Money Make Her Smile escrita por Clarawr


Capítulo 42
It kinda sucks that we can’t be what we were - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

OIEEEEEEEEEEEEEEE
Gente, antes de mais nada, eu gostaria de anunciar que eu tô MUITO feliz com esse capítulo, mas muito mesmo, MUITO MUITO MUITO, feliz de um jeito que eu não fico há muito tempo. Tipo, orgulhosa mesmo, sabe?? Eu estava me planejando para escrever pra fic no feriado desde o início do mês (eu sabia que não ia poder fazer antes por causa das aulas que voltaram, inclusive aproveito o momento pra pedir desculpas oficiais pela demora), e eu sabia exatamente o que ia acontecer e também sabia que ia ser trabalhoso sentar e começar, mas não imaginei que depois de começar eu fosse ficar DOIDA e NÃO CONSEGUIR PARAR. Quem me acompanha no twitter (momento merchandising: quem tem twitter e gosta de stalkear, gostaria de me conhecer melhor, conversar e/ou ter pessoas doidas na tl, além de ter algumas notícias sobre o andamento da fic, senta o dedo no follow na @ifimoonshine) viu que quando eu atingi as SEIS MIL E OITOCENTAS PALAVRAS foi que eu percebi que teria que dividir essa bagaça aqui em duas partes.
Bom, acontece muita coisa aqui, e acho que esse capítulo vem em um bom momento pra descontrair o peso do último, que quebrou nossos coraçõezinhos 3. Não quero falar muito porque sei que nem vocês me aguentam mais, mas acontece muita coisa aqui, e ainda vem a parte 2, que eu dou mais detalhes sobre quando vem nas notas finais (por isso NÃO PULEM!!!!!!!)
Ai meu Deus dessa vez eu quase postei o capítulo sem: Música do título: Congratulations - Ne-Yo e a do capítulo ficou por conta do HIT WORK WORK WORK WORK WORK WHEN YOU SEE ME BE I BE WORK WORK WORK WORK WORK, do casalzinho que não se assume Rihanna&Drake!
Beijoquinhas, até daqui a pouco.



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“Beg you something, please

Baby, don't you leave

Don't leave me stuck here in the streets, no, no

If I get another chance to

I will never, no, never neglect you

I mean, who am I to hold your past against you?

I just hope that it gets to you

I hope that you see this through

I hope that you see this true

What can I say?

Please, recognize I'm trying baby

I been work, work, work, work, work”

 

— Recapitula aqui pra mim rapidamente como e porquê nos metemos nessa patacoada. – Johanna pediu aos sussurros no ouvido de Katniss.

— Porque somos meninas muito bacanas que não queriam que o Cato ficasse deslocado agora que ele vive na casa da Annie para resolver as planilhas da Cherry. – Katniss retrucou também em voz baixa.

— Bacanas e impulsivas. – Johanna resmungou. – Essa ideia é horrível! O Finnick trabalha aqui!! – Seu sussurro foi se tornando gradativamente mais agudo. – Essa foi a pior sugestão de saída que já saiu das nossas bocas em toda a nossa vida!

— Para de drama, Johanna, o Finnick nem está aqui hoje. – Katniss respondeu, mas no fundo compartilhava do desconforto da amiga. – Vai dar tudo certo.

— Claro que vai! – Johanna ironizou. – Nós temos as melhores companhias, não é mesmo? Peeta, que é seu ex; o Gale, pra quem eu disse que não ia mais olhar na cara; e o Cato. E ainda trouxemos todos eles pro bar onde o Finnick trabalha aos fins de semana!! Nenhum climão, imagina. – Ela debochou.

Katniss encarou a amiga por cima do copo de batida que esvaziava ali, sentada na mesinha de frente para o palco do Señorita. A casa ainda estava relativamente vazia por causa do horário, mas o palco já estava parcialmente montado com os instrumentos da Rota 66, que se apresentaria no dia. Aliás, foi com a promessa da competência da banda que elas convenceram Cato a compartilhar aquela noite com elas.  A princípio a saída seria apenas entre eles três e Annie, mas as duas não conseguiram fazer Annie se recompor o suficiente do término com Finnick para encarar uma noitada no Señorita, e elas não insistiram. Perguntaram, então, a Finnick se havia alguma possibilidade de conseguirem descontos nas bebidas, e o loiro acabou comentando com Peeta sobre os planos da noite. Peeta por sua vez ficou animadíssimo ao saber da presença de Katniss, então deu um jeito de se enfiar no bar e arrastou Gale, que preferia morrer a dar as caras na frente de Johanna e Katniss novamente, mas não pode recusar o convite porque se não teria que contar toda a confusão na qual se metera há poucas semanas para o amigo, incluindo sua queda pela garota que agora Peeta fazia de tudo para reconquistar.

No todo, uma noite com jeito de tragédia anunciada.

Johanna ficou alguns dias sem falar com Katniss depois da confusão com Gale (aliás, ela passou alguns dias sem falar com ninguém, simplesmente tentando botar a cabeça no lugar e se livrar de todo o enrolo em que tinha se metido), mas diante do desastre iminente que as duas estavam prestes a protagonizar sem a presença de Annie para completar o esquadrão, ambas decidiram que precisavam se unir para que aquela noite não acabasse em um hecatombe. Além do mais, custaria muito esforço a Johanna ficar emburrada com Katniss por muito tempo.

— Essa com certeza vai ser a pior noite da nossa vida, não vai? – Ela perguntou, procurando o canudo de seu copo com a boca e dando um longo gole na bebida.

— A gente pode ignorar totalmente o Gale e o Peeta. – Johanna sugeriu. – Quando eles chegarem, a gente só cumprimenta e não olha na cara de nenhum dos dois durante todo o resto da noite.

— É uma possibilidade. – Katniss assentiu. – Meu Deus, eu não acredito que a gente vai voltar àqueles tempos horrorosos de quando a Annie e o Finnick terminaram pela primeira vez.

— Na verdade, vai ser pior. – Johanna declarou, solenemente. – Porque antes a gente só não falava com eles porque a Annie e o Finnick tinham terminado. Agora, além disso, você e o Peeta também estão separados e nós duas brigamos com o Gale.

Katniss gemeu com a colocação da amiga e levou as mãos à cabeça.

— Por que nós estamos aqui com eles?! – Ela se desesperou. – Por que a gente não foi para qualquer outro bar quando soubemos que eles também vinham para cá?! Por que não fomos atropeladas por um ônibus no caminho?!

Johanna pôs a mão no ombro da amiga, mas não foi capaz de falar nada para atenuar o desespero que tomava conta das duas.

— Eu trouxe cerveja! – Cato exclamou, animado, colocando duas garrafinhas long neck de Budweiser em cima da mesa. – Não trouxe para você porque seu copo ainda estava cheio, Kat. – Ele disse, em tom de desculpas.

Katniss sorriu para ele, o modo simpatia ativado agora que o loiro estava de volta, e sacudiu a cabeça.

— Fez bem. Eu não quero misturar, da última vez isso não deu muito certo. – Ela comentou, tentando esconder qualquer vestígio do desespero que compartilhava com a amiga há poucos segundos.

— Já eu estou sempre preparada para acolher uma linda garrafinha Bud no meu fígado. – Johanna declarou, agarrando a cerveja e engolindo um grande gole no conteúdo.

Cato ergueu suavemente sua garrafa, um convite. Katniss e Johanna se olharam e bateram seu copo e sua garrafa contra a dele, o brinde provocando diferentes sons devido aos diferentes materiais dos recipientes das bebidas das duas.

É claro que Cato estava completamente alheio à complicada trama que se desenrolava por trás daquela inocente noite na Lapa com os amigos, então ele não tinha como saber que, para as meninas, aquele brinde selava o completo despreparo das duas para encarar o que quer que viesse pela frente.

— Oi, pessoal. – Uma voz animada e ligeiramente sarcástica soou por cima da mesa, e Katniss não precisou de dois segundos para reconhecer o tom malicioso de Peeta. Ela o conhecia bem demais para saber que ele estava tão ciente quanto ela do quanto tudo estava errado naquela noite, e o conhecia melhor ainda para apostar todo o dinheiro que tinha na carteira que ele estava se divertindo com aquilo tudo.

— Oi, e aí? – Cato cumprimento os meninos, apertando entusiasmadamente a mão de casa um deles.

Katniss ergueu discretamente cabeça, seu olhar procurando por Peeta inconscientemente. Ele vestia uma camisa xadrez com o primeiro botão aberto e uma bermuda cargo bege. É claro que ele estava absolutamente lindo, e enquanto lamentava que esse pensamento tivesse surgido tão rápido, uma onda da mistura peculiar entre o cheiro do sabonete e do perfume que ele costumava usar atingiu em cheio seu nariz, e ela se lembrou dos tempos em que costumava a ficar perto dele o suficiente para que o cheiro impregnasse suas roupas também. De quando ela voltava para casa com aquele cheiro no nariz, e tentava fazer com que ele durasse o máximo possível.

Voltou sua atenção ao copo de batida pela metade, aspirando o cheiro do álcool misturado ao morango e ao leite condensado para tirar do nariz e da cabeça o perfume do loiro.

— Olha quem chegou. – Johanna saudou os dois, mas não era exatamente um cumprimento satisfeito. – Oi, meninos.

Todos se cumprimentaram, e Johanna se perguntou se era só para ela que o desconforto daquele encontro gritava como uma maritaca levando um choque ao pousar nos fios de eletricidade de um poste.

O celular da Katniss vibrou na mesa, e ela olhou distraidamente para a tela.

— É a Prim. – Ela anunciou, levemente espantada. – Quer saber se pode vir para cá.

Meio segundo de silêncio na mesa.

— Claro que pode. – Johanna praticamente gritou de alívio. Ia ser inacreditavelmente bom ter mais alguém com quem ela e Katniss poderiam contar. – Deve, inclusive.

Katniss encarou a amiga, entendo o que aquele entusiasmo significava realmente. E chegou à conclusão que ela tinha razão.

— Vou falar para ela vir para cá, então. – Concordou, digitando rapidamente uma mensagem pra irmã e depositando na loirinha todas as suas esperanças de tornar aquela noite minimamente melhor.

~~

Mesmo que estar ao lado de Peeta e Gale ainda fosse estranho, as coisas não estavam indo tão mal. A animação de um Cato completamente alheio à novela que se passava naquela mesa e a presença de Prim, que até sabia o que estava em curso, mas tomara para si a responsabilidade de deixar o clima menos tenso, aos poucos dissipavam o nervosismo presente.

O álcool também ajudava.

A Rota 66 abriu o show com um cover de Toda Forma De Amor, do Lulu Santos, para animar a plateia e deixar bem claro que o show daquela noite seria essencialmente dançante. Depois de algumas músicas nas quais Katniss e Johanna não se arriscaram em nada além daquele passinho clássico da balada de balançar o corpo trocando os pés, Prim se cansou. Já tinha passado por aquilo uma vez no último aniversário da irmã, e não iria passar de novo. Assumiu, então, a tarefa de integrar os grupos e aos poucos, entre sacudidas de bunda e de cabelo, trouxe todos para perto.

Como já podiam se considerar tão atrações do Señorita quanto a Rota 66 devido à frequência com que apareciam por lá, eles tinham meio que uma mesa fixa. Como todo bom cliente, eles ocupavam sempre o mesmo lugar do salão, o que facilitou que Clove, do palco, notasse que a turma estava de volta. E as duas coisas que chamaram sua atenção foram a presença simultânea de Katniss e Peeta e a visão de um rostinho novo no grupo. Ela não conseguia dizer com certeza, porque a plateia estava relativamente cheia, mas parecia um rosto masculino. E bem interessante, segundo sua precária avaliação feita à distância.

Seus olhos passearam pelo grupo, e encontraram Katniss dançando com Johanna, ondulando desajeitadamente os braços. Na outra ponta do grupo, Peeta dançava sozinho, ao lado de Gale, daquele jeito robotizado que homens geralmente dançam em baladas quando estão sozinhos.

Franziu o cenho enquanto dedilhava distraidamente a guitarra, movendo sem atenção os dedos pelos acordes da música que tocavam no momento. Eles claramente não estavam juntos, mas ela podia captar que de vez em quando ambos olhavam sorrateiramente na direção do outro quando pensavam que o outro estava distraído, como se quisessem ter certeza que ainda estavam ali mesmo que não tivessem intenção de se aproximar.

Clove sorriu consigo mesma e sacudiu o cabelo que caía no rosto. Não era possível que Peeta tivesse cometido o mesmo erro de Finnick trazendo a amada para o Señorita em dia de show da Rota 66 sem revelar que há poucas semanas podia ser flagrado agarrando a guitarrista atrás de uma das pilastras do salão.

Ah, não. Ela vinha tentando ser uma pessoa melhor, mas eles pareciam gostar de incitar seu lado venenoso.

Esperou que Peeta estivesse bem de frente para o palco e fez um movimento exagerado com a cabeça para jogar os cabelos para trás, chamando sua atenção. Quando viu que os olhos do loiro estavam sobre ela, deu uma piscadela marota, e depois virou a cabeça para outra direção, mordendo o lábio.

Peeta ergueu uma sobrancelha, mas não conseguiu conter um sorriso, rezando para que Katniss não visse aquela troca de olhares sugestiva.

Mas ela viu.

Quer dizer, não bem viu, mas a sacudida de cabelo escandalosa de Clove também chamara sua atenção, e ela não desviou o olhar antes de registrar a piscadela maldosa. Imediatamente, seguiu com os olhos a direção para a qual a guitarrista olhava, e o fim do rastro levava justamente a Peeta. Gale bloqueava sua visão do rosto de Peeta, então ela não pode saber como ele reagiu, mas foi capaz de flagrá-los confabulando nervosamente logo após a gracinha de Clove, o que claramente era um mau sinal.

Sua boca se abriu com o espanto, e ela manteve o olhar em volta dos dois por mais alguns segundos, tentando obter mais alguma informação que pudesse esclarecer a cena que acabara de presenciar e impedir seus pensamentos de acenarem com a pior das possibilidades.

O ultraje começou a se apoderar de seu corpo enquanto ela raciocinava. Uma piscadela daquela não podia ser de graça, ou eles já tinham se enroscado em algum canto escuro ou estavam prestes a fazê-lo. O ultraje foi gradativamente dando espaço para o outro sentimento que crescia em velocidade alarmante; a raiva. Quer dizer que ele só tinha feito questão de se convidar para aquela noite para esfregar na cara dela que estava na intenção de arrastar Clove para um quarto assim que tivesse a oportunidade? Katniss sentiu seu sangue ferver; era bem típico dele, mesmo. Bater em sua porta bancando o arrependido, mas agir como um babaca ao ser rejeitado. Então aquilo não tinha nada a ver com ela, e sim com a possibilidade de sair como o que superou a separação primeiro.

Lixo, lixo, lixo humano!, ela pensou. E, mesmo não achando que isso era possível, sentiu mais raiva ainda por ter perdido tempo ficando nervosa só por saber que ele estaria por perto. Por ter sentido saudades de seu perfume.

Viu Cato chegando do bar com mais cerveja na mão enquanto tentava descontar sua raiva dançando em movimentos mais agressivos. Marchou na direção do loiro tentando seguir o ritmo da música e colando um sorriso descontraído no rosto. Ele estendeu uma garrafa para ela, que agarrou com força.

Quem tinha prometido que não ia misturar destilado com cerveja mesmo, hein?

— E aí, o que está achando? – Katniss aproximou sua boca do ouvido do rapaz e gritou por cima da música para se fazer entender.

— Elas são ótimas. – Ele respondeu, um sorriso aberto estampado no rosto lindo. – E eu adorei esse lugar.

Katniss pegou a mão de Cato e girou elegantemente sob o braço musculoso do loiro. Rezou para que Peeta tivesse visto esse momento com bastante clareza.

— Imaginei que fosse gostar. – Ela sorriu. – Dança a próxima comigo?

Ele sorriu, mas seus olhos se moveram como se algo em relação àquela noite finalmente o tivesse atingido. Ele ainda não sabia exatamente o quê, mas não recusaria um convite como aquele, primeiro porque a banda era mesmo boa, segundo porque Katniss era uma excelente companhia e terceiro porque começava a lhe parecer que ela estava tentando se aproximar dele com outras intenções. E não era muito como se ele fosse recusar se ela realmente insistisse nessa hipótese.

As meninas emendaram Sugar, do Maroon 5, logo depois de Katniss fazer o convite, e logo ela estava de frente para Cato ondulando os quadris e tentando sincronizar seus movimentos com os dele, ambos rindo com suas garrafas de cerveja na mão.

~~

— Cara, o que foi isso? – Gale perguntou para Peeta logo depois da piscadela assassina de Clove. Foi essa conversa que Katniss flagrou depois de seguir o olhar de Clove até a multidão e entender que o alvo da piscada fora Peeta.

Peeta suspirou.

— Talvez não tenha sido uma boa ideia tentar uma primeira reaproximação com a Katniss aqui no Señorita, com a Clove por perto.

Gale arregalou os olhos.

— Ah, não, cara. Não, não, não! — Gale sacudiu a cabeça repetidamente. – Eu não acredito que você ficou com a Clove, cara. E não acredito que você me obrigou a vir para cá e encarar a Johanna pra dar em cima da Katniss com a Clove do lado. — Peeta sabia parcialmente da confusão entre Gale, Katniss e Johanna; o loiro estava ciente apenas do fato de que Johanna tinha brigado com ele após Katniss ir atrás de Gale e dizer que a amiga gostava do moreno. Obviamente, nada sobre a antiga queda de Gale por Katniss chegara a seus ouvidos.

— Foi erro de cálculo. – Peeta admitiu, envergonhado.

Gale não queria, mas soltou uma gargalhada.

— Eu queria ter essa sua cara de pau.

— Eu achei que você tinha visto. – Peeta disse, o cenho franzido. – Quer dizer, eu e a Clove... Você estava aqui naquele dia.

Gale vagou o olhar pelo palco, o riso se desfazendo.

— Eu estava... em outro lugar.

Agora foi a vez de Peeta soltar uma gargalhada ruidosa.

— Ah, sim, lembrei. – Ele debochou. – Tomando um fora da Johanna do outro lado do salão. – Claro que ele não sabia porque Johanna recusara o beijo.

Gale olhou para o amigo sem sorrir.

— Por que você não fala com ela? – Peeta perguntando, varrendo inconscientemente o salão com os olhos à procura de Johanna agora que ela se tornara o assunto da conversa.

— Por que você não fala com a Katniss? – Gale rebateu e Peeta passou alguns segundos calado. – Viu? Não é tão simples assim. Ela está chateada comigo, e se sentindo feita de idiota por todos nós.

— Então pede desculpas. – Peeta disse, pragmaticamente. – Vai dizer que você não está doido de vontade de ir lá e puxá-la para dançar?

Gale abaixou o olhar, sentindo algo ruim lhe arranhar por dentro. Saudade. Depois da briga com Johanna, ele jurou a si mesmo que se não olhar para ele nunca mais era o que ela queria, era exatamente isso que ela teria. Que se ela era tão capaz de abrir mão da amizade dos dois, ele também era. E ele conseguiu, já fazia um tempo que os dois não se falavam, mas tê-la ali tão perto no Señorita e não ouvir suas gracinhas, não poder contar com ela para dividir uma cerveja nem tê-la mais como companheira para fugir das pieguices dos outros dois casais do grupo era mais custoso do que ele imaginava. Parece que ele subestimou o tamanho do buraco que a ausência de Johanna deixaria.

Peeta tinha razão; ele queria mesmo arrancá-la da rodinha onde ela requebrava com Prim, Katniss e Cato e trazê-la para perto, convidá-la para uma dança despreocupada em mais um show da Rota 66. E, surpreendendo a si mesmo, pegou-se lembrando-se saudosamente do dia daquele show em que ela dançou os clássicos do rock naquela blusa vermelha, bem de frente para ele, chamando-o com o indicador e sorrindo maliciosamente, como se soubesse exatamente o poder que tinha sobre o mundo.

E agora ele estava ali, fitando-a de longe e encarando tudo que ele conhecia daquele sexteto, que se unira por meio do amor de Finnick e Annie, completamente desfeito.

— Acho que não é o melhor momento para uma aproximação. – Gale ponderou, o pescoço esticado e o olhar em Katniss e Cato, que dançavam comicamente a apenas alguns metros de distância.

Peeta seguiu o olhar do amigo, e sibilou diante da cena. Ele estava perdendo tempo e fracassando miseravelmente nos planos que traçara tão cuidadosamente para aquela noite.

Seu olhar enraivecido atingiu o grupo praticamente no mesmo instante em que Prim levantou a cabeça, de modo que os olhares se cruzaram em cheio. Prim ergueu uma sobrancelha, mas logo fitou Katniss e Cato juntos e o motivo para o desagrado de Peeta se tornou claro. Ela revirou os olhos e abaixou a cabeça, falando algo para os outros três e saiu da roda, caminhando para o bar. Encarou Peeta e Gale sugestivamente, e acenou com a cabeça para que eles a seguissem.

— Ou vocês voltam comigo pro meio daquela roda ou eu mesma vou chutar vocês porta afora do Señorita. – Prim disse assim que chegaram ao bar, encostando as costas no balcão.

Os dois ficaram mudos de surpresa com a ameaça. Por um segundo, ambos acreditaram mesmo que Prim seria capaz de cumprir a promessa, e temeram a sola do sapato da loira grudada em suas respectivas bundas.

— O que foi? Vai amarelar agora, Peeta? – Ela ironizou. – Você veio aqui pra quê, posso saber? Para curtir a noite sozinho é que não foi. – Ela acusou, os olhos azulados se estreitando nos cantos em uma careta de desconfiança. – E você – Ela apontou para Gale. – se prestou ao papel de vir aqui depois de tudo que aconteceu só para dar apoio moral pra esse vacilão aqui? – Ela apontou para Peeta, que soltou um som de protesto com o xingamento, mas não se incomodou em se defender, porque sabia que Prim tinha razão. – É claro que não. Admite que você também tem esperança da Johanna voltar a falar com você e corra atrás do seu prejuízo. – Prim sibilou, encarando os dois raivosamente. – Se era para pagar esse micão dançando feito dois bonecos de posto na pista, era melhor nem terem vindo.

Os dois se entreolharam e voltaram os olhos comicamente arregalados para Prim.

— Pffffff. – Ela bufou. – Eu não tenho a menor paciência com vocês agindo assim. Ou façam o que vieram fazer, ou vão embora.

— Eu não vou pra lá ficar encarando a Katniss se esfregando no Cato. – Peeta protestou.

— Se você for lá, ela não vai ter porque se esfregar no Cato, espertão. – Ela rebateu, botando a língua para fora em uma careta de impaciência logo depois.

— Eu vou. – Gale anunciou abruptamente, num jorro de coragem.

— Isso! – Prim comemorou. – Só me esperem comprar uma bebida. – Ela pediu, e se virou de frente para o barman e pediu um refrigerante. Nada muito pesado, pelo menos não por agora.

Naquele exato instante, enquanto Prim esperava que o atendente fosse até a geladeira e buscasse sua lata de Sprite, o show acabou, e as luzes se apagaram abruptamente. Foi possível ouvir os agradecimentos da vocalista bem enquanto Prim colocava as mãos em sua bebida e se virava para abrir espaço entre o público e voltar ao seu lugar de origem.

Prim saltitava alegremente entre multidão, sentido a presença de dos dois logo atrás de si, quando distinguiu de quem era a silhueta que caminhava bem em sua direção, vindo na direção contrária do caminho que ela pretendia seguir.

— Olha quem está aqui. – Clove disse, aquele sorriso enorme e tão convidativo quanto diabólico esticando suas bochechas. – Gostaram do show? – Ela perguntou, parando bem no meio da massa de pessoas que agora se espalhava pelo salão após o fim do show. Mesmo que Prim estivesse bem de frente para ela, Clove fixou o olhar alguns passos atrás, os olhos expressivos grudados em Peeta pingando malícia.

— Foi ótimo. – Prim respondeu, virando discretamente para poder acompanhar o olhar da guitarrista, e logo percebendo exatamente onde ele se fixava. – Amei o setlist.

Ela passou os três segundos mais longos da história da humanidade encarando Peeta, até que seus lábios se uniram em um sorriso enigmático e seus olhos voltaram ao rosto de Prim.

— É uma das minhas preferidas também. – Ela respondeu, e o rosto voltara a ficar perfeitamente composto, um sorriso apenas educado no semblante.

Prim sorriu de volta, a cabeça já chegando às mesmas conclusões que Katniss tirara apenas alguns minutos antes. E, de repente, ela entendeu porque a irmã estava tão grudada em Cato.

— Bom, preciso chegar ao bar antes que fique cheio demais. – Ela respondeu. – A gente se esbarra. – Ela se despediu. – Oi e tchau, meninos. – Ela cumprimentou quando passou por eles para continuar o trajeto até o bar.

E continuou calmamente andando, os quadris se ondulando suavemente enquanto ela colocava um pé na frente do outro. Prim observou Clove caminhar, admirando o bonito macacão alaranjado cortado nas laterais que ela usava, e voltou lentamente o olhar até Peeta.

— Você. – Ela apontou o dedo na direção do loiro, que agora ostentava o que poderia ser premiado como a maior cara de tacho já vista desde que o primeiro Homo Sapiens pisara no planeta Terra. – Você não vale o chão que pisa. – Ela acusou, séria.

A loirinha virou as costas e continuou marchando, mas Peeta segurou seu braço.

— Prim, espera! – Ele pediu, desesperado.

Ela sacudiu o braço para se desvencilhar dele, mas virou em sua direção e parou de caminhar.

— Vai, Peeta. Se explica. – Ela pediu, e cruzou os braços na frente do corpo, o tom saturado de irritação. – Estou esperando.

Ele encarou o chão, tentando arrumar as palavras certas.

— Vou te ajudar. – Prim disse, estalando uma palma. – Você ou se agarrou ou vai se agarrar com a Clove, e fez questão de aparecer no dia que a Katniss estaria aqui para esfregar isso na cara dela.

— Não, Prim, não é nada disso... – Ele tentou, mas seu tom de voz parecia cansado, como se ele já tivesse respondido a acusações como aquela uma centena de vezes.

A loirinha cruzou os braços novamente, esperando. Peeta suspirou.

— Eu fiquei com a Clove. – Ele admitiu, e Prim soltou uma risada irônica. – Mas eu não sabia que ela estaria aqui hoje. Achei que os shows da Rota 66 eram só aos fins de semana. – Ele explicou.

— Que excelente ideia! Porque o bar onde a garota que você beijou depois de terminar com a Katniss toca é mesmo o melhor lugar para começar a reaproximação! - Prim debochou. – Não tinha como escolher um terreno mais neutro, não? Você não pensou que a Clove poderia estar aqui, e que ela não ia perder a oportunidade de brincar com você se estivesse?

— Eu juro que não pensei em nada disso! – Sua voz ficou mais aguda, o desespero latejando no final da frase. – Eu só queria ver a Katniss, e quem sabe falar com ela, sei lá!

Prim o encarou firmemente, a boca torta de reprovação, um tanto de raiva ainda pulsando por suas veias. Mas não foi capaz de não acreditar em Peeta, porque seu olhar e sua voz estavam angustiados demais para que ela não vacilasse em sua conclusão de que a presença dele ali não passava de um ardil para ferir sua irmã.

— Prim? – A loirinha sentiu alguém tocar seu braço, e se virou rapidamente na direção do gesto, dando de cara com Johanna. – Vim ver porque você estava demor... – Ela se interrompeu quando ergueu o olhar e viu os garotos. – Ah, não sabiam que vocês estavam com ela.

Prim respirou fundo e em um segundo desfez a tromba, abrindo um sorriso agradável para Johanna.

— A gente se esbarrou no caminho. Eu estava convidando os meninos para ficarem com a gente. Vamos?

Os olhos de Johanna escorregaram para os dois, se detendo em Gale por um tempo. Seu queixo ficou imperceptivelmente mais rígido.

— Claro. – Ela respondeu. – Vamos voltar para lá.

~~

Peeta percebeu a oportunidade o chamando quando notou Katniss sozinha na mesa, os braços cruzados sobre a mesa enquanto observava a irmã, Johanna e Cato dançando alguns metros a frente.

— Oi. – Ele disse, um sorriso tímido no rosto enquanto passava os dedos pelo cabelo para afastar os fios rebeldes dos olhos. – Não falei direito com você hoje.

Katniss o encarou e sentiu a raiva comprimir perigosamente a boca de seu estômago. Abriu um sorriso forçado.

— É. - Ela concordou secamente.

Alguns segundos de silêncio em que Katniss olhava deliberadamente para frente, batendo os dedos na mesa no ritmo da música e mantendo Peeta seguramente fora de seu campo de visão.

— Posso te trazer uma bebida? – Ele perguntou. Bom, ele estava tentando.

— Não precisa, estou bem. – Ela respondeu, ainda sem olhar para ele.

Peeta suspirou. Ou ela estava chateada com a insistência, o que significava que aquele não na casa dela era realmente definitivo e tudo que ele conseguiria com a promessa de reconquistá-la era um atestado de inconveniente, ou ela desconfiava de algo em relação à Clove. Talvez Prim tivesse contado a ela, mas ele não apostava muito nessa possibilidade porque sabia que, depois da raiva inicial, a loirinha acreditara nas boas intenções dele e não teria motivos para dedurá-lo. Talvez Katniss tivesse descoberto sozinha.

— Katniss. – Ele a chamou. – Katniss. – Ele repetiu. Ela demorou um pouco mais que o necessário, mas voltou os olhos em sua direção, o ângulo das sobrancelhas sugerindo irritação. – Eu não quero que as coisas fiquem estranhas entre a gente. Eu odeio esse clima.

Ela não respondeu, mas continuava o perfurando com o olhar.

— Olha, eu estou tentando. – Ele disse, suavemente. – Eu quero que sejamos capazes de pelo menos estar no mesmo ambiente juntos sem esse clima ruim. Eu não estava mentindo quando disse o que te disse na sua casa, mas antes de colocar em prática qualquer plano para te reconquistar, eu não quero te ver chateada comigo. Eu quero que as coisas fiquem, se não como eram antes, pelo menos bem. Eu gosto demais de você para suportar te ver de cara feia para mim.

Katniss estreitou os olhos nos cantos e um sorriso cruel deformou seus lábios.

— Ué, mas não era essa a intenção? – Ela perguntou. – Ver a minha cara feia de ciúmes quando eu me desse conta do clima entre você e a Clove?

Ele fechou os olhos e respirou fundo. Pelo menos ela tinha colocado para fora, e agora eles poderiam conversar sobre aquilo.

— Me diz exatamente qual era a sua intenção ao vir para cá, Peeta. – Ela pediu. – Porque é muito fácil vir com esse discurso de gente razoável que “só quer que tudo fique bem” depois de já ter esfregado na minha cara o quão rápido você partiu para outra.

— Não é nada disso. – Ele disse, preparando-se para repetir as mesmas explicações que dera a Prim. – Eu só queria te ver. Eu não fazia ideia que a Clove estaria aqui hoje, eu só pensei que... – Ele hesitou. – Vir aqui hoje fosse um bom jeito de recomeçar.

Então ele explicou exatamente tudo que acontecera entre ele e Clove, porque já que estava falando daquilo, era melhor botar todas as cartas na mesa de uma vez. Katniss ouviu tudo atentamente, e bem aos poucos sua raiva foi cedendo e sendo substituída por outro sentimento menos destrutivo, porém perigosamente próximo da indiferença; o desapontamento.

— Você é muito sem noção. – Ela disse, mas não havia raiva em seu tom. Ela não conseguia nem se chatear com ele, porque era tão típico de Peeta não prestar atenção nessas pequenas coisas que ela nem conseguia sentir tanta raiva. Porque agora entendia que não tinha a ver com humilhá-la, então não conseguia sentir nada além de uma decepção frustrada.

— Me desculpa. – Ele pediu, e seus olhos ardiam arrependimento. Devia ter dado ouvidos a Gale quando o moreno disse, em suas palavras, que “isso aí vai dar merda”. – Eu não queria que isso tivesse acontecido. – Ele esfregou as mãos no rosto e arriou os ombros, derrotado. – Falhei miseravelmente na minha primeira tentativa de te mostrar que mereço você de volta.

Abriu um sorriso triste logo em seguida. 

— Não é tão imperdoável assim. – Ela disse, tranquilizando-o, e logo depois brigou consigo mesma por estar aliviando a barra dele. Ele não merecia alívio, nem que ela lhe desse esperanças. Mas ela estava cansada de brigar consigo mesma para mantê-lo longe, especialmente quando ele estava tentando com tanto afinco estar por perto e mostrar que merecia uma segunda chance. – Também não quero que o clima fique ruim. – Ela admitiu. – Já tem muita coisa errada para a gente ainda agravar a crise com mal-entendidos.

Peeta franziu o cenho e pendeu a cabeça para o lado.

— Crise? – Ele perguntou.

— Finnick e Annie separados. Johanna e Gale brigados. Eu e você... – Ela se interrompeu, sacudindo a cabeça.

Peeta assentiu, entendendo.

— Podemos ser a única ponta amarrada nesse sexteto, o que você acha? – Ele sugeriu, um sorriso esperançoso no rosto, as sobrancelhas erguidas em uma adorável expressão de expectativa.

Katniss riu.

— Acho que é uma boa ideia.

— Então, para comemorar que somos o único pilar ainda de pé no meio da crise, eu posso te convidar para dançar? – Ele perguntou, e viu o sorriso no rosto de Katniss hesitar e se apagar um pouco. – Ou é demais para uma primeira noite?

Katniss mordeu o lábio e desviou o olhar para a pista, assistindo Prim desenrolar um hilário passo de bater os quadris com Cato.

— Pode, sim. – Ela concordou, e levantou-se da cadeira, aceitando a mão estendida de Peeta e deixando-o conduzi-la delicadamente mais para o meio do salão.


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Notas finais do capítulo

BERROOOOOOOO A KATNISS DANDO CORTADA NO PEETA PORQUE ACHOU QUE ELE TAVA HUMILHANDO ELA COM A CLOVE KKKKKKKKKKKKKKK Gente, eu sei que não devia, mas ri demais da conta escrevendo esses desencontros, os meninos de penetra, o Cato bobo alegre sem saber da missa a metade, a Clove causando como sempre, Prim chamando os dois paspalhos na chincha, eu ria muito escrevendo isso tudo.
Bom, como já dito anteriormente, eu me empolguei e acabei passando do ponto no tamanho, daí precisei dividir em duas partes. A boa notícia e que a parte 2 já está pronta, só precisa de uns ajustes na música e na revisão, então eu devo postar amanhã ou até no máximo segunda (mas saibam que se eu deixar pra segunda só posto à noite porque tenho aula durante o dia inteiro).
Ahh, não queria falar nada, não, mas a quantidade e/ou a velocidade dos comentários pode influenciar na rapidez com a qual a parte dois será postada ;) #chantagista #mercenáriadereviews Qual é, gente, vocês me conhecem e sabem que eu nunca fui assim, mas já conversamos sobre a discrepância absurda no número de acessos e comentários e pensei que talvez esse fosse um bom estímulo para eu ver a carinha de vocês, fantasminhas!
Sério, gente, eu sei que eu demoro, mas manter Money Make Her Smile é bem difícil, muitas vezes eu tenho/tive vontade de desistir, mas meu amor por essa história e o carinho de vocês sempre me fazem voltar atrás. Review faz muito bem pra alma, tanto a minha quanto a de vocês!
Beijoquinhas no coração e na bochecha.
P.S.: ENQUANTO EU POSTO ISSO AQUI A BEYONCÉ ACABOU DE SOLTAR O ÁLBUM NOVO DELA (chama Lemonade) ENTÃO COOOOOOOORRE TODO MUNDO LÁ E VAMOS ESCUTAR E SE ACHAREM UM LINK BOM COMPARTILHE AQUI COM AS MIGAS VAMOS COMETER CRIMES VIRTUAIS E INCENTIVAR A PIRATARIA!!!!! Amo todos e todas!!!!



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