HIATUS - This Love escrita por Pequena Stiff, SheWolf


Capítulo 8
Seven


Notas iniciais do capítulo

Eu não estou conseguindo colocar foto no cap, desculpem :/
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Edit da SheWolf: capítulo betado :3



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"Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho."

(Gandhi)

E quando eu entrei no carro, percebi que, mesmo amando Sasuke desesperadamente, eu estava certa. Se o nosso melhor amigo concordava comigo sem pestanejar, eu estava apenas sendo burra de não ter feito nada antes. Mesmo o amando desesperadamente, eu precisava viver a minha vida, e não simplesmente viver.

Ficamos em silêncio, o que era raro com Naruto no ambiente. Só se ouvia Mei balbuciando consigo mesma no banco de trás. Depois de um tempo, o silêncio me incomodou, e eu finalmente disse:

— Pode desembuchar, Naruto-kun. Me diz tudo o que está preso ai.

Ele respirou fundo e levou um tempo para responder, até que despejou palavras seguidas, sem praticamente respirar, para cima de mim.

— Eu me sinto tão mal com essa situação, Saky. Eu sinto que sou o culpado de tudo. Eu enfiei a vadia da minha prima naquela empresa, porque ela precisava de um emprego. Eu apresentei-a para o Sasuke, eu. Fui eu. Droga, eu já falei tantas vezes para ele, Sakura-chan, tantas, que perdi a conta. Eu simplesmente não consigo entender como ele pôde ter sido tão cretino e idiota. Não posso entender isso. Me irrita. Eu sinto tanta vontade de socá-lo quando vejo você. Tanta. E o que mais me irrita é que eu sei que ele te ama. Droga, ele te ama desesperadamente. Eu não consigo compreender o porquê de tudo isso.

Ele finalmente respirou e, ainda olhando para frente, só que agora com os olhos cerrados, se calou. Eu disse, mais para tirar a culpa de cima dele do que aliviar a minha dor:

— Ele nunca me amou, Naruto-kun. Nunca. Como Deisuke me disse ontem a noite. Você não deixa de amar assim; ou você ama para sempre, ou nunca amou. A vida quis assim. Talvez você só tenha apresentado o verdadeiro amor do Sasuke a ele. Só. Você não tem culpa de nada. Culpa nenhuma. Eu e Sasuke é que fomos os culpados. Nós éramos adolescentes imaturos e estávamos no auge da nossa paixão, quando eu engravidei e nos vimos obrigados a nos casar. Foi perfeito, e fomos felizes. Mas não era amor da parte dele, nunca foi.

Ele respirou fundo quando chegávamos perto da casa da Ino, e disse, antes de virar a rua e começar a estacionar:

— Ele te ama, sim, Sakura, e como ama.

Respirei fundo, finalmente sendo atingida pela realidade. Disse:

— Ele não ama nem a filha, que é parte dele, imagine a mim.

Eu sai do carro e me dirigi à porta de Ino, para acordá-la e arrastá-la comigo até o apartamento.

Depois de tocar a campainha três vezes, uma Ino descabelada e com uma cara de sono/furiosa abriu a porta, dizendo:

— Olha, eu já não dormi direito porque a porra do Sasuke não deixou. Ficou me ligando, querendo saber se eu sabia onde você estava, e você ainda vem me acordar essa hora da madrugada!

Dei risada e já fui entrando na pequena casa dela, empurrandoa até o quarto, quando falei:

— Temos uma missão, porquinha, por isso vim te acordar. Vamos até o meu apartamento, sabe, aquele que fica perto da Tower Bridge, para arrumá-lo, pois eu vou me mudar.

Finalmente ela havia caído na real e disse, me olhando, quando já havia desamarrado a cara:

— Quando você diz você, quer dizer... Você?

Sorri, mesmo querendo desabar nos braços da minha amiga e chorar.

— Sim, só eu, Deisuke e Mei. Finalmente, seremos só nós.

Ela me olhou espantada, mas resolveu não perguntar nada. Ela sabia que quando eu precisasse de verdade, despejaria tudo em cima dela. O bom da Ino era isso. Eu sabia que poderia contar com ela quando precisasse, mas ela não me forçaria a desembuchar e contar tudo de uma vez para ela.

Me sentei em sua cama bagunçada e disse:

— Vamos logo, porquinha, eu estou cansada daquele hotel, e nós precisamos sair e comprar um berço para a Meizinha ainda.

Ela sorriu, finalmente, quando eu disse a palavra "comprar", e disparou banheiro à dentro para provavelmente começar a se arrumar. Fiquei ali, olhando o esmalte descascado da minha unha, enquanto ela ia e vinha no quarto. Dez minutos depois, saímos de casa com uma Ino impecável. Era incrível como ela se arrumava tão rápido, e ainda assim ficava estonteante.

Entrei no carro, depois de uma cara feia de Ino por eu estar no banco da frente, e encontrei Naruto virado para trás fazendo gracinha para Mei, que, assim que Ino entrou, ignorou completamente Naruto, e se virou para ela. Era incrível o quanto ela gostava de Ino, mesmo minha amiga fazendo-a de boneca.

Quando Naruto deu partida no carro, em direção ao meu antigo apartamento, eu disse:

Naruto-kun, assim que você sair da empresa, pode passar em casa para me pegar e ir comigo até o hotel? Preciso pegar as minhas coisas.

Ele assentiu, mas não disse nada. O que me deixou realmente chateada. Eu podia imaginar o porquê. Sasuke era seu melhor amigo, afinal de contas. Devia ser triste para ele saber que estava fazendo aquilo. Sei que Sasuke não se importa, sei que para ele não fará diferença, mas Naruto devia pensar diferente. Também não disse nada. E eu fiquei imaginando como é que Naruto sabia que nós precisávamos conversar. Sei que Sasuke ligou pra ele, mas poderia ser só uma viagem, como eu sempre fazia. Fitei Naruto e percebi que, naquele momento, tudo o que eu tentasse tirar dele seria em vão. Ele era insuportavelmente decidido quanto aos seus pensamentos, e qualquer um que o contrariasse... Bom, não é muito legal discutir com ele.

Ino, sentindo o clima tenso que havia ficado, disse, entusiasmada:

Então, Sakura-chan, o que está pensando em fazer no quarto novo da Mei? Eu tenho várias ideias. E pro do Deisuke também, sabe, ele não é mais um bebê.

Sakura sacudiu a cabeça e soltou uma leve risada quando disse, mais para descontrair o ambiente, provocando-a:

Minha amiga decoradora não é você, sabe. É a Tenten. E eu vou ligar para ela ir em casa no fim de semana...

Mas, Sakura-chan, eu tenho tantas ideias!

— Sim, mas você terá que discuti-las com a Tenten. Que é a decoradora.

E colocou um bico enorme no rosto enquanto fazíamos o trajeto até minha casa. Em uma parte do caminho, começou a listar os motivos de ser ela a decorar o quarto dos dois e, quando eu neguei, voltou a ficar emburrada. Chegamos no prédio pouco tempo depois e, quando estava pronta para sair, Naruto disse:

Ino, pega a Mei e espera na portaria. Quero falar com a Sakura.

Olhei para ele e temi a conversa. Sabia que Naruto me apoiaria, mas, ainda assim, fiquei temerosa com o assunto da tal conversa. Ino fez o que ele disse e, assim que ela saiu, ele disse:

Sakura-chan, entenda. Eu vou te apoiar e te ajudar em tudo o que você precisar, de verdade. Mas como seu melhor amigo, eu quero te dizer uma coisa: Não desiste do Sasuke. Ele errou muito, eu sei. Acredite, eu sei. Mas eu acho que uma história como a de vocês não pode ser jogada fora de um dia para o outro. Não é algo para se fazer agora, vocês precisam desse tempo. Mas não feche o seu coração, Sakura-chan.

Eu estava com os olhos turvos pelas lágrimas quando respondi:

Naruto-kun, talvez, um dia, eu possa perdoar o Sasuke, mas o que ele me fez... Bom, acho que nosso casamento não tem mais volta. Não vou dizer "nunca", mas eu sinceramente acho que o nosso tempo acabou. Foi lindo, ele me levou ao auge, mas eu não sei se estaria disposta a correr o risco de novo.

Eu chorava. Mesmo depois de ter prometido a mim mesma que não choraria mais.

Sakura-chan, eu sinceramente acho... Acho que você e o Sasuke ainda vão ficar juntos de novo. Eu nunca vi duas pessoas tão perfeitamente... Certas, juntas. Ele é turrão, difícil, rabugento, rancoroso, e, na maioria das vezes, detestável. Mas você, só você, desperta o melhor nele. Você é o melhor dele. As pessoas podem mudar, sabe... Se arrepender. Eu só quero que, bom, quero te pedir que quando você sentir que a hora chegou, abra seu coração. Eu sei que a mágoa é grande, deve ser impossível... conviver com isso. Mas, Sakura-chan, eu não quero que você se arrependa. Não quero que você se arrependa pensando "e se".

Naruto-kun, não é tão simples. Eu o amo, nossa, o amo demais! Mas eu tenho que me amar também. E amar os meus filhos. Naruto-kun, vocês, todos vocês, podem pensar que o Sasuke só é um pouco distante da Mei-chan, mas não é assim. Ele nunca pegou-a no colo. Nunca. Você se lembra de quando ela nasceu? Quem me levou para o hospital foi minha tia, em um táxi, Naruto.

"Com todo o dinheiro que eu tenho, com todos os carros disponíveis, eu tive que ir para o hospital em um táxi, porque não estava em condições de dirigir e minha tia não sabe. Você foi para o hospital assim que ficou sabendo. O Sasuke não foi para o hospital e, quando voltei para casa, ele não estava lá. Ele estava com ela. Ele não queria a Mei, sabia? Eu ouvi ele dizendo isso, Naruto-kun. Eu ouvi. E nada no mundo doeu mais do que escutar o desprezo na voz dele quando falava dela. Ele nunca pegou-a no colo! Como eu posso conviver com ele, sabendo disso? Seria desrespeito com a minha filha, Naruto-kun. Quantas vezes eu esperei ele chegar do serviço, e, quando o ouvia chegando, corria para o quarto de Mei com ela, para não ser obrigada a ver, na minha frente, um pai que não ama a própria filha. Como ele pôde? Ela é tão... Perfeita. Tão encantadora. E ele a despreza. Naruto-kun, uma pessoa assim não merece nem que eu olhe na cara. Mas eu ainda olho, ainda o amo. Eu não vou conviver com o "e se" deixando ele. Eu conviveria com o remorso do "e se" se eu continuasse com ele. Essa pode ser a minha oportunidade de ser feliz. De finalmente terminar a minha faculdade. De finalmente poder... respirar. "

Quando eu terminei de falar, Naruto me abraçou forte, e me acalentou em seus braços enquanto os soluços não passavam. Assim que me recompus, olhei em seus olhos e percebi que havia lágrimas ali. Limpei-as e sorri forçado, dizendo:

Não se culpe de nada, ouviu bem? Eu vou ficar bem. Juro. E eu espero realmente que você esteja aqui depois do trabalho. Traga a Hina-chan junto, porque eu vou realmente abusar da nossa amizade hoje.

Ele sorriu e disse:

Assim que eu sair da empresa, vou passar em casa para pegar a Hina-chan, venho para cá, deixo ela aqui com Ino, e nós vamos para o hotel pegar as suas coisas. Depois disso, provavelmente, já vai ser hora de pegar os meninos. Aí eu os pego e, sei lá, vou dar uma volta. Mas eu realmente não vou ficar aqui para ajudar a arrumar as coisas, porque você sabe muito bem, Sakura-chan, que eu mais atrapalharia do que outra coisa.

Sorri e assenti. Estava abrindo a porta quando disse:

— Então está combinado, Naruto-kun.

Abri a porta, saí, acenei pela janela e andei até o hall de entrada, observando uma Mei impaciente, que puxava os cabelos de uma Ino assustada pelo repentino ataque de raiva da pequena. Sorri assim que cheguei até elas, peguei minha pequena estressadinha no colo, que na hora se acalmou, e fui entrando, deixando para trás uma Ino indignada, provavelmente por Mei ter se acalmado assim que passou para meu colo. Conversei rapidamente com o porteiro, antes de seguir para o elevador. Assim que cheguei, apertei o botão e Ino se juntou a mim. Ela disse:

— Eu espero realmente que esse poder de supermãe venha junto quando eu tiver um filho, porque, juro, se eu não receber esse dom, mato o pestinha ou me mato em dois tempos.

Dei risada e respondi, entrando no elevador que havia acabado de chegar:

— Na verdade, você meio que aprende com o tempo. Você me vê assim hoje, mas juro que quase enlouqueci quando Deisuke nasceu. Ele não dormia, chorava muito, fazia manha, só sossegava quando estava na minha cama, comigo e com Sasuke...

Me calei nessa hora.

Não queria dizer mais nada. Aquela lembrança particularmente doía.

Respirei fundo e desci no meu andar. Ino não disse nada. Tirei a chave da bolsa, com uma dificuldade enorme por estar com Mei no colo e, quando finalmente consegui, coloquei a chave na porta, destranquei-a e abri-a, com uma nostalgia enorme por estar ali novamente.

Assim que abri a porta e vi o mesmo lugar das minhas memórias mais felizes, com os móveis cobertos por plásticos, e o chão empoeirado, percebi que eu realmente não ficaria bem por muito tempo. Entreguei Mei à Ino, que relutou em passar para o colo da tia, mas Ino insistiu e conseguiu pegá-la. Dei alguns passos e deixei minha bolça em cima do sofá. Quando fiz isso, uma pequena nuvem de pó subiu. Dei uma volta pela sala, olhando, recordando, sentindo saudades, e segui pelo corredor que dava para os quartos e o escritório. Passei pela primeira porta, pela segunda, e segui até a quarta e última, que era onde antigamente ficava meu quarto. Abri a porta, acendi a luz e, assim que o ambiente se iluminou, me encostei na parede e escorreguei até o chão, colocando para fora todo aquele peso.

Eu sabia que não devia chorar, que devia ser forte e encarar tudo de cabeça erguida, mas ali, naquele momento, não havia nada mais difícil do que olhar em volta e sentir que tudo o que eu tive um dia simplesmente não existia mais. Ali, naquele momento, eu só conseguia pensar no quão injusta a vida era.

Hoje a tristeza
Não é passageira
Hoje fiquei com febre
A tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela
Parecerá uma lágrima

Legião Urbana-A via láctea


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