Não me importei com o fato de que Jacob me despia para colocar roupas secas em mim, eu não ligava para mais nada. Logo estava com roupas secas e perfumadas, roupas de Jacob e deitada em sua cama coberta por um grosso edredom. Por que eu o procurei? Eu já não havia envolvido Jacob demais? Sim, eu estava sendo egoísta com ele, mas não tinha para onde ir. Só depois pensei em Angela, mas eu já havia trazido problemas para ela também na historia de Camp Pendleton North. Eu permaneci ali, pensando em tudo e ao mesmo tempo em nada. Foi quando ouvi a porta do quarto de Jacob se abrir. Um cheiro de comida tomou conta do lugar, isso só fez com que ficasse enjoada.

-Bella, eu preparei uma sopa para você comer. Deve estar faminta.

-Não quero comer. –Murmurei olhando para a parede. Jacob Suspirou.

-Bella em seu atual estado é imprescindível que você se alimente direito. Se não vai acabar ficando doente e...

-Como você soube?

-Seus pais me ligaram. Contaram rapidamente o que aconteceu. Eles queriam saber se eu tinha notícias suas. Estão muito preocupados com você. –Senti a mão de Jacob tocar minha bochecha.

-Preocupados comigo? –Soltei um sorriso de escárnio. –Mas se foram eles que me botaram pra fora de casa!

-Estão arrependidos pelo que fizeram. Querem que você volte para casa. –Jacob acariciava minha cabeça. Sentei na cama e o olhei.

-Eu não vou voltar. Não depois de minha mãe ter me pedido para abortar e me expulsar de casa por não ter aceitado. Prefiro ficar na rua! –Falei entredentes. Jacob sorriu.

-Já imaginava que diria isso. Não se preocupe. Eu não irei deixá-la desamparada. Ficará aqui comigo.

-Não posso aceitar Jake.

-Não só pode como deve Bella.

-Eu não quero mais ficar aqui, eu quero desaparecer. –Minha voz falhou. A tristeza tomou conta de mim. Jacob tinha uma expressão especulativa.

-Eu posso providenciar isso com muita satisfação.

-O que? –O olhei confusa.

-A vaga para trabalhar em Londres ainda está de pé. Se quiser sumir essa é uma boa oportunidade. Você irá comigo, claro. Eu cuidarei de você e do bebê. –Eu o olhei tentando digerir as palavras de Jacob enquanto o mesmo prosseguia. –Contou a Edward que está grávida?

-Não.

-Por que não?

-Eu encontrei outra mulher em seu apartamento. Eu não me dei o trabalho de esperar e contar. Sei bem onde isso ia acabar. Se minha mãe foi capaz de me pedir para abortar, quem dirá Edward! –Doía cada palavra que eu dizia ainda mais por saber o quanto elas eram verdadeiras. Jacob aproximou-se de mim e acariciou meu rosto. Colheu as lágrimas que se seguiram depois de minhas palavras.

-Bella, eu não irei criticá-la, não falarei que estava certo ou algo do tipo. E sabe por quê? –Eu o olhei.

-Por quê?

-Por que não considero o que você fez um erro. Eu não poderia chamar isso de erro quando você está carregando uma criança. Um filho é sempre uma dádiva.

-Eu sei disso, mas... Eu estou com medo Jacob. Eu não tenho condições de criar essa criança sozinha. Eu não quero que ela sofra! –Comecei a soluçar. Jacob abraçou-me zeloso. O calor que ele proporcionava conseguiu aplacar um pouco a dor. Saber que eu podia contar com alguém era tudo o que eu precisava. Ainda sim eu tinha que dizer...

-Jacob? –Murmurei enquanto ainda estávamos abraçados.

-O que?

-Eu não posso.

-Não pode o que Bella?

-Eu te machuquei tanto! Não posso aceitar... –Jacob colocou seu dedo indicador em meus lábios.

-O que passou, passou. Eu também não fui à melhor pessoa com você. Peço perdão por ter interferido em sua vida Bella. É que não consigo deixar de ser super protetor com a pessoa mais especial para mim, a que mais amo. Você. –Fiquei um pouco constrangida com a confissão, mas não disse nada. Nada mais importava. -Bella, eu darei um lar e um nome para essa criança. Ele ou ela será meu filho. Poderemos ir para Londres e só voltaremos depois de alguns anos.

-Jake eu...

-Você não precisa corresponder aos meus sentimentos. Ficarei feliz em tê-la ao meu lado. Isso será o suficiente. Deixe-me cuidar de você e dessa criança, deixe-me ser um pai para ela. E, se algum dia isso for possível, deixe-me ser o marido amoroso e dedicado que sempre imaginei que queria ser para você. –O abracei mais forte. Eu verdadeiramente machuquei Jacob. Ele não deveria me olhar na cara. Ainda sim ele me oferece tudo o que não mereço da parte dele. Mais uma vez sendo egoísta, mas enfim sendo racional. Por que não me importava mais nada. Só me importava essa criança que crescia em meu ventre. Essa criança que inexplicavelmente eu já amava. Ela merecia um futuro, não merecia? Eu daria esse futuro e em contrapartida recompensaria Jacob por tudo.

-Sim Jacob. Eu vou com você. –Experimentei dizer estas palavras com muita convicção, mas por dentro estranhamente doeu. Jacob abraçou-me mais forte, ele estava sorrindo. Eu sabia sem mesmo olhar para sua face. Afastou-se de mim e pegou a bandeja com comida que o mesmo havia preparado.

-Agora, hora de comer. –Disse sorridente. Também sorri. -Preciso avisar aos seus pais que está segura.

-Só diga a eles que não desejo ver ninguém. Nem mesmo eles. Quero ficar só. Quero dizer só, mas tendo sua companhia.

-Que bom. Fique comendo, eu irei ligar para eles.

-MERDA! –Disca um número em seu celular. Alguém atende. –Ben sou eu. Angela conseguiu falar com ela?

-Não Edward. Eu e Angela vamos sair daqui, vamos procurar Bella por aí como você está fazendo.

-Não Ben! Quero que fique ai com a Angela. Bella pode acabar indo para a casa dela. Deixa que eu procuro pelas ruas.

-Angela vai ligar para os pais de Bella para descobrirem se eles têm notícia dela. Depois ligo para você Edward. Cuide-se e cuidado.

-Não se preocupe.

-Edward?

-O que foi?

-Foi preciso uma coisa dessas acontecer para voltarmos a nos falar.

-É verdade Ben.

-Eu...

-Ben, nós vamos deixar isso de lado. Eu não estou com cabeça para isso. Depois conversamos com mais calma, estou muito preocupado com a Bella.

-Tudo bem Edward. Depois conversamos. Até mais. –Ben desliga. Edward volta sua atenção para o transito. Dava voltas e voltas com o carro em meio à chuva torrencial. Não tinha idéia de onde Bella pudesse estar.

Enquanto isso Ben voltava a se sentar no sofá. Angela estava na cozinha telefonando para a casa dos pais de Bella a fim de receber mais informações sobre o paradeiro da amiga. Ben olhou em direção a cozinha vislumbrando Angela. A menina carregava um semblante preocupado enquanto conversava com alguém ao telefone. Jamais havia testemunhado alguém se preocupar tanto com uma pessoa.
“Ela é tão diferente da Rosalie! Rosalie não era assim com as pessoas a sua volta, ela não se importava. Porém, essa menina...”.

-Ben?

-Hã?

-Eu falei com os pais de Bella. Parece que ela está com o primo, Jacob. Ela está bem, felizmente.

-Que bom. Eu vou avisar para o Edward. –Ben pega o celular.

-Não acho que deva contar onde ela está.

-Por que não Angela?

-Jacob odeia o Edward. Pode não ser uma boa idéia contar que Bella está com ele. Edward pode querer ir até onde eles estão e isso pode não dar certo.

-Angela, eu preciso contar onde ela está, caso contrário Edward não vai sossegar. Não se preocupe, eu vou tentar colocar juízo na cabeça dele. –Ben sorri para Angela e a garota corresponde um pouco rubra ao seu sorriso.

Edward havia estacionado o carro no parque onde conheceu Bella. A sobrecasaca que usava conseguia protegê-lo da chuva. Caminhou olhando a tudo, não encontrou nada. Suspirou.

-Bella... Cadê você! –Já estava enervado. Seu celular toca. Corre até um quiosque escondendo-se da chuva. Atende o celular. –Alô? Oi Ben. –Edward ouviu atentamente as palavras do irmão sentindo as veias da testa se dilatar perigosamente. A pressão em seus dedos ameaçava destroçar o aparelho celular. Não esperou terminar o falatório do irmão. Ele sabia para onde iria. Ignorando a chuva e o horário, Edward foi para o lugar onde Bella estava.

Bella dormia como um anjo. Jacob estava deitado ao seu lado, acariciava a face com a ponta dos dedos, roçou seus lábios delicadamente nos lábios da menina que de tão cansada nem se remexeu. Sentia-se bem, sentia-se feliz, sentia-se vitorioso.

-Eu terei paciência, minha Bella. –Sussurrou. Ouve o barulho do interfone. Suspira. Segue para a cozinha a fim de atender o telefonema da portaria.

-Alô? –Ele ouve atentamente as palavras do porteiro. Sorri. –Eu descerei para vê-lo. –Assim sendo, pega seu casaco e sai do apartamento, trancando-o. Mostra-se feliz pelo encontro que terá. Segue para o elevador e logo está no saguão de seu apartamento. Seu sorriso se alarga ao ver Edward. Trajava blazer, usava uma sobrecasaca preta, o rosto e cabelos úmidos, seu semblante sério.

-Jacob. –Ele disse, sua expressão ilegível.

-Edward. –Falou com um sorriso.