I Wish You Love escrita por hatsuyukisan


Capítulo 9
Capítulo IX


Notas iniciais do capítulo

Capitulozinho fluffy ok? Todo mundo merece uma melaçãozinha básica depois de tanto drama u_u



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Despediram-se do pai de Uruha que assistia ao jogo ao lado do neto. Aki os acompanhou até o carro e desejou-lhes boa viagem. Na viagem de volta, Yuki olhava pela janela, as montanhas daquele lugar tão amado passavam pelos seus olhos, enquanto o céu adquiria um azul mais profundo e o sol tingia as nuvens de laranja. Yuki olhou para o rapaz ao seu lado e sorriu ao ver como os raios do sol cintilavam sobre os fios dourados do cabelo dele, ele a olhou e notou que ela sorria, retribuiu o sorriso e continuou dirigindo. Ela suspirou, pensando no quão feliz estava de estar ali, do lado dele. Ela tocou a mão dele sobre o banco. A pele fria dela contrastou com o calor da mão dele. Ele envolveu a mão dela na sua, acariciando-a. Ela sentiu sua mão esquentar, uma exata cópia de seu peito. Yuki deixou-se levar por aquele toque, aquele carinho, aquele calor.

                - Yuki...

                - Ãhn... – ela abriu os olhos devagar, a mão dele não saíra de cima da sua.

                - Chegamos. – ela olhou em volta e viu Tokyo. – Você quer que te leve pra casa?

                - Não. Eu quero ficar aqui. – ela sussurrou ainda meio sonolenta.

                - Yuki... – ele riu um pouco.

                - Uru... – ela pareceu despertar de fato. – Vamos caminhar.

                - Caminhar? Agora?

                - É. Estaciona. – ele obedeceu. Eles estavam perto de um dos templos de Tokyo, um lugar bonito. Ela desceu do carro. – Vem.

                - Yuki, você é doida sabia? – ele disse, descendo do carro.

                - Vem. – ela o puxou e enganchou o braço no dele. – Você não adora essa cidade?

                - Adoro. – ele riu. – Yuki...

                - O que? – ele parou de repente.

                - Nada. – ele a puxou para perto de si e a envolveu com os braços.

                - Uru... – ela encostou a cabeça no peito dele e retribuiu o abraço.

                - Sabe, Yuki, a gente conversa, contando casos, falando besteiras, às vezes deixando escapar segredos e eu nunca sei que hora dizer. Eu admito, tenho medo. O tempo passa voando quando eu tô do teu lado. Eu perco o sono pensando em você, no seu riso, na sua voz, mas eu nunca sei que hora dizer isso... Só sei que preciso dizer... – ele olhou nos olhos dela - ...que eu te amo.

                - Uru... eu... – ela titubeou, sem conseguir tirar os olhos daqueles olhos castanhos.

 Ela não soube o que dizer. Ele sorriu, respostas mudas insistiam em tentar escapar pelos lábios de Yuki, mas estes permaneciam entreabertos. Palavras lhe vinham à garganta, mas seus lábios não se moviam, não havia som. O ar entrava imperceptível nos pulmões dela, o mundo girava devagar, tudo em câmera lenta. As pontas dos dedos de Uruha roçaram o rosto de Yuki para depois irem se enroscar nos fios de seus cabelos. O cheiro dele parecia estar em todo o ar da cidade. Yuki sentiu o rosto dele se aproximando do seu, o hálito quente roçando seus lábios, o toque suave dos dedos dele em sua nuca, arrancando-lhe suspiros imaginários. Yuki fechou os olhos e entregou-se àquele toque terno. Os dedos dele lhe acariciaram o rosto, parando nos lábios como se pudesse beijá-los com as pontas dos dedos. Yuki sentiu o toque dos dedos de Uruha serem substituídos por um toque ainda mais terno, morno, macio. Ela não pôde evitar retribuir o beijo, abrindo passagem para a língua dele que ansiava pelo gosto da sua. Eles esqueceram da cidade ao redor e ativeram-se àquele momento. Não souberam dizer quanto tempo aquele beijo durou. As mãos de Uruha passeavam pelos cabelos de Yuki, enquanto ela sentia o coração dele bater sob sua mão em seu peito. Ele a beijava como se nada mais importasse, e era exatamente isso que ele sentia. Nada mais importava, a não ser aquele gosto doce. Não ligava se o mundo acabasse, se o céu desabasse sobre eles, se o chão rachasse sob seus pés, se os prédios ruíssem à sua volta, nada atrapalharia aquele momento. A não ser a falta de ar.

 Mesmo contra vontade, ele se afastou dos lábios dela, com a respiração descompassada. Ele corou. A realidade pareceu vir à tona quando ele abriu os olhos. Suas mãos soltaram os cabelos dela e foram parar nos bolsos. Por quê? Yuki despertou do transe quando se deu conta do embaraço dele. Ela o olhava sem entender. Ele encarava o chão, os sapatos, rezando pra que um buraco aparecesse pra que ele pudesse pular dentro.

               - Yu-yuki... Eu... Sumimasen. Eu não devia ter feito isso... Eu... – ele procurava as palavras em meio ao turbilhão de sensações dentro de seu coração.

               - Uru... – a voz dela não soou insegura, mas doce. Ela se aproximou um pouco dele.

               - Yuki, me perdoa... Eu... – ele não pôde continuar quando sentiu Yuki pegando suas mãos e colocando-as em volta da própria cintura.

               - Me beija de novo, antes que eu derreta. – ela sussurrou.

 Ele corou e sentiu seu coração pular até a boca ao ouvir aquelas palavras. O embaraço sumiu em alguns instantes e Uruha fez o que Yuki o pedira, beijou-a, do mesmo jeito de antes, com toda a alma, sentindo-se transportar para outra dimensão.

 Uruha não entendia aquilo. Não entendia como Yuki o fazia sentir tudo aquilo, mesmo sem querer. Era verdade que ele era um pouco tímido, mas perto dela tudo mudava. E ao mesmo tempo em que se sentia à vontade com ela, sentia-se como um adolescente. Coração batendo forte, pernas tremendo, mãos suando. Ele não era mais um moleque, mas se sentia como um perto dela. Ao ponto que se sentia um garoto rendido aos encantos de uma mulher, se sentia também um homem que vivia pra proteger uma garota. Exatamente como Paul Varjak e Holly Golightly.

 Quando os lábios de Uruha se separaram dos seus pela segunda vez, Yuki percebera que era disso que precisava. Daquele calor, daquelas mãos gentis, daqueles lábios, daquele perfume, daquela voz. Uruha era aquele que podia levá-la às alturas e trazê-la ao chão em poucos segundos. Yuki repassou em sua mente todos os momentos vividos com ele, desde o dia em que o conheceu até o instante presente em que se encontrava aninhada nos braços dele, tudo era tão simples. Naquele dia em Kamakura, depois de ter descoberto sobre o noivado de Kai, Yuki desejou encontrar um homem que fosse capaz de instigar seus instintos e domá-los ao mesmo tempo, mas o que não percebera é que esse homem esteve ao seu lado o tempo todo, quase despercebido. Ficou feliz em saber que não era tarde demais para percebê-lo.

 Yuki acordou com o sol da primavera esquentando seu ombro. Abriu os olhos, tentando acostumar-se a claridade, esticou os braços e aconchegou a cabeça no travesseiro com os olhos ainda entreabertos. Quando os abriu completamente contemplou o quarto à sua volta. As paredes claras, as janelas cobertas por persianas que se encontravam abertas, um criado-mudo ao lado da cama, uma porta à frente, uma poltrona forrada de veludo encostada na parede e em cima dela algumas peças de roupa, o armário escuro no lado oposto e os lençóis vermelho-escuro onde Yuki estava deitada. Ela sentou na cama e olhou em volta, viu-se sozinha. Esticou os braços, espreguiçando-se, deixando o sol tocar-lhe a pele. Saiu debaixo da coberta e levantou-se. Andou até a poltrona onde as roupas estavam, vestiu um moletom preto e um short e foi até o banheiro no corredor. Sorriu ao se ver no espelho. Alisou os cabelos com os dedos e lavou o rosto. Ouviu o som da televisão ligada vindo da sala. Andou a passos silenciosos pelo corredor. Quando chegou à sala viu a televisão ligada e alguém sentado numa poltrona. Yuki andou até atrás da poltrona e se inclinou sobre ela, acariciando os cabelos da pessoa sentada.

           - Bom dia. – ela sussurrou.

           - Bom dia. – ele respondeu com um sorriso – Dormiu bem?

           - Uhum. – Yuki deu a volta na poltrona e riu ao vê-lo de óculos de leitura.

           - Do que você tá rindo? – ele riu também.

           - De você.

           - O que tem? – ele a puxou pela cintura, fazendo-a cair deitada sobre seu colo.

           - De óculos. Achei uma graçinha.

           - Eu sei.

           - Convencido. Tava lendo o que? - ela perguntou, enquanto ele lhe acariciava os cabelos.

           - Ah, nada. Só umas partituras. – ele apontou com a cabeça uma pilha de folhas sobre a mesa de centro. – Gostei das roupas.

           - Bonitas né? – ela riu – Roubei de um cara aí.

           - Sei. – ele arqueou a sobrancelha.

           - Tá com fome?

           - Eu não cozinho. – ele riu.

           - Vai nessa. Mas eu cozinho. – ela levantou do colo dele e foi em direção à cozinha.

           - Não adianta! Não tem nada na minha geladeira! – ele disse, seguindo-a.

           - Tem vodca. – ela riu parada na frente da geladeira com a porta aberta.

           - É. – ele concordou rindo. – Você não vai conseguir nada daí, Yuki. Relaxa, daqui a pouco eu desço comprar algo pra gente.

           - Relaxa você, Shima. – ela riu – Volta pra TV e confia em mim.

           - Vê lá hein?

           - Confia em mim. – ela piscou.

 Uruha voltou à sala à passos lentos, repassando as últimas 24 horas de sua vida em pensamento. Sentia-se novo, limpo. Sentia-se vivo. Ele ouvia o barulho vindo da cozinha e ria sozinho, feliz por ter a mulher que amava na sua casa.

           - Uru! – ela apareceu na porta da cozinha minutos depois. – Tá pronto, vem comer.

           - O que você inventou aí? – ele levantou e foi até a cozinha.

           - Não sei você, mas eu adoro. – ela se sentou à mesa posta.

           - Panquecas? Você conjurou panquecas? Por que até onde eu sei a minha cozinha não tinha ingredientes pra panquecas. – ele riu e sentou ao lado dela.

           - Se você não tivesse ovos, farinha e leite, eu ficaria seriamente preocupada.

           - Mas e a cobertura?

           - Tava ali dentro do freezer. Eu só descongelei. Pergunta: por que você congela cobertura de sorvete? – disse Yuki enquanto colocava panquecas no prato do guitarrista.

           - Eu nem sabia que eu tinha cobertura de sorvete – ele riu – Eu devo ter esquecido dentro do freezer.

           - Doido. A propósito, há quanto tempo você tá acordado?

           - Ah, eu acordei umas duas horas antes de você. – ele disse, antes de cortar um pedaço de panqueca e pô-lo na boca.

           - Mesmo? Eu dormi tudo isso?

           - Aham. Eu acordei e fiquei um tempão com você na cama, depois vim pra sala e vi TV e você continuou dormindo.

           - Por que você não me acordou? Eu te faria companhia.

           - Porque eu não queria sua companhia. – ele debochou, tomando um gole de café.

           - Ah! É assim que você me agradece pelas panquecas? – ela deu um tapa no braço dele.

           - É. Por quê? – ele riu e puxou-a pelo braço, aproximando seus rostos – Algum problema?

           - Idiota. – ela riu baixinho acariciando os cabelos dele.

           - Eu sei. – ele sorriu e beijou-a, fazendo-a rir.

           - Gostou das panquecas?

           - Uhum. – ele balançou a cabeça e pôs mais um pedaço na boca.

           - Eu preciso ir. – ela disse, olhando pela janela.

           - Já?

           - É. A Asuka deve tá preocupada comigo. – ela levantou e colocou sua caneca sobre a pia.

           - Não tá não. Ela sabe que você tá comigo.

           - Tá, sim. E ela não sabe que eu tô com você. – ela riu da teimosia dele.

           - Não sabe, mas imagina.

           - Você não conhece a Asuka. Se eu passo mais de três horas sem dar notícia ela chama os bombeiros. Eu realmente tenho que ir. Eu posso te ajudar a lavar os pratos antes de ir.

           - Não precisa. – ele levantou e levou o prato pra pia. – Quer que te leve pra casa?

           - Eu pego um táxi. – ela sorriu enquanto ele a puxava pela cintura.

           - Tem mesmo que ir? – ele passou os dedos pelos cabelos dela.

           - Você fala como se eu fosse me mudar pro outro lado do Pacífico. – ela riu. – Minha casa é a uns dez minutos daqui.

           - Isso é um convite? – ele arqueou a sobrancelha.

           - Não sei. É? – ela sorriu e se livrou dos braços dele – Agora deixa eu ir me trocar.

 Ela foi até o quarto e se trocou, dando uma última olhada naquele lugar. Não queria demorar a voltar ali, mas ao mesmo tempo sentia que precisava ir para casa. Algo lhe dizia que devia algumas explicações à sua melhor amiga. Ela foi até a sala com o casaco na mão.

            - Tô indo.

            - Que pena. – Uruha levantou do sofá. – Quer que te acompanhe até lá embaixo?

            - Não, a não ser que você queira que a vizinhança toda te veja só de calção. – ela riu.

            - É. Tem razão. – ele a seguiu até a porta, abrindo-a. – A gente se vê então?

            - Claro. – ela sorriu.

            - Yuki...

            - Ãhn? – antes que ela pudesse dizer algo mais ele a puxou e a beijou. Ela quebrou o beijo pouco depois, sorrindo e tocando os lábios dele com o indicador. – Matta.

            - Matta. – ele sussurrou, soltando-a e observando-a no corredor até que uma senhora saiu de um apartamento ao lado e lançou-lhe um olhar feio.


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Notas finais do capítulo

Façam a titia feliz e deixem reviewzinhos *-*



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