Pov’s Anne

Terminamos de ver o filme, claro que foi um saco, já que a Miss Simpatia ficou gritando o filme todo e se agarrando nos braços do Quil, e decidimos ir à lanchonete. Mas, a Miss não queria comer nada, então deixamos os dois sozinhos.

– Deixem eles se agarrarem! Ah, já sei! Porque não vão direto pro motel? Tenho certeza que deve ter algum por aqui.

E essa foi à última coisa que eu disse nessa noite. Depois desse meu momento revolta, o clima ficou muito tenso entre nós. Desde que chegamos à lanchonete, não trocamos uma palavra sequer. Sei que estava fazendo pirraça, mas aquela garota conseguiu me tirar mesmo do sério. Suspirei pesadamente e me levantei da mesa.

– Se vocês não se importam, quero dar uma volta! – disse isso e esperei uma resposta, mas apenas o que recebi foi um aceno de cabeça de Embry. No meio dessa confusão toda, o único que não veio reclamar comigo foi o Embry. Até o Jared estava estranhando meu comportamento, mas eu pouco estava ligando pra eles.

Fui caminhando pelas ruas de PortAngeles quando me deparei com o cartaz daquele garoto que eu vi no noticiário outro dia. Aproximei-me do cartaz e observei a foto do Riley por um longo tempo. Porque eu tinha a impressão de que o conhecia de algum lugar? Essa sensação ficava me rondando todas as vezes que eu via sua foto. E algo me dizia que não era uma coisa boa...

Muita coisa mudou desde que eu cheguei a La Push. Desaparecimentos constantes, o afastamento dos meninos, a mudança radical neles, os meus pesadelos e ela...Victória estava presente em todos os meus pesadelos e neles sempre desejava que eu me tornasse uma deles, só não sabia o que era. E eu... Realmente eu mudei muito desde que cheguei aqui. Eu estava perdendo o controle mais facilmente, brigava por qualquer coisa e meus sentidos estavam mais aguçados. Eu estava mais forte e até mais bonita. Ou eu estava ficando paranóica ou La Push escondia um grande segredo.

Esses pensamentos desapareceram da minha cabeça quando senti um cheiro estranho, um cheiro meio... Doce? Me virei na direção do cheiro mas não havia ninguém lá. É, talvez eu estivesse mesmo ficando paranóica.

Mas meus sentidos diziam pra eu ir atrás do cheiro, como se eu devesse me proteger. Apurei mais meus sentidos e decidi voltar pra lanchonete. Mas durante todo o caminho, aquele mesmo cheiro enjoativo estava presente, e eu estava com a sensação de estar sendo observada. Me virei, e me deparei com uma sombra, a mesma sombra que estava na floresta ontem. A mesma sombra do meu sonho. Ela ia se aproximando cada vez mais e a única saída era correr. Corri em uma velocidade desconhecida por mim até agora, mas quanto mais eu corria, mais a sombra parecia se aproximar. Olhei mais uma vez pra trás, quando esbarrei em algo, ou melhor, em alguém.

– Oh! Desculpe-me. Você está bem? – A moça, que não reconheci de cara me perguntou. – Ah! É você Anne?

– Bella? O que faz aqui? – Perguntei com certa arrogância, afinal o que ela tinha feito com o Jake não era nem de longe aceitável.

– Ahn... Eu vim comprar umas coisinhas com o Edward. E você? – Ela perguntou sem graça.

– Passeio. – Dei um sorriso cínico como se quem dissesse Isso não é da sua conta.

– Bella, o que está fazendo com... – Edward apareceu ao seu lado. – Quem é você? – ele perguntou com certa confusão no rosto.

– Anne Parker. – Disse sem muita animação.

– Prazer, sou... – Ele disse estendendo a mão pra mim.

– Edward Cullen... É eu sei quem você é! – Disse apertando sua mão. E no minuto seguinte, um fogo percorreu minha espinha. Ele era muito gelado. Parecia um morto. Retirei minha mão com o contato. Edward me analisou por alguns segundos e se virou para Bella.

– Vamos, temos que ir. – Ele disse quase arrastando a garota com ele.

– Mas... – Não deu tempo nem de Bella terminar de falar, e ele desapareceu com ela em seu encalço. Eu hein! Que povo mais estranho. Olhei novamente pra trás ao me lembrar da sombra, mas não havia nada e a sensação de ser perseguida, sumiu. Continuei meu caminho até a lanchonete e logo avistei os meninos saindo dela.

– Olha só, a sumida decidiu aparecer e... Você estava aonde? – Paul perguntou contorcendo o nariz.

– Ahn, estava andando por ai, por quê? – Perguntei meio desconfortável. Será que eu estava fedida?

– Nada não, é só que... Deixa pra lá! Vamos logo.

– Mas e o Quil e a Wanessa? – perguntei percebendo que os dois não haviam chegado ainda.

– Ahn, o Quil ligou avisando que ia mais tarde com a Nessa, que podíamos ir sem ele. – Embry disse meio sem graça.

– Ótimo! Espero que os dois tenham uma ótima noite! – Disse rindo sarcasticamente e indo em direção ao carro.

– Anne, você esta bem? – Rachel perguntou me analisando.

– Melhor impossível! – Disse entrando no carro e batendo a porta. Todos ficaram me analisando por um tempo, mas depois cada entrou em seus respectivos carros e partimos de volta a La Push.

O caminho todo foi em um silencio total. O radio estava desligado também, tornando o clima mais pesado ainda. Ninguém ousou dizer uma palavra sequer e eu não seria a primeira a dizer. Encostei minha cabeça no vidro do carro e fiquei analisando a paisagem. Mas no meio disso tudo, ele surgiu em minha mente. Flashes sobre aquela noite passaram na minha mente e eu senti meus olhos encherem-se de lagrimas e uma dor sufocante atingiu meu peito. Onde ele estava? Eu não o tinha visto desde o dia em que brigamos e todos evitaram ao máximo falar sobre ele.

Quando dei por mim, Jared já estava em frente de casa. Dei um suspiro aliviado e apenas agradeci à Jared e dei um beijo em Embry e desci do carro. Pude ver pelo canto dos olhos Sammy beijando Jake e decidi deixá-los sozinhos.

Entrei em casa e fechei a porta atrás de mim. Fui em direção à escada, mas parei ao ouvir a porta bater.

– Precisamos conversar Anne. – Sammy disse séria.

– Olha me desculpa ta? Será que podemos deixar todo o discurso pra amanha? – Perguntei olhando em sua direção. – Se não se importa, vou dormir.

– Anne, olha estamos todos preocupados e o seu comportamento hoje não foi normal. – Sammy disse preocupada.

– Normal?!?! Desde quando a minha vida tem sido normal?!?! – Disse com raiva. – Por que você não vai lá e continua agarrando meu amigo e me deixa em paz?!?

– Anne, me escuta! – Sammy segurou meu pulso, mas o soltou logo em seguida desesperada. – Anne! Você esta ardendo em febre!

Minha respiração estava ofegante e eu estava desesperada.

O que estava acontecendo comigo?

Controlei minha respiração antes que eu enlouquecesse aqui. Parecia, sei lá, que eu ia explodir a qualquer momento. Após ter certeza que eu tinha me acalmado me virei na direção de Sammy.

– Me desculpe, por tudo! Eu estou me sentindo tão estranha ultimamente. Me sinto tão diferente. Como se não fosse mais eu mesma. Não mais. – Soltei tudo de uma vez me sentando na escada, isso tudo já estava me cansando já.

– Olha Anne, isso é normal pra alguém que esta passando por uma situação como essa. – Sammy disse, sinceramente. – Quer dizer com os seus problemas com o Seth e o sumiço dele isso é normal acontecer com você, só precisa...

– Como é que é? O que você disse? – Perguntei me levantando num pulo. – O Seth… Sumiu? – Minha voz falhou nesse momento e senti meu coração apertar e meus olhos se encherem de lagrimas.

– Você não sabia disso? – Sammy perguntou cuidadosamente. – Seth sumiu ontem de manha e não voltou ainda. Os meninos foram atrás dele, mas ninguém o encontrou. – Sammy me olhou com certa preocupação no olhar. – Anne ta tudo bem?

Olhei pra Sammy mais uma vez. Estava decidida sobre o que fazer.

– Tenho que encontrá-lo. – Disse com firmeza na voz. - Diga a minha mãe que eu volto logo.

– Você ficou louca, Anne? – Ignorei Sammy e fui correndo em direção à floresta. – Anne! Volta aqui! Anne! – Sammy começou a gritar desesperada. – Anne!

Não voltaria atrás, não quando Seth precisava de mim e ainda mais: ele sumiu por minha culpa. A mesma dor sufocante de minutos atrás surgiu de novo em meu peito.

Eu tinha que encontrá-lo e rápido.