End Love escrita por Akane


Capítulo 4
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. ;A;
Leiam a notinha final, por favor. ;;
Enjoy! ♥



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Renji encarava o celular, bebendo um copo de água e refletindo na suposta reação que o Kuchiki poderia fazer após ler a mensagem. Soltou um riso. Byakuya talvez tivesse jogado o celular na parede, já que ele poderia comprar um melhor em um piscar de olhos. Mesmo adorando irritar o Kuchiki com suas indiretas completamente diretas e verdades soltas ao vento, o ruivo sentia uma ponta de tristeza. Byakuya, sendo alguém acostumado a ter tudo o que quer sempre, perdendo o que mais amava em vida, sofreu foi um choque terrível. É, a vida era injusta até para um ‘não me toque’ feito Byakuya. Sentir algo como pena do Kuchiki era algo um tanto relativo nesta situação.

O celular de Renji tocou. Era uma mensagem de Byakuya.

“Desculpe. Mas nem pense em se acostumar.”

O ruivo sorriu satisfeito.



Cinco dias depois.

“Ah, Hisagi. Hoje eu não posso.”

“Não me diga que você ainda tá de caso com aquele riquinho chato. Você tá me trocando pelo seu trabalho, cara.”

“Mas é só por hoje. Ou você não consegue pegar ninguém quando tá sozinho?” O ruivo soltou uma risadinha baixa. “Tchau.” E sem mais nem menos, Renji desligou o telefone, enquanto se preparava para ir à casa dos Kuchiki. Rukia havia pedido–na verdade, insistido– ao ruivo para que fosse conversar com Byakuya. Ela jurou que o irmão não seria tão arredio desta vez, e que o trataria bem. Pegou a moto e seguiu para a casa do Kuchiki.

Apertou a campainha da casa. E deu de cara com Byakuya, um tanto assustado com a visita.

“O que faz aqui, Abarai?”

“Como assim o que eu faço aqui, Kuchiki-san? Minha visita já era esperada, não?”

“Nem pensar. Por que eu te convidaria? Não gosto de você, Abarai. De você eu quero distância.”

“Enfim...” Renji suspirou. “Onde está a Rukia?”

“Ela saiu.”

“Como assim ela saiu?” O tom da voz de Renji subiu.

“Vou ter que desenhar Abarai? Ela saiu. Fim. E não grite, pois eu não sou surdo.”

“Não vai fazer a gentileza de me deixar entrar e me convidar para um chazinho, ilustríssimo Kuchiki Byakuya?”

Ah, a ironia.

A melhor amiga do sorriso fino de Renji.

“Por que eu faria isso?”

“Por educação, talvez?”

“Não vou pagar de simpático com você, Abarai.”

“Mas eu só quero entrar. Não pedi pra você ser simpático, senhor educação.”

Renji um, Byakuya zero. O jogo recomeça.

Byakuya soltou um longo suspiro e deixou Renji entrar. O ruivo tirou os sapatos, pegando o chinelo de visitas e seguindo Byakuya em direção à sala. Os dois sentaram no sofá e Byakuya começou a encarar um prato de yakisoba na mesa de centro.

“Não vai comer? Parece bom. A Rukia que fez?”

“Ela que fez sim.” Após a afirmação de Byakuya, Renji pegou o prato de macarrão e colocou uma pequena quantidade da massa nos hashis. Aproximou-se um tanto de Byakuya e apontou os hashis para perto da boca do Kuchiki.

“Coma.” Renji usou um suposto tom autoritário e encarou Byakuya. Parecia sério. Mas só parecia mesmo.

“Eu não acredito nisso, Abarai.” Byakuya ficou incrédulo. “Eu não sou nenhuma criança.”

“Crianças não fazem tanta birra quanto você. Agora coma.”

“Abarai... Por que você faz isso? Quem parece uma criança é você.” Com a última frase, Renji retornou o hashi com macarrão para o prato e se afastou de Byakuya. Soltou uma risadinha.

“Talvez eu pareça uma criança. Mas eu não vivo vinte e quatro horas agindo como uma.”

“Você vive falando como se eu fosse como uma. É um tanto infantil jogar a culpa em outras pessoas, sabe.”

“Você fugiu da sua consulta. Vive fazendo birra por tudo. Quer mais motivos?”

“Caro Abarai, você está na minha casa, mantenha o respeito ao menos aqui. Como você mesmo diz, ‘sossega’. Já cansei de você. Não fale o que você não sabe.”

Alguns segundos de silêncio.

“Desculpe, Byakuya.” Renji respirou fundo. O Kuchiki estava certo, mas aquilo não fazia o psicólogo estar errado, de forma alguma. Talvez Renji não estivesse sendo ‘delicado’ como Byakuya gostaria.

Talvez.

A indelicadeza de Renji era óbvia, tão clara quanto água. Mas tal indelicadeza era o mais marcante na sua personalidade, assim como o fazia se destacar na profissão que escolheu, de formas tanto boas quanto ruins.

Os dois encaravam o chão, em pontas opostas do sofá. Byakuya sentia-se vitorioso. Renji não sabia o que passava em sua cabeça no momento. Talvez um misto de vergonha com indignação. Tinha ‘passado dos limites’, não que aquilo fosse um problema para ele, mas Byakuya complicava tudo. Do que adiantaria o tratar bem se ele não colaborava? Ele precisava entender que não era–e nunca foi– o rei do mundo. Que seu orgulho nunca valeu nada e que só lhe prejudicaria cada vez mais. Mas como faze-lo entender algo tão... ‘Difícil?’ Byakuya não aceitaria a derrota tão cedo.

Tentar não custa nada. Ao menos, não para Renji.

“Kuchiki-san” A voz de Renji mostrava calma, serenidade. Byakuya chegou a estranhar. “Coma. É uma ordem.”

“E desde quando você manda em mim?” Byakuya falou com a voz um tanto desconfiada. ‘Kuchiki-san’, do nada... Aí tem.

“Não importa. Se quiser, eu posso dar um jeito nesse macarrão pra você.”

“E por que você faria isso?”

“Porque eu quero, oras. Não posso nem ao menos praticar uma boa ação?”

Silêncio.

“Tudo bem então. Vem.” Byakuya levantou do sofá soltando alguns suspiros, e fez menção de levar Renji até a cozinha. O Kuchiki concordou após pensar por alguns instantes. Se aquilo fosse fazer o psicólogo parar de encher o saco, então seria ótimo. Renji, um tanto incrédulo, seguiu o dono da casa.

“Preciso de shoyu e alguns vegetais. Pegue o que você julgar conveniente que eu já volto.” Byakuya apenas fez o que o ruivo pediu. Seria possível que Renji só soubesse mandar ou falar mal de Byakuya? Bufou. Enquanto pegava alguns ingredientes na geladeira, o moreno via Renji voltar com o prato de yakisoba deixado na sala. Renji deixou o prato na pia e prendeu os longos fios ruivos, levantando as mangas da camisa e lavando as mãos em seguida.

“Preciso de duas panelas. Uma para cozinhar e a outra para fritar. Grandes, de preferência.”

Maldito Abarai.

Após pegar as panelas, Byakuya se sentou na cadeira da mesa de jantar. Bufou, novamente. Deixou sua cozinha nas mãos de um macumbeiro. Mas não poderia voltar atrás.

“Kuchiki-san, pelo menos puxe conversa comigo.”

“Não sou obrigado.”

“Seja um bom anfitrião.”

“Vou ter que repetir? Não sou obrigado.”

“Ah. Faça como quiser então. Nem parece que pediu desculpas há alguns dias atrás. Incrível como você muda tanto em tão poucos dias.”

Você colhe o que você planta.

E no caso de Byakuya, colheu um árduo silêncio que durou mais de dez minutos.

“Abarai.” Renji mordeu o lábio, e virou para o Kuchiki. Então Byakuya falou com ele? Aquilo poderia terminar melhor do que ele pensava.

“Sim?”

“A comida cheira bem.”

“Não duvide das minhas habilidades culinárias, Kuchiki-san. Onde estão as vasilhas e talheres daqui?”

“Talheres na primeira gaveta. Vasilhas no segundo gavetão.” E Renji tomou a liberdade de pegar tudo, abrindo os armários da casa, mal se importando com Byakuya. O último não conseguia compreender como alguém poderia ser tão folgado. Alguns instantes depois, Renji serviu o Kuchiki. O yakisoba, agora mais colorido e quente, despertou a atenção do moreno.

“Espero que goste, Kuchiki-san. Fiz com muito amor.”

Até mais amor do que o necessário.

Byakuya encarava a comida um tanto receoso. Talvez tivesse algum veneno ou algo semelhante. Porém a linha de pensamento do Kuchiki foi cortada ao ver outro par de hashis invadir sua vasilha. Renji enrolava uma quantidade razoável de macarrão em outro hashi e fez como na primeira vez: levou o hashi até a boca de Byakuya.

“Eu sei me alimentar sozinho, Abarai.”

“Não importa. Apenas coma.” E Renji continuava apontando o hashi para os lábios de Byakuya. O Kuchiki ainda encarava a porção de macarrão, estava com uma cara realmente boa.

Byakuya acabou levando a boca até o hashi, virando o rosto em seguida.

Renji observou o rosto do Kuchiki. Enquanto mastigava, uma leve cor avermelhada tomou as bochechas do moreno. Renji ficou ligeiramente envergonhado. Ver que Byakuya se submeteu a uma de suas vontades pelo menos uma vez na vida foi... Inesperado. Talvez o Kuchiki tivesse decidido ‘nadar em direção do barco’ uma vez na vida. E quem diria que isso aconteceria com uma porção de yakisoba.

“Satisfeito?” Byakuya virou o rosto para Renji. O ruivo, ainda segurando os hashis, o encarou com um sorriso no rosto.

“Você fica uma graça quando fica envergonhado.” Byakuya ficou surpreso. Então ele notou? Céus. Tudo isso por causa de um maldito yakisoba.

Tal prato, tal cozinheiro.

“Não fale besteiras.” Byakuya começou a comer. E desta vez, foi Renji que não conseguiu esconder a surpresa. Eram muitos progressos para uma noite só. Céus. Renji precisava pensar.

“Kuchiki-san, onde fica o banheiro?”

“Vá no de cima. Segunda porta a direita.” Renji apenas assentiu e subiu as escadas. Entrou no banheiro, lavou o rosto e arrumou o cabelo. Encarou seu reflexo, ainda incrédulo com o último acontecimento. E soltou um sorriso bobo. Se Byakuya fosse deste jeito, a vida seria tão fácil.

Fácil, porém desinteressante.

Renji saiu do banheiro e olhou uma porta entreaberta no lado direito do corredor. Não resistiu; teve que espiar pela fresta da porta. E sua curiosidade aumentou ainda mais quando viu uma caixa aberta sobre a enorme cama de casal. Algumas fotografias estavam jogadas na cama ao lado da caixa, porém Renji não iria correr o risco de ser pego em flagrante pelo Kuchiki. Suspirou. Desceu as escadas e ignorou completamente o fato de ter visto resquícios do suposto passado de Byakuya. Se o quarto era realmente do Kuchiki, ele não sabia. Mas sua intuição masculina nem tão aguçada talvez não fosse lhe deixar na mão no momento. Porém, com a atual visão que o psicólogo tinha do Kuchiki, a última coisa que ele pensaria sobre o empresário, é o fato dele guardar coisas que remetem ao seu passado. Talvez fosse masoquista. Se bem que guardar algo que ocasiona dor era a cara de Byakuya.

Ou não.

Renji desceu as escadas e antes de tudo, espiou. Viu Byakuya comendo, rindo. Talvez fosse uma miragem.

Era muito para um dia só.

Ao ouvir os passos de Renji descendo a escada, Byakuya fechou a cara. Caso Renji tivesse visto seu rosto naquele estado, seria seu fim. O ruivo apareceu na cozinha, e se encostou-se à parede a frente de Byakuya. Respirou fundo. E sorriu, mostrando todos os dentes.

“Qual o motivo do sorriso?” Byakuya perguntou colocando uma porção de macarrão na boca em seguida.

“Eu vi você rindo. Foi bem inesperado.”

“Você deve estar vendo coisas, Abarai.”

“Só me pergunto o porquê de você não fazer isso com frequência.”

“E eu tenho motivos para sorrir, Abarai?”

Renji fez questão de sentar na frente de Byakuya. Uma ponta de nervosismo lhe atingiu.

“Você reclama de barriga cheia. Tem tanta gente que não tem a chance de comer todo o dia e você aí, reclamando. Já faz um ano que a Hisana morreu. Quando você vai deixar de reclamar?” Renji bateu no vidro da mesa com força, parecia até que iria quebra-lo. Céus. Perdeu a paciência tão rápido. Algo estranho vindo do seu feitio.

“Você acha que é fácil, Abarai?”

“Claro que não é fácil.” Renji tentava normalizar a voz aos poucos. “Eu perdi meus pais quando eu tinha apenas doze anos e fui morar com pessoas que eu odeio até hoje. Mas reclamar da vida não os trouxe de volta. Que saco. As vezes você não merece o ar que respira, Byakuya.”

“Você me deixa cansado, Abarai. Por que faz tanta questão de se intrometer na minha vida?”

“Eu só quero te ajudar, Byakuya.”

“Você me ajudaria bem mais falando menos. Se coloque no seu lugar.”

“‘Se coloque no seu lugar.’ Sério mesmo que eu ouvi isso? O que torna o meu lugar diferente do seu? Dinheiro?”

“Também.”

“Uma pena que esse seu dinheiro não impediu a Hisana de morar debaixo da terra agora.”

Outro soco.

Mas desta vez, um soco segurado.

“Eu me sentiria péssimo se eu tivesse que apelar para a violência toda vez que uma verdade fosse jogada na minha cara.”

“Por que você não vai embora, Abarai? Por que faz tanta questão de me ajudar?” O rosto do Kuchiki estava baixo, assim como seu tom de voz. Seu punho estava sendo segurado por Renji.

“Eu já disse que quero te ajudar. A Rukia sempre me falou de você, e me senti na obrigação de fazer algo a respeito.”

“Eu não preciso da sua ajuda, Abarai. Eu nunca precisei, na verdade.”

Então as farpas se tornam pedaços maiores de madeira.

Renji soltou o punho de Byakuya e abaixou o rosto. Aquilo não era um desafio. Tinha se tornado algo completamente acima disso. Renji queimava de raiva. Queria quitar tudo aquilo e deixar Byakuya morrer desgostoso com a vida.

Como se ele fosse desistir.

O orgulho de Renji não seria ferido tão fácil. Ele não iria perder. Entendia a mente humana–afinal, era sua profissão–, e não iria desistir de Byakuya tão fácil. Renji sentiu-se um tanto ridículo. Pela primeira vez, seus sentimentos lhe tiraram o foco.

O ruivo soltou uma risada. Errar é humano, certo? Até mesmo naquele caso.

Kuchiki Byakuya era um sinônimo para problema.

Se jogar na cara de Byakuya algumas verdades não surtia efeito, então... Façamos o contrário. Hora de apelar.

“Desculpe, Kuchiki-san. Não foi minha intenção dizer essas coisas ao senhor.”

“Agora reconheceu qual é o seu lugar, Abarai?” Byakuya estranhou, porém não perdeu a chance de responder com a voz sarcástica que tanto odiava quando vinda de Renji.

“Sim. Irei te deixar em paz. Vou embora. Desculpe por hoje.” O ruivo soltou um sorriso, colocou seus sapatos e foi embora, sem mais nem menos. Byakuya mal acreditou ao ouvir o barulho de moto, tal barulho que se distanciava cada vez mais de sua audição. Suspirou. Era um tanto surreal pensar que finalmente teria paz após perder quase toda sua paciência com o psicólogo.

Já Renji, soltava sorrisos cheios de más intenções enquanto voltava para casa.

Mal sabia o Kuchiki que após aquilo, teria cavado a própria cova.


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Notas finais do capítulo

{26.01.2014} Eu agora tenho ordem para a atualização das minhas fanfics: No Quarto ao Lado / Sad Eyes / End Love. Ou seja, a próxima fanfic que eu vou postar será NQAL. Eu não queria fazer isto, porém não terei tanto tempo para escrever a partir da quarta feira (vou estudar em período integral). Então eu praticamente fui obrigada a criar uma série de "horários" para me organizar, caso contrário seria impossível de eu continuar escrevendo. Por causa disto, a atualização da fanfic demorou quase um mês :c Sem contar o bloqueio que eu tive quando comecei a escrever, comecei a escrever este capítulo dia 13 e tive vários problemas para dar continuidade a ele, mas consegui! E acabei gostando bastante dele. ♥

Espero que vocês compreendam minha situação ;; Apesar da demora que minhas atualizações estão começando a ter, espero de verdade que vocês não desistam de mim ;w; No momento, End Love tem 27 leitores, e eu fico imensamente contente ao ver que tem gente que acompanha minha história ;A; Sério. É muito bom ver que tem gente que aprecia seu trabalho, e isso me motiva a escrever apesar de tudo (rainha das inseguranças yayay) Enfim, façam uma humilde escritora feliz deixando aquele review maroto e... Só ♥

PS: Eu voltei com um vício lazarento em Saint Seiya (tô vendo o Lost Canvas e verei a saga clássica novamente depois) e meu dedo tá coçando pra escrever. Alguém aqui curte? ;w; *capota*

Vejo vocês na próxima atualização. ♪



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