O ódio de amar escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 23
Cristal da verdade


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou tão feliz que estão recomendando a história! Isso é sinal de que estão gostando e isso é muito importante pra mim.

Muito obrigada "Kaah Malfoy" pela linda recomendação que você deixou como presente pra fic!



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– Eu tô gostando tanto de você. - Ele dizia olhando-a nos olhos, as testas estavam coladas, respirações completamente aceleradas, os corpos ainda unidos e as mãos entrelaçadas.

Ela havia sonhado? Havia sonhado tudo aquilo com Draco? Não, ela não havia sonhado. Não quando podia ouvir o som do mar, ainda de olhos fechados, a claridade do dia incomodando-a e incentivando-a a despertar. Podia sentir o corpo de Draco debaixo do seu, estava frio. Mas não se importou com aquele fato. As batidas do coração dele totalmente compassadas e sua respiração fraca, o loiro ainda dormia.

Luna abriu lentamente os olhos, e em consequência do sol forte que estranhamente cobria o céu de Angra naquela manhã, a loira voltou a fechá-los. Dias ensolarados em Angra dos Reis ultimamente? Estranho mesmo. A loira coçou os olhos e abriu-os novamente, se acostumando com a luminosidade. Levantou sua cabeça do peitoril de Draco e olhou em volta. A plataforma, os cobertores, o mar calmo, o começo da manhã. Droga, já era de manhã. A loira se assustou com a ideia dos Malfoys poderem estar preocupados com o sumiço deles ou estarem os procurando, fato que não seria nada agradável se encontrassem-os daquela maneira. Corpo a corpo e pele com pele.

Luna se sentou com certa dificuldade, tinha que admitir que estava confortável o aconchego dos braços de Draco. Céus, o que eles tinham feito? Fora uma loucura tão maravilhosa. A loira se lembrava de estar tão entregue. Ela nunca se sentiu tão entregue.

Chacoalhou levemente a cabeça, tentando evitar os flashes da noite que passara se amando com Draco. Se amando? Seria essa a palavra para os dois? Ficaria mais cabível um "se odiando", talvez. Um ódio de amar tão intenso capaz de provocar as ondas do mar.

Olhou em volta, suas roupas estavam espalhadas e, por estar frio, apesar do sol daquela manhã, a loira resolveu se vestir logo. Frio com sol? O que estava acontecendo naquela manhã? Se levantou, tentando não tropeçar nos cobertores que agora tinham tanto o cheiro dela como o cheiro de Draco. Procurou por suas roupas enquanto sentia seus pelos eriçarem.

Draco abriu lentamente os olhos, a claridade não pareceu ter incomodado-o tanto. Talvez pelo fato de estar acordando pela primeira vez na vida e vendo a garota com quem trocara um turbilhão de sentimentos atrávez de um sexo incrível na sua frente. Ele nunca imaginaria estar sorrindo por sua primeira visão do dia ser Luna Lovegood. Principalmente nua, maravilhosa daquela maneira. Seus cachos, tão naturais e charmosos. Suas curvas, tão desenhadas. Seus seios, delicados, macios, deliciosos.

Certo, não era hora para pensar aquilo. Aliás, que horas seriam?

– Draco. - A loira o chamou enquanto colocava seu vestido no corpo, sem perceber que ele estava acordado. O loiro, nada respondeu. - Ei, Draco. - Ela se virou, enquanto jogava seus cachos para o ombro. Se surpreendeu por vê-lo com um olhar tão penetrante e um sorriso tão bonito aquela hora do dia. A loira corou e sorriu de volta.

– Você é linda. - Ele comentou, sua cabeça repousada debaixo de seu braço. A loira pensou em revirar os olhos, era sua mania, principalmente quando ficava sem ter o que falar na frente de Draco Malfoy. Mas olha onde estavam. Olha onde tinham chegado até aqui. Não precisava mais renegar tanto o que estava sentindo. Não recebendo aquele sorriso sincero.

– Você diz isso pra todas? - Ela não se conteve em provocar, cruzando os braços e sorrindo marota. O loiro riu, e, fazendo certo esforço, se levantou do chão, bagunçando os cabelos. Luna virou o rosto para o lado, plenamente corada e tentando não ter sua atenção voltada para o corpo nu do loiro. Corpo que a fez enlouquecer na última noite. Draco percebeu e se aproximou.

– Não digo isso pra todas. - Ele fez charme ao vê-la o olhar nos olhos.

– Não fica muito perto, tá. - Luna pediu, vendo-o sorrir mais ainda e dar mais um passo pra frente, contrariando-a. Mas era um filho da puta provocante mesmo hein?

– Digo isso só pra você. - O loiro chegou próximo o suficiente para mexer em uma das mechas cacheadas dos cabelos loiros dela. É só respirar fundo Luna, só isso.

– Draco, vai se vestir. - A voz dela estava plenamente estremecida. Draco se surpreendeu por isso. Tinha tanto poder sobre ela assim?

– Ah, qual é Luninha. - O loiro a envolveu pela cintura e Luna fechou os olhos de imediato.

– Puta que pariu. - A loira soltou subitamente o palavrão, sentindo o membro já enrijecido dele entre seu vestido. Draco soltou uma risada, e a calou com um selinho, que logo se transformou em um beijo terno. Terno. Ternura. Existia essa palavra para os dois?

Sem resistir, Luna se entregou ao beijo. Por que ela não resistia mais? Era uma pergunta que definitivamente, a loira não tinha resposta. As mãos buscando os cabelos dele já era um vício conhecido, um vício que ele gostava. As mãos dele envolvendo a cintura dela já era uma mania tentadora até demais, principalmente nas circunstâncias que estavam. Luna sentiu as mãos de Draco descerem até sua bunda e a apertar, arfou entre o beijo como resposta. Ela não poderia estar excitada logo pela manhã, aquilo já era demais. Puxou os cabelos louros platinados dele e separou os lábios com dificuldade, ambas as respirações já estavam ofegantes.

– É melhor.. você se vestir. - Disse ela respirando fundo e olhando-o nos olhos. Draco assentiu, ele sabia que já deveriam estar voltando ao chalé e se continuassem naquele clima não voltariam tão cedo. Ele a queria de novo.

As mãos de Luna soltaram os cabelos de Draco, e o mesmo tirou as mãos do bumbum da garota, que se frustrou internamente por aquilo. O calor de seu corpo não aprovou.

Draco não demorou a se vestir, mas percebia mesmo sem olhar que Luna estava de costas para ele. Não evitava sorrisos. O que se passava na cabeça dela naquele momento? Será que havia se arrependido? Esperava que não, não tinha as respostas. Mas fora completamente sincero quando a olhou nos olhos e disse que estava gostando dela, muito, tanto, intensamente.

O loiro, já vestido apenas com sua calça jeans, se aproximou de Luna, que estava de costas e a envolveu pela cintura. Ela sorriu em resposta. Era bom. Apesar de toda a insegurança, o medo, e a contradição aos seus instintos, era bom tê-lo daquele jeito. Era uma sinceridade que ela sentia apenas com o calor que o corpo dele transmitia ao seu.

– O que fizeram com Draco Malfoy? - Ela indagou divertida, se perguntando por que Draco nunca havia demonstrado seu lado fofo e protetor. Era o melhor lado dele.

– Ele tá aqui. - Draco sussurrou entre o sorriso. Depositou um beijo singelo na nuca da garota, que suspirou. - Somos tão loucos.

– Somos sim. - Ela riu, o vento leve da manhã batia contra seus cabelos. - Mas fique sabendo que você me seduziu.

– Ah, agora você é uma moça inocente é? - Draco debochou entre uma risada. Luna se virou de frente para o garoto.

– Eu sempre fui. - Ela respondeu, piscando. Draco revirou os olhos e a roubou um selinho.

– Não, é sério. - Luna falou ao se separarem. - Onde você colocou o Draco?

– Vai se ferrar, Lovegood. - Ele retrucou, ainda rindo.

– Você morre de amores por mim, não é? - Indagou ela retoricamente, enfiando as mãos entre os cabelos dele. Draco ergueu uma das sobrancelhas.

– Você sente o mesmo que eu sei. - Falou, convencido, recebendo um sorriso dela, sorriso daqueles que ele gostava. Malicioso, provocante. Aquele lado Lovegood de ser que Draco adorava.

– Vai se ferrar, Malfoy. - Ela respondeu imitando-o, trazendo-o novamente até sua boca e tocando seus lábios. Mas ficaram apenas assim. Boca com boca, corpo com corpo, ódio com ódio, amores a parte. - Vamos, vão nos encher de perguntas quando voltarmos e acho bom você mentir direito. - Ela alertou, mandona. Draco riu e assentiu.

– Claro, mamãe. - Ele debochou, passando as mãos de lado na cintura dela e caminhando junto a loira para fora da extensa plataforma.

Não conseguiram descrever o tamanho da sorte que tiveram ao entrarem pé por pé no chalé e perceber que ninguém ainda havia acordado. Talvez fosse cedo demais, ou talvez apenas o sono conspirava ao favor dos dois naquela manhã. Se despediram - do que, eles não sabiam, só precisavam sentir o gosto do beijo um do outro mais uma vez - próximo aos corredores e Luna seguiu o caminho para seu quarto, e Draco fez o mesmo até o dele.

O loiro girou a massaneta devagar e ao adentrar o cômodo, viu Harry esticado na cama deitado de barriga para baixo, abraçando o travesseiro. Era impressão ou o amigo tinha um sorriso nos lábios? É, vai ver teve um sonho pornô. A mente travessa de Draco o fez rir sozinho. Mas se lembrou que Harry também tinha ido se encontrar com a Weasley, ou seja, alguma coisa havia rolado. Um tapa na cara ou um beijo, um chute no saco ou uma transa rapidinha. Saberia quando o amigo acordasse.

Fechou a porta do quarto e foi até o banheiro fazer suas higienes matinais. Era fato que a noite que passara com Luna não lhe saia da cabeça e o loiro tinha certeza de que nunca pensou tanto em uma garota assim na vida. Estava começando a acreditar em Luna. O que fizeram com Draco Malfoy? Riu de novo com aquele pensamento. Ele estava rindo sozinho. E à toa. Merda, tô parecendo um apaixonado idiota. E novamente riu.

– Draco. - A voz embargada de Harry chamou o loiro assim que ele saía do banheiro.

– Bela adormecida. - Debochou o loiro em brincadeira. Harry arqueou as sobrancelhas, de olhos fechados.

– Só pode ter transado muito pra estar com um humor assim. - Supôs Harry, tentando raciocinar. Não estava conseguindo por ter uma ruiva lhe atormentando seus pensamentos.

– Cala a boca, Potter. - Mandou o loiro, se jogando na cama. Passou os braços atrás da cabeça e encarou o teto.

– A loirinha é boa? - O moreno indagou com malícia e Draco revirou os olhos.

– Cala a boca, Harry. - Mandou, mais claramente. Mas parecia divertido. Se lembrava que sempre trocava as experiências de transas com o amigo e aquilo lhe pareceu extremamente gay naquele momento.

– Eu sabia. - Harry soltou uma risada baixa, e lentamente abriu os olhos. Viu que Draco tinha um leve sorriso nos lábios do outro lado do quarto e rolou os olhos, não acreditando. - Não acredito que ela te fisgou desse jeito.

– Tadinho dele, tá com ciúmes. - Draco debochou, olhando de lado e encarando o amigo, divertido.

– Então você assume. - Harry supôs e Malfoy deu de ombros. - Jesus, o que fizeram com o Draco?

Poderiam por favor parar de perguntar o que fizeram com o Draco? Estava começando a achar que fora raptado por alienígenas.

– Vai me dizer que não ficou com a ruivinha? - Draco mudou de assunto, enquanto arqueava as sobrancelhas.

– E por que eu teria ficado? - O moreno fingiu indiferença e se sentou na cama.

– Ora, por nada. - Draco voltou a olhar o teto. - A não ser pelo fato que você vem falando dela comigo há uns dois anos, ou talvez pelo fato de você babar em cima dela toda vez que fica perto.. ah, também pode ser porque vocês estão começando a ser amigos assim como eu e Luna, ou então porque você foi ao quarto dela ontem a noite comigo e ficou lá quando eu saí com a Luna. Ah, é, você também tava sorrindo enquanto dormia. - Draco falou calmamente e Harry contraía as sobrancelhas a medida em que o loiro colocava as cartas na manga. Não, ele não sentia isso tudo pela Ginny, certo? E ele não tava sorrindo.

– Eu não tava sorrindo. - Harry contrapôs, convencido. Draco riu com deboche.

– Você tava dormindo, eu não. - Argumentou o loiro.

– Ah, vai se ferrar Malfoy. - Potter deu de ombros. Draco tinha caído na armadilha das mulheres, mas ele não iria cair, certo? Errado. Os lábios de Ginny estavam em sua cabeça naquele momento. - Merda.

– Tá caidinho por ela. - Constatou Draco, olhando o amigo.

– Não era pra ser assim, falou? - Harry bagunçou os cabelos. - Mas pô.. ela é maravilhosa.

– Cara, ela é amiga da Luna. - Draco falou naturalmente. - Se até a Luna me fez ficar babando por ela, por que a Ginny não faria o mesmo contigo?

– Você tá falando feito um apaixonado, Draco. - Harry desdenhou. Malfoy deu de ombros.

– Eu ainda a odeio. - Explicou o loiro. Mas ele realmente a odiava? Harry contraiu as sobrancelhas. - Mas não é só ódio agora.

O loiro suspirou ao explicar. Certo, realmente Draco Malfoy estaria nesse exato momento em uma galáxia diferente e aquele era um E.T alienígena completamente na onda da Lovegood.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~

– Ah, mocinha! - Ginny se sentou na cama subitamente assim que viu Luna adentrar o quarto. A loira parecia mais "di-lua" do que nunca.

– Ginny. - Luna sorriu, cumprimentando a amiga.

– Ginny? - A ruiva indagou com revolta, cruzando os braços e vendo a loira fechar a porta. - Você some por horas e me volta com um "Ginny"?

– Queria que eu te chamasse de Ginevra? - Debochou Luna, vendo Ginny revirar os olhos.

– É bom você me contar tudo Lovegood. - A ruiva ameaçou. Luna se sentou na cama de frente para a amiga e suspirou. Ginny entreabriu a boca. - Não. - Disse, já supondo o que havia acontecido. Na verdade ela já supunha, só não queria acreditar. - Você não fez..

– Eu fiz. - Luna riu, semicerrando os olhos e coçando a cabeça. Ginny não conseguiu esconder a surpresa.

– Eu não acredito. - A ruiva se levantou da cama, estupefata. - E você ainda me entra nesse quarto com apenas um "Ginny"? - Ela se revoltou de novo, mas não estava zangada. Luna olhou a amiga, que agora começava a andar pelo quarto, com as mãos nos quadris. - Você some por horas, transa com o cara que você mais odeia no mundo e quando me vê diz apenas "Ginny"? - A ruiva estava indignada, mas ainda assim, surpresa. - Você quer começar a falar? - Perguntou ela, parando em frente a Luna.

– O que quer que eu fale? - Luna suspirou entre um sorriso. Ginny entreabriu novamente a boca.

– Como assim "o que quer que eu fale?" ? - A ruiva novamente se mostrou indignada. Luna já ria da cena. - Eu sou sua melhor amiga, mereço saber. Quantos orgasmos você teve? Onde foi? Ele não brochou? - A ruiva perguntou rapidamente, com curiosidade. Luna já gargalhava. - Do que você tá rindo?

– Ginny, respira. Até parece que é a transa mais especial do ano. - Brincou a loira, mexendo nos cabelos.

– Mas é claro que é a transa mais especial do ano. Vocês se odeiam. - Contrapôs a ruiva, com convicção. - E se gostam. - A ruiva completou. - Imagina como deve ser maravilhosa uma transa assim?

– Quer trocar de lugar comigo? - Indagou Luna, vendo Ginny revirar os olhos.

– Cala a boca e fala logo. - Mandou a ruiva.

– Você quer que eu cale a boca ou fale logo? - Luna perguntou, provocando-a. A loira ria.

– Mas essa transa deve ter sido mesmo muito boa pra você estar com esse humorzinho pela manhã. - Concluiu Ginny, com as sobrancelhas contraidas. Luna deu de ombros. Ginny bateu os pés no chão. - E então?

– Foi normal Ginny. - A loira tentou parecer natural, mas sua voz saiu sonhadora. Por que diabos sua voz teve que sair sonhadora?

– Foi normal? - Ginny se revoltou. - Olha, ou você me fala ou eu vou perguntar pro Draco. - Ameaçou a ruiva e Luna bufou, rolando os olhos.

– O que quer saber? Onde foi? - A ruiva assentiu. - Na plataforma da praia. Não é aqui perto, não sei se já viu.

– Eu acho que já, no dia do luau, quando eu saí com o Har.. - E a ruiva se calou, lembrando-se dos olhos azuis do moreno tão próximos dos seus na noite que passara. Luna percebeu e se levantou da cama, arqueando as sobrancelhas.

– Mas o que aconteceu aqui depois que eu saí com o Draco? - Indagou a loira, cruzando os braços. Ginny permanecia com as mãos na cintura.

– Eu perguntei primeiro. - Argumentou Ginny.

– Eu falo e você fala, tudo bem? - Luna tentou entrar em um denominador comum. A ruiva assentiu depois de pensar um pouco e suspirar. - Eu quis.

– Eu também quis. - Ginny se relembrou dos lábios de Harry nos seus.

– Vocês transaram? - A loira entreabriu a boca.

– Não. - Respondeu Ginny de imeadiato. - Nos beijamos.

– Nós também. - Luna relembrou. - Draco perguntou se eu queria parar mas eu não quis.

– Harry disse que estava mexido comigo. E eu beijei ele. - Explicou a ruiva.

– Draco disse que estava gostando de mim. - Luna ficou pensativa.

– Ele disse isso? - Ginny quase arregalou os olhos. Quando que Draco Malfoy alguma vez dissera aquilo pra uma garota?

– Sim. E Harry disse mesmo que tava mexido por você? - Luna quis saber e Ginny assentiu. As duas se sentaram nas camas no mesmo momento.

– Não sei o que vai ser daqui pra frente. - Confessou Ginny, repousando o queixo entre suas mãos.

– Nem eu. - Luna suspirou. - Mas não quero que acabe. - Confessou o que precisava confessar.

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Era comum sentir o que estava sentindo, não é? Uma felicidade praticamente estranha por ter a atenção de Draco em si durante aquele almoço. Uma insegurança incomum por medo de ser deixada. Deixada? Mas não tinham nada juntos. Eles apenas se odiavam. O que aconteceria quando o Ano Novo passasse? O que aconteceria quando Luna voltasse pra casa, e Draco pra dele? O que aconteceria quando o loiro entrasse na faculdade, e além de Astoria e Hermione no seu pé, carnes frescas aparecesse para ele? Pois era assim como Draco via as garotas, não era? Carnes frescas prontas para serem comidas.

Como deixara as coisas chegarem ao ponto onde estavam? Não queria pensar nisso, ela realmente não queria, mas ela precisava. Draco Malfoy, o garoto que Luna mais odiava no mundo. O cara que ela estava sentindo vontade de ver todos os dias, de olhar nos olhos todos os dias, de tocar em suas mãos todos os dias. O cara com quem tivera uma noite de amor. Luna Lovegood havia mesmo se deixado levar pelo desejo e caído no precipício? Ido contra todos os seus conceitos envolvendo o "primo"? É, ela tinha. E estava extremamente assustada. Seria questão de dias para ele a virar as costas? Ou questão de horas? Talvez estivesse pensando em Astoria, ou apenas em outro rabo de saia qualquer. Só o que sabia era que aquela comida não estava lhe descendo.

– Luna.. - Narcisa a despertou de seus pensamentos. - Está tudo bem querida?

– Ah, oi tia. - Luna voltou a si e novamente se viu encarando os olhos azuis acinzentados dele. - Tô bem, eu tô bem.

– Mas você não comeu nada. - Disse a mulher, estranhando. Luna olhou o próprio prato e percebeu que apenas mexia a macarronada com o garfo.

– Não tô com fome. - Explicou, olhando a tia agora. Narcisa estranhou. Luna adorava a macarronada que ela fazia.

– Tem certeza que você tá bem? - Lúcio fora quem perguntara. Luna olhou o tio postiço de relance e assentiu. Voltou a olhar o prato de comida e pensou em levar uma garfada até a boca. Mas aqueles pensamentos pareceram lhe tirar completamente o apetite. A loira arrastou a cadeira onde estava sentava e saiu da cozinha segundos depois. Narcisa correu o olhar por toda a mesa, tinha uma expressão completamente confusa.

– O que houve com ela? - Indagou a mulher com preocupação.

– Eu vou atrás. - Ginny se levantou da cadeira e Draco fez o mesmo, de imediato. Trocou olhares com a ruiva, que apenas assentiu e voltou a se sentar. O loiro saiu da mesa e tomou rumo fora da cozinha. Narcisa contraiu as sobrancelhas.

– Eles.. brigaram de novo? - Narcisa perguntou, atordoada.

– Que eu saiba não. - Harry quem respondera. O moreno também estranhou. Olhou Ginny de relance também a sua frente e trocou intensos olhares com a ruiva. Pareceu ensaiado, mas se levantaram no mesmo momento das cadeiras, saíram da mesa e também deixaram a cozinha.

– Mas o que deu em todo mundo? - Lúcio arregalou os olhos e olhou Narcisa, que contraía os ombros, sem fazer a menor ideia.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~

– Luna. - Draco avistou a loira de longe assim que saiu do chalé. Poderia parecer estranho, mas ele conseguia entender o que estava passando pela mente dela. Ele se perguntava exatamente o mesmo. O que aconteceria daqui pra frente? - Luna. - O loiro a chamou novamente quando se aproximou da loira, próxima ao mar. Ela usava uma saia estampada de flores medindo na metade suas coxas e uma regata branca lisinha. Seus cabelos tinham cachos mal feitos. A loira abraçava os próprios braços e seu olhar estava vago a procurar de respostas perdidas no mar.

– Estou com medo. - Ela confessou. Céus, ela estava confessando.– Estou com medo Draco. - E o olhou, ele jurou vê-la de olhos marejados.

– Eu sei do que tem medo. - Draco entrou na frente da loira, que tinha baixado o olhar. Tocou nas mãos delas, mas Luna recuou. - Luna, olha pra mim. - Pediu e não recebeu resposta. Draco olhou para cima, respirou fundo e levou as mãos até os cabelos, bagunçando-os. - Luna isso não é uma brincadeira. Eu não estou brincando com você.

– Draco, você brinca com todo mundo. - Ela retrucou com chateação, levantando o olhar e vendo-o a encarar. - Esse é o seu jeito de ser.

– Mas eu não tô brincando com você. - Tentou ser convicto nas palavras, afinal, eram as palavras mais sinceras que já havia dito. - Eu não tenho pelo o que jurar, mas eu não estou brincando com você.

– Isso não pode dar certo. - Luna se entristeceu. - Vamos voltar pra nossas vidas normais em alguns dias e isso tudo vai mudar.

– Só vai mudar se a gente deixar. - Ele contrapôs.

– Draco, você tem as suas garotas, as garotas com quem você joga. Não temos nada um com o outro. - A loira tentou explicar, percebeu que o loiro respirava fundo e não concordava com aquelas palavras.

– Isso não tem nada a ver com você, eu não quero nada com elas. - O loiro voltou a tocar as mãos dela, e Luna não o impediu. Draco entrelaçou seus dedos nos dela e a encarou. - Podemos ter algo juntos.

– Isso nunca daria certo. - Luna retrucou, sensatamente. - Nos odiamos.

– Eu não odeio você. - O loiro falou de imediato e viu e expressão do rosto de Luna ficar surpresa, a loira estremeceu. - Luna, eu gosto de você. Eu gosto mesmo. - Ele a olhava nos olhos. - Eu aprendi a gostar de você.

– Mas eu odeio você. - Ela tentou ser convicta, e sentiu uma de suas mãos serem soltas, Draco a envolveu pela cintura e a colou contra seu corpo.

– Não odeia não. - Ele falou com convicção ao perceber ela estremecer ainda mais. - Se odiasse não ficaria assim quando tá tão perto.

– Eu não quero me envolver tanto. - Ela fechou os olhos e confessou, já sentindo os lábios dele bem próximos aos seus.

– Já estamos envolvidos. Muito envolvidos. - Draco tocou levemente os lábios da loira.

– Por favor Draco. - Ela suplicou. - Se isso for acabar, me diz agora. Me diz de uma vez. - Suplicou novamente.

– Isso não vai acabar. - O loiro sussurrou em resposta. E a beijou. Com urgência, com desejo, como prova de que seus sentimentos estavam sendo demonstrandos através daquela carícia e como prova de que ele a queria como nunca quis ninguém. Luna apenas se deixou levar.


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Notas finais do capítulo

Eu sinto reviravoltas vindo nos próximos capítulos...

E, olha só, esse foi o maior capítulo da história até agora haha!