I Wish You Love escrita por hatsuyukisan


Capítulo 8
Capítulo VIII


Notas iniciais do capítulo

Capítulo F-O-F-O! No Drama dessa vez ok? ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/4598/chapter/8

Yuki tomou um banho longo, sentindo falta de alguém perto dela até mesmo dentro do chuveiro. Secou os cabelos longos e escuros em frente ao espelho, vestiu-se, foi até a cozinha, pegou um pote pequeno de sorvete e voltou à frente da tv. Ela começava a assistir um filme quando a campainha tocou e Asuka berrou da cozinha:

              - Yuki! Atende, por favor!

              - Tô indo! – Yuki levantou do sofá amaldiçoando o ser que interrompera seu filme e abriu a porta com o pote na mão e a colher na boca.

              - Avelã? Meu sabor preferido, sabia? – Uruha ria, de braços cruzados, da cara de espanto dela.

              - Ahn... – ela tirou a colher da boca e pôs dentro do pote. – Que você tá fazendo aqui?    

              - Que gentileza. Obrigado por me convidar pra entrar.  

              - Desculpa. É que eu não tava esperando que você aparecesse e...

              - Tá, não precisa explicar. Eu entendo. – ele sorriu, entrando quando ela abriu caminho. – O que você tá assistindo?

              - Ah, nada. – ela fechou a porta e se juntou a ele na frente da tv. – Bonequinha de Luxo, pela milionésima vez.        

              - Eu gosto desse filme. – ele pôs as mãos nos bolsos. – Sabe, você me lembra muito Holly Golightly.

              - Eu? Por quê?

              - O jeito dela. Na frente de todo mundo ela posa com um ar sofisticado, sexy, mas no fundo quando ela tá com o Paul, ela se mostra um doce e vulnerável poço de neuroses.

              - Você acha que eu sou assim? – Yuki sentiu seu coração bater forte. Era disso que ela precisava.

              - Não, eu não acho. – ele disse sério – Eu tenho certeza.

              - Sempre gostei da Tiffany’s. – ela riu um pouco.

              - Já que você já assistiu a esse filme milhares de vezes, você não se importa de não assistir dessa vez né?

              - Por quê?

              - Vim te convidar pra um passeio.

              - Passeio?

              - É. Fora de Tokyo.

              - Vai, Yuki. Rala daqui, menina. – Asuka e Ruki apareceram na porta da cozinha.

              - Tá. Percebi que vocês querem ficar sozinhos. – ela se virou para os dois – Eu vou com você, Uru. – Asuka piscou e fez um sinal de positivo pra amiga. – Eu vou pegar um casaco, só um segundo.

 Yuki correu até o quarto e pegou seu casaco preferido, voltando imediatamente para a sala. Ela saiu com Uruha, e foram até a frente da casa. Um carro estava estacionado logo na frente do portão, Uruha andou até ele e abriu a porta.

               - A gente vai de carro?

               - Achou o que? Que a gente ia voando? – ele riu dela e entrou no carro.

 Ela riu de si mesma e entrou no carro também. Ele deu a partida e dirigiu em direção à saída da cidade, em direção à Kanagawa. Era estranho o fato de ele estar dirigindo em direção àquele mesmo distrito, onde tudo tinha acontecido. Mas Kamakura não passou pela mente de Yuki, em momento algum ela comparou o passeio de carro na beira da praia com esse momento. Ela pegou-se olhando para Uruha enquanto ele dirigia, acompanhando os fios dourados dançando de leve no pescoço dele quando o vento soprava. Sentiu-se bem ao se ver no meio da paisagem do lugar que mais adorava no mundo, com alguém ao seu lado, em uma companhia agradável e silenciosa.

 Ele virou à direita na estrada, na entrada de uma cidadezinha. Era um lugar simpático, pequeno, tradicional, tipicamente japonês. Uruha dirigiu pelas ruas até um bairro residencial e estacionou na frente de uma das casas. Uma casa grande o suficiente para uma família com mais de dois filhos, com um jardim atrás e uma caixinha de correio que dizia “Takashima” na lateral.

                 - Chegamos. Minha casa. – ele sorriu e desceu do carro. Yuki desceu atrás dele. Não sabia por que motivo ele a havia trazido ali, mas gostou de ter vindo, sentiu que não se arrependeria.

 Ele tocou a campainha e alguns minutos depois uma mulher veio atender. Abriu o portão para os dois.

                 - Kouyou, não sabia que você vinha. – disse a mulher.

                 - Eu avisei o otousan por telefone, ele não te falou?

                 - Não. Não vai me apresentar sua amiga?

                 - Ah, neesan, essa é a Yuki, ela é da mesma gravadora que eu. Yuki, essa é minha irmã mais velha, Aki.

                 - Oi, Yuki. Hajimemashite.

                 - Hajimemashite. – Yuki respondeu com um aceno.

                 - Entrem. A okaasan tá lá na cozinha, vai ficar feliz de te ver, Kouyou. – disse Aki.

                 - Vem, Yuki. – ele a puxou para dentro. Foram até a cozinha, onde uma senhora cortava talos de aipo – Okaasan, tadaima.

                 - Kouyou! – a senhora largou os aipos e se virou no exato instante que ouviu a voz do filho. – Meu filho! Okaeri!

                 - Tudo bem, okaasan? – disse Uruha, enquanto sua mãe o abraçava e o olhava de cima a baixo.

                 - Tudo. Que cabelo é esse, filho?

                 - Meu cabelo. O que eu sempre tive. – ele ria enquanto a mãe examinava-lhe os cabelos.

                 - Não fez mais furos nas orelhas, fez Kouyou, querido?

                 - Não, senhora.

                 - Que bom. – ela sorriu largamente e se virou para Yuki – Quem é essa moça bonita, Kouyou?

                 - Essa é a Yuki, okaasan, Hatsuyuki. Minha colega de gravadora. Yuki, minha mãe. – ele disse, apresentando-as.

                 - Ah, claro! Eu vi você na revista. Hajimemashite. – disse a mãe de Uruha, fazendo uma leve reverencia.

                 - Hajimemashite. – Yuki correspondeu.

                 - Ojiisan! – um garotinho de uns quatro anos abraçava as pernas de Uruha por trás.

                 - Oi! – Uruha se virou e pegou o menino no colo. – Você cresceu, hein?

                 - Pudera, a última vez que você o viu foi há quase um ano atrás. – disse uma outra mulher que chegava à cozinha, tirando o menino dos braços de Uruha.

                 - Eu o vi no Natal, Nora. Yuki, essa é minha outra irmã, Nora.

                 - Hajimemashite. – a mulher disse, meio seca.

                 - Hajimemashite. – Yuki sorriu.

                 - Bom, pelo menos é uma garota e não um homem. – ela disse, enquanto colocava o filho no chão.

                 - Nora, não fale assim com seu irmão. – disse a mãe de Uruha que havia voltado aos aipos. – Yuki-chan, você cozinha?

                 - Ah, hai.

                 - Yuki trabalhava num restaurante em Tokyo, okaasan. – comentou Uruha.

                 - Ah, que bom! Sabe, as jovens de hoje nem se importam mais com essas coisas, mas pelo visto você é diferente. – disse a senhora colocando os aipos numa panela de água fervente.

                 - Creio que sim. – Yuki concordou com um sorriso.

                 - Okaasan, e o otousan? – perguntou o guitarrista à mãe.

                 - Tá lá fora no jardim com a Tae.

                 - Vem, Yuki. Vem conhecer meu pai. – ele a pegou pela mão e levou-a até o jardim atrás da casa, onde um senhor alto e magro, de cabelos grisalhos mostrava as flores do pessegueiro à uma menininha de cabelos muito pretos e rosto redondo. – Otousan!

                 - Ah! – o senhor se virou – Kouyou!

                 - Konnichiwa, otousan. – Uruha sorriu, andou até o pai e o abraçou.

                 - Como vai, filho?

                 - Vou bem, muito bem. – ele respondeu e se abaixou até a altura da menina – Você não vai dar um abraço no ojiisan, não menina? – a pequenina riu e abraçou o guitarrista pelo pescoço. – Otousan, essa é a Yuki. Yuki, meu pai.

                 - Hajimemashite. – Yuki cumprimentou o homem.

                 - Hajimemashite. – ele respondeu. - Desculpa sair assim, mas é que o jogo de futebol já vai começar, eu tenho que ir pra sala assistir. Fiquem de olho na Tae.

                 - Ah, daqui a pouco eu vou lá assistir um pouco com você, otousan. – disse Uruha enquanto o pai atravessava o jardim até a casa. – Tae, vem cá, quero te apresentar alguém muito legal.

                 - Quem? – perguntou a garotinha enquanto o tio a pegava no colo.

                 - Essa moça. O nome dela é Yuki.

                 - Yuki de neve? – Tae perguntou.

                 - Não. Yuki de sonho e princesa. Bonito, não? – disse o guitarrista.

                 - Bonito. Meu nome é Tae, de muito e amor.

                 - Tae, é Tae de muito e brilho. – Uruha a corrigiu, rindo.

                 - Mas eu prefiro de amor. – ela cruzou os braços – O nome do meu tio é grande raio de sol, legal ne?

                 - Legal. – Yuki respondeu, rindo.

                 - Você é namorada do ojiisan? – a menina perguntou.

                 - Tae! – Uruha pareceu um pouco sem graça, pelo menos tentou parecer.

                 - Não, não sou. – Yuki disse, achando um pouco de graça naquilo.

                 - Por que não?

                 - Tae! – ele repreendeu a sobrinha de novo.

                 - Namora o ojiisan, vai? Ele é legal.

                 - Só “legal”? – Uruha brincou e fez cara decepção.

                 - Tá. Ele é o máximo. Vai namorar ele? – Tae insistiu na proposta.

                 - Ãhn... Vejamos... – Yuki não conseguiu evitar ver doçura naquela cena do tio e da sobrinha. – Quem sabe.

                 - Ah, “quem sabe” não vale. – disse a menina.

                 - Tae! Filha! Vem comer. – a mãe de Tae, Aki, a chamava.

                 - Tchau, ojiisan. – ela descia do colo do tio – Tchau, Yuki-san.

                 - Ela é uma figura. – disse Uruha, enquanto a menina corria até a mãe.

                 - É mesmo. – Yuki riu. – Gostei da sua família.

                 - É. Eles são legais. – ele sorriu, cruzando os braços.

                 - Você não se dá muito bem com a Nora, né?

                 - Não. Na verdade, ela preferia que eu fosse um engenheiro ou qualquer coisa do gênero, e não um músico. Nós brigamos desde pequenos, mas as coisas pioraram quando eu comecei a tocar guitarra e entrei numa banda. Aí ela ganhou uma bolsa e foi estudar nos Estados Unidos. De lá ela escreveu pra casa, perguntando de mim, dizendo que estava preocupada comigo. Nós chegamos a fazer as pazes por um tempo, mas depois que ela voltou ao Japão, tudo voltou a ser como era antes.

                 - Sei como é.

                 - E você? E a sua família?

                 - Minha família mais próxima é a Asuka. Não é família mesmo, mas é como se fosse. Tem meus avós japoneses em Okinawa, às vezes eu vou vê-los. Eu morei com eles por um tempo, até me mudar pra Tokyo.

                 - E os seus pais?

                 - Meus pais. Acredite ou não, eles moram no Quênia, numa fazenda. Minha mãe tem essa coisa pela África, sempre teve, aí eles resolveram se mudar pra lá, depois que eu cresci, meu irmão também.

                 - No Quênia?

                 - É.

                 - Uau. E o seu irmão?

                 - Mora na França perto da família da minha mãe. Eu e ele, é um pouco parecido com você e a sua irmã. Na verdade, é bem parecido. Ele sempre achou que ter uma educação japonesa não iria ser melhor pra mim do que uma européia, como ele teve, mas eu sempre, desde pequena preferi a família japonesa, e então meu pai me mandou pra cá pra estudar. Aí eu comecei a tocar violão e o resto da história você conhece.  

                 - Você não cresceu com os seus pais?

                 - Não. Só até os seis anos, que foi quando eu vim pro Japão, pra casa dos meus avós. 

                 - Então você não teve muito contato com a família da Europa?

                 - Tive. Pouco, mas tive. Nas férias da escola, eu ia pra França na casa da minha avó e tinha lições de piano e francês o verão todo. Eu gostava, mas não via a hora de voltar pra cá. Você cresceu aqui em Kanagawa?

                 - É. Aqui, nessa mesma casa, nesse mesmo jardim. – ele olhou em volta. – Meu apelido na escola era Shima.

                 - Sério?

                 - Sério. Eu jogava futebol na escola. Jogava bem.

                 - Ah, jogava nada. – ela riu.

                - Jogava sim. Cheguei a jogar pelo time da escola por um tempo, mas aí eu ganhei um violão e... bom, você imagina o que aconteceu depois não?

                - Uhum. Deve ter sido legal crescer aqui.

                - Foi. Muito. – ele olhou em volta com uma certa nostalgia no olhar.

                - Kouyou! – a mãe de Uruha havia saído na janela – Vocês vão ficar pro jantar, filho?

                - Ãhn, não okaasan. Dessa vez não.

                - Ah, Kouyou, fiquem. Vou adorar tê-los pra jantar.

                - Não vai dar, okaasan. Nós viemos de carro, é longe até Tokyo. Aliás nós temos que ir. Não quero dirigir à noite.

                - Que pena. Venham mais cedo da próxima vez. – disse a senhora voltando para a cozinha.

                - Vamos indo, Yuki?

                - Ah, claro. – ela respondeu.

                - Vamos nos despedir da minha mãe. – ele a puxou para dentro da casa – Okaasan, estamos indo.

                - Tem certeza de que não podem ficar pro jantar? – ela se aproximou do filho secando as mãos no avental xadrez.

                - Eu realmente gostaria de ficar, okaasan. Mas já é tarde, e é um longo caminho até Tokyo. – ele respondeu enquanto a mãe lhe ajeitava a gola do casaco.

                - Da próxima vez quero que venha pro almoço – e se virou para Yuki – E traga essa moça encantadora consigo, é claro. Foi um prazer conhecê-la, Yuki-chan.

                - Igualmente. – Yuki fez uma reverência.

                - Nós voltaremos, okaasan. Prometo. – e abraçou a mãe.

                - Já vão, Kouyou? – Aki chegava na cozinha com a filha no colo.

                - Já, sim.

                - Matta ne, otoutosan. E cuide-se. – ela disse, abraçando o irmão – Dê um abraço no seu tio, Tae.

                - Matta, ojiisan. – a menina esticou os braços e abraçou o rapaz.

                - Matta, Yuki-chan. – disse Aki.

                - Matta. – Yuki acenou.

                - Vocês vão voltar, ojiisan? – perguntou a menina.

                - Vamos. Nós voltaremos antes de ir pra Europa. – ele respondeu.

                - Yuki-san, espero que quando vocês voltarem você já seja namorada do ojiisan.  – disse a sobrinha do guitarrista.

                - Tae! – a mãe da garota a repreendeu – Não diga essas coisas. Sumimasen, Yuki-san.

                - Tudo bem. – Yuki riu um pouco – Matta ne, Tae-chan.

                - Matta. – a menina acenou do colo da mãe.

                - Vamos? – perguntou Uruha.

                - Hai. – Yuki o seguiu pela sala até a porta de entrada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Review review review *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Wish You Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.