Mais 3 meses se passaram e minha barriga estava ainda maior, mesmo eu achando que não era possível ela crescer mais. Peeta agora ficava alerta o dia inteiro, qualquer coisa que eu fazia ele já corria para ver se eu estava bem. Por causa disso, eu não podia ficar sozinha, quando não estava com Peeta, estava com Claire e as vezes, até com Haymitch.

Naquela tarde não foi diferente. Como Peeta estava trabalhando, Claire foi para casa "cuidar de mim". Ela também era desesperada igual Peeta, e eu acabei passando o dia no sofá com todas as mordomias possíveis. Enjoada disso, me levantei para beber água.

— Aonde você está indo? — Claire me perguntou já se levantando do sofá.

— Hmm... Beber água. — Respondi e continuei andando.

— Não. Deixa que eu vou, você tem que descansar.

— Olha, eu passei o dia descansando. Eu só vou beber água, nada demais. Aliás, a bebe está bem quietinha hoje, então não tem o que se preocupar. — Respondi já irritada.

Claire tentou protestar um pouco mais, mas no fim deu de ombros e desistiu. Me sentindo livre e uma vitoriosa, caminhei para a cozinha, mas antes que eu pudesse beber a água que eu tanto queria, senti um movimento brusco e forte na minha barriga, e logo após, uma dor intensa.

Depois de um tempo a dor passou e eu me senti aliviada. Porém, quando olhei para baixo vi uma poça de água nos meus pés.

— Claire, você poderia vir aqui? — Gritei.

— Já to indo, espera um pouco. — Ela gritou respondendo.

—Se você puder ser rápida seria ótimo.

Claire veio logo em seguida olhando alarmada para mim.

— Por que você não me avisou que estava em trabalho de parto?!

Nem me dei o trabalho de responder, apenas apoiei meus braços nela e caminhamos para o sofá que era mais próximo. Claire começou a andar desesperada para todos os lados sem saber o que fazer.

— Você precisa de alguma coisa? Um copo de água? Um pano frio? Ta confortável ai? Ai meu deus, já ta nascendo?

— Claire... Claire, relaxa, ta tudo certo. Claire! Me escuta, primeiro você tem que relaxar, depois liga para o Peeta e fique aqui me acompanhando até ele chegar.

Claire ouviu minhas instruções, balançou a cabeça concordando e correu para ligar para o Peeta. Depois ela se sentou ao meu lado e nós duas ficamos esperando ele. Minhas contrações ainda eram muito espaçadas, por isso eu estava totalmente relaxada, mas Claire estava uma pilha, parecia até que ela que estava tendo um filho

Uns 5 minutos depois Peeta chegou, ele já entrou dizendo que já tinha ligado para a parteira e Claire abriu espaço para ele sentar do meu lado. Ele e Claire estavam praticamente iguais, os dois nervosos, ansiosos e um pouco assustados.
Passou mais uns 15 minutos e eu tive outra contração ao mesmo tempo em que a parteira estava chegando e ela já veio me fazer relaxar. Após passar, ela me fez uma série de perguntas e depois constatou:

— Bem, suas contrações ainda estão espaçadas e leves. Conforme o tempo passa as contrações vão ser mais juntas e com maior intensidade. Como é seu primeiro filho pode demorar de 12 horas a mais para nascer, então relaxe. Eu te aconselharia a dormir agora, na verdade.

As contrações já doíam e ainda do iriam muito mais?! Agora sim eu estava assustada! 12?! Se a ideia da parteira era que eu relaxasse, não deu muito certo. Porém, apesar de eu pensar que não conseguiria, acabei caindo em um sono profundo.

Acordei com muita dor, tentei levantar toda desgovernada mas senti braços de alguém me empurrando para baixo, então me lembrei da onde vinha a dor. As contrações agora estavam muito mais fortes, apertei a mão de Peeta para tentar me distrair da dor, mas isso não era possível. Quando passou, falei ainda com uma voz fraca:

—Quantas horas se passaram? Já está acabando?

—Você dormiu por 6 horas, ainda falta um tempo.— Peeta falou fazendo carinho na minha cabeça.

Resmunguei algo inteligível e voltei a ficar esperando pela próxima contração. A parteira vinha me checar constantemente e Claire ficava me trazendo água, paninhos ou qualquer outra coisa que ela achava necessário.

Se passaram mais 7 horas, já era de madrugada e todos estavam cansados. Claire acabou dormindo em um sofá e Peeta sempre que estava caindo no sono acordava quando eu tinha uma contração, que agora era muito constantes e muito, muito fortes.

—Por favor, me diga que está na hora. Eu não aguento mais isso. —Falei quase implorando para a parteira.

Ela checou tudo mais uma vez e então anunciou:

—Acho que está na hora sim.

Por um momento fiquei aliviada com essas palavras, mas depois um medo me abateu. Como eu faria isso? E se eu não fosse forte o suficiente? E se algo desse errado? Ninguém percebeu meu desespero já que todos estavam meio desesperados, menos a parteira que me ajudou gentilmente a me caminhar até uma cama do andar de baixo.

— Agora vou precisar da ajuda de todos. Claire busque um manto para embrulharmos o bebe, Peeta fique com Katniss, ela irá precisar de seu apoio... Bem, vamos lá — Ela se posicionou na minha frente e ajeitou minhas pernas. — Katniss, quando você sentir uma contração quero que você empurre com toda a sua força, entendido?

Concordei com a cabeça e logo veio a contração. A dor era insuportável e ainda teria que fazer força, piorando ainda mais a dor. Minha vontade era desistir de tudo, a dor era tamanha que eu até esquecia o motivo de eu estar sentindo aquilo. Peeta ficava sussurrando em meu ouvido palavras de força e a parteira pedindo para eu fazer mais força, o que no momento me deu uma certa raiva, mas que eu ignorei pois só conseguia concentrar com a dor.

Finalmente senti um grande empurrão e a dor cessou na hora. Relaxei totalmente meu corpo e algumas lágrimas escorreram pelos meus olhos. Peeta olhava admirado para minha frente, com o sorriso mais brilhante. Comecei a me esticar para ver a minha filha, Claire e a parteira cuidavam dela e eu via somente sua perninhas se mexendo e seu choro enchendo o quarto.

Peeta se levantou e vou pegar ela. Seu sorriso parecia iluminar tudo e em seus braços um pequeno embrulhinho se remexia.

— Ela é linda, assim como você. — Peeta falou andando em minha direção.

— Eu quero ver ela, por favor. — Falei esticando meu pescoço, querendo enxergar.

Então ela entrou em minha visão. Estiquei meu braço querendo ver mais de perto. Ela era tão delicada que eu tinha medo de pega—la, aconcheguei—a em meus braços. Era tão perfeita, nao conseguia acreditar que tinha saído de mim. Seus cabelos eram escuros, assim como o meu, mas seus olhos eram mais azuis que o céu, ou até o mar. Tudo era emoldurado por um rosto redondo e delicado, sua boca levemente rosada se abria levemente. Eu não conseguia ver mais nada, era somente eu e ela naquele quarto. Um imenso amor me consumia, era a melhor escolha que eu poderia ter feito.

— Obrigada, Peeta, obrigada por me insistir para fazer isso. — Balbuciei para ele.

Ele deu um beijo na minha testa e depois na nossa filha.

— Eu que tenho que agradecer por você me dar esse presente maravilhoso.