Embaixo da Pele escrita por Ca_Dream


Capítulo 9
Felicidade


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Aqui vai mais um capítulo para vocês. Espero que vocês gostem de como as coisas estão indo. Beijos e até semana que vem.



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Elise se afastou momentos depois, com um sorriso nos lábios. Estava feliz por saber que Erik fora o primeiro homem que havia beijado em toda a sua vida.

Ele a olhou, hipnotizado. Devia estar sonhando. Como podia uma criatura tão linda, amar uma criatura tão horrenda como ele?

Ele levantou uma das mãos, acariciando a bochecha dela. Elise segurou a mão dele contra o seu rosto. Pode ver o exato momento em que o brilho dos olhos dele transformou-se em tristeza.

–Erik, o que foi?

–Não tenho nada para lhe oferecer, a não ser uma vida amaldiçoada. – ele respondeu.

–Uma vida ao seu lado não poderia ser nada além de uma vida feliz.

Ela parecia ter resposta para tudo. Não importava quantos obstáculos Erik encontra-se, Elise sempre sabia como contorná-los.

Eles tornaram a se beijar. Separando-se apenas quando seus pulmões brigaram por ar.

–Erik, eu amo você. Você me ama? – ela perguntou pausadamente.

–Sim. Você sabe que sim. – ele parecia extremamente seguro do que dizia.

Ela balançou a cabeça, sorrindo.

–E como você espera que eu vá a algum lugar depois de ouvir isso? Você não vai se livrar de mim assim tão fácil.

Erik abriu um sorriso verdadeiro para ela. Um dos poucos que tinha dado em toda a sua vida.

Ele a segurou contra seu peito, como se não acreditasse que aquilo era real. Como se tivesse medo de despertar de um sonho.

–O que eu estou fazendo? – Elise se afastou dele. Surpresa pela pergunta. – Já é quase hora de almoço. Você deve estar com fome. – ela suspirou aliviada. Aquilo não era o que ela esperava que ele dissesse.

Erik a conduziu para a cozinha improvisada dele. O lugar consistia em uma mesa de quatro cadeiras e uma bancada onde ele colocava os mantimentos.

–Me desculpe. Não tenho muito além de um pouco de carne, pão e queijo. Nós podemos tomar um chá para acompanhar. – ele puxou a cadeira para que ela se sentasse. – Preciso que Antoinette me compre algumas coisas.

–Antoinette? – ela perguntou enquanto ele lhe servia queijo e pão em um prato. Erik colocou uma jarra com água sobre a mesa. – Por que Madame Giry compraria algo para você?

Ele lhe lançou uma olhar presunçoso.

–Quem você acha que tem me ajudado todos esses anos? Foi ela quem me escondeu aqui. Por que você acha que ela sempre recebe minhas cartas?

Elise piscou. Nunca tinha pensado nisso. Madame Giry escondendo Erik? Agora entendia porque a mulher nunca gostava quando alguém falava sobre o fantasma ou tentava ignorar as ordens dele.

–Eu nunca havia pensado nisso. – Elise partiu o pão e começou a comer. Ele sentou-se na cadeira em frente a ela. – Como vocês se conheceram?- percebeu que a pergunta o tinha incomodado. – Não precisa responder se não quiser.

–Foi há muitos anos. Antoientette estava estudando para ser bailarina e eu ainda era menino. Nos encontramos em uma feira itinerante. Ciganos. Eu era usado como atração. Por causa do meu rosto.

Ele não disse mais nada. Elise respeitou o silêncio dele. Sabia que era muito para ele começar a compartilhar algo de seu passado assim.

Com o passar da tarde, Erik contou mais sobre a sua vida. Os anos que tinha passado vivendo embaixo da ópera. Sua paixão pela música. Ele tinha viajado por alguns anos, querendo conhecer o mundo. Tinha retornado não muito tempo depois. Para alívio de Madame Giry. E então tinha conhecido Christine.

Elise ouvia atentamente, a curiosidade transbordando em seus olhos. Ela parecia querer absorver cada palavra que ele dizia. Erik achava adorável.

Ela sabia que com o tempo seria capaz de desvendar todos os mistérios do passado do homem que amava.

–As horas voam aqui embaixo. – ela disse depois de passarem a tarde juntos. – Já deve estar entardecendo. Preciso voltar e me trocar.

–Vá. – Erik disse soltando a mão dela. – Não seria bom se dessem por sua falta.

–Eu volto mais tarde. – prometeu antes de entrar na escuridão de túneis.

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Elise entrou em seu quarto, sem conseguir esconder o sorriso em seu rosto.

Ouviu alguém a chamando e percebeu que Meg batia insistentemente em sua porta. Correu para abrir.

–O que está acontecendo com você? – a loira perguntou meio sem fôlego. – Estou te chamando há séculos.

–Eu acabei pegando no sono. Demorei em ouvir você chamar. – mentiu.

Meg a encarou, examinando seu rosto, como se soubesse que ela estava mentindo.

Entrou no quarto, olhando ao redor.

–Estava querendo falar com você. – a bailarina insistiu.

–Meg, poderia ser depois? Eu estava pensando em tomar um banho agora.

–É sobre o baile.

–O que tem o baile? – a voz de Elise mostrava curiosidade e preocupação.

–Onde você estava? – a outra mudou de assunto. – Não vi você o dia inteiro. Você se quer apareceu durante o almoço.

–Fui dar uma volta pela manhã e quando cheguei caí no sono. Devo ter dormido a tarde inteira. – tornou a mentir.

–Ouvi algumas fofocas. – Meg fez voz de mistério.

–Que fofocas? – Elise perguntou. Onde Meg estava tentando chegar?

–Sobre você e um rapaz de vermelho. E como vocês passaram a noite dançando na sacada. – Elise não conseguiu esconder a surpresa em seus olhos. – Sabe, as paredes daqui tem olhos e ouvidos.

–Do que você está falando?

–Eu não soube bem em que acreditar. São apenas boatos. Disseram que você ficou com ele a noite toda. Mas ninguém conhecia o jovem e ninguém viu o rosto dele. – Elise ficou calada. O que poderia dizer? Ninguém podia desconfiar que o rapaz que dançara com ela era Erik. – Elise?

–O quê?

–Você está apaixonada por ele?

–Meg!

–Você é uma mentirosa terrível, sabia?

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Elise voltou horas mais tarde, como havia prometido. Tinha tomado um banho quente e em quanto se arrumava, pensou nas coisas que Meg havia lhe dito.

Encontrou Erik sentando em um dos sofás, em frente à lareira. Ele parecia incrivelmente concentrado nas chamas que crepitavam. Ela caminhou até ele, ficando as suas costas. Colocou as mãos sobre os ombros dele. E o sentiu exalar uma respiração.

Ele segurou uma de suas mãos, fazendo com que ela arrodeasse o sofá e sentasse ao lado dele.

Ficaram sem dizer nada até que Elise resolveu quebrar o silêncio.

–Não acredito que fiquei três meses sem vir aqui. Sabe do que eu senti falta?

Erik olhou para ela, divertido.

–Do quê?

–Do piano. Passei esse tempo todo sem tocar.

–Você não sentiu minha falta, então?

–Senti. Mas o que eu mais senti falta foi do piano.

Erik riu antes de se inclinar para beijá-la. Elise tocou o rosto dele, o lado sem a máscara, enquanto suas bocas se encaixavam.

Eles se afastaram. Algo a estava incomodando.

–Tire. – ela diz mal tocando o lado direito do rosto dele.

Ele baixa o olhar, ficando em silêncio.

–Por quê? Você não precisa fazer isso.

–Erik, eu não me importo.

–Por que ver um rosto tão horrendo como este? Esse rosto sempre foi minha maldição. Ele me trouxe o medo e desprezo de minha mãe. Essa máscara foi meu primeiro pedaço de roupa.

–Eu não tenho medo, Erik. Mas parece que é você que tem medo de mim.

Elise continua com uma voz gentil.

–Eu sei que você não se sente confortável. Mas você passou tempo demais se escondendo sob a máscara. E não precisa se esconder de mim.

Ele olhou dentro dos olhos verdes dela, se perdendo naquele mar tempestuoso. Nunca imaginara que alguém pediria para vê-lo sem a máscara. Elise se tornava a cada minuto mais surpreendente.

Ele suspirou. Como era difícil tomar aquela decisão. O quanto lhe custava se expor daquela maneira. Não apenas por mostrar suas cicatrizes, sua feiura. Mas por se entregar a ela, completamente. Sua alma, sua vida e seu coração.

Tirou a máscara. Afinal, o que não faria por ela?

Elise ergueu a mão para a face deformada.

Ela tocou o rosto dele e Erik não se retraiu.


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