Tudo por Nico di Angelo escrita por Mariana Pimenta


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oi leitores!! Olha eu sei que demorei um pouco, mas era para eu ter postado a dez dias atrás. Só que veio provas, trabalhos, compromissos e a criatividade foi passar uns dias na China. E se eu tivesse postado esse capítulo antes, ia demorar muito mais para o próximo sair, pois ainda estava escrevendo ele ontem. Mas aí eu vi que estava muito grande e decidir parar onde eu estava. Espero que gostem desse!!!



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Fazia mais ou menos meia hora que havia entrado no mato quando escutei o som de galhos se quebrando, acompanhado da visão de pequenos pontos mais escuros do que a noite passando entre as árvores.

De imediato, ignorei-os. Parecia um formigueiro em mudança. Até que eu senti alguma coisa no meu braço. Era como se dedos estivessem dançando por cima do casaco e iam em direção ao meu ombro. Girei o braço para ver o que era.

Uma aranha gigante e muito cabeluda estava subindo no meu braço.

Eu gritei. Gritei muito. Tirei-a do meu casaco com um empurrão e saí correndo igual uma louca. Aquele era o único tipo de aranha que eu tenho medo: grande e cabeluda.

Virei para trás e vi mais aranhas daquelas me seguindo. Elas eram rápidas para criaturas do tamanho da minha mão. Parecia um pesadelo.

Senti algumas delas subindo pelos meus tênis e me desesperei. Balancei meu pé até que elas saíssem e tirei meu facão da bainha. Matei as mais próximas de mim com um único golpe, partindo-as ao meio. Então saí correndo de novo, dessa vez mais rápido.

Não sei por quanto tempo, mas corri o suficiente para não ver mais nenhuma atrás de mim. Sentei no chão e me encostei em uma árvore. Consegui recuperar o fôlego. Foi muita adrenalina. Respirei fundo várias vezes.

Ouvi outro galho se partindo. No desespero, achando que eram as aranhas de novo, gritei outra vez, me levantando.

Mariana pare de gritar! Falei comigo mesma. Se for um ser humano, vai achar que você é doida.

Examinei o chão, mas não eram as aranhas. Ouvi mais galhos se partirem e um rosnado. Ótimo. Pensei. Eu atraí um lobo.

Queria muito que fosse um lobo. Eu poderia matá-lo numa briga corpo a corpo. Mas não era um lobo. Na minha frente, entre as árvores, uma figura grande apareceu. Sobre quatro pernas era maior que eu; o corpo e as patas pareciam ser de um bode bem grande; uma juba de leão bem bagunçada e com alguma coisa grudada nela; e... aquilo na calda é uma serpente?

Repassei rapidamente os nomes dos monstros que eu havia gravado.

Droga. Uma Quimera.

O monstro rosnou de novo. Parecia bem irritado.

Saí correndo em disparada pela floresta. Dava para ouvir folhas sendo pisadas enquanto a Quimera me seguia. Até que eu vi uma sombra passar por cima de mim e ela pousou na minha frente.

A Quimera avançou na minha direção e, nos últimos segundos, pulei para o lado fazendo-a bater com a cabeça em uma árvore. Isso a retardou por pouco tempo. Infelizmente, eu havia tropeçado em um tronco de árvore caído, então não valeu muito a pena ter feito isso. Só a deixou com mais raiva.

Me levantei as pressas para me afastar dela, que estava a uns dois metros de mim. Ela me empurrou para trás como se fosse um touro e eu voei até bater em uma árvore. Minhas costas doeram enlouquecidamente, mas lutei para não ver tudo embaçado.

Enquanto corria novamente na minha direção, ergui meu facão e segurei o punho com firmeza. Quando a Quimera chegou bem perto, consegui enfiar a lâmina no seu rosto, entre os olhos. Ela urrou de dor e aproveitei a distração para apunhalá-la mais vezes. Uma no pescoço vez ela tombar e ficar parada. De repente, ela se transformou em areia e o vento fraco espalhou os grãos pelo chão.

Respirei fundo e coloquei o facão na bainha de novo. Voltei a caminhar e estava a alguns metros de distância quando ouvi novamente o som de galhos se quebrando. Olhei para trás por cima do ombro e vi a Quimera se refazendo. Ela parecia uma escultura de areia e foi ganhando músculos e pelos.

Sem pensar duas vezes, escolhi uma árvore aleatória e subi nela. Os galhos, mesmo grossos, eram curtos, então tive que ficar em pé.

Vi o monstro andando na minha direção. A juba balançando levemente por causa da brisa. Fungou o ar, cheirando. Olhou para o alto e me espremi no tronco para não ser vista. Fiquei o mais parada possível. Por fim, a Quimera deu meia-volta e voltou para onde estava antes.

Por que ela não morreu? Pensei. Meu pai e Rúben me disseram que bronze celestial matava os monstros. Vai ver eles esqueceram de avisar que eles voltavam pouco tempo depois.

Desci calmante da árvore e chequei o perímetro. Nem sinal de vida animal, exceto os insetos. Olhei para a lua, encontrei a direção e voltei para a trilha.

.......

Deviam ser umas quatro horas da manhã quando parei para tomar um ar. Já era possível ver Nova York ao longe.

Assim que cheguei lá, percebi que não estavam brincando quando diziam que Nova York é uma cidade que está sempre iluminada. Mesmo de madrugada haviam milhares de luzes acesas e lojas funcionando.

Entrei em um restaurante qualquer e vi que era a única lá dentro, com exceção de um homem lendo um jornal quase nos fundos.

Uma garçonete veio logo com um cardápio nas mãos e eu pedi um sanduíche e um suco. Coisas normais. Enquanto ela voltava para a cozinha, abri meu mapa e fiz uma linha do ponto “Pensilvânia” até “Nova York”. Verifiquei o papel com o endereço do acampamento e calculei quantos quilômetros faltavam para eu chegar lá.

— Uns setenta quilômetros. – murmurei enquanto um prato surgiu na minha frente com um copo transparente ao seu lado. Algumas horas de caminhada resolviam.

Guardei minhas coisas e encarei meu lanche. Pensava, entre uma mordia e outra, quanto tempo levaria para eu chegar ao meu destino. Possivelmente, umas seis horas.

Como sempre, acabei, paguei e saí. Voltei a caminhar pela calçada até chegar à estrada. Placas que diziam o caminho para Long Island me ajudaram.

A única parte do caminho pela estrada em que eu não estava com o facão em punho foi quando eu peguei a última garrafa de água da minha mochila. A outra havia acabado na última caminhada. Fora isso, fiquei atenta a qualquer movimento suspeito. Se eu estava me aproximando de um acampamento de semideuses e o nosso cheiro atrai monstros, deviam ter muitos monstros por aquela região.

Mas não foi um monstro que eu encontrei. Foi outra coisa.

Já deviam ser umas nove da manhã. Faltavam ainda uns cinco quilômetros para chegar ao endereço no papel. Com certeza, em no máximo uma hora eu estaria lá.

Escutei folhas se batendo atrás de mim e ergui meu facão para atacar. Então apareceu uma figura, e não era um monstro. Usava um boné e calça jeans como sempre, e parecia cansado.

Rúben?— perguntei surpresa.

O sátiro apoiou as mãos nos joelhos e arfou pesadamente.

— Você... anda muito, hein. Não pára nunca... pra pegar um ar não? Eu quase perdi você... umas trinta vezes.

— O que está fazendo aqui? Aliás, como chegou aqui?

Ele recuperou a postura e andou na minha direção.

— Primeiro, abaixe isso. Está me dando nervoso. – coloquei de volta a lâmina na bainha ainda encarando-o. – Bem, acho que você sabe as respostas para essas perguntas. Eu vim atrás de você. Eu te segui. Sinceramente, nunca teria te achado se você não tivesse parado na Pensilvânia. Eu estava quase desmaiando de cansaço.

— Então era mesmo você na biblioteca?

— Claro. Eu vi você passando na rua e te procurei. Aí eu pensei “Ela é uma fila de Atena. Onde deve ter parado? Na biblioteca mais próxima.”

— Você tem me seguido esse tempo todo?

— Sim, mas foi por pouco. Você nunca fica doente e jamais mataria aula, então sabia que tinha fugido. Só para confirmar, fui à sua casa e perguntei para sua madrasta. Ela ia dar uma festa por causa da sua partida.

— Bem típico dela.

— Agora, eu tenho que te levar para o acampamento. Vamos lá.

Depois de mais ou menos meia hora de silêncio, Rúben perguntou:

— Por que você não tira esse casaco?

— Como eu disse antes, não é da sua conta.

— Por quê? O que está escondendo?

— Sobre isso, só te digo uma coisa: você não tem nada a ver com isso, não sei por que está acontecendo, e talvez alguém no acampamento me mostre um antídoto para isso. Até lá, só eu vou saber sobre isso.

— É físico?

— É.

— Néctar e Ambrosia. Vão fazer você se recuperar em um estante. Só não beba ou coma demais, se não você queima.

— Tem Néctar e Ambrosia no acampamento?

— Tem. É a comida dos deuses, e vocês sendo metade deuses, podem comer.

— Tomara que isso resolva. – murmurei. Não aguentava mais ficar com essa droga dessas marcas no braço – ainda sangrando—, com o risco de a qualquer momento eu ter uma hemorragia ou algo do tipo.

A última vez que havia olhado por debaixo das mangas o meu casaco foi na noite anterior. Só olharia de novo se fosse absolutamente necessário e se ninguém estivesse olhando.

De certa forma, eu estava um pouco ansiosa para chegar no acampamento. Mesmo que eu não precisasse de treinamento, não faria mal conhecer meus irmãos, certo?

Uns quinze minutos depois, Rúben me cutucou.

— A entrada fica depois daquela colina. O nome dela é Colina Meio-Sangue, e depois, fica o Acampamento Meio-Sangue.

— O nome combina com a causa.

— Concordo. Há campistas de ano inteiro e outros que ficam só no verão, e algumas vezes no inverno. Mas o acampamento está sempre aberto para receber semideuses.

— Provavelmente vou virar campista de ano inteiro.

— Você tem até o final do verão para decidir. Bem, se sobrevivermos até lá.

— Como assim?

— É que... – ele pensou um pouco – Pode-se dizer que estamos no meio de uma guerra. De novo. Em agosto do ano passado tivemos uma guerra contra Cronos em Manhattan. Agora nosso problema é Gaia. Bem, é melhor você perguntar aos seus irmãos. Só sei o básico.

— Essas guerras são muito frequentes?

— Passaram a ser desde que um garoto chamado Percy Jackson chegou ao acampamento, com doze anos. Agora ele tem dezesseis. Não eram guerras exatamente. Só ano passado que a coisa ficou feia.

Saímos da estrada e fomos em direção a tal Colina Meio-Sangue. Vi uma árvore enorme – um pinheiro, acho – sustentando um dragão que dormia e o que parecia ser um pano dourado pendurado em um dos galhos.

— Aquilo é um dragão, certo? – Rúben assentiu – E aquilo no galho... é o Velocino de Ouro?

— O próprio. Pergunte para qualquer um do acampamento que está aqui há no mínimo quatro anos que você vai se atualizar totalmente.

— Valeu pela dica.

Andamos um pouco mais, até que eu consegui ver o acampamento: chalés, um casa bem grande, um campo de vôlei, campos com morangos, uma floresta, e ao longe o estreito de Longo Island. Várias pessoas passavam para lá e para cá, a maioria usando uma camisa laranja. Ainda consegui ver o que parecia ser uma arena de combate, uma parede bem alta com alguma coisa vermelha escorrendo – lava? – e um lago para canoagem. Havia outras coisas, mas não prestei muita atenção.

— Bem-vinda ao Acampamento Meio-Sangue. – disse Rúben, meio desanimado – Precisamos falar com Quíron.

— É. Acho que sim.

Continuei encarando a paisagem na minha frente e Rúben encarou a metade do meu rosto que estava visível para ele. De repente, ele arregalou os olhos e se colocou na minha frente, me olhando boquiaberto.

— O que foi? – perguntei.

— Pelas flautas de Pã. – Rúben olhou para a campina – O nosso problema é bem maior do que imaginávamos.

— Como assim? Por quê?

Ele voltou a olhar nos meus olhos.

— Tem certeza de que é filha de Atena?

— Claro que sim. Já falamos da história do cabelo e...

— É, eu sei. Mas... é que... eu acho que sei porquê você é assim.

— Sério? – ergui as sobrancelhas.

— Sim. Pode me chamar de louco, mas acho que tem alguma coisa a ver com Hades...

Um passo andado. Então eles sabem sobre as bênçãos. Senti um profundo alívio naquele momento; que durou pouco, pois me lembrei que ele não pronunciou “benção de Hades” e sim “alguma coisa a ver com Hades”.

— Então vamos logo. – insisti – Este sol está me queimando e ainda são dez da manhã. Não quero estar aqui ao meio dia.

Descemos a colina e Rúben me pediu para ficar parada em pé no meio do gramado enquanto ele chamava Quíron. Fiquei observando o lugar. O capuz estava abaixado, mas meu cabelo ainda cobria parte do meu rosto. Estava um calor insuportável e meus dedos coçavam para tirar aquele casaco.

Fiquei olhando o espaço envolta e as pessoas que passavam. A maioria era mais velha do que eu e alguns me encaravam como se estivessem vendo um fantasma. Desviei o olhar.

Eu vi Rúben conversando com o centauro e apontando para mim às vezes. Primeiro, Quíron só me olhou, normalmente; depois deu mais uma olhada e arregalou os olhos.

É. Parece que as coisas estão feias para o meu lado.

Os dois se aproximaram de mim.

— Bem, de certa forma, já nos conhecemos. – disse Quíron e estendeu a mão, que eu apertei – Rúben, você poderia levar Mariana para esperar na Casa Grande?

O sátiro assentiu e sem dizer uma palavra me guiou até lá. Já dentro, me sentei em volta da mesa de pingue-pongue.

— Pode me explicar o que está acontecendo? – perguntei.

Ele respirou fundo.

— Quíron vai explicar melhor. Olha... fica aí que daqui a pouco ele estará chegando com... uma pessoa que talvez resolva o seu problema.

— Você quer dizer “o problema que faz com que eu seja diferente das outras proles de Atena”?

— Exato. Nos vemos mais tarde. Talvez.

Com isso, deixou a sala.

Cai em cima da mesa, exausta. Tinha andado muito. Acabei dormindo com a cabeça em cima das feridas, por uns cinco minutos. Levantei a cabeça quando ouvi o som de madeira rangendo, já desperta. Quíron havia entrado, mas não com uma única pessoa, com quatro, que se sentaram também em volta da mesa.

A primeira, que parecia ser a mais velha entre os quatro adolescentes, era uma garota de cabelos loiros presos em um rabo de cavalo no alto da cabeça, com olhos cinzentos, bronzeada e com uma blusa laranja. Obviamente, uma filha de Atena. Uma das minhas irmãs.

Depois um garoto loiro, olhos azuis e uma cicatriz nos lábios. Uma garota com várias penas no cabelo castanho, com tranças. E no final, um garoto com cara de elfo, com o cabelo escuro bagunçado, coberto de graxa – ou qualquer que fosse aquela coisa preta nas roupas dele – e um cinto de ferramentas. De novo, não precisei pensar muito para adivinhar esse.

— Mariana, esses são Annabeth, Jason, Piper e Leo. – ele apontou para cada um na ordem que entrou. Então, apontou para mim – Pessoal, esta é Mariana.

Quíron estava do outro lado da mesa. Todos me encararam.

— Poderia me dizer novamente quem você acha que é seu pai ou sua mãe olimpiano?

— Atena. – respondi.

— Impossível. – interveio a loira, Annabeth – Pelo menos hoje em dia, todos os filhos de Atena são loiros com olhos cinzentos.

— Ótimo. – falei – Nem a minha irmã por parte olimpiana quer me aceitar.

— Por que você nos chamou aqui? – indagou o garoto coberto de graxa, Leo – Preciso voltar a checar o Argo II. Vamos sair em alguns dias.

Eu o examinei da cabeça, pela lateral da mesa.

— Vamos ver... fuligem, mãos grandes, quase implorando para voltar ao trabalho, um cinto de ferramentas... você é um filho de Hefesto, não é?

Leo apontou para mim e se virou para Quíron.

— Ela está começando a me assustar.

Quíron o ignorou.

— Você tem alguma prova de que é filha de Atena? – perguntou.

— Meu pai me contou. Fora que eu sou a mais inteligente da minha turma. – e sem nenhum motivo, acrescentei: - Ele disse que Atena foi até nossa casa uma vez e que ficou surpresa.

Pela expressão, Annabeth estava se segurando para não dizer “Até dá para entender porquê”.

— Qualquer um pode ser o mais inteligente da turma. – protestou Leo – Principalmente se for uma turma que só tem idiotas.

— Quer dizer, pessoas como você? – perguntei, erguendo as sobrancelhas.

Leo fez menção de se levantar, mas Quíron fez um sinal para que o garoto permanecesse onde estava.

— E se seu pai tivesse mentido para você? Ou se enganado? – sugeriu a outra menina, Piper.

— Não. Ele não faria uma coisa dessas. – finalmente uma conversa um pouco mais civilizada. Pensei.

— E se sua mãe tivesse mentido para ele? – perguntou Jason. Estamos no caminho certo.

— Ela também não faria isso. E não acho que depois de três mil anos ela tenha tido a capacidade de errar o próprio nome.

— Nós temos alguma utilidade aqui? – Piper se dirigiu a Quíron.

— Não, já que na verdade eu chamei Annabeth aqui. – respondeu o centauro – Pode voltar para o Argo II, Leo.

Leo saiu correndo como um louco e Jason e Piper o seguiram.

Quíron me encarou.

— Quantos anos você tem?

— 12.

— Pode tirar os óculos?

Olhei bem para as outras duas pessoas na sala. Claro, tinha alguma coisa a ver com meu rosto. Então puxei meu cabelo para trás e tirei os óculos. Annabeth arregalou os olhos e ficou boquiaberta.

— Ela é igual a...

— Eu sei. E é isso o que me preocupa. – disse Quíron.

— Qual é o problema? – perguntei recolocando os óculos.

— Você é muito parecida com uma semideusa que conhecemos há alguns anos. Na verdade, você é idêntica a ela. – respondeu Quíron.

— Eu não a conheci muito bem. – acrescentou Annabeth.

— E qual é o problema? – franzi as sobrancelhas.

— O problema, Mariana, fora o fato de ela ter morrido, é que ela era uma filha de Hades, e os filhos desse deus não podiam existir na época. – esclareceu o centauro.

Meu rosto estava apoiado nos meus punhos fechados e meus cotovelos sobre a mesa.

— Meu pai me contou sobre isso. Zeus, Poseidon e Hades fizeram um pacto de que não poderiam mais ter filhos... – ergui a cabeça, entendendo onde eles queriam chegar com aquilo – Opa, espera aí. Vocês acham que eu sou uma filha de Hades só porque eu sou parecida com essa garota?

— Não é só por isso. – disse Annabeth – Fisicamente, você é igual a Bianca. Mas você está toda vestida de preto e é muito fechada. Isso lembra o irmão dela, Nico.

— Eu sou uma filha de Atena, já disse. Eu só... – tenho a benção de Hades. Pensei. Tive que me conter. Havia prometido que não contaria a ninguém sobre isso, a não ser que fosse necessário ou que fosse alguém de confiança ou que a pessoa merecesse – sou diferente. – completei.

Houve uma longa pausa.

— Tudo bem, então. – disse Quíron – Annabeth, leve-a para o chalé 6 e apresente-a para seus irmãos e irmãs. Depois volte para o Banker 9. Acho que Leo precisa de você lá.

Depois disso, eu achei que o dia ia melhorar. Quero dizer, não tinha muito como ficar pior, tinha?

Sim, tinha.

Annabeth e eu caminhamos metade do caminho em silêncio, até que ela disse:

— Dá para ver que você está escondendo alguma coisa.

— Todo mundo esconde alguma coisa. Ninguém é realmente um livro aberto.

— Tem certeza de que é filha de Atena?

— Já vi que não gostou de ter uma nova irmã. Você faz isso com todo mundo?

— Não é isso. Você é diferente, e isso me deixa nervosa. Eu estou aqui desde os sete anos, e Quíron tem três mil anos de idade. E nenhum de nós dois já viu algo assim. Esse é o problema.

Pergunte para qualquer um do acampamento que está aqui há no mínimo quatro anos que você vai se atualizar totalmente.” Annabeth devia ter uns dezesseis anos. Quem sabe eu poderia tirar algumas informações dela?

Não deu tempo para nenhuma outra pergunta, pois chegamos no chalé. Um prédio prateado com uma coruja entalhada acima da porta. Quando Annabeth abriu a porta, vi o que quase poderia ser um paraíso: grande parte do quarto estava ocupado por mesas e bancadas; por todos os lados havia armas, estojos, pergaminhos; mapas enormes de guerra estavam grudados nas paredes; nos fundos, uma biblioteca com mais pergaminhos e livros; e todos os beliches grudados em uma parede, como brinquedos velhos para os quais ninguém estava dando importância.

Era uma visão linda, muito melhor que uma biblioteca, óbvio. Mas tinha uma coisa que estragava essa visão. As sete cabeças loiras voltadas para seus trabalhos.

Ninguém. No chalé. Tinha. Cabelo. Escuro.

Já era de se esperar isso. Mas fiquei nervosa quando realmente vi a realidade.

— Gente. – chamou Annabeth. Todos se viraram e olharam para nós duas – Essa aqui é nossa nova irmã, Mariana... qual é mesmo seu sobrenome?

— Não tenho. E, por favor, sem perguntas sobre isso.

— Tudo bem então. – ela respirou fundo – Bem, arrumem uma cama para ela, apresentem-na para os outros e sejam legais. Boa sorte.

Com isso, ela me deixou plantada ali na porta. Ninguém se mexeu por alguns segundos.

— Hã... oi. – tentei parecer simpática. Para falar a verdade, não é muito o meu forte.

— Tem certeza de que é filha de Atena? – alguém perguntou lá de trás.

— Tenho. E já vou avisando: se alguém aqui falar que eu me pareço com uma tal de Bianca ou com uma filha de Hades, vai sofrer consequências.

— É verdade. Você é igualzinha a Bianca di Angelo.

Lance um olhar de pura fúria nele.

— Tem uma cama para você ali. – ele apontou para os beliches.

— Ótimo. Valeu. – joguei minha mochila na cama de cima e subi. Abri o fecho e percebi que todos ainda estavam olhando para mim – Podem voltar para as suas tarefas, ou tem uma regra que diz que todos os novatos têm que fazer uma super apresentação de si mesmo?

Com essa, eles voltaram para seus afazeres.


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Notas finais do capítulo

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