HIATUS - This Love escrita por Pequena Stiff, SheWolf


Capítulo 6
Five


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal, eu sei que eu demorei, e muito, mas, tipo, esse mês tem sido corrido e difícil.
Primeiro, um amigo meu faleceu no final de semana depois do carnaval, e eu tive que viajar para o Paraná para ir ao enterro e, além disso, a morte dele acabou totalmente comigo e tirou toda a minha inspiração.
Depois, agora no fim do mês, a sobrinha do meu ex, atual, futuro namorado fez aniversário, e eu tive que correr para ajudar em tudo.
Primeiro, a falta de inspiração, e depois a falta de tempo.
Espero que vocês entendam. O capítulo tá fraco, de verdade. Só estou postando para vocês não ficarem sem nada para ler, porque eu gosto de escrever quatro ou cinco capítulos antes de postar, e eu estou sem nada.
Ficou curto, mas espero que gostem.
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Edit da SheWolf: capítulo betado :3



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"Alegrias violentas, tem fins violentos."

(William Sheakespeare)

E eu nunca me senti tão mal ao fazer algo certo.

Algo poderia doer mais que aquilo? Eu sinceramente acho que não. Abracei meu corpo, pois o frio que fazia ali na varanda do hotel estava me causando arrepios, mas eu não queria entrar.

Fiquei ali, olhando o céu estrelado daquela magnifica noite que fazia em Londres. E por um momento, em meio a toda amargura e dor, eu me senti de volta aos dezesseis anos, quando eu sentava no quintal de casa e contemplava aquele mesmo céu, pensando na mesma pessoa, só que de uma forma muito diferente. Se eu soubesse que as coisas terminariam assim, possivelmente eu faria tudo diferente. Pensar assim é estranho, pois eu vivi momentos muito bons ao lado de Sasuke. Mas será que compensava a dor? Sheakespeare disse que alegrias violentas tinha fins violentos, e eu concordava com ele. Eu vivi meu auge com Sasuke e, pela regra da vida, seria com ele também que eu viveria a minha ruína. Eu, sinceramente, acho que tomaria decisões diferentes, se eu soubesse. Eu ainda chorava.

Resolvi entrar, pois comecei a não sentir os meus dedos, de tão frio que estava. E, ao abrir a porta, eu entendi que faria tudo de novo se tivesse a oportunidade de mudar meus atos.

Ali, no canto do quarto, estava o motivo. Um deles. Caminhei novamente até a cama de Deisuke e me sentei no chão. Passei a mão por seus cabelos e, finalmente, pude conter as minhas lágrimas.

Eu tinha que ser forte, por ele e por Mei. Seríamos só nós agora. Apoiei a cabeça em meu braço no colchão e fiquei ali, durante um bom tempo, até meu bebê despertar sem motivo aparente. Ele piscou, com aqueles olhos perfeitos envoltos de cílios longos e pesados, e sorriu para mim, aquele sorriso perfeito que faltava dois dentes. Ele me disse, assim que terminou de bocejar:

— Olá, mamãe.

E sorriu novamente. Não pude deixar de sorrir, e respondi:

— Olá, meu amor.

Ele se aproximou mais do canto da cama e se aconchegou na minha mão, que ainda estava em seu cabelo, dizendo:

Eu vou para a escola amanhã, mamãe? Estou com saudade.

Suspirei e disse:

— Amanhã ainda não, filho, só na segunda-feira.

Ele nada disse, mas a ruguinha em sua testa denunciava que ele estava preocupado, ou estava querendo dizer algo, mas estava com receio. Falei:

— Pode me falar o que quiser, filho, sabe disso.

Ele continuou me encarando, com aqueles olhos perfeitos, e disse, receoso:

— Você tá se separando do pai, né, mamãe?

Como eu poderia responder àquilo? Como eu explicaria para uma criança de seis anos que ele não veria mais o pai todos os dias, que teria que mudar de casa, e que os pais não seriam mais casados? Sempre imaginei que fosse um exagero dos casais separados o drama que eles fazem e as mentiras que acabam contando pros filhos, mas ali, naquele momento, eu entendi o quão dolorido era dizer para o seu filho que a vida que ele conhecia mudaria totalmente. Suspirei, olhei bem dentro dos olhos dele, apesar da pouca luz que tinha no quarto, e respondi, tentando esclarecer as dúvidas dele:

— O papai ama outra mulher, meu amor, é por isso que agora vamos morar em casas diferentes. Mas ele vai continuar sendo seu pai, e eu sendo a sua mãe.

Os olhos dele demonstravam curiosidade. Respirei fundo e acrescentei:

— Isso não muda nada, meu anjinho, nada. Ele te ama, só não ama mais a mamãe. Mas agora não se preocupe, querido, as coisas vão melhorar, ok? Amanhã mesmo vamos voltar para a nossa casa antiga.

— Mas nós só temos uma casa, mãezinha. A do papai.

— Não, meu amor, a casa que nós morávamos quando você nasceu. Lá no centro da cidade, perto do Tâmisa.

A ruguinha ainda estava lá, quando ele se desvencilhou da minha mão, virou de costas para mim, e disse:

— Se o papai não te ama mais, eu não amo mais ele.

Meu coração gelou, e eu percebi que talvez tenha dito coisas demais. Eu subi na cama e o abracei por trás, dizendo:

— Não, filho, não diz isso. Ele ama você, e você ama ele, sim. Não diz mais isso, por favor.

Ele virou e se aconchegou mais em mim, tomou fôlego e disse baixinho, com a voz triste:

— Mas eu não entendo, mamãezinha, não entendo. Não tem mais espaço no seu coração pra mais ninguém porque você ama a gente um montão. Como no do papai pode ter? Ele não sabe amar, mamãe, mas você não pode se separar dele, você tem que ensinar pra ele como é que é, mãezinha. Como é que é amar, aí não vai ter mais espacinho nenhum no coração dele pra ele amar outra pessoa. Só eu, você e a Mei.

— Não fala assim, filho. O seu papai sabe amar, sim, só não ama mais a mamãe. O seu espaço ainda está lá. Sempre vai estar e, acredite, é o maior deles.

Ele me interrompeu e disse:

— Não, mamãe, você disse que o amor era pra sempre, sempre, sempre, não pode acabar assim. Não pode acabar nunca, mamãe. Eu sempre, sempre, sempre vou amar você, a Mei e o papai. O papai tem que ser assim também, mãe. Você me ensinou isso, ensina ele também, é simples.

A conversa seria difícil, e não era hora para ela. Mas pelo que eu conhecia do meu filho, eu sabia que ele não pararia de falar até suas dúvidas serem esclarecidas.

— Filho, olha, a mamãe e o papai não se amam mais como marido e mulher, mas não significa que não nos gostamos mais. A única diferença, meu amor, é que você terá duas casas: a da mamãe e a do papai.

— Não, mamãe, não é assim. Você me ensinou, mamãe, me ensinou. Eu lembro. O amor nunca acaba, ele sempre tá lá. Você pode ver no olho da pessoa, porque ele brilha, brilha. E o papai te olha assim, com os olhos brilhando, mamãe, e também, mamãe, você não grita comigo porque me ama, e isso magoa, e você não grita com o papai, e nem o papai com você. Isso é amor, mamãe, e o amor não acaba. É só falar isso pra ele.

Eu estava com vontade de chorar. Meu bebê era tão perfeito, tão esperto. Abracei-o e disse:

— Agora é hora de dormir, meu amor, mas talvez você possa dizer isso para o seu papai.

Ele assentiu e, depois de um tempinho sem dizer nada, disse:

— Tá doendo, mãezinha, de verdade. Não igual quando eu não quero ir pra escola. Aqui, ó - apontou o peito - tá apertadinho, parece... Não sei, mãe, um frio, sabe? E minha garganta tá fechando, parece sede, mas não é, sei que não, e tudo isso porque eu acho que o papai não vai querer aprender como é amar, mamãezinha. Eu queria ele aqui. Queria que ele aprendesse.

Então o silêncio reinou, e, mesmo querendo, eu não consegui dizer nada. Eu só o puxei para mais perto, e abracei mais forte. Ele fungou e escondeu o rosto no meu peito, depois disso, dormiu, como um verdadeiro anjo.

Continuei ali, abraçada com ele, e acabei adormecendo.

Sem sonhos, graças a Deus.

Acordei com o som do choro da minha filha, e me levantei rápido antes que ela pudesse acordar Deisuke.

Peguei-a no colo e o chorinho cessou. Ela sorriu banguela para mim, e aquele ato me deixou em paz.

Decidi dar um banho nela, apesar de ser muito cedo, pois decidi que levaria o Deisuke a escola. Eu não poderia fazer aquilo com ele. Já seria difícil, eu facilitaria o máximo.

Coloquei a banheira para encher, enquanto tirava a roupinha. Ela não facilitava em nada, pois ficava rolando de um lado para o outro e levando os pés à boca toda hora. Quando baixei e a coloquei sentada no pouco de água que havia na banheira, foi o fim. Mei começou a bater as mãozinhas, como sempre fazia, e gargalhar em quanto me molhava toda. Ela adorava água, assim como Deisuke quando bebê. Eu lavava seu cabelinho, e ela fazia um bico muito gostoso enquanto levantava a cabeça com a minha ajuda para eu tirar o shampoo de seu cabelo.

Eu não conseguia parar de sorrir e, por um momento, eu pude apenas contemplar o quanto a vida era boa, e cada simples gesto ou ação eram maravilhosos e perfeitos.

Ela não parava de falar, mesmo não falando nada. Menina alegre. E o auge da sua felicidade foi quando eu lavava seus pézinhos e ela olhou para cima, vendo seu irmão, até então despercebido por mim, parado perto da porta.

Eu disse:

— Tire suas roupas, filho, e venha para a banheira também. Decidi te levar à escola.

Os olhos dele brilharam e ele tratou logo de tirar a roupa. Entrou na banheira feliz e começou a brincar com a irmã, dizendo coisas sem sentido, mas que faziam-na dar risada.

Pedi:

— Fique com ela um segundo, filho, que eu vou separar uma roupa para vocês.

— Sim, mamãe - foi o que ele respondeu.

Rápida, fui para o quarto e abri a mala de Deisuke, pegando um jeans claro, uma blusa de malha grossa, azul claro, e seu sobretudo preto, que o fazia ficar igualzinho ao pai. Peguei também seus tênis tipo converse, uma cuequinha e deixei em cima da cama.

Fui até a mala de Mei e separei um conjunto de frio cinza claro para ela, um sobretudo lilás, e botas lilás também. Coloquei perto da roupa de Deisuke e voltei correndo para o banheiro.

O chão estava ainda mais molhado, e os dois gargalhavam de aparentemente nada. Sorri com a cena.

Eles eram as coisas mais perfeitas que poderiam existir no mundo. Sem sombra de dúvidas.

Disse com a voz doce:

— Agora vem com a mamãe, princesa, vamos nos trocar.

Peguei o mini roupão dela que já estava no banheiro e tirei-a da água. Ela esperneou, brava, mas não chorou. Falei para Deisuke:

— Termine o banho rapidinho, filho, as suas roupas já estão separadas.

Ele só assentiu, pois estava mais preocupado em brincar com a água da banheira.

Fui até o quarto para travar outra batalha com Mei, tentando vesti-la.

Assim que consegui colocar a fralda, dei a ela o creme para assaduras, o que a distraiu e me permitiu vesti-la. Peguei-a no colo e voltei até a mala dela para pegar algo para colocar naquele cabelo exageradamente liso, que caia no seu rosto. Prendi com uma presilha de flor, e ela ficou perfeita demais. Coloquei-a no carrinho depois disso, dizendo para Deisuke ir logo. Fui me trocar.

Coloquei uma calça jeans, uma segunda pele e um sobretudo vermelho, calcei um sapato de salto, também vermelho, e estava pronta.

Deisuke saiu do banheiro, e como se negava a ser vestido por mim desde que completara seis anos, se vestiu sozinho e ficou perfeito, como sempre.

Amamentei Mei e olhei no relógio, que marcava 7:28 a.m. Decidi que tomaríamos café fora do hotel.

Peguei Mei no colo e guiei Deisuke até a porta.

Fomos a um café perto do hotel, e eu e Deisuke comemos, conversando sobre como ele queria o novo quarto dele.

Fiquei feliz por ele estar tão aberto ao assunto e não estar tão triste como na noite passada. Depois de tomarmos café, entramos em um táxi, e estávamos a caminho da escola de Deisuke, quando eu voltei a sentir meu celular vibrar.

Respirei fundo e ignorei.

Desde ontem depois de nossa fatídica discussão, Sasuke não havia ligado mais. Mas eu tinha certeza que era ele ao telefone.

Depois de um tempo, chegamos à escola de Deisuke, faltando pouco para ele entrar. Ficamos ali, na pequena praça que havia em frente a escola, e finalmente ele entrou para a escola correndo, feliz por finalmente rever seus amigos depois de três dias. Sorri e acenei para ele, fazendo a mãozinha de Mei acenar também, até ela decidir que a balançaria sozinha.

Estava virando para ir a uma rua mais movimentada, quando ouvi meu nome e reconheci a voz. Virei e pude ver meu melhor amigo, potencialmente problemático e serelepe, acenando em minha direção para chamar atenção, se despedindo do filho que tentava se soltar dele para correr para dentro da escola ao mesmo tempo. Ele não estava tendo muito sucesso.

Minato finalmente se soltou e disparou para dentro da escola, onde sua turminha formava fila. Sorri ao olhar para o meu afilhado e perceber que ele nem havia reparado em mim. Era tão agitado, mesmo sendo tão pequeno.

Naruto vinha em minha direção e eu continuei parada. Quando ele chegou perto, sorrindo de orelha a orelha para minha filha, ela logo se ofereceu toda pra ele, chamando-o para pegá-la com as mãozinhas. Ele pegou–a, dizendo, não para mim, é claro:

— Oi, temezinha linda do tio. Tudo bem com você, meu amorzinho?

Ela balbuciou feliz para ele, e eu sorri.

Naruto finalmente virou para mim e disse:

— Sakura-chan, acho que precisamos conversar, não é mesmo?

Olhei para o meu amigo, que me olhava sério, por mais incrível que pudesse parecer, e disse:

— Sim, Naruto-kun, temos muito o que conversar. Mas enquanto conversamos, você vai me levar para o meu antigo apartamento, que fica perto do Tâmisa. E não adianta discutir.

Ele sorriu para mim e se virou para andar em direção ao carro, quando disse:

— Tecnicamente, como eu sou o advogado da sua empresa, você é minha patroa, e eu devo fazer o que você manda.

Sorri amarelo para ele e disse:

— E é uma das coisas que temos que conversar. Vou deixar de ser sua patroa, mas preciso da sua ajuda para isso. Quero que seja meu advogado no meu divórcio.

Naruto engoliu seco, olhou para mim com os olhos muito abertos, e quando viu na minha face que aquilo já estava decidido, virou-se e disse:

— Eu faço questão, Sakura-chan.

E quando eu entrei no carro, percebi que mesmo amando Sasuke desesperadamente, eu estava certa. Se o nosso melhor amigo concordava comigo sem pestanejar, eu estava apenas sendo burra de não ter feito nada antes. Mesmo o amando desesperadamente, eu precisava viver a minha vida, e não simplesmente viver.

Far and away where they took you down
Lead them over to your house
Where I'm broken
Down by the people, if they let you breath
Don't give a damn if you still can't see
Still, my heart beats for you

Jake BuggBroken


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