[Insira seu título aqui] escrita por Helo, William Groth, Matt the Robot, gomdrop, Ana Dapper


Capítulo 20
Um simpático au au e uma parente quase inexistente


Notas iniciais do capítulo

Cadê o Maaatt? Olha ele aqui! Deleitem-se com mais um capítulo meu =3



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Matt

Até que não foi tão ruim virar porquinho-da-índia. Pelo menos nos destransformaram rápido, essas feiticeiras malucas. Quase me acabei de rir quando uma delas me lançou um olhar malicioso. E aquela Samilee tem um ar de psicopata. Espero não encontrar com elas novamente.

E quando eu já estava achando que íamos ter que viajar até outra parte do país, porque o túnel ia mudar de novo, montamos em unicórnios de carrossel e descemos por um buraco escuro até ele. É, enfim estamos no famoso túnel do medo. E, fazendo jus ao seu nome, ele já está me provocando medo. Não sei o que vai acontecer aqui. Não sou muito bom lutando sem minhas habilidades com as plantas, e acredito que não haja nem uma mísera plantinha aqui nessa escuridão sem fim.

Já estávamos andando há horas – ou, pelo menos, pareciam horas – e nada de acharmos o objeto idiota de Ares. Felizmente, também não achamos nenhum monstro. E ninguém fala nada, estava um silêncio perturbador. Já odeio lugares quase ou totalmente escuros, mas lugares quase ou totalmente escuros sem som – exceto o barulho das nossas pisadas – são piores.

– Aaah, que raiva! – exclamou Marcy. – Quando é que isso vai ficar emocionante? Já andamos um bocado e nada de objeto, nada de monstro, nada de nada.

– Credo – disse Helo. – Até parece que você quer que apareçam monstros.

– Não ia ser bom – falou Marcy –, mas pelo menos eles quebrariam esse tédio em que eu tô aqui.

– Parece que vamos ficar andando em frente pela eternidade – reclamei.

Assim que eu terminei de falar, a primeira curva apareceu.

– Epa, de onde saiu isso? – perguntou Helo, surpresa.

– Estava aí o tempo todo, né, dâh – debochou Marcy.

– Mas lá atrás, quando a gente veio andando, eu não vi essa curva aí – protestou Helo. – O túnel continuava em frente. Gente?

– Não prestei atenção – disse Peter. Ana concordou.

– Eu também não vi, Helo – falei. Era como se o túnel pudesse nos escutar, e tivesse mudado a direção ao me ouvir falando que ficaríamos sempre em frente.

– Cuidado, Ana – disse Peter, ajudando-a a virar na curva, porque ela ainda estava cega graças à vadia da Tétis. – Aqui, venha.

– Aaff, que droga, cansei de estar cega! – disse Ana quase chorando. – Quero minha visão de volta, me sinto muito vulnerável assim.

– Não se preocupe, bruxinha, eu te protejo – disse Peter.

Eu também me sentia vulnerável. Não poderei fazer nada se algum monstro ou deus malvado aparecer. Não tenho armas, não sei lutar; por mais que eu treine no acampamento, não consigo me sair bem. Sou o líder dessa maldita missão e acabei me tornando um fardo para os outros, porque eles sabem se defender e eu não.

E continuamos andando um tempão sem achar nada. Passamos por mais algumas curvas, mas a maior parte do caminho continuava em frente. Tateamos as paredes procurando vãos ou passagens secretas, prestamos atenção no chão ao pisarmos para ver se encontrávamos algum alçapão... só não examinamos o teto, porque ele era muito alto para a gente alcançar, mesmo pulando.

Viramos noutra curva e tinha alguém sentado no chão, imóvel.

– Por que paramos? – perguntou Ana.

– Shhh. Tem alguém ali – cochichou Helo.

– Parece estar dormindo – cochichei também. – Vamos passar devagar sem fazer barulho.

Marcy chegou um pouco mais perto do indivíduo.

– Marcy! – chamou Peter em voz baixa.

– Creio que ele não está dormindo, e sim morto – disse ela.

Ela chutou a cabeça do cara – sei lá se era um cara –, e a caveira caiu e rolou, deixando um esqueleto sem cabeça.

– Ai que horror – disse Helo.

– Marceline, você é louca? – repreendi. – E se ele estivesse vivo? Teria nos atacado agora!

– Calma, Matt – disse ela. – Eu sou filha de Hades, e se minha intuição diz que alguém está morto, é porque está. Agora vamos andando antes que apareça alguma coisa viva.

Tarde demais.

Mal recomeçamos a andar e ouvimos um rosnado atrás de nós. Do nada, como se tivesse sido formado pela escuridão, surgiu um cão infernal, bravo e demoníaco.

Rapidamente, Peter sacou a espada e se colocou na frente de Ana. Marcy e Helo prepararam suas armas enquanto o monstro avançava com raiva e abria a boca para mordê-las. E eu só pude ficar apavorado e me afastar. Beleza, Matt, muito bem. Não ajude seus amigos porque você não sabe lutar.

– O que foi?? – perguntou Ana, aflita.

– Nosso primeiro monstro – respondeu Peter sem desviar a atenção da criatura. – Fique calma e atrás de mim. Vamos cuidar dele logo.

O cão rugiu.

Helô começou a atirar flechas no bicho, o que só servia para retardá-lo por uns dois segundos. Marcy e Peter tentavam atingi-lo com suas espadas. Tentei convocar alguma planta, mas não consegui. Realmente não havia nenhuma por ali.

Marcy desferiu um golpe, mas o monstro se desviou e ela atingiu o chão, causando uma rachadura. A criatura focou em Ana e em mim, os dois que estavam vulneráveis. Escolheu atacar Ana primeiro, e foi até ela rosnando. Peter atacou-o para impedir, mas ele era muito rápido e se desviou também.

Então percebi a única coisa que podia fazer para ajudar.

Enquanto o monstro me esquecia um pouco, procurei uma pedra no chão. Achei e joguei-a nele, acertando bem o seu focinho. Ele então deu um rugido e olhou bem nos meus olhos, com um olhar de puro ódio.

– Aqui, totó! – falei pra ele. – Vem me pegar.

Aparentemente deu certo, porque o cachorro armou um bote e esqueceu meus amigos ao seu redor. Comecei a andar pra trás, mas antes que pudesse me afastar muito, ele pulou sobre mim e me derrubou no chão.

– AAAAAAHHHH! – gritei, desviando meu rosto das mordidas.

Ele então prendeu minha cabeça no chão com uma das patas, e ia dar a mordida que seria fatal, mas de repente parou com a boca aberta, arregalou os olhos e se desmanchou em pó, sujando minha roupa e meu rosto todo. Suspirei aliviado.

Olhei e vi que fora Marcy quem o tinha matado.

– Obrigado – falei. Finalmente o monstro que você queria, pensei.

– Não tem de quê – disse ela, satisfeita. – Não precisava ter feito isso.

– Não mesmo! – concordou Helo. – Você quase morreu.

– É, por que fez isso? – perguntou Peter.

– O que foi? – perguntou Ana.

– Bom, eu não sei lutar como vocês – expliquei –, então a única coisa que pensei que podia fazer foi servir de distração, assim ele se preocuparia só comigo, e vocês poderiam matá-lo.

– Matt! – disse Ana. – Você fez isso? Não acredito, você é louco?

– Foi arriscado e estúpido – disse Marcy –, mas corajoso também. Obrigada.

Os outros agradeceram também. Dei um meio sorriso, mas não sei se eles viram com aquela escuridão toda.

– Vamos seguir então – disse Peter.

– E torcer para não aparecer mais nada querendo nos matar – disse Helo.

Ah, eu queria que isso pudesse mesmo acontecer, Helo... Mas eu sentia, e acredito que os quatro também, que aquele era só o primeiro de muitas coisas que tentariam nos matar naquele túnel.

Depois de mais umas boas horas andando, já estávamos mortos de cansaço. Resolvemos parar para descansar por uns momentos. Nos dividimos em turnos para vigiar. Peter e Marcy se ofereceram para ficar acordados no 1º turno.

Deitei no chão duro e frio do túnel. Fiquei desconfortável, mas isso não impediu que eu dormisse rápido. E ao dormir, tive meu segundo pesadelo de semideus.

Como antes, eu estava sozinho em alguma parte do túnel, aflito e com medo De repente, as paredes e o chão começaram a congelar e eu senti um frio enorme.

– Ora, ora – disse uma voz atrás de mim. Tomei um susto e me virei rápido. – Se não é Matt, filho de Deméter.

Me deparei com uma mulher muito pálida, de estatura mediana e cabelos brancos com mechas azuis. Usava blusa azul, calças brancas e um casaco de frio feito de pelo de animal. Seus olhos eram de um azul-claro não muito intenso, mas seu olhar parecia congelar até minha alma.

– Q-quem é você? – perguntei tremendo de frio.

– Não sabe quem é sua irmã, garoto? – perguntou ela, rude.

– Perséfone? – perguntei, arregalando os olhos de espanto.

– Ah! Claro! Claro que você só lembra de Perséfone! – indignou-se ela. – Todos só lembram de Perséfone! Perséfone isso, Perséfone aquilo. Ela é a perfeitinha da família. Não sou aquela nojenta.

– Ela não é nojenta – eu disse, firme. A mulher revirou os olhos. – Quem é você, então?

– Sou Despina, seu imbecil, Despina! – exclamou ela. – Deusa do inverno. A filha que sua querida mãe nunca lembra que existe. A filha que Deméter abandonou, porque só tinha olhos para a querida Perséfone. Claro que você não me conhece. Ninguém me conhece, simplesmente quase me apagaram da mitologia.

– Nossa, sinto muito que isso tenha acontecido... – disse, tentando ser gentil.

– Ah, você sente muito! Muito conveniente pra você me dizer isso, não é? – ela disse ainda com raiva. Pelo visto, minha gentileza não adiantou muito.

– Não fazia ideia de que tinha outra irmã – falei. – Quem é seu pai?

– Poseidon – respondeu ela com desprezo. – Outro que me abandonou. Meus próprios pais me abandonaram. Claro, afinal não passo do resultado de uma união forçada. Por que minha mãe me criaria? Por que me veria como uma filha normal? Eu não deveria existir. E por isso fui condenada ao esquecimento total!

Eu não sabia o que dizer. Nunca soube de nada daquilo, e agora descubro que tenho uma outra irmã, que é amargurada e rancorosa.

– Fique calado mesmo – disse ela. – É até melhor. Aposto que sua mamãe também não dá muita bola pra você. Perséfone é a filha favorita, a filha de ouro. Deméter não se importa com os outros filhos. Não se importa comigo, nunca se importou!

– Não diga isso! – falei quase gritando. – Minha mãe se importa sim, se importa com todos os filhos dela! Ela é uma das deusas mais carinhosas e maternas que existem!

– Há há há – disse ela em tom sarcástico. – É o que você pensa, maninho. Mas não se preocupe... Não serei tão cruel com você. Ou tentarei não ser. – Ela sorriu maldosamente.

Então tudo ficou embaçado, o sonho foi se dissipando. Acordei nervoso. Olhei em volta e vi que Peter e Marcy estavam acordando Helo e Ana. Era a vez do turno de nós 3. Mas eu estava imerso demais em pensamentos para conseguir vigiar.

Por que nunca me falaram de Despina? Será que quase a apagaram da mitologia mesmo? Por que fariam isso? Fiquei com pena dela, por ela guardar tanto ódio, tanta angústia. Mas também fiquei com raiva, pelas coisas que ela disse de minha mãe e Perséfone. Só que eu não conseguia parar de relembrar na minha cabeça as palavras dela: “A filha que Deméter abandonou”; “Deméter não se importa com os outros filhos. Não se importa comigo, nunca se importou!” Minha mãe seria capaz dessa crueldade? Não se importar com uma filha, abandoná-la? Sempre achei que ela se importasse comigo, e com meus irmãos do chalé 4, mas será que isso realmente acontece? Ou eu sou apenas mais um filho que ela só reclamou e depois não quis mais saber?

Algo me dizia que eu voltaria a ver essa desconhecida deusa fria, e não seria em outro sonho. Ela não poderia, mesmo sendo uma deusa, descontar em minha mãe a raiva que sente dela, pois Deméter é uma deusa bem mais poderosa. Sobrava pra mim, um mero semideus, fraco comparado a ela. Ótimo, tudo que eu preciso agora é ter uma irmã querendo me matar. Esse encontro não vai ser nada amigável.


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Notas finais do capítulo

Sooo, o que acharam? Comentem, comentem! E até o capítulo 25 =3



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