Ana

Sozinha. De novo. Eu estava encolhida no chão, meus braços agarrados nas pernas, quase em posição fetal, uma sensação gelada penetrava meus ossos, originada no início da coluna. Eu nunca senti tanto medo, uma dor horrível adentrava meus músculos com facilidade. Quando necessário, eu dizia para Helo ou Marcy o caminho certo, mas senti que havia algo errado com elas. Quando finalmente adormeci, o frio foi minha cama e a fome meu cobertor, minha mochila era o travesseiro, minha capa estava sobre meu corpo, diminuindo o frio horroroso. Senti algo duro em minha mochila, mas já era tarde, eu já havia adormecido. Em meus sonhos eu vi Ares novamente.

– Você está em uma situação deprimente, Ana, não gosto disso, ou você sofre mais ou se une a mim, não quero que morra tão cedo, eu nem me diverti ainda.

Meu rosto com certeza demonstrava o pavor imenso que eu sentia, porque o deus sorriu maliciosamente e apontou uma lança que ele tinha em mãos.

– Isso mesmo, Ana, você é meu brinquedinho. Sei que está com medo, seu maior medo é estar sozinha. Seus amigos sumiram. Me ajude, Peter pode voltar para você, basta se aliar a mim.

Ele estendeu a mão e abaixou a arma, fitei minha própria mão, extremamente branca e trêmula. Lágrimas brotavam dos meus olhos e eu piscava fortemente para impedi-las de cair.

– Você pode mesmo ler minha mente?

– Não, não posso.

– Me mostre como sair desse inferno.

Tentei sorrir, sem sucesso, então a dor me tomou e eu desmaiei nos braços de Ares. Acordei arfando, ainda sentia frio, dor, fome, tudo, mas teoricamente eu agora era uma traidora. Senti Helo pedir ajuda, e eu a enviei a resposta pedida, mais discretamente agora. Lembrei-me de minha mochila e a abri rapidamente, eu sabia que não encontraria nem comida nem remédios, mas encontrei as poções que Trívia me enviara. Selecionei uma aleatória e bebi um gole, ela me deu forças para caminhar novamente, mas eu nunca teria acertado a poção correta. Ares me ajudara, eu só não sabia se isso era bom ou não. Minha visão agora estava bastante turva, mas eu podia ver minimamente. Já havia esquecido como é bom. Caminhei com dificuldade até a saída que já não estava selada. Fora do salão era tudo escuro. Eu me aliara a Ares, mas ainda ajudava Marcy e Helo, e mesmo estando ao lado do deus, eu ainda me sentia sozinha.