Tudo por Nico di Angelo escrita por Mariana Pimenta


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores!! Eu estou demorando muito para postar? Se sim, desculpem. Era para o capítulo ter saído na terça-feira passada, mas eu estava um pouco enrolada. É um pouco mais certo que o próximo capítulo demorem bem mais para sair, mas agora com os feriados eu consigo escrever mais.
E eu vou quebrar agora esse negócio de 3000 palavras, 4000 palavras, 3000 palavras... Eu queria continuar porque estava legal, mas não dá.
Obrigada a todos que estão comentando! Cada comentário me deixa muito, muito feliz.
Sem mais delongas, espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/469973/chapter/6

Quando meu pai me deu o endereço, quando percebi que tinha que sair de Denvan, quando Rúben disse que ia me ajudar, durante toda a minha jornada desde Denvan até Long Island. Esses foram os momentos em que eu mais acreditei que no Acampamento Meio-Sangue eu seria feliz.

Esse sonho se desfez nas primeiras horas que passei lá. Por um bom tempo, revirei livros, pergaminhos, mapas e o que mais tinha naquele chalé. Informações e conhecimento me acalmam. O tempo todo algum outro filho ou filha de Atena passava pela porta e perguntava quem eu era. Não respondi nenhuma vez. Os outros eram mais rápidos e respondiam para mim. Então, eu simplesmente continuava com minhas leituras.

Às vezes não era um semideus de Atena, mas de outros deuses, e pela naturalidade com que falavam com os outros eu já sabia que não eram meus irmãos. Alguns olhavam para mim e diziam coisas tipo “Olha só, Bianca voltou dos mortos.”, “Não sabia que deixavam sair do Mundo Inferior, e sair do Elísio para vir para cá é brincadeira.” ou até “Nossa. Você é a Bianca, um Nico fêmea ou a mistura dos di Angelo?”. Ignorei todos.

Até que chegou uma hora, mais ou menos às duas da tarde, em que dois dos meus irmãos, ambos parecendo terem uns quatorze anos, olharam para mim de cima e um deles disse:

– Você tem que treinar também, sabia disso? Não é só ficar lendo aqui o dia inteiro que você vai saber lutar com os monstros.

– Eu sei disso. E já sou muito bem treinada. Acho que será bem mais produtivo para mim ficar aqui dentro por um tempo.

O outro soltou uma risada sem humor e disse:

– Ah, é mesmo? Já sabe atirar com arco e flecha? Já sabe lutar com uma espada? E a parede de escalada?

Já tinha me esquecido dessa parede.

– É verdade. Quem sabe a parede de lava possa me ajudar em alguma coisa?

– Então vamos.

Me levantei e saí do chalé com os dois atrás de mim.

Passei um tempinho tentando escalar aquilo sem ser atingida pela lava. Mas foi divertido. Não foi difícil. Subi 3 vezes para só então dizer que não aguentaria mais.

– Pronto. – eu disse para os dois. Que ainda me observavam – Satisfeitos? Fiz alguma coisa fora do chalé. Agora vou voltar.

– Opa, opa, opa. – disse o primeiro me puxou pelas costas do meu casaco – Você não disse que já era bem treinada?

– Disse.

– Então prova.

– O que vocês querem que eu faça?

– Lute na arena com alguém. – disse o segundo – Que tal... um filho de Ares?

– Olha, eu sou boa, só não sei se sou tanto. Ainda mais se esse filho de Ares já luta aqui há um tempo.

– Pelo menos tenta.

– Depois disso vocês vão me deixar em paz?

– Não. Temos um desafio de arco e flecha para você.

Só revirei os olhos.

Nós três fomos para a arena. A maioria dos semideuses estava lá e muito deles olharam para mim quando entramos. A notícia da filha de Atena morena deve ter se espalhado rápido.

Irmão nº 1 (o primeiro) se afastou e foi falar com um garoto em um pequeno grupo que estava perto. Ele era metade da minha altura mais alto e quase duas vezes a minha largura. Os dois se aproximaram e algumas pessoas em volta se viraram para ver.

– Acha que pode lutar com ele? – disse nº 1.

– Apesar do fato de que ele parece ser duas vezes mais forte do que eu, posso tentar. – eu disse.

– A maioria dos monstros é duas vezes mais forte que ele. – disse nº 2.

– Isso vai ser divertido. – disse o filho de Ares.

Abriram um espaço bem grande e pareceu que os espectadores fizeram uma roda em torno de nós dois. Até as outras lutas pararam para nos ver. Nº 1 e nº 2 ficaram um pouco mais a frente dos outros.

Ergui meu facão e meu adversário ergueu sua espada. Sem qualquer aviso, ele avançou.

A cada golpe, eu colocava a minha arma contra a dele. Até que seu golpe foi muito perto do corpo, então eu girei para me aproximar e parei quase de costas. Enquanto eu defendia minhas costas com o facão e olhava para a arma dele, meu tornozelo direito se enrolou em sua panturrilha e eu o puxei. Com a falta de equilíbrio, ele caiu.

Porém ele ainda estava com a espada na mão, e o tempo que eu levei para girar e ficar de frente para ele foi o tempo que ele levou para cortar o ar com a espada e tirar meu facão de mim. Pelo menos ele não foi longe. Eu me distraí com a perda da minha arma, o que deu a ele uma oportunidade de se levantar e me dar um soco nas costelas.

Então, eu caí de costas na grama. Ele fez um gesto como se fosse me cortar em dois, encerrando a luta com sua vitória, mas eu rolei para o lado, e quando ele tentou me acertar de novo peguei a lâmina da espada com as duas mãos, segurando bem firme e dei um chute forte no tórax dele.

Soltei a espada, que caiu ao lado dele enquanto cambaleava. Me levantei apalpando a grama e pegando o facão com a mão esquerda e passando rapidamente para a direita.

O que aconteceu depois foi muito rápido. Nossas lâminas fizeram um ruído alto quando se chocaram e nós dois acabamos fazendo um movimento a mais, que fez nossos antebraços quase se cruzarem. O bronze celestial quase tocou a garganta do adversário de seu dono. Mas eu percebi que daria um empate, pois nós dois morreríamos. Então antes que a espada dele parasse, joguei minha cabeça para trás e toquei levemente a ponta do facão no pescoço dele.

A espada dele parou a centímetros de onde deveria estar meu pescoço. Passei por debaixo de seu braço e parei de lado para ele. Nenhum movimento a mais valeria. Ele já estaria decepado.

O filho de Ares só teve tempo de acompanhar meus movimentos com os olhos. Boquiaberto, olhou da lâmina da sua espada para mim, depois para minha lâmina, depois para mim de novo, e vez isso várias vezes. Todos em volta olhavam para mim.

Tirei o facão de seu pescoço e respirei fundo. O garoto se virou para mim e disse:

– Você luta bem.

– Você também. – me virei para nº 1 e nº 2 – Pronto. Treinei esgrima. Fala logo qual é a porcaria do desafio de arco e flecha porque eu quero voltar logo para o chalé.

Os dois piscaram, como se estivessem hipnotizados. Nós três nos dirigimos à área para arco e flecha. Bastante gente estava observando.

– Ah... OK. É o seguinte. – disse nº 2 olhando para os alvos – Está vendo aqueles alvos a uns vinte metros de distância? – assenti e ele continuou – Vamos fazer uma aposta: já que diz que é tão boa, vamos te dar três dracmas cada vez que você acertar no dez, dois cada vez que você acertar no nove, e um cada vez que você acertar no oito. Se conseguir nos surpreender e/ou acertar alguma vez no ponto, te damos um dracma a mais.

– É tão fácil assim vocês conseguir dracmas para vocês desperdiçá-los assim? – perguntei.

– Não, mas concordamos em arriscar. – disse nº 1. Burros. Pensei. – Mas você também tem que dar alguma coisa.

– Tenho muito dinheiro na minha mochila. Posso apostar.

– Quanto? – perguntaram.

– Muito. Digamos apenas que eu posso apostar... – pensei bem em uma quantia que iria surpreende-los – Cada vez que eu acertar fora do dez, dou duzentos dólares para cada um. Pode ser?

Os dois arregalaram os olhos.

– Fechado. – os dois disseram.

– Mas quanto exatamente você tem? – indagou nº 1.

– Não interessa. Me dê o arco e flecha logo.

Eles me entregaram as armas. Coloquei a aljava com três flechas nas minhas costas e, enquanto eu me posicionava, ouvi nº 2 dizer:

– Ela está tão confiante. Foi uma aposta muito idiota. É burra demais para ser uma filha de Atena.

Ao ouvir isso, fiquei com raiva. E isso se somou a toda a raiva que eu estava sentindo no momento, com tudo que estava acontecendo. Por algum motivo, eu senti as marcas no meu braço me pinicarem, como agulhas. Mas a dor foi pouca.

Se eles querem que eu os surpreenda, vou surpreendê-lo. Pensei.

Posicionei bem a flecha e mirei no alvo. Quase não havia vento. Soltei.

A flecha atingiu o ponto.

Enquanto as pessoas ficavam assustadas, fui andando para o lado devagar e posicionando a segunda flecha. Mirando e andando ao mesmo tempo, atirei. No ponto.

Todos estavam olhando boquiabertos, olhos quase saltando das órbitas. Continuei andando para o lado, mas não mirei. No último segundo, eu puxei a flecha e mirei ao mesmo tempo.

No ponto outra vez.

As pessoas mais perto foram conferir. Fizeram um sinal de espanto, provavelmente querendo dizer que acertei em cheio. Nº 1 e 2 só me encaram.

Cansei. – joguei meu equipamento neles, que pegaram ainda me olhando. Peguei os dois pela gola da blusa laranja – Vocês têm 24 horas para me darem os dracmas. Nem um segundo a mais.

Caminhei até o chalé, sendo observada por todos. Deixei que meu cabelo caísse pelo meu rosto e cruzei os braços. Não queria aplausos, vivas, ou um parabéns. Só queria voltar para o chalé e ficar lá sossegada com as minhas coisas.

Mas parece que para mim, até isso é pedir demais.

Descruzei os braços enquanto me aproximava do prédio prateado. Respirei fundo e empurrei a porta.

Todos dentro do chalé, isto é, três pessoas, estavam aglomeradas em volta de uma mesa, olhando dentro de um objeto grande e escuro. Foi aí que eu olhei para a cama que tinham reservado para mim. Estava vazia.

Eles estavam remexendo na minha mochila.

Novamente, senti pontas de agulhas nas marcas. Só que agora doíam um pouco mais.

Cruzei os braços novamente e encostei meu ombro na porta aberta, só querendo saber aonde eles iriam com isso até notarem minha presença.

– Olha só que bonitinho. – um garoto puxou alguma coisa de dentro – Uma boneca! Ela deve gostar de brincar de casinha.

– Esse caderno tem um monte de anotações, mas nada suspeito. – disse uma garota com o cabelo loiro trançado, revirando as páginas do meu caderno. Ela o colocou de volta na mochila – O que mais tem aí?

– Tem um cartão aqui. Não. Espere. É uma foto. – um garoto mais baixo puxou a foto – Ah. É sem graça.

– CARAMBA! OLHA QUANTO DINHEIRO TEM AQUI! – o primeiro garoto gritou. Ele puxou um bolo de dinheiro.

– Ela deve ter assaltado um banco para conseguir isso. – disse o segundo garoto olhando mais dentro da mochila.

Revirei os olhos. A visão periférica deles estava horrível. Pigarreei bem forte. Os três se viraram na mesma hora.

Eles me olharam surpresos. Eu simplesmente os encarei, séria, e disse:

– Se vocês têm algum problema comigo, venham falar comigo, ou com Quíron, em vez de ficarem olhando minhas coisas. Pelo que eu estou vendo, você são incapazes de aceitar uma irmã diferente. Então, - andei até eles e arranquei de suas mãos a boneca, a foto e o bolo de dinheiro – parem de mexer na minha mochila. O que tem aqui dentro não é da conta de vocês. – peguei minhas coisas e saí de lá.

As coisas não mudaram depois disso. Durante o resto da tarde eu fiquei com a mochila, mas não fiquei no chalé. Não ia olhar na cara deles tão cedo. Em vez disso, passei o resto da tarde na floresta. Já estava mais familiarizada com aquele ambiente.

É verdade que eu não gosto de companhia. Em parte, eu acho que isso tem a ver com a benção. Mas também deve ser porque ninguém gosta de mim, todos me tratam mal. Eu acabo generalizando.

No meu caderno, desenhei um mapa do acampamento. Fiz só uns riscos onde estavam os chalés e numerei. Não havia muito que fazer. Não iria treinar de novo. Queria ficar o mais longe possível de todos, principalmente dos meus irmãos.

Tudo bem, eu admito: até que sou boa em desenhar. Ao longo dos anos descobri truques e dicas para desenhar melhor. Eu não ficava estudando e lendo o tempo todo. Uma hora eu ficaria cansava disso.

Depois de um tempo, eu só fiquei sentada na grama verde. E me lembrei do livro na biblioteca na Pensilvânia. Dizia que as bênçãos poderiam conceder aos semideuses poderes que são naturalmente vistos como poderes de filhos do deus em questão.

Isso queria dizer que eu tenho os mesmos poderes que um filho de Hades?

Para testar minha teoria, coloquei minha mão a uns cinco centímetros acima da grama, me concentrando nas pequenas folhas. Nas histórias, coisas como ódio e raiva liberam energia para fazer essas coisas. Ódio e raiva eram o que tinha de sobra.

Comecei a pensar na minha vida, em tudo que aconteceu e estava acontecendo. Senti um desconforto na barriga e meu braço direito, que estava estendido, tremeu. A grama embaixo da minha mão começou a ficar com tons de laranja e marrom.

Grama morta.

Ficou com o formato da minha mão na grama. Então, eu balancei os dedos e outras partes ficaram alaranjadas, enquanto outras voltavam a ficar verde. Era como a luz de um holofote. Fiz movimentos circulares com o braço, e a grama mudava de cor.

Decidi parar. Deu certo. E era só disso que eu precisava. Precisava saber o que mais as pessoas no acampamento sabiam sobre os poderes dos filhos de Hades. E rápido.

.......

Já era bem tarde quando saí da floresta. Não havia muito o que eu fazer no acampamento. E eu prefiro ficar sozinha mesmo.

Acho que era perto da hora do jantar. Saí da floresta e fui para a praia. Como esperado, a maioria das pessoas lá ficaram olhando para mim.

Não os encarei de volta.

Avistei Annabeth a alguns metros de distância e tinha algo nas mãos. Algo retangular. Me aproximei e vi que era uma fotografia.

Olhando por cima de seu ombro, na foto a vi abraçada com um garoto que parecia ter a mesma idade, com cabelos escuros e olhos verdes.

Só fui juntando os pontos e perguntei:

– Este é Percy Jackson?

– É. – respondeu – O Argo II vai sair em alguns dias e... não sei quanto tempo vai levar para chegarmos onde ele está, mas sei que vamos encontrá-lo.

Deu para ouvir a tristeza em sua voz. Sentei-me ao seu lado e olhei para ela.

– Eu sou tão parecida assim com essa tal de Bianca?

Annabeth pensou um pouco.

– Parando bem para pensar, nem tanto. Bianca não usava óculos, não era pálida e o cabelo dela era bem mais liso que o seu. – só para esclarecer, meu cabelo é ondulado – Fisicamente, fora isso, vocês duas são idênticas. – depois alguns segundos depois, perguntou: - Tem certeza de que é uma filha de Atena? Não entenda mal, mas eu não acredito muito nessa história. Você sabe porquê é assim. Por que não me conta? Posso tentar te ajudar. E não me venha com essa história de que você simplesmente é diferente.

Fiquei olhando para baixo, decidindo o que eu poderia contar a ela. E tive uma ideia.

– Por que você não me conta das suas aventuras com Percy Jackson e eu te conto sobre a minha vida?

Então, Annabeth e eu começamos a conversar. Ela me contou tudo sobre o acampamento, desde que Percy, seu namorado, chegou; e eu contei a ela tudo desde a morte do meu pai. Falei até da benção. Achei que poderia contar, mas com a condição de ela não contar para ninguém.

Mas não contei sobre as marcas. Isso ficava apenas para mim. Ninguém mais precisava saber disso.

Depois que acabamos ficamos mais um momento em silêncio.

– Você sabe que eu vou fugir, não sabe? – perguntei em voz baixa.

– Se você ficar, pode fazer com que as pessoas aceitem você. Pense melhor.

– Não. As pessoas aqui não gostam de mim e não quero pressioná-las.

– Podemos perguntar sobre a benção para alguém. Podemos tentar te ajudar.

– Não precisa. Eu vou fugir e ponto final.

Annabeth respirou fundo e levantou.

– Bem, deu para notar que nada que eu diga vai fazer você mudar de ideia. O jantar é daqui a pouco, então eu vou andando. – ela me examinou da cabeça aos pés – Estamos no verão e mesmo sendo noite, ainda está um pouco quente. Por que continua com esse casaco?

Depois de ter contado tudo a ela, meu impulso foi de dizer que era para esconder as marcas. Aí eu me lembrei que não tinha falado das marcas. Então, eu apenas respondi:

– Eu gosto dele. Não quero tirar. Você deveria descansar. Relaxar um pouco para quando chegar a hora de partir.

Annabeth deu de ombros, virou as costas e foi correndo até o pavilhão.

Fiquei lá mais uns cinco minutos até que realmente chamaram para jantar. Como todo mundo, peguei minha comida e me sentei na mesa com meus irmãos. Pelo olhar que eles me lançaram ao me aproximar, decidi ficar na ponta da mesa, mais afastada dos outros.

Puxei um cálice para mais perto, e vi que estava com néctar. Olhei para a manga do meu casaco e pensei, O pior que pode acontecer é não funcionar. Se eu não beber muito, claro. Tomei uma golada.

Primeiro veio o gosto de bolo de biscoito feito em um liquidificador pela minha garganta. Depois uma leve queimação nos antebraços. Talvez estivesse funcionando.

Deixei o cálice em cima da mesa e comecei a comer. Achei melhor ouvir do que os outros estavam falando. Eu sei que é falta de educação, mas até aquele momento, praticamente ninguém tinha sido educado comigo.

Fingi que estava muito interessada no enorme pedaço de carne no prato e ouvi um garoto da minha mesa falar:

– Estou falando sério. Ela derrotou um filho de Ares no primeiro dia. E não era qualquer filho de Ares. Só a Clarisse tinha derrotado ele.

– Por que não a coloca para lutar com a Clarisse? – perguntou uma menina.

– Esqueceu? Clarisse não está no acampamento. Foi minha primeira opção de oponente para ela. A luta teria sido interessante.

– Aonde quer chegar com isso? – era um grupo de quatro pessoas e não conseguia distinguir muito bem quem estava falando.

O garoto abaixou um pouco mais a voz.

– Não acredito que ela seja uma filha de Atena. – pegou um cálice e examinou o conteúdo – Na verdade, acho que ela não está do nosso lado.

– Como assim “do nosso lado”?

– Deve ser uma espiã de Gaia.

O grupo ficou em silêncio.

– Não acha que está exagerando? – perguntou a menina – Tudo bem que ela é diferente, mas isso...

– Nunca vi ninguém lutar e atirar daquele jeito, e você? Ela disse que treinava, mas aquilo é demais. Foi treinamento especial. Uma ninfa dos bosques falou com um filho de Hécate que disse para mim que viu a Mariana fazendo alguma magia no bosque hoje à tarde. E ela não foi reclamada, só chegou aqui e disse que era filha de Atena.

– Vai ver, mamãe esqueceu da filha diferente. Ou tem vergonha da filha que deu errado.

Eles soltaram risadas. Percebi que algumas pessoas se levantavam e jogavam um pouco de comida na fogueira. Ainda tinha um terço da minha comida e depois disso, perdi o apetite. Me levantei com meu prato e caminhei até as chamas. Deixei o garfo e faca em cima da mesa. Algumas pessoas ergueram os olhares. Literalmente, eu virei o prato na fogueira, fazendo as chamas aumentarem por um segundo.

– Aos deuses. – murmurei.

Voltei e larguei o prato em cima da mesa mesmo. Peguei minha mochila que havia deixado encostada no banco e caminhei em direção ao chalé.

– Ei! – um garoto atrás de mim chamou. Não me virei, apenas fiquei parada – Nós ainda vamos para o anfiteatro. Vamos cantar canções em torno de uma fogueira e...

– Divirtam-se. – voltei a caminhar.

Cheguei no chalé, que estava vazio e me sentei na cama. Puxei as mangas do casaco e olhei as marcas. Nada havia mudado.

– Droga. – xinguei e voltei a puxar o tecido para os pulsos. Alguma coisa tinha que tirar isso. Talvez se eu contasse a alguém...

Não. Vou resolver isso sozinha. Isso é magia, não ciência. Não precisa ter uma lógica imediata. Mas o que poderia tirar aquilo de mim?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Cara, só quem sabe porquê as marcas não saem do braço dela sabe o quanto essa última frase ficou boa. E eu quero a opinião de vocês: por que as marcas dela não saem, de acordo com vocês? Quais são as suas explicações?
Vou pedi pela última vez: respondam a pergunta do outro capítulo, por favor.
E leitores fantasmas, deixem um comentário, nem que seja só um pedido para postar o próximo, ou qualquer outra coisa.
Comentem, please!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tudo por Nico di Angelo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.