End Love escrita por Akane


Capítulo 3
03: Indelicadezas


Notas iniciais do capítulo

Uma recomendação, treze reviews, dezoito acompanhamentos e cinco favoritos. Vocês são uns lindos. ;-; ♥

Estou pensando seriamente em dar uma pausa com todas as minhas fanfics. Eu tenho um problema muito grande comigo mesma. Toda vez que vejo histórias aqui no Nyah!, que são imensamente melhores do que as minhas, sinto vontade de nunca mais escrever. Não me sinto boa o suficiente e acabo me desmotivando muito. Estou tentando parar com isso, mas é tão... Blé. Nem tenho palavras.

Enfim. Ver todo o carinho que vocês colocam nas minhas histórias me faz não querer desistir, apesar de tudo. Espero que vocês não desistam de mim também. ;w;

Apesar de todos os empecilhos, gostei bastante desse capítulo, e espero que seja recíproco da parte de vocês. ♥ E leitores fantasmas, que tal um review como presente de natal atrasado ou fim de ano? HUE *apanha*

enjoy ~ ♥

[repostado dia 13/07/2015]



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Byakuya soltou um longo suspiro e olhou para o rosto de Renji. Por mais que o ruivo fosse seu próprio chefe, como conseguia clientes sendo dono de uma aparência tão peculiar? Ficou quieto. Apenas observou Renji indo novamente na direção do bebedouro, e voltando para a cadeira ao lado do divã com um copo plástico cheio de água. O terceiro em pouco mais de meia hora.

Até porque ficar atiçado por uma pessoa é sinônimo de fogo. Nós sabemos, Renji.

— Eu quero saber o que a Rukia fala de mim. — Byakuya falou com a voz baixa.

— A consulta é pra você falar sobre você, e não sobre o que os outros falam de ti, Kuchiki-san. — Renji finalizou a frase e levou o copo a boca.

— Você me deixou curioso.

— Talvez tenha sido minha intenção. — Ok. Não era a primeira vez que Renji jogava uma indireta no ar. Aquilo deixava Byakuya desconfortável. O silêncio se instalou entre os dois.

— Podemos continuar? — Renji interrompeu o incômodo silêncio ali presente. Byakuya apenas assentiu. — Então... Você acha que seus psicólogos anteriores lhe ajudaram de alguma forma? Sem querer depreciar o trabalho alheio. Diria que é por pessoas diferentes terem pontos de vista diferentes.

—... Talvez.

— Essa palavra é minha. — Renji soltou uma risada e um longo suspiro. — Vou te contar uma coisa, se puder fazer você melhor.

— Diga.

— Por mais que a consulta não seja para falar de mim, acho que pode ser útil. Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu tinha doze anos. A partir daí, passei minha vida morando com tios. Mas eu nunca gostei deles. Mas era isso, ou viver na rua. Quando eu completei quinze anos, eu conheci a Rukia. Ela tinha onze, e mesmo sendo de família rica, me identifiquei bastante com ela, e–

— E no que isso influencia na nossa consulta? — Um tom ríspido tomou conta da voz de Byakuya. Talvez o moreno tivesse empatado o jogo.

— Você tem algum amigo ou amiga, Kuchiki-san?

Byakuya não respondeu.

— É, talvez essa sua síndrome de superioridade te impediu de criar qualquer vínculo. Sinceramente, não sei como a Hisana conseguiu te aguentar quando estava casada com você.

E o punho de Byakuya foi em direção ao rosto bronzeado de certo ruivo. Perdeu o controle. Porém tinha seus motivos.

— Cale a boca. Por acaso você sabe alguma coisa da minha vida pra sair falando assim, Abarai? Se coloque no seu lugar. — Byakuya já se levantava do divã e ia em direção da porta. Renji acariciava sua bochecha recém-machucada.

— Isso, Byakuya. Vai embora, foge de ouvir a verdade. Afinal você tem dinheiro e não precisa de ninguém, não é? Tudo o que a Rukia falou de você parece mentira agora. Sua ex-mulher deve ter ido para um local realmente melhor agora, longe de você.

Mas o que era aquilo?

O Kuchiki parou na porta. Desde quando palavras tinham tanto poder assim? Desde quando ele tinha tanto poder assim?

— Nós ainda temos dezessete minutos de consulta. Volte agora pra esse divã. — Que metódico. E Byakuya continuava na porta. Encarando o nada e se afogando em orgulho destroçado.

— Não me ouviu, Byakuya?

O Kuchiki nunca tinha ouvido tanta humilhação em vida, se bem que o conceito de humilhação dele diferia do comum. Não queria acreditar naquela verdade. Preferia seu mundo manipulado por mentiras e dinheiro. Aquilo doía tanto. Afetou o fundo da sua alma vazia.

— Você não vem falar comigo, Byakuya? Ninguém vai te salvar se você não nadar em direção do barco. E você sabe muito bem disso. — Renji mantinha uma voz séria. Era necessário. Pelo menos com aquilo.

— Você não precisa jogar tudo isso na minha cara. — Byakuya retrucou, finalmente. Sabia que uma hora ou outra, alguém iria falar aquilo, e ele só estava aguardando o momento, para se preparar. Mas quem diria que seria logo alguém que ele conhecia a menos de uma semana. Inadmissível.

— Não preciso jogar na sua cara? Em nenhum momento eu disse que você iria ouvir o que quer Byakuya. A verdade machuca, não?

Fim de jogo.

Byakuya saiu da sala com pressa, batendo a porta com certa violência. Mal olhou para o rosto da recepcionista, que apenas observou o Kuchiki sair com raiva da sala. Pegou o seu carro–curiosamente, um Toyota Crown preto, que reluzia o reflexo do dono– e foi para casa o mais rápido possível. Se não colocasse os pensamentos em ordem, acabaria enlouquecendo. Talvez ir naquele consultório fosse o pior erro da vida de Byakuya.

Ou exatamente ao contrário.

Chegando em casa, Byakuya correu para a banheira com água quente. Água tão quente que sua pele pálida se transformou em vermelho com o aumento repentino de temperatura. Encarou mais uma parede branca e sem vida de sua enorme casa enquanto se banhava. As palavras de Renji faziam eco em sua cabeça, o fazendo sentir uma espécie de “culpa dividida”. Agiu como uma criança ao sair quase no fim da consulta, mostrando vulnerabilidade e imaturidade. Mas ninguém tinha o direito de lhe tratar daquela forma. Quem era Abarai Renji perto dele? Quem era aquele psicólogo estranho perto do empresário prestigiado e rico chamado Kuchiki Byakuya? Um “quem”. Um ninguém. Enquanto Byakuya tinha uma empresa, Renji dividia o andar de seu consultório com mais alguns doutores. Só mais uma alma insignificante no mundo dizendo coisas sem nexo algum.

Byakuya sabia muito bem que Renji estava certo. Bom, pelo menos ele pensou no que foi dito. Mas ele iria admitir os próprios erros?

Nem em sonhos.

“Ninguém vai te salvar se você não nadar em direção do barco.”

Por que ele precisava “nadar em direção do barco” logo agora? Nunca precisou. Sempre teve tudo na mão, com quem quisesse, e na hora que quisesse. Não seria um desconhecido que mudaria isso.

Não correr atrás das coisas não impediu o fato de Hisana estar debaixo da terra agora.

Só lhe restou tentar aproveitar seu banho. Tão cheio de lástimas quanto o próprio Kuchiki.

Dezenove horas e quarenta e sete minutos, daquela mesma segunda feira.

Rukia chegou em casa com um sorriso no rosto. Acabara de voltar de seu amado trabalho em uma loja de chocolates. Soltava algumas risadas e sorria como se não existisse amanhã.

— Nii-sama, cheguei. — A baixinha anunciou em voz alta e animada.

— Rukia... Eu posso falar com você depois?

— Claro. Só vou tomar um banho e já desço. — Byakuya assentiu e respirou fundo. Estava tomando uma xícara enorme de café, não sentia fome e não queria fazer comida. Por mais que, Rukia fosse lhe obrigar a comer de certa forma e que o café iria lhe fazer ficar acordado. Perguntou internamente o porquê de Rukia trabalhar na produção dos chocolates de uma doceria. Era uma coisa tão medíocre pra alguém que nasceu rica. Mas ele não iria entender tão cedo.

Ao invés de encarar apenas uma parede inexpressiva, Byakuya também olhava a tv enorme ali presente. A usava só de vez em quando. Rukia vivia assistindo desenhos e qualquer babaquice que passasse. Sempre tentava fazer o irmão assistir com ela, o que era um desafio. Talvez Byakuya devesse fazer o que Renji lhe disse... Falar obrigado de vez em quando poderia ser conveniente.

Não, não e não. Definitivamente, não iria dar ouvidos a ele. Já seria demais.

Passada aproximadamente meia hora, Rukia desceu as escadas com um pijama folgado. Sentou no sofá e ligou a TV, deixando o noticiário passando.

— Então, nii-sama... O que foi?

— Primeiramente, você não precisa deixar um bilhete. Pode me mandar uma mensagem no celular, que eu vou ler. Você não me deve satisfação de onde vai ou deixa de ir.

— Mas eu acho melhor deixar um bilhete... Vai que você não está em casa? Mandando bilhetes, eu posso saber se você os viu ou não.

— Pelo celular também. Aquilo já passou, Rukia. Não precisa se preocupar. — Rukia soltou um longo suspiro, até Byakuya continuar a falar.

— Rukia... O que você fala de mim?

— Eu não entendi, nii-sama... Perdão.

— Hoje eu fui ver seu amigo, o Renji. — Byakuya não escondeu certo nojo em citar o dito cujo. — Ele me falou que você fala bastante de mim.

— Ah, então você foi ver o Renji? Que ótimo. — Rukia abaixou o volume da televisão e soltou um pequeno sorriso. — Eu só falo que você é o melhor irmão do mundo. Você é perfeito, incrível, uma pessoa admirável. Eu sinto muito orgulho de você. — Rukia deu um beijo na bochecha de Byakuya. O moreno ficou meio assustado com o beijo. Fazia tanto tempo que ninguém o beijava ou o abraçava...

Até porque, uma pessoa que acha o seu trabalho medíocre, é “admirável”.

Ele não tinha amigos para tal feito. Nem esposa. Com a imagem atual que Byakuya mostrava, obviamente Rukia sentia-se vedada a tentar qualquer coisa assim. Não que ela deixasse de tentar. Respeitava o irmão, mas sabia que ele era humano. Quando era casado com Hisana, sua relação com ela era de indiferença. Ela passava longe do que Rukia esperava de uma mãe. Não chegou a conhece-la, já que a mesma faleceu no parto, devido a uma gravidez de risco. Só sabia o que Sojun, seu pai, falou há muito tempo atrás. Tal pai que agora, era mais ausente do que tudo. Afinal, um dos “parentes distantes” era ele. Pelo menos, para Rukia, pois Byakuya tratava as viagens do homem para a Europa sem relutância, já que a culpa era dele.

Às vezes, Rukia não conseguia nem acreditar no tamanho absurdo daquele amor que Byakuya direcionou a Hisana. Era tudo tão exagerado.

— Rukia... Bom... Acho que obrigado. — A garota se assustou bem mais do que o irmão. Qual foi a última vez que Byakuya lhe agradeceu? Há semanas? Meses? Anos? E ele ainda não negou o contato físico.

Tão forçado que chegou a doer.

Mas como assim você agradeceu, Byakuya? Não era você mesmo que disseque não iria seguir o conselho do Renji? A consciência de Byakuya gritava.

— Nii-sama, o que o Renji falou pra você? — O semblante de Rukia mudou. Era curioso, porém desconfiado.

— Nada importante. — Após a resposta de Byakuya, Rukia saiu correndo, subindo as escadas com pressa. O Kuchiki estranhou, de certa forma. Até o momento em que a garota voltou ainda apressada, com o celular na mão. Sentou no sofá com as pernas inquietas. Até o celular vibrar em suas mãos poucos minutos depois. Byakuya assistiu a irmã em silêncio. Rukia batia os dedos no celular fervorosa, mostrando certo desespero.

— Nii-sama... O que o Renji falou pra você? — A garota mostrou preocupação, após olhar o celular. Byakuya teve um pequeno flashback da situação de algumas horas atrás, mas o ignorou de imediato. Não cairia na frente de Rukia assim.

— Nada importante, já disse.

— Sei... — Rukia olhou um tanto cabisbaixa para o chão. Byakuya percebeu uma mudança de estado na irmã, mas decidiu não perguntar sobre. Nunca mostrou preocupação aparente. Não seria agora que a situação mudaria.

— Vou subir, nii-sama. Trate de jantar. Boa noite. — Sem mais palavras, Rukia provavelmente foi em direção de seu quarto. Byakuya interrompeu sua ida.

— Rukia, você pode me passar o número do Renji? — Byakuya tirou o celular do bolso da calça e esticou o braço. A garota pegou o telefone do irmão e digitou o número com agilidade. Subiu a escada em silêncio. Byakuya não conseguiu compreender a mudança de estado da irmã. Aguardou Rukia subir as escadas e encarou o celular. Seria agora ou nunca.

— Alô? — A voz grossa do psicólogo atingiu os ouvidos do Kuchiki.

Por que você está fazendo isso, Byakuya? Sua consciência gritava, pela segunda vez.

— Renji?

— Sim?

— Bom... É o Byakuya.

— Disso eu já sei. — A voz de Renji soava irônica, como sempre. Aquilo deixava Byakuya aos nervos. — Por que você ligou? A Rukia te obrigou? Acho que não temos nada a tratar agora.

— Não preciso de ninguém me dizendo o que fazer.

— Então por que você me ligou?

É, Byakuya. Por que você ligou? Sua ligação tinha sim um motivo, e Byakuya sabia muito bem qual. Porém preferiu ignorar o mesmo. Agora precisava criar uma desculpa conveniente para desligar o telefone. Já tinha feito muita infantilidade por hora. Desligar na cara de Renji não seria mais uma para a lista.

— Liguei pra você porque eu quis. — Motivo insatisfatório, Byakuya.

— Seja direto. Tenho mais coisas a fazer hoje. — A voz de Renji mantinha um tom sarcástico e irritante. Byakuya sentia vontade de jogar o telefone no chão.

— Você é detestável.

— Detestável... — Uma risada foi ouvida do outro lado da linha. — Um dia, você ainda vai cair de amores por mim. — Renji concluiu a frase rindo. Talvez estivesse apenas brincando.

Talvez.

— Nos seus sonhos. Enfim... Eu queria agradecer você.

Silêncio.

— Então Kuchiki Byakuya sabe agradecer? Acho que vou deixar de ser psicólogo e virar milagreiro. Agradecer por eu ter feito você ouvir o que deveria? — E Renji continuou rindo. A voz de Byakuya era tão forçada que as risadas também eram por esse motivo.

— Será que você não sabe fazer outra coisa fora me provocar?

— Quem sabe.

— Você é detestável. Já deveria ter consciência disso. Vou precisar repetir pela terceira vez?

— Detestável demais, claro. Tanto que fui eu que apontei a mão na sua cara, Byakuya.

Silêncio, novamente. Ui!

Byakuya não tinha reação no momento. Tinha dado antes um soco em Renji, perdido o controle. Não se sentia culpado, até agora. Na verdade, ele sequer se lembrava do ocorrido. Aquele soco era o de menos em dia tão desnecessário.

— Não tem palavras, Kuchiki Byakuya? Se você aprendeu a agradecer, sabe também pedir desculpas... Certo?

Que tortura mais absurda.

— Eu não vou fazer isso.

— Fraco.

Abarai Renji, a única pessoa que ousou desafiar Kuchiki Byakuya em seus vinte e cinco anos de vida. Se ao menos fosse só uma provocação... Pelo contrário. Renji aparentava viver em prol de tirar a paciência do Kuchiki.

— Se você soubesse o quanto me irrita, Abarai...

— Ai ai... Você é muito mais irritante. Não sabe pedir desculpas, acha que o mundo gira ao seu redor e ainda machucou meu rosto. Não gosto de gente como você.

— O ódio é recíproco. Se você não gosta de gente como eu, então como me deu uma consulta de graça?

— Eu gosto de desafios. E você está sendo o mais difícil até agora.

O ego de Byakuya se elevou. Não deveria, mas se elevou.

Então ele era um desafio para o psicólogo? Interessante.

— Um desafio? — Byakuya falou com uma voz irônica, assim como a usual do rapaz ruivo. Já tinha se esquecido de todo “desaforo” anterior. Aquela conversa havia tomado um rumo bem diferente.

— Vou ter que repetir? — Renji imitou a voz de Byakuya o máximo que conseguiu. Isso deixou certo Kuchiki com uma ponta de irritação. — Sim, um desafio. Você é o cliente mais difícil que eu já tive em vida. E se isso aumenta seu ego, uma pena. Você não deveria se orgulhar de ser mimado e iludido.

Byakuya desligou o celular. Fraquejou. Tinha sentido uma pequena ponta de progresso em sua “relação” com Renji, mas a última frase fez tudo ir para o cano. E iniciou uma atividade já frequente nos últimos dias: observar o nada que compunha suas paredes.

Após alguns minutos, seu celular vibrou. Uma mensagem.

“Você só falou, falou e falou, pra acabar não falando nada. Ainda estou esperando o pedido de desculpas. Ou será que você não sabe nem escrever a palavra?”

Puta merda, Renji.


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Notas finais do capítulo

{31.12.2013} Ai Rosana, 2013 tá acabando (finalmente)! Nossa, é tão estranho pensar que só vai ter atualização de End Love no ano que vem. JKLÇDHÇKFDLFJDÇ

Eu tô em risos desse Byakuya brigando com ele mesmo KJLÇFGYDJKKGSDLKSÇ uma parte dele quer manter a pose, a outra já não sabe o que fazer e se sente culpada. Tudo por causa desse macumbeiro chamado Renji, tsc. *capota*

Obrigado a todo mundo que está acompanhando até agora. ♥ ;; Um excelente 2014 para todas vocês, gatas. *pisca sensualmente* Muita comida, dinheiros, fanfics e tudo de bom pra vocês, meus amô. ;3; Até a próxima. ♥



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