Estrada da Morte escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 7
Diana


Notas iniciais do capítulo

Oooi! Me desculpem a demora. Estive muito ocupada nos ultimos dias, e tudo mais. Mas espero que gostem do capitulo, que é da Diana por escolha da maioria! Capitulo dedicado a Lay Santos. Amei a recomendação, MUITO obrigada ♥



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Diana

Diana se afastou de costas, ainda sentindo os dedos pegajosos em seu pulso. Não conseguia ver nada na escuridão que engolia tudo á sua volta, mas podia enxergar a mancha vermelha de sangue em forma de dedos marcada no braço, onde o casaco estava rasgado.

Ela queria chamar o pai, pedir a ajuda dele, o abraçar, e ele não se importaria com o fato de todo o seu corpo estar tremendo. Mas seu orgulho a impedia.

– Diana? Onde você está? - ele perguntou - Espere, tenho uma lanterna na van.

Ela envolveu os ombros com os próprios braços, o ar de repente muito denso para conseguir respirar e tentando fazê-lo chegar aos pulmões pela boca. E então uma luz ofuscante iluminou seu rosto obrigando-a a fechar os olhos, colocando a mão na frente.

– Você está bem? - Hank perguntou abaixando a lanterna e indo até Diana.

– Eu... - ela encarou o finalmente visível corpo caído aos seus pés, o sangue escorrendo dele e sujando sua bota. Não estava tudo bem. - Estou bem.

– Vamos sair daqui.

Soltando o ar dos pulmões e observando a respiração se condensar á sua frente, se obrigou a andar em direção á van, dividindo olhares entre o homem estendido no chão e as pegadas vermelhas que o salto da bota deixava no concreto. Sentou no banco ao lado de Hank, olhando para ele esperando que dissesse alguma coisa.

– Aquele cara enlouqueceu… É a única explicação. - falou depois de algum tempo em silêncio.

– Não… Ele falou a verdade. Ele estava com uma mordida, lembra? Ele falou a verdade, Hank.

– Sim, ele falou, e então desmaiou e acordou querendo ir atrás de você.

– E tentou me morder também! - Diana falou alto, quase gritando, mostrando a blusa rasgada e o sangue.

– Sim, e ai eu o matei.

– Qual é o seu problema? - dessa vez gritou, sentindo aquela chama de raiva que sempre sentia quando estava com o pai - Você acabou de matar um homem e age como se não fosse nada! Tem alguma coisa estranha acontecendo aqui e você não dá a mínima!

– Se eu não tivesse atirado, ele teria ido para cima de você. E não se esqueça que também já matou pessoas. Não fale de mim como se fosse diferente.

Diana engoliu em seco, a visão começando a rodar com tamanho ódio que sentia crescer dentro de si. Num impulso, pegou a arma dentro do casaco e a apontou para a cabeça de Hank, o dedo firme sobre o gatilho.

– Pare a van. - falou com a voz monótona e densa.

– Querida…

– Não me chama de querida. Nunca. - continuou antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, a voz baixa e cheia de amargura - Pare essa van ou eu atiro.

O homem dividiu o olhar entre ela e a estrada por um tempo, ponderando. Parecia assustado com a atitude repentina e também com raiva por sua petulância.

– Não faria isso. Não me mataria. - sorriu presunçoso, erguendo uma sobrancelha menosprezando a atitude da filha.

– Pode ser que não, mas não pensaria duas vezes antes de atirar nas suas mãos. - Diana mirou nelas, e então abaixou mais arma e a destravou - Ou no meio das suas pernas.

Hank suspirou e balançou a cabeça. Diana era quase tão impassível quanto ele. Ou mais, como Elena. O que era um desastre.

– Tudo bem, tudo bem. Mas pelo menos vou te deixar em casa.

Mais confortável, Diana travou novamente a arma e a guardou de volta no casaco. Ficou olhando para o lado de fora, enquanto passavam pela orla do rio, vazia e escura naquela hora da noite. E toda a cidade, que dava para ver de longe com toda a luz que emanava, parecia escura também. Provavelmente um problema na distribuição de energia da usina; dois meses antes isso tinha acontecido, e tivera que ficar uns três dias tendo ela mesma que esquentar a água para tomar banho.

Se isso acontecer novamente talvez eu passe uns dias na casa de Eric, pensou com um sorriso maligno. Farei uma surpresa para ele e a Liz.

Quando chegaram ao fim do porto, a van virou á direita e seguiram até a rua que levaria ao centro da cidade. Ao longe, vários sons eram ouvidos. Gritos, sirene, algo que parecia com tiro, mas Diana tinha certeza que não era, e parecia que todos os cachorros tinham resolvido latir ao mesmo tempo.

– É só a gente sair que a festa começa. - Hank fez careta, como se estivesse com nojo de tudo aquilo.

– Só me deixe em casa logo. - ela rebateu asperamente.

O homem soltou um riso baixo e virou na rua seguinte, pronto para entrar na periferia da cidade. Ali no início tudo estava quieto, mas os barulhos pareciam se aproximar cada vez mais. Um carro veio do lado contrário da rua, numa velocidade impressionante e desviando da van no último segundo, sem parecer se importar com isso.

– Puta que pariu! - Hank gritou, freando a van com tudo - Mas o que diabos foi isso? Esse imbecil apareceu do nada!

Diana tentou acalmar sua respiração e o coração acelerado e abriu a mãos, as pontas dos dedos doloridas pelas unhas cravadas com força no banco. A freiada brusca tinha feito todos os nervos de seu corpo que já estavam tensos se tencionarem ainda mais, o susto fazendo-a tremer como se uma corrente elétrica caminhasse pelos músculos.

Alguns segundos depois, ainda praguejando até a quinta geração da pessoa que dirigia o tal carro, Hank ligou novamente a van e eles voltaram á volta pela cidade. Aos poucos o cenário abandonado de antes foi dando lugar a pessoas assustadas carregando grandes bolsas e mochilas, algumas até malas, e carros apressados buzinando para passar logo.

– Acho que alguma coisa está acontecendo na cidade. - Diana comentou, mais para si mesma.

– Ah, você acha? - Hank respondeu irônico.

Sem realmente ouvir o que o pai falava, Diana observou o olhar assustado das pessoas, principalmente daquelas que choravam. Enquanto o tumulto crescia e carros de polícia e do exército começavam a passar por eles numa velocidade impressionante e com armas mais impressionantes ainda, os gritos aumentavam e mais pessoas apareciam, dessa vez a maioria machucada.

Chegando perto do centro da cidade, ela ficou horrorizada ao ver um prédio mergulhado em chamas que ninguém tentava apagar e mais pessoas correndo de um lado para o outro, mais desesperadas que as anteriores.

– Ah meu Deus, o que está acontecendo? - Diana tampou a boca com as mãos, os olhos arregalados.

– Parece até que houve uma guerra aqui. - Hank concordou, olhando para o cenário como se visse esse tipo de coisa todos os dias.

Algumas ruas antes de chegar ao apartamento, eles foram parados por uma fila de carros abandonados que impediam a passagem. Com uma cara feia, o homem parou no meio fio, pronto para fazer o retorno e pegar a rua anterior.

Antes que fizesse isso, alguém bateu forte na janela, ao lado de Diana. Ela, que olhava para frente, para os carros abandonados, sentiu um arrepio antes mesmo de olhar para quem quer que fosse que a chamava. Virou o rosto lentamente, com medo do que veria, e do outro lado uma mulher chorava, batendo no vidro e deixando marcas vermelhas de sangue.

– Por favor, me ajudem. - ela implorou, os cabelos loiros caindo na frente do rosto, mas ainda dava para ver as lágrimas caindo de seus olhos. - Por favor, por favor, por favor…

Diana, que ficara quase sem reação, colocou a mão na maçaneta para abrir a porta da van, mas o pai a impediu.

– O que está fazendo? - ela perguntou entredentes.

– Tem alguma coisa vindo. - Hank respondeu olhando para a parte de trás da van.

Sem reação, Diana encarou a mulher por alguns mais alguns segundos, até ela ser puxada bruscamente e seus gritos ficarem tão altos que ecoavam em seus ouvidos. E então pararem, um minuto depois. Ela queria ver o que estava acontecendo, mas a escuridão e a mancha vermelha de sangue em sua janela não deixavam. Uma dor estranha corroía seu interior e o corpo inteiro tremia. Era a primeira vez que perdia tanto o controle em anos.

– Acho que ela está morta. - falou finalmente, engolindo o nó na garganta e fazendo o lado que usava quando trabalhava com o pai entrar em ação.

–É melhor sair daqui logo.

Hank fez o retorno e entrou na rua seguinte, passando devagar por cada cruzamento procurando por uma que não estivesse bloqueada, o que estava sendo tão impossível quanto desviar das pessoas que ainda estavam ali no escuro. Em alguns minutos estavam uma rua acima de onde ficava o apartamento, e uma das vizinhas de Diana, senhora Hudson - uma senhora de cabelos brancos e a avó que a mulher sempre sonhara ter - andava com a ajuda do filho mais velho e super protetor Asher.

– Pare. - Diana pediu, abrindo a porta da van sem nem mesmo esperá-la parar - Senhora Hudson!

– Ah, querida, que bom que está inteira! - respondeu dando um abraço apertado nela - Bati na sua porta, mas você não atendeu. Pensei que já tivesse ido embora.

– Está indo para onde? O que está acontecendo?

– Temos que ir, mãe. - Asher olhou feio para Diana.

– Espere, Ash. Diana, as pessoas enlouqueceram. Disseram na televisão que é uma ataque, mas Ash trabalha no CDC, disse que tem uma doença se espalhando, e está matando em massa.

– Mas… Como assim doença? Um homem tentou me morder e… - ela parou quando viu que um dos braços da senhora estava enfaixado e empapado de sangue - O que aconteceu com seu braço?

– Eu já sou velha, querida. Não tenho como fugir. Aquele homem insuportável do primeiro andar me pegou.

– E o que vai acontecer com ela? - Diana perguntou para Ash.

O homem olhou para baixo, parecendo indeciso entre contar a verdade ou não.

– Vou levar ela para o CDC. Vamos cuidar dela lá.

Isso parecia verdade.

– Querido, diga a ela o que fazer. - a senhora Hudson segurou o braço do filho, com seu sorriso delicado.

– Não chegue perto dos infectados. Você vai saber quais são por que eles estão mortos. Literalmente. - falou de má vontade, os lábios crispados em irritação - Não deixe eles te arranharem ou morderem. Vá para o mais longe possível da cidade. Vamos mãe.

Antes que Diana pudesse perguntar qualquer outra coisa, Ash saiu puxando a mãe pelo braço bom, que acenou com o outro e deu um sorriso sincero. Era por isso que ela adorava a senhora Hudson.

A buzina da van chamou sua atenção e ela correu para lá.

– Está maluca? Não saia desse jeito. Devia deixá-la plantada ali e ir embora. Vamos logo. - Hank xingou.

– Podia ir embora. Meu prédio é na rua de baixo.

Ao invés de responder, o homem pisou novamente no acelerador e em instantes já estavam na rua de baixo, em frente ao lugar.

– Vá logo. - ele mandou, já pronto para ir embora.

– Hank… - Diana falou baixinho, indecisa - Você tem que ir embora da cidade.

– O que?

– Ir embora. O filho da senhora Hudson falou que temos que ir embora. Tem uma epidemia na cidade, as pessoas estão morrendo, temos que ir. E tome cuidado.

Ele ficou parado encarando a filha enquanto ela pegava a lanterna no porta luvas e saia da van com sua arma nas mãos.

Diana entrou no prédio atenta caso o homem do primeiro andar tentasse fazer com ela o mesmo que com sua vizinha, mas ele não apareceu. Ela relaxou o punho que apoiava a arma e abaixou, deixando-a destravada. Pegou a lanterna e a ligou, iluminando as escadas. Parecia que não tinha mais ninguém no prédio, um silêncio total que ela sonhava em ter desde que chegara ali, mas que agora era assustador e agourento. Tinha certeza de que o pulso estaria acelerado, se aquela arma não lhe desse tanta confiança. Estava novamente em seu piloto automático, que não se importava em puxar o gatilho ou se devia estar com medo da situação.

Quando chegou á porta do seu apartamento, o 502, no último andar, ela pegou as chaves no bolso do casaco e o chaveiro metálico da cabeça de um ursinho fez um tilintar irritante que parecia muito alto naquele corredor silencioso. Entrou o mais rápido que pode e trancou a porta por dentro. Foi direto para o quarto, pegou uma mochila e colocou tantas roupas quanto podia, pegou alguns pacotes de biscoito e cereais e suas outras três armar e tantas munições quanto podia, além de duas facas. Aprendera a sempre estar preparada para qualquer coisa desde que era uma criancinha, e isso nunca mudara.

Assim que terminou, pegou seu celular e olhou se tinha alguma mensagem ou ligação perdida, e ficou decepcionada ao ver que nem sinal tinha. Mas mesmo assim levou o celular junto. Não tinha nem para quem ligar, mas como se diz, a sorte ajuda quem se prepara.

A última coisa eram as chaves do carro. Depois de pegá-las, Diana pegou novamente sua arma e deixou ela preparada até estar de volta ao primeiro andar. De lá, foi para os fundos, onde ficava a porta para a garagem. Mas esta estava trancada por fora. E Diana queria dar um tiro na cara de quem tinha feito isso. A contragosto ela voltou para a porta principal, mas antes que saísse ouviu os tiros vindo do lado de fora.

– Hank! - gritou assim que viu o pai atirando na mulher que ia em sua direção.

E ela reconhecia a mulher. Nunca esqueceria os cabelos loiros que cobriam uma parte de seu rosto. Mas desa vez, ao invés de verdes, seus olhos estavam esbranquiçados, e o corpo completamente coberto por sangue e também faltava uma parte da bochecha.

Depois de um instante de hesitação, ela levantou a arma que ainda estava em suas mãos e atirou no peito da mulher, que continuou caminhando em sua direção.

– Porque ela ainda não morreu? - Hank perguntou sem parar de atirar.

Diana tinha seus palpites. Asher tinha falado que eles estavam mortos. Então como o pai tinha matado aquele no píer?

Em um instante a mulher estava esticando a mão para Hank, e no outro ela estava caída no chão, mais sangue escorrendo de seu corpo.

– Atirem na cabeça. Eles só morrem assim. - um homem falou, abaixando sua arma e indo na direção dos outros dois que o encaravam - Quem são vocês?

– Hank. - respondeu - Essa é Diana, minha filha.

– Muito prazer. - o homem sorriu - Meu nome é Travis.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada por lerem, e não vou demorar a postar dessa vez! E as escolhas para o próximo capitulo: Leo, Maddie, Cam. Querem o capitulo de qual deles? :33
Beijos e até o próximo capitulo ♥



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