Tudo por Nico di Angelo escrita por Mariana Pimenta


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridíssimos leitores!!!!!!! Eu voltei depois de milênios!!!!!! Sério gente, desculpa pela ausência. Eu postei um "capítulo" explicando o que foi que aconteceu, tem umas duas semanas. Quem leu, ótimo. Quem não, provavelmente não teve tempo, então não vai fazer muita diferença, eu suponho.
Eu sei que o capítulo ficou pequeno se considerarmos o tempo que levei escrevendo-o. Mas eu estava sem criatividade e converter o livro para a fic estava dando muito trabalho, porque este é o capítulo da guerra com Gaia. E mesmo depois de ficar meses escrevendo-o, acho que ficou meio sem graça. Mas, realmente, a guerra com Gaia não é o assunto principal do livro. É só mais um empecilho na vida de nossa querida protagonista.
Vocês podem ficar meio "what?" em um certo pedaço, mas em outro capítulo eu explico.
Boa leitura!
[Como eu estava com saudade de escrever isso!]



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Foram necessários poucos minutos para chegar em território americano. E mais um minuto para estarmos sobrevoando o acampamento.

A situação não parecia boa.

Os dois acampamentos estavam travando uma batalha contra diversos tipos de monstros. A Atena Partenos foi colocada no alto da Colina Meio-Sangue, e aos seus pés vários guerreiros, tanto com as camisas laranjas do Acampamento Meio-Sangue quanto com as camisas roxas do Acampamento Júpiter, estavam agrupados em torno de um cajado com uma águia dourada, defendendo a estátua.

Piper voava agarrada a Jason do nosso lado. Ele e Hazel falaram algo sobre um grupo de romanos separados a centenas de metros de distância. Fomos para aquela direção, enquanto Jason e Piper iam para perto da estátua.

Assim que chegamos ao solo, nós saltamos e Frank voltou à forma humana. Havia romanos para todos os lados, lutando com os monstros. Pareceram notar nossa presença, mas continuaram lutando. Saímos matando tudo que não tivesse forma humana. Eram centauros selvagens, ciclopes, homens de duas cabeças, nascidos da terra, ogros. Não demorou para matarmos todos.

Os romanos urraram em vitoria. Frank assumiu a liderança, como pretor, e deu as ordens em latim. Os romanos se organizaram e seguiram para perto da Atena Partenos.

Os romanos se juntaram e atacaram todos juntos. Os gregos se juntaram a eles no ataque, mas sem muita organização. Porém, era recompensado com entusiasmo.

A minha frente, guerreiros e monstros começaram a cair, aparentemente sem motivo. Era como se a colina tivesse virado um tapete gigante sendo estendido. A ondulação da terra não me fez tombar, só perdi o equilíbrio.

Acordada! Urrou uma voz vinda do chão.

A vários metros de distância, um monte de terra começou a se erguer. Esse monte de terra ganhou uma forma humana e feminina de seis metros de altura, com um vestido verde de folhas e cabelos feitos de raízes de árvores. A pele parecia mármore branco quebrado.

Como são idiotas!— gritou Gaia – A magia dessa estátua estúpida não pode me derrotar! Vocês são fracos!

— Mantenham-se unidos e firmes! Gregos e romanos juntos podem vencê-la! – Piper gritava usando o charme, mas não era de grande ajuda.

A risada de Gaia se arrastou pela colina, junto com o medo. Ela abriu os braços e tudo veio a chão: árvores tombaram, rochas desmoronaram, a terra se ondulou. Tudo estava sendo atraído em direção a Mãe Terra.

Toda a terra pertence a mim!— ele urrou – Esse é o meu corpo! Vocês não podem lutar contra a deusa da...

Uma garra de bronze agarrou Gaia e a arrancou da encosta. Festus, o dragão de bronze, agora novo em folha, cuspia fogo enquanto carregava a deusa. Leo estava em suas costas, e sorriu triunfante.

O chão parou de se mexer, mas alguns semideuses e monstros ainda estavam parcialmente enterrados na terra. Os monstros, que conseguiam sair mais rápido, tentavam aproveitar a vantagem.

Jason e Piper foram atrás de Leo. Enquanto os outros continuaram atacando os monstros.

Não era possível ver com clareza o que estava acontecendo. Só víamos raios, fogo, e um furacão no ar. Também era possível ouvir Leo gritando insultos para a Mãe Terra.

Então de repente o céu se iluminou. Não, não eram os deuses novamente. Uma esfera flamejante surgiu no céu, como um sol, e foi reduzindo. Então, um cometa, que também pegava fogo, apareceu do nada, aparentemente vindo do chão e colidiu com a esfera. Ouvia-se gritos lá de cima.

Eu sei que parece confuso, mas foi isso o que aconteceu. O céu ficou dourado, como se fosse 4 de Julho e Réveillon em Copacabana ao mesmo tempo.

Todos os nascidos da terra desmontaram em uma pilha de terra naquele momento. Foi a confirmação de que Gaia foi destruída.

Foi o incentivo que precisávamos para acabar com aquilo de uma vez. Alguns monstros fugiram ou foram expulsos, mas a maioria foi morta.

Quando não havia mais nenhum monstro em todo acampamento, a reação foi imediata: todos os semideuses urraram em vitória.

.......

No dia seguinte, sátiros e ninfas confirmaram que não sentiam mais a presença da Mãe Terra. Os semideuses passaram uma parte do dia contando as baixas e enrolando seus amigos mortos em mortalhas. Muitos choravam. Eu não conhecia ninguém, mas sentia o pesar.

No final da tarde, os mortos foram cremados na fogueira do acampamento. Todos os meios-sangues presentes, tanto gregos quanto romanos, se reuniram ao redor da fogueira. Eu fiquei lá no final, com o capuz levantado, o cabelo para frente e as mãos nos bolsos.

Fiquei um pouco surpresa quando vi Nico se colocando na frente de todos. Ao que parece, Quíron pediu para que ele cuidasse dos ritos funerários.

Acho que ele não me viu. Estava muito escuro para isso.

Logo depois, Nico, Annabeth, Percy, Hazel, Frank, Jason e Piper foram chamados a Casa Grande para falar sobre a missão. E todo o resto, incluindo eu, óbvio, foi dormir.

Ninguém me chamou. Ninguém fez piadas comigo. Ninguém me provocou. Todos estavam muito tristes para se importarem comigo.

Grande parte do dia 3 de agosto foi dedicada à limpeza do acampamento e para cuidarem dos feridos. Os romanos se instalando perto dos campos de morangos, montando seu acampamento militar. Annabeth, Piper e Reyna andavam por aí juntas o tempo todo, e verificando tudo.

O jantar foi infinitamente mais animado. Os romanos ocuparam todos os lugares disponíveis e mais um pouco. Como já era esperado, fiquei na ponta da mesa de Atena.

Em um certo momento, Quíron se levantou (se é que ele estava sentado) e as conversas cessaram. Ele pegou seu cálice e o ergueu.

— Toda tragédia - ele disse – é seguida de uma força nova. Nossa vitória só foi possível graças aos deuses. Aos deuses!

Todos brindaram, mas sem muito entusiasmo. Afinal, nós salvamos os deuses e estávamos agradecendo a eles? Percebendo isso, Quíron acrescentou:

— E aos novos amigos!

— AOS NOVOS AMIGOS!

Centenas de cálice bateram uns nos outros enquanto todos os presentes brindavam.

Depois, fomos todos para o anfiteatro cantar canções em torno da fogueira, o que foi até divertido. Todos olhavam para o céu estrelado.

Reyna e Frank, sendo os pretores, foram chamados à frente para serem aplaudidos, por ambos os grupos.

— Amanhã, nós, romanos, voltaremos para o Acampamento Júpiter. – disse Reyna – Estamos muito agradecidos pela hospitalidade, ainda mais se considerarmos que quase matamos vocês...

— Ah, por favor. Nós quase matamos vocês! – gritou Annabeth.

— Com certeza...

Uuuuuuhhhhhhh! — fizeram todos, zombeteiros. Então, começamos a rir e nos empurrar. Até eu ri.

— Então, - disse Frank – concordamos que este é o começo de uma nova era de amizade entre os acampamentos.

— Exatamente. Para evitar guerras, os deuses tentaram nos separar por centenas de anos. Mas sabemos que existe uma forma melhor de mantermos a paz: pela cooperação.

Piper levantou a mão, como se estivesse em uma aula.

— Tem certeza de que você é filha da deusa da guerra?

— Tenho sim, McLean. – respondeu Reyna – Pretendo lutar em várias batalhas ainda. Mas agora, faremos isso juntos!

Aplausos. Aplausos. Aplausos.

Frank levantou a mão, pedindo silêncio.

— Todos você são bem-vindos ao Acampamento Júpiter. Nós conversamos com Quíron, e concordamos com um intercâmbio livre entre os acampamentos: visitas aos fins de semana, programas de treinamento e, é claro, ajuda de emergência em casos de necessidade...

— Vai ter festas? – perguntou um romano.

— Isso aí! Festas! – disse em garoto do chalé de Hermes.

— Mas nós não precisamos falar nisso. Os romanos inventaram as festas.

Mais gritos de aprovação.

— Bem, obrigada. – continuou Reyna – A todos vocês. Em vez de escolher o ódio e a guerra, encontramos amizade e aceitação.

Então, ela fez algo inesperado: ela foi até Nico, que estava parado em um canto escuro, um tanto afastado. Ela pegou sua mão e o puxou para a luz da fogueira, carinhosamente.

— Antes, nós tínhamos um lar. Mas agora, temos dois. – ela disse.

E abraçou Nico. Ele colocou a cabeça no ombro dela e a abraçou também. Todos aplaudiram e deram vivas, inclusive eu.

Eu fiquei com ciúmes? Talvez um pouco, durante os primeiros dois segundos. Mas depois eu me lembrei que ele também já me abraçou. E me beijou.

Depois de ter me lembrado desse segundo fato, me senti meio mal, mas ignorei completamente, e continuei aplaudindo, feliz por eles terem encontrado seus lugares ideais.

.......

Eu me vi em um lugar aberto, parecia um sítio. Levaram segundos para eu me lembrar: um churrasco na casa de um dos amigos do meu pai. Eu tinha sete anos. Virei-me de costas e vi a mim mesma cinco anos mais nova. Usava uma camisa azul escuro, uma saia preta e um tênis. Meu cabelo estava preso em uma trança embutida. Ainda não usava óculos, coisa que só aconteceu quando fiz onze anos.

Estava olhando atentamente para meu copo de refrigerante, bem na minha frente. Meu pai estava do meu lado, me encarando.

— Mariana, está tudo bem?

— Tem uma mosca no meu copo.

— E por que você não tira ela daí?

— Ela está viva. Quero ver se consegue sair sozinha.

Traduzindo: eu queria ver a mosca sofrer.

Esses meus sonhos de lembranças são coisas bem macabras, eu sei. Mas acho que só mostrava a minha tendência a coisas relacionadas a morte. Principalmente o que aconteceu depois.

Eu conseguia ver a mosca se contorcendo para sair do copo, apesar de estar toda melecada de refrigerante. Então, eu só bati no copo levemente com o indicador. A mosca caiu e parou de se mexer. Levei um susto.

— Papai, ela parou de se mexer.

— É mesmo?

— É. Mas ela estava viva agorinha.

— Como você acha que isso aconteceu? Ela se afogou, ou só se cansou de tentar sair de sua prisão de vidro?

— Eu acho que eu matei ela.

— Mas você nem a tocou.

— Mas ela morreu quando eu bati no copo.

Ele colocou a mão no meu ombro e me olhou nos olhos.

— Mariana, – ele disse – Acorde.

.......

Abri os olhos, já me preparando para me levantar.

— Oi. – disse uma voz ao meu lado.

Virei o rosto e vi uma cabeleira loira ao meu lado. Só sabia quem era pela voz.

— Oi. – procurei meus óculos e os coloquei logo.

— Você está bem? Não nos falamos tem uns dois dias.

— Estou bem, sim.

Annabeth suspirou e olhou rapidamente para a porta. Havia alguns poucos filhos de Atena no chalé, alguns dormindo, outros estudando livros e mapas, mas nenhum parecia prestar atenção à nossa conversa.

— Bem, imagino que isso vá ser uma má notícia para você. – disse ela – Mas... Quíron quer falar com você na Casa Grande.

— Ah... – deitei de novo, com as mãos na testa – Ele vai me matar. – resmunguei.

— Ah, não é assim. Ele só quer conversar mesmo. Claro, ele pode até te repreender por ter fugido, mas você não é a primeira a fazer isso.

— Está falando do Nico?

— Também. E falando nele... Vocês conversaram?

— Não, não nos falamos ainda. Mas eu preciso conversar com ele sobre umas coisas. A última vez que nos encontramos... foi estranho.

— Ah, certo. Voltando ao Quíron. Ele não permitiu que eu ficasse lá, e mesmo que tivesse permitido, eu não poderia, porque tenho que falar com o Percy. Preciso conversar sobre uma coisa com ele, e acho que ele vai ficar bem animado.

— O que? Você está grávida? – eu ri.

Ela me deu um tapa no braço.

— Claro que não, sua idiota! Nós dois vamos fazer o último ano do ensino médio juntos, e depois faculdade em Nova Roma.

— Nossa, sério? – me levantei – Que demais.

— E você, já sabe o que vai fazer?

— Já, mas é melhor falar mais tarde. Quíron está esperando.

— Ah, sim. Bem, então até mais tarde. – e saiu do chalé.

Suspirei pesadamente e, antes de pular do beliche, disse:

— É. É hoje que eu morro.

.......

Quíron já estava a minha espera na porta da Casa Grande.

— Me chamou? – perguntei, me fazendo de inocente.

— Sim, chamei. Entre. – ele abriu a porta e entrei primeiro.

Ele a fechou e seguimos para a mesa de ping-pong, o mesmo lugar onde conversamos quando cheguei. Ele me encarou, parecendo um tanto confuso.

— Por que está de mochila? Vai embora com os romanos hoje?

— Sim, mas não por isso. É que da última vez em que eu deixei minha mochila no chalé, meu irmão a reviraram. – dei de ombros – Então, seria meio complicado para eu deixá-la de novo no chalé, sabe.

— Entendo. – ele ficou do outro lado da mesa. Como ele é metade cavalo, continuou em pé mesmo, claro – Então, conversei com Annabeth quando você fugiu. Ela disse que já sabia que você ia fazer isso, mas não quis te impedir. Como ela me contou sobre o que havia acontecido entre você e seus irmãos, não vou brigar com você sobre isso.

— Não?

— Não, não vou. Mas veja bem: estávamos no meio de uma guerra, e nossas chances de sairmos vitoriosos não eram muito grandes. Então, precisávamos do máximo de semideuses possíveis, principalmente alguém com suas habilidades. Então, você foge, sem a menor previsão de volta ou o que iria fazer. Confesso que fiquei um pouco... decepcionado.

— Você quer dizer “com raiva”.

— Sim, mas eu entendia a sua situação. Então, não a culpo. E sendo assim, você deve deduzir que não foi por isso que eu te chamei aqui.

— É, acho que não.

— Conversei com Annabeth ontem, e ela me contou sobre o que você fez nesse período de tempo que ficou fora. Ou seja, o que você fez no Argo II. E também sobre a benção.

— Ah, sim. A benção.

— Eu queria saber por que não me contou quando chegou. Poderíamos tentar te ajudar de algum jeito.

— Eu não precisava de ajuda. Eu só queria entender a benção. Já tenho uma certa noção do que sou capaz de fazer. Mas ela não mudou muita coisa na minha vida.

— Não? Viagens nas sombras, exércitos de guerreiros esqueleto, não ser aceita pelos outros por, supostamente, ter uma “aura negativa”... Tem certeza que não mudou nada?

Franzi o cenho.

— Aura negativa?

— Annabeth conversou com seus irmãos logo depois que você fugiu. Ela contou que disseram que você tem uma aura negativa.

— Deve ser a cor do meu cabelo. Vou pintar.

Ele sorriu de lado.

— Acho que não será necessário. E teve uma outra coisa que Annabeth me contou sobre você ontem: seu antebraço.

Fiquei muda por alguns segundos.

— Ela contou dos cortes?

— Sim. Fiquei um pouco preocupado quando ela disse que seu braço estava todo cortado, mas ela disse que está tudo bem, que isso não apresenta riscos para você. Exceto quando fica com raiva.

— É, as marcas eram um problema antes, mas agora elas estão melhorando.

— Que bom.

Demorou três segundos para eu responder.

— Olha, eu sei que fui um pouco egoísta, simplesmente fugir do acampamento por causa de alguns desentendimentos. Se pararmos para pensar, pode parecer que eu estava exigindo que isso fosse algum tipo de hotel 5 estrelas, e na verdade, no fundo, bem no fundo, eu estava realmente pensando que seria algo assim. Porque eu fui maltratada a minha vida inteira, então isso seria um recomeço. E chegar aqui e ver que a situação para mim é pior aqui do que na minha casa... talvez tenha sido demais para mim.

— Eu entendo. – ele suspirou – Eu só queria dizer que... não importa a dificuldade que você esteja passando, o Acampamento Meio-Sangue sempre poderá te ajudar de alguma forma. E agora, o Acampamento Júpiter também. E lhe pedir que, da próxima vez que estivermos em uma guerra, fique por perto. Precisamos de pessoas como você.

Sorri levemente.

— Está bom, pode deixar.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
Eu só acho que o final ficou um pouco seco, e que eu esqueci alguma parte da conversa que eu já tinha bolado na minha cabeça. Mas o principal está aí, e é isso o que importa.
Eu sei que a fic está acabando ;'( , mas vocês ainda podem comentar, favoritar, acompanhar e recomendar, se vocês quiserem. Mesmo quem está chegando agora, ou que está lendo isso depois que a fic acabou, pode fazer o que você quiser, eu vou responder seus comentários de qualquer jeito.
Novamente, desculpe pela demora.
Beijos e até o próximo!