P.O.V. Peeta.

Quando acordo a primeira coisa que eu penso é: eu não tive pesadelos. Então eu percebo, eu não tive pesadelos porque eu não estava dormindo! Eu estava desmaiado, e não da para sonhar quando se está desmaiado. Permaneço com os olhos fechados, tento me lembrar do que aconteceu antes de desmaiar. E aos poucos as lembranças vem a minha cabeça. Recaída, uma arma em baixo da cama, Katniss. ai meu Deusa, eu não acredito nisso, a ultima recaída foi a cinco meses. E ela nem chegou a se realizar direito, porque não tinha ninguém por perto e eu estava tomando os remédios, eu estava fazendo os tratamentos de o Doutor receitou, eu não deixei de fazê-lo nem por um dia! Não entendo como pode ter acontecido. Katniss, eu precisava saber se ela estava bem, eu precisava saber se eu não havia a machucado, se eu causei um hematoma a ela eu não sei o que eu vou ser capaz de fazer a mim. Nesse momento não existe alguém que se sinta tão mal quanto eu estou me sentindo.

Eu sou um monstro, um bestante, a capital me fez ficar assim, eu não sei se eu sinto mais raiva de mim ou deles. Eu preciso saber se eu a machuquei, eu preciso saber agora! Abro meus olhos e encontro tudo branco. Eu morri? É isso, eu estava prestes a matá-la e ela me matou? Se for isso eu fico feliz, que ela tenha feito algo a mim antes que eu fizesse algo a ela, porque se eu a matasse e continuasse vivo eu mesmo me mataria, ela poupou o meu trabalho. Mas eu não estou morto, descubro isso quando um corpo se choca com o meu me abraçando, então percebo que eu estou deitado, e minha cabeça dói, meu corpo todo dói. Sinto seu cheiro, e fico feliz por ela estar ali, assim eu sei que não a causei mal, ou pelo menos nenhum que lhe afetasse seriamente.

— Belo soco! — eu digo com o pouco de fôlego que tenho, lembrando-me de tudo o que aconteceu, eu me lembro do jeito que eu a via, não quero descrever, seria como voltar naquela noite,e talvez fosse bom para a minha mente eu ficar o mais longe possível daquelas imagens que eu tive de Katniss, poderia causar algo ruim de novo.

— Ai meu Deus, Peeta, você quase me matou! — eu sei disso, mas acho que não era a isso que ela se referia. — Me desculpa. — ela estava se desculpando? sua voz estava saindo abafada, sua cabeça ainda estava enfiada em meu peito, eu sentia seu corpo se sacudindo, ela estava chorando, podia sentir as lagrimas por debaixo da roupa que era bem fina, não me lembro de ter uma blusa fina daquele jeito. Por que ela estava se desculpando? eu devia estar me desculpando. — Eu sei que você não gosta daqui! Mas você estava sangrando muito, eu fiquei com medo, me desculpa! — ela tira a cabeça do meu peito, seus olhos estão inchados, e vermelhos, duas trilhas de lagrimas seguem por seu rosto, vê-la frágil assim me dói, como eu pude ter coragem de querer matá-la? Eu tento entender suas palavras, eu me lembro dela me socando, de eu a odiando, caindo, batendo a cabeça e então tudo se apagou, ela disse que eu estava sangrando muito, e disse que eu não gostava daquele lugar, junto as pistas, tudo branco, roupa fina, eu não gosto, Katniss chorando, olho em volta, eu estou numa cama de hospital ponho a mão na minha cabeça, ela está enfaixada. Eu me lembro de tudo o que me fizeram, em uma sala branca de hospital exatamente igual a essa, eu odeio esse lugar eu não quero estar aqui! Volto a olhar para Katniss, percebendo detalhes que não havia percebido segundos atrás, o lado direito de sei rosto está vermelho, e um pouco ralado, lembro-me vagamente de tê-la jogando contra a parede antes dela sair do quarto, seu pescoço está vermelho e tem marcas horríveis, lembro-me de tê-la segurado pelo pescoço contra a parede, seu braço está enfeixado, e tem uma marca vermelha na bandagem. Eu a cortei! Mas eu não fiz nada disso com Katniss, eu fiz com a bestante que eu estava vendo, com a bestante que a capital me obrigou a criar em minha mente. Infelizmente Katniss e essa bestante eram a mesma pessoa!

Mas eu estava errado, não era Katniss a bestante ali, era eu. Porque eu tentei matá-la e tudo o que ela fez foi se defender, ela poderia ter revidado, ela poderia ter me matado, o arco ainda estava em baixo da cama, eu só havia pegado uma flecha, ela poderia ter me matado com facilidade, mas não fez isso. Eu sou o único bestante aqui.

— Katniss?! — ela presta atenção em mim, esperando, talvez que eu grite, que eu me levante, que eu brigue com ela por ter me trazido aqui, e por mais que eu repudie esse lugar, não é nada comparado ao quanto eu estou me repudiando agora. — Não fica perto de mim! — não é o que ela esperava ouvir, ela parece confusa.

— O que?— ela diz limpando as lagrimas.

— Eu disse, para você não ficar tão perto de mim! — eu encaro a marca de langue na bandagem que está cobrindo o seu braço.ela percebe meu olhar e tapa o curativo com a mão, mas isso não vão fazer o fato de que eu o fiz desaparecer.

— Peeta eu sei que você...

— Katniss, por favor! Afasta-se! — o jeito duro e serio com que eu falo faz com que sua expressão mude. Ela se levanta, e se afasta alguns paços se sentando na cadeira, um metro longe de mim, não é suficiente, ela precisava ficar mais longe, de preferência mais do que alguns metros, eu sabia o que eu devia fazer. Eu me sento na cama, tudo dói, minha cabeça mais ainda. — Porque eu ainda to aqui?

— você quase teve um traumatismo, se eu tivesse demorado mais um minuto para te trazer aqui você poderia ter tido algo muito serio!

— Quando eu vou sair?

— você ainda precisa fazer alguns exames! Você tem que ver se esta tudo bem! me desculpa Peeta mas eu não sabia o que fazer. Você estava perdendo muito sangue...

— Katniss, quando eu vou sair daqui?— eu não precisava prolongar o que era iminente, eu precisava de Katniss longe de mim, eu só ficaria bem se ela estivesse segura e ela só esbaterá segura longe de mim.

— Eu não sei!— ela começa a chorar de novo, acho que ela está sentindo que isso não está dando certo.

— Me deixa sozinho!

— Peeta, por favor, eu não vou sair daqui...

— Katniss me deixa sozinho!

— Não! — ela se levanta irritada. — Eu sei o que você está pensando, eu sei o que tentando fazer! Isso não vai funcionar!

— Katniss só me deixa sozinho. Eu preciso ficar sozinho! Vai para casa.

— Eu sei que você não gosta daqui! Eu não vou te deixar sozinho! — quando ela diz isso eu vejo um cabelo loiro esvoaçando pela porta. Delly, ela bate na porta, ela é a minha salvação.

— Eu não estou mais sozinho! — ela olha para a porta e nega com a cabeça, Delly está esperando permissão para entrar. — Katniss eu preciso ficar longe de você um pouco, eu estou te pedindo pelo o bem da minha saúde mental e do seu bem estar, por favor, saía!— ela franze as sobrancelhas irritada se vira para a porta e a abre com raiva, passa voando por Delly lhe esbarrando e não se importando, eu sabia que ela tinha ciúmes do meu convívio com Delly mas nunca falei com ela sobre isso, é idiotice, jamais aconteceria nada entre mim e Delly, ela é mais do que uma amiga, ela é minha irmã que eu nunca tive. Eu jamais namoraria com uma irmã. Eu passo as mãos pelo meu cabelo parando na bandagem, eu odiava vê-la daquele jeito mas eu não posso ficar com ela ali, sabendo que eu posso causar mal a ela a qualquer momento.

— Eu vim assim que pude Peeta! — Delly entra, ela se aproxima e para a alguns metros de mim, acho que ela está testando para ver se eu ainda sou eu, mas eu não farei mal nenhum a ela, porque ela não é Katniss, eu posso conviver com ela sem tentar matá-la mas não possa fazer o mesmo com Katniss, esse é um motivo bom para Katniss ter ciúmes, esse e não o que ela tem. Eu me lembro dos machucados nela, e de que fui eu que os causei e isso não pode acontecer de novo, de jeito nenhum. Eu começo a chorar, sabendo que jamais poderei estar com ela sem machucá-la. Eu passei a minha vida a desejando e agora que eu atenho não posso ficar com ela. Isso não é justo.

Tudo o que eu não queria era me tornar mais um peça no jogo da capital, e foi exatamente isso que eu me tornei, eu nunca os odiei tanto quanto eu os odeio agora. E por esse momento, só por esse momento, eu queria que os jogos tivessem acontecido, eu queria que eles pagassem, que eles sofressem o que me fizeram sobre. Mas estão eu paro de pensar nisso. Eu já sou um bestante que eles criaram, não poço ser um deles também!

Delly vem até mim se sentando na cama e me abraçando.

— Está tudo bem!

— Isso é tão injusto Delly! Depois de tudo o que eu passei depois de tudo isso, eu finalmente consigo o que eu quero, o que eu sempre quis, e não posso ter.

— O que você quer dizer com isso? não era você! Katniss não está com raiva de você,

— Eu estou com raiva de mim. Estou com raiva por tê-la machucado. Você viu os hematoma nela? Fui eu quem fiz.

— Não se torture Peeta não era você!

— Era sim, era o meu corpo, era a minha mente! Eram as minhas mãos, era eu!

— Sim era o seu corpo, era a sua mente. Mas também a mente que a Capital mudou, aquilo não era você era o que a capital queria que você fosse.

— Não faz diferença, ela está machucada, eu a machuquei! Como eu posso estar com ela todos os dias sabendo que a qualquer momento eu posso matá-la?

— Você não estava fazendo um tratamento?

— O tratamento falhou, eu serei sempre assim! Um monstro um bestante pronto para matá-la! Eu não posso estar com ela desse jeito!

— O que você quer dizer? — ela me solta e eu olho nos olhos dela.

— Delly, nós estávamos dormindo, juntos, na mesma cama, abraçados! Ela estava vestindo a minha roupa! E mesmo assim eu tentei matá-la! Não tem como eu estar com ela desse jeito sabendo que durante a noite eu posso enfiar uma faca em seu coração.

— Peeta você não vai.... você não vai terminar com ela, vai? — ela me encara, eu a encaro, era isso que eu ia fazer? Depois de tanto tempo? Depois de tudo o que eu passei para que isso fosse possível? Depois de tanto tempo a desejando? Depois de consegui-la? Depois de conseguir que ela me amasse? Eu seria capaz disso? Então voltam a minha mente as imagens dos machucados no corpo dela. Sim eu seria! Eu afirmo com a cabeça. — você não pode fazer isso! — ela se levanta exaltada, mais até do que eu.

— O que eu não posso fazer é continuar com ela e matá-la durante a noite! E se acontecer o que eu tanto quero? E se a gente se casar? E se eu matá-la na lua de mel? Ou se eu matá-la quando ela estiver grávida? Eu simplesmente não vou suportar o foto de perder ela é o nosso filho!

— você está pensando longe de mais! Eu estou falando afora! Agora Peeta. Você precisa dela, e ela de você! e eu de vocês dois juntos! Porque eu tenho certeza de que você vai ser um saco sem ela, vocês estão juntos a 3 anos! Vocês se acostumaram um com o outro, você não pode terminar com ela!

— Delly eu preciso de um tempo. E eu preciso de ajuda! Eu posso contar com você?

— É claro que você pode contar comigo. E sabe com quem mais você pode contar? Com a Katniss!

— Pena que ela não pode contar comigo.

(...)

Eu fiz todos os exames que eu precisava fazer o mais rápido que eu pude então eu tive alta, só precisava tomar alguns remédio para cicatrizar a cabeça. Então eu pedi para que Delly distraísse a Katniss e pedi para que ela não contasse que eu tive alta. Fui até a casa dela, e conforme fui passando pelos cômodos flashes da noite foram vindo a minha mente, ainda tinha um pouco de sangue da minha cabeça no chão e na mesa, acho que ela não foi para a casa desde aquilo, subo as escadas, pego uma bolsa grande e coloco as minhas roupas, por enquanto vou levar só as roupas. Eu vou ficar na asa de Delly por uns dias, até a minha cabeça se ajeitar, psicologicamente, não literalmente, literalmente eu nem fazia questão!

Quando cheguei a casa de Delly Katniss já tinha ido.

— Eu não me senti nada bem mentindo para ela. Você sabe que ela vai saber que você veio para cá quando chegar no hospital e não encontra ninguém, e quando for para a casa e ver o armário vazio!

— Eu já pensei nisso e a resposta é simples, eu não vou falar com ela!

— você não pode sair de casa e simplesmente não falar com ela!

— Tudo bem, então você fala para mim!

— Eu não vou falar nada, eu acho isso tão errado quanto ela vai achar, sua lógica não faz sentido.

— Minha lógica faz todo o sentido! Se estando com ela eu posso machucá-la, se eu não estiver com ela não terá como!

— você é um cabeça oca! Eu não vou nem falar nada, faça o que você quiser! — ótimo agora eu tenho duas mulheres irritadas comigo.

De noite o telefone toca, eu fico alguns segundos discutindo com Delly sobre atender ou não, então ela se levanta irritada e atende.

— Oi Katniss! — ela diz logo que atende. — Olha fica calma, eu sei que ela não está no hospital, eu sei que as coisas dele sumiram — ela para de falar por um tempo. — Sim eu sei onde... Não, não... Olha escuta! Ele está bem! Bom na medida do possível! Não Katniss não venha! Porque ele não quer falar com você! Não, não é por isso. Katniss por favor, só não venha! Espera um pouco, de tempo ao tempo! Não fique com raiva de mim! Eu estou tentando ajudar! Fique tranquila ele está bem! — então ela desliga irritada. — Espero que esteja feliz, ela está morrendo de raiva de mim, disse que eu não tinha o direito de tirar você do hospital. Ela está achando que você está com raiva dela, por ela ter te levado ao hospital! Se ela parecer, você se vira com ela!— ela sobe as escadas batendo os pés.

Eu não consigo dormir, fico pensando em que mesmo depois de eu tê-la machucado ela esta preocupada se eu estou bravo com ela. Se eu estava apaixonado por Katniss Everdeen antes, não se compara ao qu eu estou sentindo por ela agora. Mas eu não posso fazer isso. Ela não está segura.

Quando acordo e chego a cozinha a encontro parada na porta. Olheiras nos olhos, uma blusa de manga comprida, mesmo estando calor, ela está escondendo os machucados, seu rosto está menos vermelho, mas ainda tem marcas em seu pescoço.

— O que você está fazendo aqui?

— Delly me deixou entrar!

— Onde ela está?

— Ela foi para a padaria! Nós precisamos conversar.

— Eu não acho que tenhamos alguma coisa para conversar.

— Jura? Eu acho que temos um monte. Começando com o fato de você ter saído do hospital sem me avisar, ter ido em casa e pagado todas as suas roupas, e sumido, você sabe o quanto eu fiquei preocupada?

— Eu to bem!

— Mas eu não estou! O que você está fazendo aqui?

— Eu estou ficando longe de você! — ela não esperava por essa resposta tão direta.

— O que?

— Katniss isso não vai dar certo. Nós estávamos dormindo e eu tentei te matar. Sabe-se lá o que mais eu sou capaz de fazer, e eu não posso estar com você todos os dias sabendo que a qualquer momento eu posso te matar!

— Nós sabíamos que corríamos esse risco quando você começou a dormir lá em casa, porque está pensando nisso agora.

— Porque só agora que isso foi serio! Foi um erro!

— Não foi uma ótima ideia! Olha só para nós! Nós estamos bem!

— Se você chama isso de bem! — eu aponto para os nossos machucados.

— Não estou falando do nosso estado físico, estou falando de nós! Peeta isso é uma seqüela! Tudo isso é uma seqüela, nós somos, e sabíamos que haviam mais! Você mesmo disse que nós poderíamos estar juntos sendo fortes. Que poderíamos superar isso, eu sabia que eu corria risco, eu sempre soube, eu sempre corri, isso podia não ter acontecido agora, como poderia ter acontecido antes ou a daqui a alguns anos, nós não sabemos como isso funciona. E nós não podemos nos ver presos por causa disso!

Eu queria correr até ela e abraçá-la, queria dizer que ela tem razão porque eu sei que ela tem, mas eu não sei se eu posso. Não sei se eu voui conseguir suportar machucá-la mais uma vez.

— Peeta! Não me afasta! Não vai fazer bem para nenhum dos dois! — eu sorrio, porque eu reconheço essas palavras, eu as disse a ela. Eu vou até ela e a abraço. Ela me aperta, eu a aperto de volta, nós fizemos as pazes rápido, isso poderia ter demorado muito mais tempo, é o que geralmente acontece com casais normais, mas nós não somos casais normais, somos Peeta e Katniss, e jamais seremos normais.

— Você não pode deixar suas armas em casa, muitos menos perto de mim. E tem que ter certeza de que a chave está na porta, e tem que andar com alguma coisa por perto algo para me imobilizar, uma arma de choque eu só um spray de pimenta.

— Peeta não exagera! Eu não ou mais deixar as armas em casa, mas spray de pimenta? — eu sorrio.

— Eu vou falar com o doutor! Eu faço qualquer coisa para que isso não volte a acontecer! Eu não vou deixar que eu te machuque de novo!

— Eu te amo! — ela diz, eu olho em seus olhos, a ultima vez que ela me disse isso foi a três anos, quando começamos a namorar! Ela olha para mim, então me abraça. Eu fico sem saber o que fazer, não esperava por isso, ela não é o tipo de pessoa que fala isso o tempo todo e qyuando ela fala eu sinto como se todo o meu mundo estivesse resumido ali, em uma única frase:

— Eu te amo! — eu falo no ouvido dela, e como eu a amo. E eu vou fazer qualquer coisa que estiver ou não ao meu alcance para protegê-la de mim mesmo!