Tudo por Nico di Angelo escrita por Mariana Pimenta


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores!!! Sentiram saudade? Demorei muito? Desculpem se demorei. É que tive alguns problemas pessoas em janeiro, então não tive muito ânimo para escrever, fora que foi meu aniversário de 15 anos (para os curiosos sobre a minha idade), o que também gerou alguns contratempos, mas aqui estou eu, com um capítulo feito com muito amor para vocês! Ele já estava feito na minha cabeça há muito tempo, então ele é muito especial.
Não era para ele acabar onde acabou, tinha mais um pedaço, mas concluí que já estava num tamanho bom, e não valia a pena demorar mais só para colocar mais esse pedaço. Então já posso deixar avisado que o próximo capítulo tem chances de ser mais curto (o que talvez, SÓ TALVEZ, possa significar que ele saia "logo").
Boa leitura!



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Eu travei. Não sabia o que fazer. Digo, será que ele realmente havia descoberto, ou apenas tinha uma teoria? Bem, no momento, eu só sabia que meus olhos se arregalaram e eu gaguejei ao perguntar:

— D-descobriu? – queria parecer surpresa (não que eu não estivesse). Ainda tinha esperança de que ele estivesse enganado.

— Sim. Sei que isso tem a ver comigo, como você mesma disse naquela mensagem de íris, e com o seu... estado emocional.

Eu travei por um momento. Ele não estava enganado. Não era uma teoria equivocada. Ele sabia sobre as marcas.

Minha expressão, assim como minha voz, devia mostrar desespero. E culpa.

— Nico... – comecei, mas ele me cortou, apesar de não soar chateado.

— Sei que as marcas são um tipo de medidoras de suas emoções. E que Cupido está envolvido nisso. Era isso que ele queria falar com você na Croácia, certo? – franzi levemente as sobrancelhas. Não era exatamente aquilo, mas ele não podia perceber.

— S-sim, mas...

— Quando você ficava com raiva, elas pioravam, doíam, e quando você se sentia bem, elas melhoravam. Mas quando nós nos encontramos em Nova York... – ele fez uma pausa, parecendo pensativo – Você ficou tão grata por ter me encontrado e por eu ter aceitado te ajudar a achar mais respostas sobre a benção que elas se curaram bem mais rápido. – ele me encarou com uma expressão de expectativa – Por favor, me diga que não estou louco.

Sorri, pelo último comentário e também por alivio. Então, ele não sabe.

— Não, você está certo.

— Por que não me contou antes? No Argo II você já sabia, mas não disse nada; na mensagem de íris você não quis falar; e no sonho... você foi salva pelo gongo. Quero dizer, você acordou, então não deu tempo. Temos todo o tempo do mundo agora. – ele se inclinou levemente para frente, ficando a um pouco menos de meio metro de distância de mim – Me conte, por favor. Eu me remoí muito nas últimas semanas pensando nisso. E a gente não vai sair daqui até você me contar.

Seus olhos negros me prenderam, pareciam ver que eu estava escondendo algo, querendo que eu confessasse. Mas não conseguia desviar.

— Não tinha como eu te contar isso. – falei – Pelo menos sem que você ficasse constrangido ou distraído. Eu não queria que você ficasse se preocupando comigo, não queria incomodar. – ele fez menção de falar, mas o cortei – Sei que você falou no sonho que eu não deveria... repreendê-lo ou brigar com você por se preocupar comigo. Mas sua missão de salvar o mundo é mais importante do que eu.

— Do que adiantaria salvar o mundo se eu não soubesse que as pessoas com as quais me importo estão bem? – ele disse baixinho, quase num sussurro.

Corei, e ao perceber que disse isso alto, ele também corou. Não nos encaramos por uns cinco segundos. Ele logo voltou ao normal, mas eu tinha certeza que meu rosto ainda estava da cor do pecado quando continuou.

— Mariana, tem poucas pessoas no mundo com as quais eu me importo tanto quanto me importo com você. – ele olhou para o lado, como se lembrasse de algo – Na verdade, acho que a única pessoa com a qual me importo tanto assim é a Hazel. Só queria ajuda-la a resolver esse problema. As Parcas já maltrataram demais você. E quando disse que eu estava envolvido, fiquei mais empenhado em descobrir o que estava acontecendo.

— Mas, é sério, desculpa por não ter te contado. Não queria deixa-lo preocupado.

— Tudo bem, eu entendo.

— Então, parabéns. Você descobriu o segredo das marcas sozinho. Eeeeeee! – joguei as mãos para o alto, como se comemorasse – Era só sobre isso que você queria conversar?

Nico estendeu a mão, me encarando com a expressão cautelosa e o rosto levemente abaixado.

— Posso?

Comecei a puxar a manga do braço direito do casaco para trás, mas Nico logo pegou minha mão e ele mesmo pôs a ponta da manga um pouco acima do meu cotovelo, sem pressa alguma. Fez o mesmo com o braço esquerdo.

Ele não parecia impaciente, muito pelo contrário. Era como se ele quisesse que as coisas fossem devagar, tomando cuidado para não fazer algo errado.

Nico segurou minhas mãos e franziu as sobrancelhas.

— Achei que estariam melhores. Digo, não estão tão diferentes da última vez que nos vimos.

— É que... fomos atacados no navio, como era de costume, e acabou que as marcas voltaram a estaca zero.

— Voltaram a sangrar?

— Sim, mas está tudo bem. Já vai passar. Como a guerra acabou, é só questão de tempo até isso sumir.

— Quanto tempo você acha que vai levar?

— No máximo, poucas semanas. Talvez nem tanto, se meu estado emocional permanecer estável ou só melhorar nos próximos dias.

Ele olhou rapidamente para minhas mãos, que ainda segurava.

— Não tem nada que eu possa fazer para encurtar esse tempo?

Apesar de eu saber que ele saberia que eu estava mentindo, neguei com a cabeça.

— Não, não tem.

— Mentira. Você mesma falou na mensagem de íris que tinha sim um jeito de eu ajudar, mas não de boa vontade. – ele se aproximou um pouco mais – Por que não deixa eu te ajudar?

— Porque se você fizer o que acho que vai fazer não vou mais conseguir olhar na sua cara depois. – falei baixinho, quase num sussurro.

— Na primeira vez você não pareceu ter muitos problemas.

Abri a boca, mas não consegui falar nada. Pisquei e olhei para o lado, sem conseguir encará-lo. Fechei os olhos e só tornei a abri-los quando disse:

— Nico, não quero te obrigar a nada. Agradeço a sua preocupação, mas não precisa fazer isso. Que diferença vai fazer se eu passar mais alguns dias com isso?

— “Que diferença vai fazer”? Mariana, você vai voltar para casa, não sabe o que vai acontecer entre você e sua madrasta. Pode falar que está tudo sobre controle quantas vezes quiser. Mas eu não vou deixar que você volte com qualquer resquício do que você viveu no seu último mês lá. Não se eu puder impedir.

Olhei para baixo e balancei a cabeça. Por favor, Nico, não piore as coisas.

— Só mais alguns dias. Talvez elas desapareçam até o final das férias, assim poderei voltar às aulas normalmente.

— Mas eu quero ajudar. Eu quero que volte para casa sem isso. Fazer com que você possa recomeçar desde agora.

— Entendo isso. Mas não quero que se sinta obrigado a fazer isso só por que somos amigos.

Ficamos um tempo nos encarando. Então, ele ergueu a mão esquerda e colocou uma mecha do meu cabelo, que caía parcialmente no olho, atrás da minha orelha. Seus dedos pálidos desceram pela lateral do meu rosto e pararam no meu pescoço, o polegar passando suavemente na minha bochecha, que corava levemente.

Não parecia ele. Não parecia o Nico que eu havia conhecido no cemitério em Nova York. Ele estava diferente, não que isso fosse necessariamente ruim. É só que... antes, ele era como eu: reservado, não demonstrava tanto sentimentalismo, calculista. Agora, ele estava sendo... fofo. Isso. Fofo. E “fofo” era a última palavra no mundo que eu algum dia poderia pensar para descrever Nico di Angelo.

Ele respirou fundo. Eu estava paralisada, surpresa pela reação dele à minha última frase. Porém fiquei muito mais surpresa com o que veio depois.

— Sinto-me obrigado a fazer isso, sim. Mas não é só porque somos amigos. Não é pelo motivo que pensa. – sua outra mão também foi para meu pescoço, sua testa estava quase encostando na minha. Sua voz saía sussurrada – Mariana, não estou fazendo isso só por você. É por mim também.

Dois segundos para processar isso.

— O que?

O filho de Hades umedeceu os lábios e olhou para baixo rapidamente.

— Por favor, não me odeie. – disse mais para si mesmo.

Nico ergueu os olhos novamente. Sabia o que faria. Eu queria e ao mesmo tempo não queria que fizesse, mas sabia que ia acontecer. Então, nós dois fechamos os olhos e nos aproximamos até nossos lábios se tocarem.

Realmente, foi bem melhor do que da primeira vez. Já que na ocasião, fiquei parada como uma tábua, surpresa demais e incapaz de mover um músculo.

Meus dedos chegaram ao seu rosto e a sua nuca, puxando-o para perto de mim. Eu puxava o cabelo dele, sem tanta força, claro, e ele também segurava minha cabeça, seus dedos deslizando suavemente pelos meus cachos.

Os beijos foram ficando mais intensos, sem ficarem selvagens, ou algo do tipo. Senti suas mãos descerem para meus ombros, depois meus braços, e então meus antebraços, perto dos pulsos. Com um último estalinho das nossas bocas, ele se afastou um pouco, nossas testas ainda se tocando e nossos narizes se esbarrando.

Nós dois sorrimos e soltamos risadas fracas. Mas vi algo pelo canto do olho e o soltei, apesar de ele não ter me largado.

Fumaça saía das marcas, e elas começaram a se fechar numa velocidade sobrenatural. Nico continuava me agarrando, não me soltou até que elas se fechassem totalmente, sem deixar nenhuma única cicatriz.

Era como se elas nunca tivessem existido. Nem uma única marca, nenhuma cicatriz. Pela primeira vez em meses, aquela área do meu corpo estava limpa, e não toda cortada e cheia de sangue.

Ele me soltou e fiquei encarando meus antebraços, erguidos diante de mim, um pouco maravilhada e um pouco assustada. Havia acabado, mas foi tão rápido que fiquei impressionada. Nico também encarava.

— Pronto. – ele disse. Ergui os olhos e ele retribuiu o olhar logo em seguida – Pode voltar para casa agora. Sem preocupações.

— E-eu... – deixei minhas mãos caírem no colo – Eu nem sei o que dizer.

— Não precisa dizer nada.

— Não, sério, Nico... obrigada. Por tudo isso que você tem feito por mim, eu...

— Tudo bem. – ele deu um meio sorriso – Só ver esse sorriso no seu rosto já vale por tudo.

Sorri timidamente. Queria falar algo, mas o que diria primeiro? “Você queria me beijar, ou só foi por causa das marcas?”, “Você sente alguma coisa por mim?”, “Isso significou alguma coisa para você?”. Mas ele desviou o olhar, olhando para baixo. Meu sorriso desmanchou um pouco, mas precisava tentar.

— Nico... – comecei.

— Quando você vai embora? – cortou-me.

Franzi a testa por um segundo.

— Ah... hoje mesmo, no final da tarde. Não há muito o que fazer aqui, e tenho que organizar minha vida por lá.

Nico assentiu.

— Então... acho que não vamos mais nos ver por um tempo.

— É. Até as aulas começarem, vai ser difícil para mim. Mas eu posso vir aqui nos fins de semana, quando eu tiver um tempo, vir ver vocês.

Ele apertou os olhos.

— Quer saber? Eu vou visitar você. Eu vou na sua casa.

— Mas você não sabe onde eu moro. Posso te passar o endereço agora...

— Não precisa. Eu te acho.

Comecei a examinar sua expressão. Eu poderei estar enganada, mas parecia que ele estava evitando falar abertamente sobre o que havia acabado de acontecer. Não me encarava, desviava o olhar.

— Nico, sobre a gente...

— Você vai fazer mais uma viagem maluca pelo país ou vai por viagem nas sombras? – interrompeu-me novamente.

Levei alguns segundos para responder.

— Viagem nas sombras. Chegarei cansada do mesmo jeito, e economizo tempo. – mas acho que você já sabia disso, era óbvio. Pensei.

— Então, acho melhor... você descansar um pouco. Seja lá o que vai fazer para assustar sua madrasta, vai precisar de energia. – ele se levantou e ofereceu o braço para eu levantar também. E voltamos a ficar cara a cara – Eu apareço lá um dia. Pra você não ficar sozinha.

Assenti, com um meio sorriso. Desisti de tentar falar sobre aquilo e só o abracei. Ele retribuiu, com força.

— Não é como se isso fosse um adeus. – ele disse e se afastou, segurando-me pelos ombros, com um meio sorriso – Vamos nos ver logo, logo.

Assenti.

— Ok.

Nico me encarou por mais alguns segundo e disse, por fim:

— Então, eu vou nessa. Nos vemos depois. – e foi embora, caminhando entre as árvores, de volta ao acampamento, sem olhar para trás.

Fiquei parada ali por um tempo, como se também fosse parte da floresta. Então, ignorando todos os pensamentos que se aglomeravam na minha cabeça e meu coração agitado, tirei o casaco, amarrei-o na cintura, peguei minha mochila e voltei para o acampamento. Não valia a pena ficar me remoendo sobre aquilo. Eu sabia que aquilo iria acontecer se ele descobrisse sobre as marcas. Mas eu não podia perguntar sobre os sentimentos dele sem entregar os meus.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Comentem!
Sério, gente, comentem, não me deixem no vácuo. Podem dizer o que acharam, o que vocês acham que vai acontecer, só não me peçam spoiler, por favor! É melhor ler sem saber o que vai acontecer e ser surpreendido. Vão por mim.
Beijos, e até o próximo!