Disenchanted escrita por Diana


Capítulo 16
XVI - Atlas


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada, pessoas!
Então, mais um capítulo!
Finalmente, teremos o reencontro de Annie com Clarisse, e uma questão decisiva sobre o relacionamento das meninas é levantada....

Outro aviso... Um aviso que eu não queria dar, mas né..

Esse é o capítulo 16 (ah vá!), então, presumo que estamos mais ou menos indo pro final da fic :( Mas não fiquem tristes! Ainda tem muita coisa pra acontecer....

Como sempre, betado pela fofa da Srta. With
No mais, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/451683/chapter/16

XVI

Firmamento

“I’ll carry your world”

Atlas, Coldplay

Dessa vez, minha viagem dentro do Labirinto foi bem mais tranquila. O fio, realmente, me guiava, meio que iluminando o caminho. Ele mostrava todas as armadilhas e ficava vermelho quando estava me aproximando de um monstro. Seria uma ajuda e tanto nessa guerra. Isso se Ariadne me permitisse ficar com ele por mais tempo.

Não sei por quanto tempo vaguei dentro daquele mosaico fétido e confuso saído da imaginação de um filho de Atena, mas quando cheguei perto de uma gruta senti meu coração bater mais forte. Até mesmo o fio parecia me puxar com mais força para dentro daquele lugar.

Busquei na minha mochila algo que estava evitando usar: O boné de Annabeth. Estava evitando usar, em partes, porque sempre que o via, me lembrava que a loira estava em perigo, em partes, porque queria conservar o cheiro dos cabelos dela. Era, de certa forma, um alívio senti-lo toda vez que me sentia perdida naquele lugar.

Coloquei o boné e empunhei a lança que Atena tinha me ofertado. Adentrei com cuidado o local que mais parecia o interior de uma caverna. Vasculhei o lugar com o olhar e, para meu espanto e alegria, reconheci Annabeth.

Meu coração falhou uma batida quando percebi seu estado. Ela estava deitada num canto, acorrentada, ferida e adormecida. Mas, percebi que ela não estava sozinha. Próximo ao local onde ela estava, uma garotinha de uns oito anos, com um brilho prateado, estava ajoelhada. A garotinha segurava uma carga enorme nos ombros.

Não demorei muito para entender que a garotinha era, na verdade, Ártemis. Grunhi. Ajudá-la, certamente, não estava nos meus planos. Afinal, ela queria recrutar minha namorada para seu conjunto de donzelas guerreiras.

Ainda invisível, me aproximei do lugar onde Annabeth estava. Procurei nas mochilas um pouco de néctar e coloquei-o na boca de Annabeth. Vagarosamente, minha loira abriu seus olhos cinzentos. Agradeci aos deuses por ela ainda estar viva. Toquei-lhe a testa. Ela estava queimando. Eu queria chorar, queria gritar, queria explodir aquele lugar todo. Não só porque estava com raiva, mas porque tinha a chance de salvar a única pessoa que me importava.

– Clarisse? – Annabeth sussurrou, meio febril, meio delirante. Mas, como não viu nada, apenas voltou a fechar os olhos.

– O que disse, minha criança? – Era Ártemis. Droga! Ainda não podia sair dali com Annabeth. Tinha, pelo menos, que esperar Jackson chegar com a ‘cavalaria’.

– Estava delirando, senhora Ártemis. – Annabeth, com alguma dificuldade, se sentou e escorou as costas numa rocha. Tive ímpetos de ajudá-la, mas me segurei. Não podia dar indícios de minha presença, ainda.

– Essa Clarisse, ela é importante para você, não é? – A deusa perguntou a Annabeth e confesso que, nessa hora, senti meu coração querer pular da garganta. Aquela sim era uma pergunta importante. O silêncio de Annabeth já estava me preocupando.

– Sim, ela é. Espero que ela esteja a salvo. – Vi algumas lágrimas correrem pelo rosto dela e Annabeth limpá-las com pressa e raiva. Uma sensação de alívio enorme percorreu meu corpo. Era tudo que eu precisava ouvir dela. Mas o que ouvi depois me derrubou.

– Mesmo assim, você está disposta a me servir? – A deusa encarou Annie seriamente.

– Sim, senhora. – Annabeth disse e escondeu o rosto entre as pernas.

Ao ouvir a resposta dela, uma raiva enorme voltou a fluir pelo meu sangue. Já ia me revelar e tirar satisfação com as duas quando ouvi um barulho e vozes gritando. Confusão, na certa. Foi questão de segundos até Percy aparecer com Thalia, Grover e a caçadora chamada Zoe. Foi, também, só questão de tempo até Luke e um cara grande aparecerem também.

Percy e Thalia correram até Annabeth. Thalia a libertou. Decidi continuar invisível. Eu poderia ser uma arma surpresa.

– Você estava errado sobre essa garota! – Uma voz estridente, bem masculina, ralhou com Luke.

– Não estou! Thalia é diferente. – O garoto estendeu a mão para Thalia, que o olhou enojada. – Thalia, junte-se a nós! Vamos começar uma nova ordem!

– O que deu em você, Luke? – A filha de Zeus rugiu e se pôs em postura de ataque, deixando Annabeth aos cuidados de Percy. Era possível sentir sua raiva crescer como os trovões de uma tempestade.

– Já chega! – O cara grande decidiu intervir. – Se eles não servem para a causa titã, devem ser eliminados.

– Não se aproxime deles, Atlas! – Ártemis rugiu. Mesmo estando com a aparência de uma garotinha, era impossível não notar sua autoridade e presença divina.

– E o que vai fazer, cara deusa da caça? Você está encarregada do meu fardo! – Ele sorriu e assobiou. Era possível sentir sua maldade, mas me mantive impassível. Sou uma guerreira, não uma garotinha.

Tentei me manter neutra à disputa, esperando uma chance para tirar Annabeth dali, mas o assobio de Atlas não foi ao acaso. Aos poucos, feras de todos os tipos começaram a aparecer. Uma em especial me chamou a atenção, a reconheci porque fora ela que levara Annabeth: Uma quimera. Ela investiu contra Thalia e a caçadora.

Apertei a lança com mais força e decidi que era hora de agir. Me ajoelhei perto de Annabeth e Percy e retirei o boné. A loira sorriu para mim, mas não consegui sorrir de volta. Suas palavras haviam me machucado como a espada de um inimigo.

– Clarisse? – Jackson olhou para mim e deu um sorriso bobo.

– Jackson. – Respondi friamente, não conseguia tirar meus olhos dos cinzentos de Annabeth. Queria que ela visse – e entendesse – meu pedido. “ Não se converta em uma caçadora.” , era o que estava escrito nos meus olhos.

– Há quanto tempo está aqui? – Ele foi irônico. Ótimo.

– Tempo o suficiente para perceber que bundões, como você, não farão nada. – Grunhi e dei o boné para Annabeth. – Desculpe a demora.

Eu disse apenas e fui para a batalha. Não existe nada melhor para mim do que sentir a adrenalina se misturar ao sangue. Estoquei com a lança e gritei. Me defendi de um ou outro ataque.

Estava disposta a dilacerar a quimera. Nunca tive tanta raiva de um monstro antes.

Eu rodeava a criatura, enquanto suas três cabeças – de leão, cabra e cobra – me encaravam. Ela lançou seus espinhos em mim. Já ia rolar para me desviar, quando o escudo de Thalia, o Aegis, se pôs entre mim e os projéteis.

– Tenha mais cuidado! – A filha de Zeus disse.

– Você não manda em mim! – Rosnei com ela.

– Você está colocando todos nós em perigo, idiota! – Ela gritou e me encarou com seus olhos azuis. Era possível ver os raios se formando nele. – Se não pensa nos outros, pense pelo menos em Annabeth!

Aquelas palavras me desarmaram. Annabeth estava lutando - no limite de suas forças já - ao lado de Percy, Grover e a outra caçadora. Não podia expô-la aos monstros, ou a Luke. Colei minhas costas às de Thalia, para nos defendermos melhor.

– Só um de nós pode derrotar a Quimera. – Thalia disse, enquanto alguns monstros viraram pó com seus ataques.

– E quem é?

– A senhora Ártemis. Atlas sabe disso,por isso, a mantém ali! – Não precisei da mais nenhuma confirmação.

Ataquei um lestrigão com toda a força e ele virou pó instantaneamente. Thalia correu para junto dos outros, enquanto eu ia em direção ao fundo da caverna, onde Ártemis aprisionada segurava o céu. Me aproximei da deusa enfraquecida. Ela me olhou com um sorriso sincero.

– Filha de Ares, não é de seu feitio correr para longe de uma batalha.

– Tenho uma outra batalha para travar. – Eu disse e tomei parte da carga nos ombros. Senti meu sangue borbulhar, buscado por mais pressão. Senti meus músculos se tensionarem com uma força impressionante.

– Não, semideusa! Eu a proíbo! – Ártemis ralhou comigo. Sério? Já não bastava ela querer minha namorada para seu bando e ela ainda queria me dar ordens?

– Hércules fez isso! Annabeth fez isso! – Já estava debaixo do firmamento, a carga de Atlas. Não ia recuar. Ártemis era a única capaz de desequilibrar o jogo para o nosso lado.

A deusa apenas me encarou e assentiu, aos poucos deixando o peso sair de seus ombros para os meus. Meus músculos prestes a explodirem. Mordi o lábio e aos poucos me ajoelhei, sendo subjugada por aquela massa enorme.

Vi Annabeth me procurar no meio da batalha e me encarar com medo. Não podia desistir. Soltei um grito e, com as pernas tremendo, me pus em pé. Não ia ser um pedaço idiota do céu que ia me impedir de recuperar minha loira.

Ártemis atirou suas flechas. A pontaria perfeita, o poder divino podia ser sentido a quilômetros dali. Os monstros virando pó, um após o outro. A Quimera, derrotada, abatida. Uma verdadeira caça.

– Esse não é o fim, Ártemis. – Atlas rugiu ao fundo. Nunca me encontrei com um titã antes, mas Atlas me parecia bem régio e malévolo. – Ainda estou livre. Me pergunto por quanto tempo aquela garota mortal conseguirá agüentar.

Atlas tinha razão. Mas não me importei. Talvez não agüentasse por muito mais tempo, mas certamente, Annabeth e os outros teriam uma chance para fugir.

– Enfrente-me, covarde! – Ártemis rosnou para Atlas. O titã aceitou de bom grado. Não sei porque, mas tive um pressentimento estranho ao vê-los se pondo em combate.

Finalmente, uma coisa que havia gostado em Ártemis: ela era corajosa. Observei tudo ao meu redor: Thalia enfrentava Luke, enquanto a horda de monstros continuava a atacar.

Foi quando o jogo realmente pareceu virar. Luke estava encurralado, os monstros praticamente todos virando pó. E Ártemis? Percebi com espanto que a deusa da caça e o General titã vinham em minha direção. Atlas estava de costas para mim, enfrentando todas as flechas de Ártemis.

A deusa me lançou um olhar, e eu rapidamente o peguei. Deixei meus músculos relaxarem um pouco. Percy se juntou à deusa e ambos guiavam Atlas de volta para seu lugar. Não sei se ele percebia o que estava acontecendo. Talvez seu orgulho não o deixasse ver que estava caindo numa armadilha, pouco a pouco.

Ártemis atirou mais uma flecha e Percy rolou para o lado, atingindo o General com Contracorrente no tornozelo. Atlas se desequilibrou e eu não tive tempo de pensar. Larguei o peso do céu com tudo e rolei para fora, enquanto o titã se via novamente encarregado de seu fardo.

– Não! Não! – Atlas rugia, desesperado.

Tombei de exaustão e caí de joelhos quando braços me seguraram e um perfume doce invadiu minhas narinas. Annabeth. Recostei minha cabeça no ombro dela, enquanto ela depositou um beijo carinhoso no alto da minha cabeça.

– Vamos dar o fora daqui! – Percy disse.

– Ei, Jackson! – Chamei-o e lhe entreguei o fio de Ariadne. – Isso vai nos levar de volta.

Jackson apenas sorriu e amarrou uma ponta no dedo. Annabeth me ofereceu um pouco de néctar. Me levantei, não podia deixar ela me amparar. Ela ainda estava fraca.

– Vocês estão bem? – Grover chegou, balindo, com os olhos rasos d’água. Sátiros. Annabeth apenas assentiu.

Segurei a mão dela com a minha e seguimos Jackson. Antes de entrarmos no Labirinto, Annabeth me puxou para o canto, longe dos outros, e, ali, sob os gritos de Atlas, me deu um beijo cheio de desejo e saudade, e medo e esperança. Talvez ela tenha desistido da ideia louca de se transformar numa caçadora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, lindos e lindas? O que acharam desse capítulo?
Beijos!