamente desorganizado, que caía levemente sobre o rosto. Tudo nele me fazia falta, e eu percebi, só ali, que aquilo me fazia falta há mais tempo do que eu julguei à princípio.

Fazia tempos que eu não era um pai para Deisuke.

Chegando à porta do meu quarto, eu me perguntava em qual momento eu havia sido fraco o suficiente para não conseguir nem segurar aquilo que, literalmente, fazia parte de mim.

Olhei para minha cama e fiquei ali por um tempo. Parado. Contemplando nada em especial. Abracei os pertences dos meus filhos e rumei para o meu lado na cama. Me deitei, indeciso e pensando se estava fazendo a coisa certa em me deitar ali, sozinho, quando percebi que mesmo se quisesse, não teria forças para levantar dali.

Me ajeitei, peguei o travesseiro de Sakura, me livrei do meu, e deitei a cabeça nele, sentindo seu cheiro, pensando no quão miserável eu sou. Trouxe o travesseiro de Deisuke para mais perto e o abracei. A almofada de Mei estava na minha mão.

Ali, naquele momento, eu percebi que se eu não os tivesse de volta na minha vida, eu preferia não ter uma.

It's a quarter after one
I'm a little drunk
And I need you now
Said I wouldn't call
But I lost all control and I need you now
And I don't know how I can do without
I just need you now

Lady Antebellum-Need you now


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