I Wish You Love escrita por hatsuyukisan


Capítulo 13
Capítulo XIII


Notas iniciais do capítulo

Mais um dos meus capítulos "família" ^^ Espero que gostem.

Ps: as frases em francês estão traduzidas nas notas finais, por via das dúvidas.



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     Os shows da Alemanha correram exatamente como o esperado. Cheios. Yuki cruzou poucas vezes com Hizumi durante a estadia em Berlim. E achou melhor assim. Logo depois da Alemanha eles partiram para a França. Yuki prometeu a Uruha que o levaria conhecer a sua avó.

     E assim Yuki o fez. Levou o guitarrista, na tarde folga, ao bairro de Montmatre, em Paris. Eles desceram em frente a praça de Montmatre, pois Yuki disse que a caminhada dali até a casa de sua avó era válida. Uruha viu Paris de outros olhos, muito menos cara e glamurosa do que aquela da Champs Eliseè. As senhoras caminhavam tranqüilas com seus chapeuzinhos, as crianças pulavam em volta do vendedor de algodão-doce da praça, os jovens passavam montados em lambretas, tudo parecia saído de um filme. E além do mais, a ausência do medo de ser reconhecido. Poder andar na rua abraçado com a namorada era uma coisa que não fazia parte da rotina de Uruha em Tokyo. Yuki guiou o pelas ruelas estreitas do bairro. Eles pararam alguns minutos para atirar pedrinhas no canal Saint Martin. Yuki contou-lhe que era um de seus passatempos preferidos quando vinha a casa da avó. Desde pequena sempre gostara de atirar pedrinhas na água e tentar fazê-las picar. Ela levou Uruha até uma ruazinha tranqüila, bem arborizada e parou com ele em frente a um sobrado simpático com um jardim grande na frente. Eles entraram pelo portão. Uruha se espantou com o fato de o portão estar aberto. Em Tokyo não se deixam portões abertos, ele pensou consigo.

               - Eu aposto que a minha vó tá no jardim. Vem aqui. – ela o puxou cara trás do sobrado, até um jardim onde uma senhora de chapeuzinho de palha e vestido de botões remexia a terra de um canteiro de lírios. – Grandmére!

               - Ah! – a senhora se virou e deixou a pázinha cair na terra – Yuki!

               - Bonjour, Grandmére. – Yuki foi até ela e abraçou-a.

               - Quel surprise! Vous regarder... – ela se afastou de Yuki e olhou-a de cima a baixo – Que belle! ¹

               - Grandmére, esse é Kouyou. – Uruha se sentiu aliviado por Yuki estar finalmente falando algo que ele pudesse entender. – Meu namorado.

               - Ah! Mas que moço bonito! – a avó de Yuki falou um japonês cheio de sotaque. – Perdoe-me o meu japonês enferrujado, querido.

               - Essa é a minha vó, Uru. Minha vó Catherine.

               - Prazer. – Uruha acenou e sorriu.

               - Por que é que você não me avisou que vocês vinham, Yuki? Eu teria feito creme bruleé pra você. Não acho justo que você venha até a França e não coma o creme bruleé da sua avó. – disse a avó de Yuki entrando na casa, Yuki e Uruha a seguiram.

               - Eu quis fazer uma surpresa. – Yuki sorriu ao entrar na casa.

     O lugar tinha um cheiro forte de baunilha e cerejas. As paredes eram cobertas de papeis de parede floridos com lambris de madeira clara. As prateleiras eram cheias de adornos e vasinhos singelos. Exatamente como uma casa de avó deve ser.

               - Seus pais e seu irmão estão aí. – disse a senhora, enquanto tirava umas xícaras e um bule da estante e Yuki puxava Uruha para se sentar num sofá vermelho-escuro na sala.

               - Mesmo? – Yuki não pareceu muito feliz com a noticia.

               - É. O seu irmão tem uma competição aqui perto, algo assim. Seus pais vieram da África pra vê-lo. – Uruha imediatamente entendeu o motivo da tristeza de Yuki. – Eles devem estar chegando aí a qualquer minuto. Eles resolveram ficar hospedados no centro. Foram fazer umas compras e então voltam pra cá com o seu sobrinho.

               - Você nunca me falou que tinha um sobrinho. – Uruha comentou.

               - Tenho sim. Bem pequeno ainda.

               - Vocês estão se apresentando na cidade, Yuki?

               - Sim. – ela respondeu à avó que falava alto da cozinha e então cochichou a Uruha: - Eu vou dar uma mãozinha pra minha vó.

               - Tá. – ele balançou a cabeça quando ela levantou e foi até a cozinha.

               - Grandmère... – Yuki disse baixinho – Preciso de um favor seu.

               - Ah, claro. O que precisar, cherie. – disse a senhora enquanto arrumava as xícaras sobre uma bandeja.

               - Quando a minha mãe e meu irmão chegarem, gostaria que você pedisse para eles serem gentis com o Kouyou. Meu pai eu tenho certeza que não vai dizer nada de ruim, mas você sabe como a minha mãe é. E o Nicolas pior ainda. Eu realmente quero que eles se dêem bem com o Kouyou, sabe... Talvez seja ele.

               - Entendo. Eu vou falar com eles pode deixar.

               - Merci, Grandmère. – Yuki beijou a bochecha da avó e voltou para a sala, sentando-se ao lado do guitarrista.

               - Você gosta de chá, querido? – perguntou a avó de Yuki quando voltou a sala e pôs a bandeja sobre a mesinha de centro. – Ah, mas que pergunta tola. Pergunta a um japonês se ele gosta de chá é o mesmo que perguntar a um francês se ele gosta de pão.

               - Eu gosto, sim. – Uruha sorriu e aceitou a xícara que a senhora lhe serviu.

               - É a sua primeira vez na França? – ela perguntou, servindo uma xícara de chá à neta.

               - Não. – ele respondeu tomando um gole do chá – É a segunda. Mas essa é a primeira vez que tenho a oportunidade de ver algo além de um hotel e uma casa de shows.

               - Ah, que ótimo. Sabe, Yuki te trouxe ao melhor lugar de Paris. É aqui que fica a verdadeira alma dessa cidade.

               - Grandmére, a senhora nasceu e cresceu aqui, não é a melhor pessoa pra opinar. – Yuki comentou, sorrindo.

               - Tem razão. Mas sabe, Montmatre já teve a sua época de boemia. Era lindo. Mas agora estamos nós, um bando de velhotes, plantando alcachofras no quintal. Chega de cabaré para nós. – Catherine riu. A campainha tocou – Ah, devem ser os seus pais, Yuki! – ela levantou e foi atender.

               - Mama, vous avez laissé la porte ouverte.² – disse uma senhora de cabelos escuros que entrou seguida de um homem alto de cabelos igualmente negros e espessos. – Ah, Yuki.

                  - Mama. – Yuki levantou e foi abraçar a mãe. Uruha levantou também.

                  - Você não disse que vinha pra cá. – a senhora disse, em japonês.

                  - É. Eu sei. Quis fazer uma surpresa. Também não sabia que vocês estariam aqui – e então se virou para o irmão – Nicolas.

                  - Bonjour. – ele respondeu, seco.

                  - Yuki! – um senhor baixinho japonês entrou sorridente. Agora Uruha podia ver de onde Yuki havia herdado seu bom humor.

                  - Otousan! – Yuki abraçou o senhor apertado.

                  - Ah, mas que saudade, filha. – ele disse, sem soltar a moça.

                  - Como vão os leões, otousan? – ela riu e soltou-o.

                  - Ah, vão bem. – ele riu.

                  - Bonjour, Juliet. – disse Yuki, quando uma mulher de cabelos louros e compridos entrou com um menino pequeno nos braços.

                  - Bonjour. – ela disse, e foi se postar atrás do marido.

                  - Bonjour, Leon! – Yuki acenou para o menino, sorrindo.

                  - Bonjour. – Uruha pôde perceber que o menino tinha aprendido a falar há muito pouco tempo.

                  - Otousan... – Yuki puxou o pai pelo braço – Quero que conheça Kouyou, meu namorado.

                  - Ah! Kouyou! Hajimemashite. – o pai de Yuki fez uma leve reverência.

                  - Hajimemashite. – Uruha correspondeu.

                  - Kouyou, - Yuki foi para o lado do namorado – Esse é o meu pai, Matsui, e a minha mãe Raquel, meu irmão Nicolas, a mulher dele Juliet e o meu sobrinho Leon.

                  - Hajimemashite. – a mãe de Yuki olhou Uruha de cima a baixo.

                  - Estão fazendo shows na cidade, é? – perguntou o irmão de Yuki, sentando no sofá com o filho no colo.

                  - É. – Yuki respondeu. – São só dois dias.

                  - Hum.

                  - Aliás, já tá quase na nossa hora. Nós temos ensaio hoje ainda. – disse Yuki, e o guitarrista percebeu sua pouca vontade de estar ali com a família.

                  - Fiquem mais um pouco, comam um pedaço de bolo. – disse a avó de Yuki.

                  - Não, dessa vez não vai dar, Grandmère. Um outro dia a gente volta aqui com mais tempo.

                  - Ah, mas nem pudemos conhecer o Kouyou direito. – disse o pai de Yuki.

                  - Tenho certeza de que vocês terão muitas chances de conhecê-lo, otousan. – Yuki passou o braço em volta da cintura do loiro. – Nós temos mesmo que ir. Só passamos pra dizer “olá”.

                  - Ah, mas que pena. Assim que tiverem férias venham pra cá. O seu quarto ainda é seu, Yuki. Vou ficar feliz de ter a minha neta de volta em casa. E ainda mais se ela trouxer esse moço encantador consigo.

                  - Obrigada, Grandmère. Nós voltaremos, sim. – disse Yuki, abraçando a avó. – Bom, foi bom vê-los todos.

                  - Até, filha. Cuide-se. – o pai de Yuki levantou e foi abraçá-la. – E você rapaz, eu estou de olho.

                  - Otousan! – disse Yuki, quando viu Uruha corar.

                  - Brincadeira, Kouyou-kun. Foi um prazer.

                  - Igualmente, Matsui-san. – Uruha riu um pouco e acenou.

                  - Au revoir, mama, Nicolas. – Yuki acenou para eles, já puxando Uruha para fora da casa.

                  - Au revoir. – a mãe de Yuki acenou de volta. A avó da cantora acompanhou-os até o portão e se despediu deles mais uma vez. Eles saíram andando abraçados, do mesmo jeito que vieram, mas calados.

                  - Yuki... – Uruha quebrou o silencio.

                  - Hum?

                  - Você não queria ficar ali né?

                  - Não.

                  - Por quê?

                  - Ah, a minha mãe, meu irmão... Eles tendem a odiar qualquer pessoa que eu ame. Quando eu namorava o Hizumi, eu vim com ele aqui. Uma vez. Meu irmão foi extremamente indelicado, minha mãe praticamente ignorou-o. Foi chato. Não queria deixar que eles fizessem o mesmo com você.

                  - Entendo.

                  - Sabe, Uru... Eu realmente gosto de você. – ela parou no meio do caminho. – Acho que nós estamos indo a algum lugar juntos. Não quero deixar a minha família estragar isso. Eu deixei que eles fizessem isso com o Hizumi e você viu no que deu, não viu? Mas você... Não quero que acabe do jeito que acabou entre eu e o Hizumi. Aliás, eu não quero que acabe de jeito nenhum. Eu quero que dure.

                  - Não é um olhar feio do seu irmão que vai me fazer desistir de você, menina. – ele segurou o rosto dela entre as mãos. – Cara feia pra mim é fome.

                  - Uru... – ela riu dele. Ele colou os lábios nos dela.

                  - Eu te amo. – ele sussurrou.

                  - Eu também te amo. – ela respondeu, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Nota ¹ : Que surpresa! Olhe pra você... Que linda
Nota ² : Mamãe, você deixou o portão aberto.

Gente, dica: assistam "Bonequinha de Luxo", vocês vão entender todo o lance Paul Varjak e Holly Golightly que eu citei sobre o Uruha e a Yuki, além de ser um ótimo filme, claro.
Fica a dica. :*
(Revieeeeeeeews *-*)



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