[Insira seu título aqui] escrita por Helo, William Groth, Matt the Robot, gomdrop, Ana Dapper


Capítulo 32
O medo começa


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas, aqui é a Yara, espero que gostem 'u'



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Marceline

Eu já não sabia o que ia me matar primeiro, os monstros ou a fome? Eis a questão. Depois de deixarmos Ana para trás, seguimos caminhando sem rumo - o que nem é uma novidade.

Helo começou a fazer perguntas. Não é que eu não queria respondê-las - e bem, eu não queria mesmo -, mas eu também não sabia como, eu sempre tive minha vida sob controle, e agora ela está completamente bagunçada. Mas acima de tudo, ela falou dele; depois de tudo o que aconteceu, foi a primeira vez. Eu sabia que ela me culpava pela morte de Alv, e não posso julgá-la por isso, eu também me culpo. A verdade é que eu não sei o que houve comigo aquele dia, nem mesmo me lembro com clareza, é como se tudo fosse só um sonho louco. Foi como um transe, eu sabia que ele precisava de ajuda, mas simplesmente fiquei parada lá; eu tentava dizer pra mim mesma para ir até lá ajudá-lo, mas meu corpo não me obedecia, como se tivesse alguém dentro dele além de mim. Mas o fato é que ele morreu, por minha culpa, eu não o ajudei, eu o deixei morrer, e ela nunca me perdoaria, não por isso, não nesta vida.

E bem, John é um assunto pendente, e talvez seja melhor assim. Há um grande histórico de “pessoas que a Marceline ama e acabam morrendo ou passando para o lado do mal” e definitivamente não pretendo colocá-lo nessa lista, portanto, eu não podia amá-lo.

***

Continuamos seguindo em frente. Quando as paredes começaram a se fechar, Helo começou a berrar como uma maluca. Eu não conseguia pensar direito, tateava as paredes buscando por alguma saída, mas não consegui encontrar nada. Elas se fechavam cada vez mais e a única coisa que pude fazer foi fechar os olhos, esperando pela morte. Mas ao abri-los novamente, percebi que estávamos em um grande salão, cheio de balões cor-de-rosa, o que não aumentava muito a moral do tão apavorante túnel do medo.

À nossa frente havia uma enorme mesa cheia das mais variadas comidas, e é claro que nós sabíamos que não devíamos comer, podia ser e provavelmente era uma armadilha, mas a fome falou mais alto.

Enquanto comíamos, um balão estourou e dele caiu um papel, o qual dizia: “VOCÊS TÊM A PESTE”. Tive um impulso de levantar os cabelos da nuca e Helo me encarou horrorizada, quando ela levantou os dela, pude ver o motivo do horror. Havia uma estrela negra tatuada na sua nuca, e eu sabia que era o que tinha na minha também.

– O que é isso? - Eu perguntei.

– Eu não sei. - ela respondeu.

– É melhor sairmos daqui! - sugeri.

– Tem razão, mas antes - ela abriu a mochila -, comida!

– Helo, você não pode…

– Não posso o quê? - ela me encarou. - Estou no túnel do medo, longe de casa e de meus amigos, o cara que pensei ser legal me traiu, o cara que eu amava morreu, já faz bastante tempo, mas não superei ainda, estou com fome e aparentemente com uma peste de-sei-lá-o-quê. Então, acho que tenho o direito de pegar um pouco de comida.

Suspirei, murmurei um “Ok” e comecei a ajudá-la. Quando já estávamos prontas para ir, uma voz começou a falar.

– Onde vão com tanta pressa? - ela perguntou.

– Ai meus deuses - Helo suspirou.

Uma figura feminina surgiu do meio de uma fumaça, teatral demais, em minha opinião. Ela caminhou em nossa direção, sorrindo.

– Olá, meninas - sua voz ecoou por todo o salão. - Poupem-me de perguntas, só vim até aqui para ajudá-las, com a peste.

– E como você nos ajudaria? - perguntei desconfiada e vi que Helo já tinha a mão em sua adaga.

– Não posso curá-las, confesso. Mas posso dizer o que vai curá-las.

– E o que é? - Helo perguntou.

– As correntes - ela respondeu -, quebrem as correntes.

– Espera, que correntes? - perguntei.

– As correntes em que estão aprisionadas - a mulher sorriu. - Vocês têm sete dias.

A sala, os balões, a mesa, tudo começou a desaparecer, e tudo que ouvi foi a voz da mulher pronunciando um cortante “Tic tac, tic tac”.

– Ai meus deuses, Marcy! O que faremos? Nós vamos morrer - Helo se desesperava.

– Calma, Helo. Calma. Precisamos pensar.

– EU NÃO QUERO ME ACALMAR! - ela começou a chutar as paredes e gritar. - EU ODEIO ESSE LUGAR. ODEIO, ODEIO, ODEIO.

– SE ACALME, CARAMBA! - eu segurei firmemente os ombros dela. - EU ODEIO ISSO TANTO QUANTO VOCÊ, MAS NÃO VAMOS CHEGAR A LUGAR NENHUM ASSIM.

– ME SOLTE, SUA ASSASSINA DESALMADA - teria doído menos se ela tivesse me esfaqueado. - VOCÊ É A CULPADA POR TUDO ISSO, TODO O MEU SOFRIMENTO, VOCÊ O MATOU, VOCÊ O MATOU.

– EU NÃO SABIA O QUE ESTAVA FAZENDO, TÁ LEGAL? NÃO ERA EU!

– Você está mentindo, você mente.

– Cale a boca - meu sangue começava a ferver. - Vamos embora daqui - eu disse virando as costas pra ela.

– Sabe, eu espero que John perceba logo o monstro que você é - ela disse. - ESPERO QUE ELE TE CHUTE LOGO, SEU MONSTRO!

– CALE A BOCA!

– VENHA ME OBRIGAR!

Meus olhos encontraram os dela e puxei a espada. Estava pronta para atacar, quando me dei conta que era isso que eles queriam, e eu não ia deixá-los vencer essa.

– Anda logo - eu disse guardando a espada. - Não temos tempo pra isso.

Caminhamos em silêncio por um longo período de tempo. Nenhum monstro, nenhum deus maluco, nenhum imprevisto. Tudo na mais perfeita paz, o que significa que alguma coisa está errada.

– Marcy… - Helo murmurou. - Me desculpe.

– Pelo quê? - perguntei.

– Ah, você sabe, ter… Dito aquelas coisas.

– Tudo bem.

Encontramos alguns corpos de semideuses pelo chão, já deviam estar lá há um bom tempo. Todos usavam uma camiseta laranja, ou o que restava dela. Helo me encarou horrorizada e eu sabia o que ela estava pensando, será que viraríamos dois deles? Largados de lado, esquecidos. Eu esperava que não.

– Me desculpe também, Helo - eu disse depois de um tempo.

– Pelo quê?

– Ah, você sabe, deixar seu namorado morrer, essas coisas.

– Tudo bem.

Mas não estava tudo bem, não de verdade.

– Estou cansada, vamos parar - Helo pediu depois de mais duas horas de caminhada.

– Claro.

Nos deitamos e eu acabei dormindo, e adivinha? Pesadelos!

Eu estava caminhando à beira do lago do Acampamento, um pouco mais à frente John e Charlie apostavam uma corrida, sorridentes. Ao meu lado, Hezel tagarelava animada. Imediatamente me lembrei daquilo, há cerca de três anos, Will…

– E aí, mana? Hezel! Oi - Will chegou animado e me deu um abraço.

– Ei Will - eu sorri.

– O que estão fazendo? - ele perguntou.

– Hum… Só andando.

Seus olhos verdes brilhavam de alegria e divertimento, seu sorriso era contagiante.

– Hoje é um belo dia, não?

– É sim - Hezel respondeu entrelaçando seu braço na cintura de Will.

– Hezel Roz - ele a repreendeu. - Tire a mão daí, agora.

– Quê? O que eu fiz? - ela sorriu inocente.

– Me devolva - Will pediu.

– Nunca - ela saiu correndo e ele atrás dela.

Eu observei os dois correndo alegremente, não pude deixar de sorrir. Até que tudo começou a pegar fogo, os campistas começaram a gritar, eu os ouvia gritando meu nome, mas não podia ajudá-los. Marceline, acorda! Marceline….

– MARCELINE, ACORDA - Helo gritava, o túnel balançava sem parar e um barulho como passos de um gigante estava me deixando quase surda.

– O que é isso? - eu berrei para Helo, que estava de joelhos ao meu lado.

– Não faço ideia - ela berrou de volta. - Vamos sair daqui.

Assim que ela terminou de falar, um forte vendo a derrubou e ela caiu de bruços e começou a ser puxada para trás em alta velocidade.

– HELO! - gritei tentando alcançá-la, mas parecia haver uma força misteriosa que nos afastava cada vez mais.

– MARCY - ela gritou de volta, uma parte do chão se desfez atrás dela e começou a engoli-la.

Eu não conseguia me mover, estava paralisada, e assisti o chão engolir Helo e depois se fechar, sem nada fazer. Eu estava sozinha, e pela primeira vez isso me deixou desconfortável.

Encostei na parede, que agora já estava estável, e ali fiquei, por um bom tempo, até decidir continuar em frente.

A cada passo parecia que a escuridão do túnel aumentava, até mesmo pra mim já estava difícil enxergar. Continuei caminhando sem olhar para trás, quando comecei a ouvir vozes falando em minha cabeça. “Quebre as correntes, quebre as correntes”, as vozes diziam, cada vez mais e mais alto. “Quebre as correntes, quebre as correntes.” um arrepio percorreu minha espinha, o medo invadiu meu corpo, tão sutil quanto um elefante. Mais vozes falavam em minha cabeça, minha boca secou, eu comecei a correr.

– SAIAM DA MINHA CABEÇA! - ordenei.

"Quebre as correntes, quebre as correntes, quebre as correntes, quebre as correntes.”

Eu corria desesperadamente, como se minha vida dependesse disso. Já não enxergava mais nada em minha frente; pela primeira vez, experimentei a escuridão de verdade.

Enquanto eu corria, bati de frente com alguém, ou alguma coisa. Tateei tentando distinguir o que era, e de repente consigo enxergar novamente.

– John - exclamei colocando a mão na boca, numa forma de abafar o grito.

Seus olhos não tinham cor, seu rosto e corpo estavam completamente pálidos e vários ferimentos cobriam sua pele, era um cadáver. Me afastei rapidamente e comecei a correr mais, e vários outros cadáveres começaram a surgir, todos os meus amigos: Hezel, Matt, Ana, minha mãe, Alv, Luc e muitos outros se aproximavam de mim lentamente, não diziam nada, só me encaravam inexpressivos. Me encostei numa parede vazia e me abaixei aos prantos, eles começavam a sussurrar, “Você me matou, assassina. Assassina.”

Me sentei e abracei minhas pernas, eu não queria ver, abaixei a cabeça e esperei enquanto se aproximavam.


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Notas finais do capítulo

;-;... deixem reviews



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