Lágrimas de Amor escrita por XxLininhaxX


Capítulo 27
POV Jacob




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Cara! Eu não sabia o que fazer. Como se já não bastasse a Sophie resolver sair do armário, agora Carlisle me colocou contra a parede. Eu realmente não tinha ideia do que fazer. Quer dizer, eu sofri um imprinting pela Sophie e tudo, mas eu realmente estava cansado de ser feito de otário. Sim! Esses vampiros metidos acham que só porque eu sou um lobo eles são mais fortes e mais capazes que eu. Tudo que acontece de importante eles me excluem ou, pelo menos, tentam me excluir. Aconteceu a mesma coisa quando o problema era a Bella! Qualquer coisa que acontecesse eles tentavam manter fora do meu alcance. Eu estava puto! Carslisle vivia falando que me amava como filho e blá blá blá, mas na hora de demonstrar que confiava em mim ele sempre me decepcionava. Eu nunca podia participar de nada que era decisivo. Eu não queria fazer parte de uma família que não confiava em mim e na qual eu também não confiava. Afinal, depois do que aquela Barbie oxigenada fez, não podia dizer que estava tudo bem. Sem confiança, sem família. Se fosse para viver assim, seria melhor voltar para a matilha. O que me atraiu nos Cullen foi justamente a cumplicidade e a união típicas de uma família. Eles se ajudavam, se preocupavam um com o outro, compartilhavam amor e carinho, era aquele tipo de vida que eu queria para mim. Mas mesmo que eles me considerassem parte da família, eu sentia que era diferente. Era como estar em um lugar onde não deveria estar. Sentir que estava no lugar errado, no momento errado e com as pessoas erradas. Isso me magoava, feria meu orgulho. Eu jamais me sujeitaria a ser um cachorro que corre atrás de migalhas de carinho. Eu preferia ficar sozinho. Se eles não estavam dispostos a me tratar como igual, eu não estava disposto a fazer parte daquela família. Era simples. Mas as coisas se complicaram a partir do momento que Sophie os conheceu. Eu não podia abandonar minha pequena. Ela era louca, instável, problemática, insegura e complexada, mas era minha garota, minha sugadora de sangue, minha tampinha. Eu a amava! E não era simplesmente por causa do imprinting, por mais que ele tivesse sua porcentagem de responsabilidade. Eu realmente amava a Sophie! Ela era estranha e isso me atraía. Talvez eu também fosse louco por gostar disso, mas eu não me importava com isso. Ela era uma incógnita e seria impossível conhecê-la e não querer desvendá-la. Uma aura misteriosa envolvia aquele pequeno corpo. E quanto mais tempo você passava ao lado dela, menos você sabia sobre ela, o que dava vontade de passar mais tempo com ela e assim formava um ciclo. Ela era completamente imprevisível. Quando você pensa que ela vai fazer uma coisa, ela vai e faz o oposto. Como aquele beijo! O que foi aquilo? Foi do nada! Eu nem sequer tive tempo para pensar no que estava acontecendo. Minha cara com certeza devia estar bem engraçada, já que eu fiquei tão surpreso que não consegui mexer um músculo sequer. Eu esperei por aquilo desde que a conheci. Provar o sabor daqueles lábios tão convidativos. Mas o que ela fez foi tão rápido que eu nem sequer pude aproveitar o momento. E quando eu dei por mim, já tinha acabado. Cara! Essa garota me deixava louco! Ela que não perdia por esperar. Eu sou tímido se pego de surpresa, mas ela que vá achando que vai me manipular assim. Eu ainda daria o troco!

Desde aquele dia passou-se uma semana. Eu não estava morando com eles, afinal ainda não tinha dado a resposta a ninguém. Resolvi fazer uma visita naquela manhã. Minha tampinha já estava quase toda curada. Eu ainda ficava um pouco impressionado com a velocidade de cura em um vampiro. Os ferimentos que ela tinha não eram simples arranhões. Ela se queimou! Naquele dia em que chegaram, Carlisle contou tudo que tinha acontecido. Sophie também contou tudo que aconteceu antes de Carlisle e Rose aparecerem. Eu ainda não conseguia imaginar as cenas. Sophie perdeu o controle e matou dois vampiros extremamente fortes. E ela teria matado aqueles Volturi se Carlisle não tivesse interferido. E por causa daquela interferência, os dois acabaram saindo queimados. Era loucura! Os dois poderiam ter morrido! A Sophie ter sobrevivido nem é tão surpreendente assim, afinal pela história que ela teve parece que aquele tipo de situação era bem comum. Mas Carlisle podia ter morrido! O fogo que Sophie manipulava era extremamente intenso. E com ela fora de controle eu nem tinha ideia do quão forte seria o fogo. Se ele tivesse morrido, o que teria acontecido? O que seria dos Cullen? O que seria da minha tampinha? Toda aquela história foi uma loucura! Mas pelo visto as coisas realmente se resolveram. Agora minha garota estava livre daquela vida de perseguição e lutas. Por mais que o resultado tivesse sido positivo, eu não conseguia aceitar o que acontecera! Rose traiu todo mundo! Ela entregou a própria irmã para um inimigo! Isso era imperdoável! E como se já não fosse suficiente, Carlisle decidiu levá-la para tentar salvar a Sophie! Justo ela, a traidora! Eu não tinha nem palavras para descrever o quanto aquilo me revoltou e o quanto feriu meu orgulho. Carlisle preferiu levar uma vampira traidora a me levar! Fora que ela estava toda machucada. Será que ele realmente achava que eu era mais fraco até que um vampiro em condições tão precárias como eram as da Rose?! E daí que era no castelo dos Volturi? Eu sabia muito bem me defender! E tenho certeza de que eu seria maior ajuda que aquela sanguessuga sem cor. E além do mais, era a minha garota que estava em perigo! Nada mais justo que eu fosse salvá-la. Mas não! Carlisle decidiu que eu era fraco e que não podia confiar que eu saberia me defender. Era tanta injustiça e tanta humilhação que eu não consegui deixar de ficar revoltado! E era por isso que eu não sabia que resposta dar!

Por mais que eu estivesse irritado com o que aconteceu, eu não podia deixar de sentir-me um pouco sozinho. Durante essa semana, Sophie resolveu me dar espaço. Ela disse que não queria que eu me sentisse pressionado, por isso não ficaria muito grudada em mim. Eu entendi o que ela pretendia e realmente aprovei sua atitude. Eu me sentia feliz por ela entender que eu precisava de um tempo sozinho, para organizar as ideias. Se bem que eu não precisava pensar tanto no que ela me pediu. Por mais que ela me irritasse, eu seria incapaz de abandoná-la. Agora ela era minha vida! Eu só precisava de um tempo para ficar calmo e não sair falando coisas das quais eu me arrependeria depois. Eu não queria dizer coisas que pudessem afastá-la de mim. Eu não queria fazer coisas que a magoasse de alguma forma. Eu, mais que todos, desejava vê-la feliz. E eu sabia muito bem o quanto eu poderia magoá-la com esse meu jeito impulsivo. Eu só precisava me acalmar. Já meu problema com Carlisle era um pouco mais complicado. Eu podia me acalmar o tanto que fosse, que eu ainda continuaria revoltado. Era diferente. Sophie fazia as coisas não porque queria, mas porque sempre vivera daquela forma. Ela ainda estava descobrindo outras maneiras de viver. Ela ainda estava se habituando a viver com pessoas ao seu redor. Por isso eu nunca poderia levar as confusões que ela arrumava para o lado pessoal. Por exemplo, eu sabia que quando ela se machucava, quando ela se colocava em risco, não era porque não tinha consideração pelos meus sentimentos, era porque ela sempre vivera daquela forma. Ter alguém se preocupando com ela era algo novo. Claro que isso me irritava! Mas era momentâneo. Já Carlisle tinha plena consciência do que estava fazendo. Eu tinha certeza que ele sabia o quanto aquela decisão ia ferir meu orgulho. E mesmo assim ele o fez. Isso me irritava! Cada vez que eu pensava nisso, sentia meu sangue ferver. E todas aquelas palavras de pai? E todas aquelas promessas? Era só da boca para fora? Eu sabia que esse negócio de regras não era pra mim. Eu simplesmente não conseguia entender o que ele pretendia. Fora que ele sempre fazia o que bem entendia. Ele tava pouco se fudendo se eu não concordava. Sua palavra era a final. Eu nunca fui o tipo que abaixa a cabeça assim. E eu estava disposto a aceitá-lo como meu superior, mas eu esperava que ele me desse o que eu preciso, não que ele fizesse o que lhe desse na telha. E o que estava me deixando mais irritado é que, mesmo que eu estivesse revoltado, eu sentia falta dele. Afinal, não foi só a Sophie que resolveu me dar uma fria. Ele também estava me tratando diferente. Não que ele estivesse me evitando ou algo do tipo. Ele apenas estava me tratando normal, como a qualquer um de seus conhecidos. Era educado, cortês, simpático, mas frívolo como um verdadeiro vampiro. Era diferente do Carlisle caloroso e gentil que eu conhecia. E confesso que isso estava me incomodando. Eu estava confuso! Eu gostava sim do Carlisle e de toda a família, até da senhorita “nariz em pé”. Mas... Ah! Eu não sabia o que pensar! De qualquer forma eu já tinha tomado minha decisão.

Entrei em casa e Sophie veio correndo até mim.

– Jake! Que bom que veio! – ela disse me abraçando.

– Todo dia, tampinha. – eu falei sorrindo.

– É bom vê-lo novamente, Jacob. Por favor, acomode-se à mesa. Já estamos terminando, mas posso fazer algo do seu agrado. – disse Carlisle sorrindo. Ah! Falso!

– Não, obrigado. Na verdade eu queria conversar com você. E com você também, tampinha. – disse bagunçando os cabelos dela.

– Já vai dar a resposta? – Esme veio afobada até mim.

– Digamos que sim. – respondi um tanto quanto sem graça.

– Ah, meu lobinho! Espero que sejam boas notícias. A mamãe morre se tiver que te perder. – ela me abraçou totalmente carinhosa e eu não consegui não retribuir. Ela então aproveitou para sussurrar em meu ouvido. – Independente da sua escolha, você sempre será meu Jake, meu filho.

Meus olhos marejaram com aquilo. Esme era alguém que sempre me emocionava de alguma forma. Mesmo que eu não tivesse mãe, eu já convivera com várias. Mas Esme, de longe, era a mais surpreendente. Aquele amor que ela devotava era fora do normal. Eu sentia que poderia contar com ela para qualquer coisa. Confesso que sempre a achei melosa demais, mas era algo tão natural dela que não tinha como não gostar. Eu nunca fui muito ligado a mimos, mas os dela eu gostava. Não sabia por que e também não queria descobrir. Eu gostava do sentimento puro e claro que existia entre nós. Sem “porquês” ou “pra quês”. E mesmo que minha decisão me fizesse perder por um lado, eu sabia que ela eu jamais perderia.

– Vamos para o escritório. Lá teremos mais privacidade. – disse Carlisle.

– Por mim tanto faz. – dei de ombros.

Subimos os três para o escritório. Eu tinha uma postura despreocupada, mas estava muito nervoso. Não foi uma decisão fácil de tomar. Eu não sabia o que aconteceria dali por diante. Eu não sabia qual seria a reação de Carlisle. Eu só queria acabar logo com tudo aquilo. Assim que entramos Carlisle fechou a porta e se dirigiu para sua mesa. Ela não assentou na cadeira, apenas encostou-se à mesa e ficou me olhando seriamente. Sophie ficou ao lado dele. Eu estava me sentindo em um divã.

– Então, Jacob, o que você quer nos dizer? – Carlisle começou.

– Acho desnecessário explicar a situação, vocês sabem muito bem do que se trata. Eu odeio ficar enrolando, então vou logo dar a minha resposta. – respirei bem fundo. – Sim.

Eu devo ter dito algo muito estranho, afinal, eles ficaram olhando para mim com cara de quem não havia entendido.

– Alguma dúvida? – perguntei revirando os olhos. Eu ia mesmo ter que explicar?

– Todas! – Sophie disse. – O que foi esse sim? Sim o que?

– Vocês estão brincando com a minha cara, não é? – eles continuaram me olhando com cara de incógnita. Eu suspirei cansado de tudo aquilo. – Sim, eu quero você pra mim, tampinha. E sim, eu quero fazer parte da família Cullen. Satisfeitos?

Os dois continuaram olhando para mim com um olhar confuso. Eu levantei meus braços, resignado. Eles só podiam estar brincando comigo. De repente vi minha garota pulando em meus braços, me levando ao chão. Eu achava engraçado ela fazer isso, afinal sempre fora muito reservada e nunca foi muito de contato físico. Parece que todo o desejo que ela tinha de receber carinho saiu de uma vez. Ela estava chorando.

– Jake, Jake, Jake! – ela não sabia se sorria ou chorava.

– Fala sério, tampinha. Precisa disso tudo? Até parece que você duvidou da minha decisão!

– Claro! Desde quando você pensa que eu me acho digna de uma segunda chance? Eu estava esperando não bem grande!

– Eu não posso deixar você, pequena. Seria negar a minha existência. – eu disse sério e ela murchou o sorriso.

– Eu não sei dizer coisas bonitas assim, mas eu vou tentar o meu melhor. Eu nunca fui muito sincera e nunca lidei muito bem com sentimentos, mas se for com você eu sei que eu vou ficar bem.

Aqueles olhos, aquela voz, aquele jeitinho só dela. Eu poderia morrer naquele momento, só aquilo já era suficiente para me fazer feliz. Ela não tinha menor ideia do quanto ela era importante, do quanto ela mexia comigo. Mas ainda teria muito tempo para mostrar isso para ela. Coloquei minhas mãos em seu rosto e me aproximei até nossos narizes se tocarem.

– Eu nunca mais vou deixar você sair dos meus braços. Você nunca mais vai me fazer passar por aquilo de novo. Espero que esteja preparada, porque eu sou extremamente possessivo. – eu falava sorrindo e olhando dentro daqueles belos olhos.

Ela não disse nada, apenas me abraçou novamente. Ficamos abraçados, no chão, por um tempo. Até que fomos lembrados que não estávamos sozinhos.

– Entendo que estejam curtindo o momento, mas serei obrigado a interromper. – disse Carlisle.

Levantamos do chão e encaramos Carlisle. Ele estava sério e eu não entendia exatamente o porquê.

– Sophie, será que você pode me deixar a só com Jacob?! – ele pediu.

Ela me olhou com um olhar preocupado. Provavelmente já sabia o que aconteceria. Eu também já imaginava, mas não seria uma coisa simples igual ele, provavelmente, estava imaginando. Sophie beijou meu rosto e saiu do escritório. Eu a acompanhei e fechei a porta. Ainda de costas para Carlisle, suspirei.

– Escuta, Carlisle. Eu não...

Não consegui terminar a frase. Senti-o me abraçando. Era um abraço diferente de todos que ele já me dera. Transmitia um alívio por me ter ali, em seus braços e, ao mesmo tempo, uma aflição para que eu não saísse de lá. Devo confessar que aquilo me desmontou. Eu estava pronto para dizer poucas e boas para ele, mas aquilo foi inesperado. Eu estava aguardando o momento em que ele começar um sermão sobre o fato de que agora que eu era seu filho e não poderia desobedecer as suas regras e blá blá blá. Mas... Senti lágrimas em meu pescoço. Ele estava chorando? Ah! Fala sério! O que ele queria? Que eu me debulhasse em lágrimas e implorasse por aquele amor? Eu sinceramente fiquei sem reação. Apenas esperei que ele se pronunciasse.

– Você não tem ideia do quanto me fez feliz hoje. – ele disse, fazendo com que eu me virasse para ele. Eu pude olhar bem dentro daqueles olhos e confesso que segurei para não chorar, era o Carlisle de sempre que estava ali, meu... pai. – Eu não sei nem colocar em palavras o quanto eu fiquei apavorado com a ideia de não te ter como filho. De ser obrigado a lhe tratar como fiz nessa angustiante semana. Eu não queria, mas também não queria te encher de mimos que poderiam influenciar sua decisão. Eu queria que você entendesse que existe uma enorme diferença entre ser meu filho e não ser. E mais do que isso, eu estava me preparando, caso sua resposta fosse diferente. Obrigado, obrigado por confiar em mim. Por me permitir fazer parte da sua vida.

Saco! Eu não me aguentei, acabei abraçando-o. Aquelas palavras, aquele jeito de falar! Merda! Merda! Merda! Por mais revoltado que eu estivesse, ele conseguia me cativar daquela maneira. Eu me sentia extremamente vulnerável perto dele. Parece que ele sabia exatamente como me constranger, como me desmontar. Eu detestava aquilo e ao mesmo tempo amava. Detestava porque, cara, eu sou orgulhoso. E amava porque eu sentia que isso significava que ele me conhecia e eu não precisava ser diferente do que eu era, ele me amaria e estaria do meu lado. E isso só dificultava para mim. Como que eu poderia me revoltar contra alguém assim? Saco! Saco! Saco!

– Por favor, sente-se aqui comigo. – ele disse apontando para um sofá no canto da parede. Eu o acompanhei. – Jake, meu filho, eu quero que isso dê certo. Eu quero que você realmente não duvide que é meu filho. Eu não sou o tipo de pai que dá espaço para pensamentos do tipo “ele não gosta de mim, ele não se importa comigo, ele não confia em mim” e etc. E eu realmente sinto que você quer me dizer alguma coisa. Por isso, coloque toda essa revolta para fora agora e me diga o que tiver que dizer. Eu fiz algo de errado? Eu te magoei? Eu disse alguma coisa que você não gostou? Diga-me.

Era agora. Ele estava me dando oportunidade, então eu não ia me calar. Fechei meus olhos e tentei visualizar todo o desespero que passei por conta daquela decisão idiota que ele tomou, tudo que eu senti quando ele fez o que fez. Cada pensamento, cada sentimento, cada momento que atravessou minha vida naqueles dias. Quando abri meus olhos senti minha face queimando. Provavelmente eu estava vermelho de raiva.

– Eu sei que você sabe porque eu estou revoltado, Carlisle. – tentei começar calmo.

– Eu imagino. É porque eu não quis te levar para Volterra, não é?

– Isso mesmo. Você não imagina o que eu passei por conta disso. Vocês vampiros não entendem a força que existe no imprinting. É algo extremamente forte! Eu posso sentir quando a tampinha está em perigo, eu compartilho dos sentimentos dela. É como se nossas almas estivessem conectadas. Agora, tente por um minuto sequer imaginar a minha agonia ao sentir o perigo que ela estava correndo e não poder fazer absolutamente nada. Eu, que deveria protegê-la com a minha vida, não pude fazer nada! Eu quase enlouqueci!

– Esme me contou o quanto você ficou nervoso.

– Não foi uma questão de nervosismo! Eu simplesmente não conseguia me controlar ao imaginar o tipo de sofrimento que a pequena estava passando! A vontade que eu tinha era de sair quebrando tudo e todos que apareciam na minha frente. E toda vez que eu pensava nisso eu me lembrava de que o responsável por isso era você! Por sua culpa, eu fui obrigado a passar por isso! Por sua culpa eu não pude fazer nada pela pessoa mais importante na minha vida! E eu tentei, de verdade, entender por que você fez aquilo. Mas eu não entendia! Quanto mais eu pensava, menos sentido fazia! Por que eu não podia ir? Será que você me acha tão fraco ao ponto de pensar que eu não sei me defender? Será que acha que eu era tão fraco ao ponto de não oferecer uma ajuda sequer? E o pior! Você levou aquele cadáver de Barbie! Você preferiu levar ela, que estava toda machucada, a me levar. Será que você acha que ela é mais forte que eu até machucada? Fora que nem preciso comentar que tudo isso foi causado por ela. Você pisoteou meu orgulho e ainda esfregou o pé em cima. Eu me senti humilhado e então comecei a pensar na hipótese de você não me considerar da família, por isso não queria que eu interferisse, assim como foi com Bella. Foi injusto, Carlisle! Foi injusto! Se você não confiava em mim para algo daquele tipo, por que queria me ter na família? Eu não quero fazer parte de uma família em que não confiam em mim, que me excluem das coisas importantes, que fazem questão de esfregar na minha cara que eu sou diferente e que por isso não posso ser tratado como igual! Isso me tirou do sério! E eu fiquei puto!

– Olha a boca! – ele me chamou a atenção. Então, suspirou e voltou a me encarar. – Jake, eu sinto muito que isso tenha chegado a esse ponto. Eu devia ter conversado com você direito sobre o motivo de não te levar comigo. Nós tivemos uma breve conversa, mas parece que eu não fui tão claro quanto eu pensei. Mas se você está esperando que eu me arrependa da minha decisão, pode esquecer. Se antes eu tinha alguma dúvida, agora eu tenho certeza de que a minha decisão foi a mais correta.

Correta? CORRETA? Quer dizer que você faz o que quiser e foda-se o resto?

– Jacob, eu não vou falar de novo. Acho bom escolher melhor suas palavras!

– EU NÃO VOU ESCOLHER MERDA NENHUMA! EU NÃO VOU ABAIXAR A MINHA CABEÇA PARA UM DITADOR QUE NÃO ESTÁ NEM AÍ PRO QUE OS OUTROS PENSAM! SE É ASSIM QUE VOCÊ VAI LEVAR AS COISAS, EU NÃO QUERO MAIS SER SEU FILHO!

– Jacob, acalme-se. Eu não...

– ME ACALMAR? – eu me levantei. – EU NÃO VOU ME ACALMAR PORRA NENHUMA! NÃO ATÉ QUE VOCÊ PEÇA PERDÃO! EU NÃO VOU ME ACALMAR ATÉ QUE VOCÊ ASSUMA O MAL QUE FEZ! – eu apontei o dedo na cara dele.

Carlisle estava calmo, o que me deixava ainda mais irritado. Ele deu um suspiro e levantou-se.

Senta aí, moleque! – ele disse em tom autoritário.

– EU NÃO...

– MANDEI SENTAR!

Ele me empurrou e eu caí sentado no sofá. Ele não demonstrava raiva, mas eu podia ver em seus olhos que ele estava chegando ao limite de sua paciência. Confesso que fiquei um pouco acuado. Eu sabia que estava empurrando sua compaixão ao máximo. Eu sabia o quanto ele não suportava ser desafiado daquela forma tão desrespeitosa. Porém, eu não ia mostrar respeito enquanto ele não me convencesse que merecia. Vi ele caminhando de um lado para o outro na minha frente, passando as mãos no cabelo. Ele parecia pensar seriamente em algo.

– Jacob, escuta! Você só está pensando em você! Não está considerando meus sentimentos! Ditador? Não está nem aí? Acha que eu pedi para que você ficasse aqui apenas por um capricho? Qual é o seu problema? Que tipo de pai você acha que eu sou? Você acha que eu sou idiota para arriscar minha vida desse jeito apenas por uma questão de capricho? Jacob, eu fiz isso pensando no seu bem! Eu tenho uma família para zelar e você está incluso nela! Existe um motivo para que eu não tenha levado nem você nem seus outros irmãos! Eles sabem o quão perigoso é Volterra, mas você sequer chegou a conhecer os Volturi direito! Eles não são vampiros quaisquer! Eles são perigosos! Você viu o estado em que eu cheguei aqui? Você viu o quão machucado eu estava? Era justamente isso que eu estava tentando evitar que acontecesse com você! Grande parte dos meus ferimentos foi causado por eles! Agora me diga: você acha que eu sou fraco? – fiquei calado, achei que era uma pergunta retórica. – Responda!

– Não.

– Pois muito bem, e se eles fizeram aquilo comigo, imagina o que eles poderiam fazer com você? E você provavelmente estaria em uma situação ainda pior, porque não é um vampiro! Eles não teriam a menor piedade de você, te matariam sem nem piscar! E eu não poderia fazer nada! Não consegui sequer me proteger! Jacob, por favor, entenda! Eu não te levei não foi porque te acho fraco ou porque eu achei que você não seria de grande ajuda! Não foi por isso, meu Deus! Eu sou seu pai! Eu sei muito bem o quanto você é forte! Sei muito bem o quanto é capaz! Mas não era essa a questão, Jacob! Tudo que eu estava fazendo era tentar te proteger de se machucar desnecessariamente! Eu já estava com uma filha machucada e a outra desaparecida! Você acha que eu queria ainda mais um problema? Acha que eu tinha condições de arriscar mais um filho?

– Mas você levou a Rose! – tentei argumentar.

– Eu não queria ter levado-a! Eu fui forçado a isso porque os Volturi podiam tentar me enganar, o que aconteceu, e eu não teria como saber, porque não vi quem raptou a Sophie! Só você e ela sabiam! E foi por isso!

– Já que você não estava considerando ajuda em uma luta, eu poderia muito bem ter ido e reconhecido o vampiro!

– Não! Não podia ser você! Jacob raciocine comigo: a Rose é uma vampira, por isso os Volturi não se importariam com sua presença lá. E no estado em que ela se encontrava, não traria vantagem alguma fazer algo contra ela. Logo, eu poderia deixar a Rose sozinha sem ter que me preocupar que ela estaria em perigo. Claro que o castelo dos Volturi é perigoso para nós que somos “vegetarianos”, mas não é algo que a Rose não poderia controlar. Já você, Jacob, possuía todas as características para ser alvo dos Volturi. Além de ser o inimigo natural dos vampiros, ainda possui uma relação extremante forte com a Sophie. Muito mais forte do que a relação que ela e Rose possuíam. Óbvio que eles tentariam te ferir para afetar a Sophie, igual eles fizeram comigo.

– Mesmo assim, não é justo! Não é justo! A Rose traiu a todos! Ela não merecia ir com você!

– E você acha que ter ido para Volterra comigo foi uma recompensa? Jacob, onde você está com a cabeça?! A Rose foi uma das que mais sofreu com essa história! Foi ela quem achou a Sophie e pela cena que ela descreveu, acredite, não foi algo bom de ver! Naquele momento a Sophie nem reconhecia ela! Tem noção do quanto isso foi doloroso para ela? Ver Sophie naquele estado e saber que a culpa era dela? Consegue imaginar o peso que ela estava carregando? Se alguma coisa acontecesse com a Sophie, ela seria a culpada por toda a eternidade! Eu não levei a Rose para um passeio no parque! Eu a levei para encarar o resultado das escolhas erradas que ela tomou! E pode ter certeza que não foi divertido!

– Mas ela podia ter esperado aqui! Não faz sentido! Levar a Rose no meu lugar não fez o menor sentido! Eu era a melhor escolha pra isso! Eu precisava estar lá!

Carlisle passou as mãos, nervoso, no cabelo.

– Jacob, meu filho, por Deus! Tente entender! Eu sei muito bem que em uma situação como aquela você realmente seria maior ajuda que a Rose, ainda mais com ela machucada daquele jeito! Mas eu não fui lá procurando briga! Eu fui lá para tentar resgatar a minha filha! Tudo que eu queria era trazer a Sophie em segurança para casa sem que mais nenhum dos meus outros filhos se machucasse! Já bastava ter visto a Rose daquele jeito e depois a Sophie, eu não ia aguentar ver mais um de vocês daquele jeito! Jacob, minha família é minha vida! Tem noção do quanto eu sofri por ver as duas naquele estado? Tem noção do quanto me doeu apenas ver e não ser capaz de fazer nada para ajudar? Não ter sido capaz de evitar? Não! Não! Não! Eu sou o pai! O meu dever é proteger vocês! E eu já tinha falhado com a Rose e com a Sophie! Se eu falhasse com mais algum, se eu falhasse com você, eu jamais me perdoaria! Jamais! Jacob, em momento algum eu quis te excluir de nada! Em momento algum eu te tratei de maneira diferente! Seus outros irmãos também ficaram aqui, sua mãe ficou aqui! Todos eles queriam estar lá comigo também! Se eu mandei você ficar aqui, é porque eu te considero tão importante quanto seus outros irmãos e não porque penso que você seja fraco ou porque não faz parte da família! Céus! De onde você tirou essas ideias? O que eu tenho que fazer para te provar que eu te amo? O que eu tenho que fazer para te provar que eu te considero meu filho? Eu não sei mais!

Carlisle apertava os pulsos com força. Eu não queria que ele se sentisse assim. Eu só... Eu só queria ajudar. Eu queria ajudar minha garota, eu queria ajudar meu pai. Só isso! Será que eu arrumei toda essa confusão só porque eu queria que meu desejo fosse atendido, como um molequinho de cinco anos fazendo pirraça? Cara, senti-me envergonhado. Eu pensei que Carlisle estava sendo egoísta, quando na verdade o egoísta fui eu. Eu estava tão concentrado na minha dor que esqueci que Sophie tinha outras pessoas que a amavam tanto quanto eu. Droga! Agora eu estava me sentindo um idiota! Carlisle nunca me excluiu, nunca deixou de se importar comigo. Eu é que estava sendo teimoso, de novo. Eu queria que as coisas fossem do meu jeito, sem me importar com o resultado disso. Mas Carlisle pensou em mim, pensou em minha proteção. Cara, ele só estava sendo meu pai! Qual era o meu problema? Talvez nesse ponto eu fosse parecido com a Sophie, não posso dizer que sempre tive alguém para me proteger. A verdade é que eu estava acostumado a proteger os outros e não o contrário. Eu estava disputando essa posição com Carlisle inconscientemente? Não é possível que ia chegar a tanto? Será mesmo que era só falta de costume em ser protegido ou será que tinha pouco de orgulho ali? Acho que isso não importava, afinal eu já tinha feito a cagada.

Fiquei em silêncio e de cabeça baixa. Estava esperando que Carlisle fizesse alguma coisa ou falasse algo. Não queria encará-lo, estava me sentindo muito estúpido naquele momento.

– Jacob, olhe para mim! – saco, ele tinha que pedir isso. Levantei meu olhar à contra gosto. – Eu gostaria que você me perdoasse por não ter lhe explicado meus motivos de maneira clara e ter permitido que esse tipo de pensamento se apossasse da sua mente. Eu sempre gosto de deixar muito claro os motivos que me levam a tomar alguma decisão. Mas tudo aconteceu tão rápido que eu não tive tempo nem condições de lhe explicar com mais detalhes. Claro que isso não justifica, mas quero que tente entender como eu estava me sentindo naquele momento. – ele se aproximou de mim e se agachou na minha frente, segurando minhas mãos. – Jacob, eu amo você, meu filho. Eu não me importo que você seja um lobo ou o que quer que seja. Pra mim você é apenas o meu Jake, meu filho. Com todos os seus defeitos e qualidades, você é meu filho. E tudo que eu fizer, todas as decisões que eu tomar, mesmo que não sejam do seu agrado, pode ter certeza que é pensando no seu bem em primeiro lugar. Você não sabe o quanto é doloroso, para mim, não ter você e seus irmãos seguros, perto de mim. O meu dever é proporcionar para vocês uma vida tranquila e feliz e, para isso, eu preciso mantê-los seguros. É por isso que eu imponho regras. Não é porque eu quero ser chato ou porque não quero que se divirtam. É porque eu os amo demais e sei muito bem que muitas coisas que vocês querem fazer trarão consequências desagradáveis e, às vezes, irreversíveis. Você, por exemplo, imagina o que aconteceria se eu tivesse te levado comigo? Primeiro, eles poderia barrar nossa entrada no castelo e não seríamos capazes de encontrar Sophie. Segundo, mesmo que eles permitissem sua entrada, se por algum motivo eu precisasse te deixar sozinho, qualquer um deles poderia te atacar apenas por você ser um lobo. Terceiro, assim que Aro descobrisse sua relação com Sophie, ele te prenderia e não teria motivo algum para não te matar. Você tem noção do tanto de consequências desagradáveis seriam causadas por conta disso? Tem noção do quanto Sophie sofreria caso acontecesse algo com você? Do quanto Esme ia chorar se você se machucasse? Do quanto minha vida se tornaria insuportável se eu tivesse que presenciar meu filho sendo morto? Eu nunca mais seria feliz, Jacob! Essa casa jamais possuiria paz e alegria novamente! Entenda, eu jamais tomaria qualquer tipo de decisão apenas por capricho ou para impor minha autoridade. Meus filhos me respeitam não porque eu me imponho, mas porque todos eles sabem que eu os amo e que faria de tudo, até o impossível, por eles. E isso é algo que você também precisa entender, meu filho. Sei que algumas decisões que tomo vão contra o que vocês querem, mas eu preciso que confiem em mim. Preciso que confiem que eu só quero o melhor para vocês. – ele se levantou e me olhou com olhos preocupados. – Depois disso que eu te disse, volto a perguntar. É isso que você quer? Você está disposto a abandonar sua atual liberdade em troca de todo o amor que eu estou oferecendo? Não digo que você não terá liberdade comigo, mas sua liberdade será apenas dentro dos meus limites. Você me aceita como o pai que eu sou? Você acha que sou digno de sua confiança ao ponto de você se submeter ao que eu lhe disser? Diga-me, Jake.

Eu abaixei minha cabeça. Saco! Eu detestava admitir que eu estivesse errado. Mas naquela situação o que eu poderia fazer? Carlisle simplesmente jogou na minha cara que eu estava sendo infantil e que ele merecia, sim, o meu respeito. E afinal, que tipo de perguntas foram aquelas? Depois de tudo que ele falou, de toda aquela confissão, ele ainda esperava que eu dissesse não? Depois de ter dito que ele se arriscou daquela maneira para que eu não precisasse me arriscar, como eu podia dizer não? Quem em sã consciência diria não aquele amor desmedido? Nem mesmo meus ex-companheiros de matilha teriam feito algo assim por mim. Ele ainda tinha dúvidas de que eu queria ser seu filho? Ele só estava fazendo aquilo para me constranger, só podia!

– Sim, eu quero. – falei ainda de cabeça baixa.

– Por favor, diga isso olhando em meus olhos. – ele pediu. Que merda! Maldito gosto por contato visual ele tinha!

– Sim, eu quero ser seu filho. – disse olhando em seus olhos.

Ele sorriu para mim e eu não consegui evitar sorrir também.

– Então, levante-se e venha me dar um abraço.

Eu não me hesitei e fiz o que ele pediu. Cara! Eu nunca ia me cansar daquilo. Carlisle era frio, mas eu sentia o calor de seus sentimentos. Aquela paternidade parecia exalar pelos seus poros e transmitir um calor que nem tinha explicação. Era algo que realmente não dava espaço para dúvidas. Ele se afastou de mim e eu vi que seu olhar era sério.

– Já que estamos entendidos, parece que temos contas a acertar, não é mesmo rapazinho?

Droga! Eu tinha me esquecido dessa parte!

– Nem vem, Carlisle! A culpa disso tudo foi sua! – respondi, dando um passo para trás.

– É mesmo, senhor Jacob Cullen? Quer dizer então que por eu não ter explicado meus motivos de maneira satisfatória, você se acha no direito de comportar-se do jeito que quiser? – eu abaixei minha cabeça, sabia que tinha feito mal em tê-lo desrespeitado daquela maneira. Realmente, não justificava. - Você teve a ousadia de me desrespeitar, falar palavras completamente inaceitáveis para sua irmã e me desobedecer falando inúmeros palavrões. Além de voltar a fazer o que já tínhamos conversado; quebrar coisas e não consertar! – até disso ele sabia? Merda! – E ainda não podemos esquecer que você voltou a rosnar para mim, mais de uma vez! Responda-me Jacob, você acha justo tudo que fez por conta de um mal-entendido que surgiu entre nós? Afinal, você não pode dizer que não tentei lhe mostrar, lhe explicar e lhe fazer entender minhas intenções. Eu sempre tentei lhe mostrar de todas as formas possíveis que eu te amo e que seria incapaz de fazer algo que fosse para seu mal. Então, você acha que seu comportamento condiz com as circunstâncias? – eu fiquei calado, mas não era isso que ele queria. – Responda!

– Não. – foi tudo que eu pude dizer.

– Ótimo, já que entende que o que fez foi errado, está na hora de encarar as consequências. – ele falou pegando uma cadeira e sentando-se nela. – Venha logo e, por favor, abaixe as calças e a cueca.

– O QUE? FICOU MALUCO? – gritei nervoso.

Ele está doido se achava que eu ia abaixar minhas calças e deixar que ele me batesse. Da última vez ele o fez por cima da calça e já doeu como o inferno. Nem fudendo que eu ia apanhar pelado!

– Não, eu não fiquei maluco. E se você ousar levantar sua voz novamente, você vai se arrepender ainda mais! – ele falou ameaçadoramente, o que me fez recuar mais uma vez.

– Você só pode estar brincando, Carlisle!

– Jacob, não me faça te buscar!

– Não Carlisle! Você não pode fazer isso! É constrangedor!

– Pois deveria ter pensado nisso antes de se comportar daquela forma! Anda logo, Jacob! Não me faça perder a paciência!

Eu fiquei parado por um momento. Eu tinha que sair dali. Dirigi-me para a porta, correndo, mas Carlisle apareceu na minha frente, como um raio. Ele trancou a porta e continuou olhando seriamente para mim. Eu dei dois passos para trás e olhei para trás. Avistei a janela e corri para ela. Ele, novamente mais rápido, apareceu na minha frente e fechou a janela. Droga! Por que ele tinha que ser rápido daquele jeito? Ele então me pegou pelo cotovelo firmemente.

Eu não estou com paciência para brincar de gato e rato! Quando eu disser... PAFT**... para vir... PAFT**... você vem... PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**... Entendeu Jacob? PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**

– Aaauuu… Entendiii. – disse colocando a mão na minha bunda, já dolorida dos primeiros tapas.

Ele saiu me puxando e sentou-se na cadeira, me jogando por cima de seu colo logo em seguida. Ele segurou o cós da minha calça e eu, automaticamente, segurei sua mão.

Você ainda quer me desafiar, Jacob? Pois bem, vou te ensinar qual é o seu lugar!

– Não, esperaaa...

Ele segurou minha mão nas costas e abaixou minha calça e minha cueca em velocidade vampírica.

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… aaaaiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… paa-paraaa

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… aaahhhh

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… hhuuummm

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… chee-chegaaaa

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… aaahiiiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… d-dóóiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… eu nã-nãooo façooo ma-maiiiis

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… tá booomm

Está entendo, Jacob?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… ssiiiiiiiiimmm

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… eu entendiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… j-jáááá en-entendiiiiii papaaaaaaii

Pois acho que tenho que ser mais claro!

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… t-tááá do-eeennndooo

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… paraaaa

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… paaaaaiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… paaaaizinhoooo

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… AAAAAAHHHHHH

Finalmente não aguentei e gritei mais alto, deixando lágrimas caírem. Cada tapa parecia mais forte. Era bem pior do que da última vez, provavelmente porque eu estava sem as calças e a cueca. Caramba! Será que todos os meus irmãos apanhavam assim? E mesmo assim viviam fazendo merda? Doía pra caramba! Era insuportável!

Eu vou ter que repetir isso, Jacob?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… NÃÃÃOOOOOO

Quando eu mandar você faz o que?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… OBEEEDEÇOOOO

Faz o que?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… AAAAAHHH OBEDEÇOOOOO

Vai quebrar as coisas de novo?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… NÃÃOOO SEEENHOORR

E se quebrar, você faz o que?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… CHEEEGAAAA

Responda!

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… CONSERTOOOO

Você vai falar palavrão de novo?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… NÃÃOOOO PAAAIIII

Vai respeitar seus irmãos?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… AAAAHHIIIIII

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… VO-VOOOOUUU

Ele parou de me bater. Meu rosto já estava totalmente molhado. Minha bunda estava ardendo horrores. Caramba, dessa vez eu realmente o irritei! Mas finalmente ele tinha parado. Ele me levantou e eu fiquei esperando por um abraço, que não veio.

– Jacob, eu realmente gostaria de parar isso aqui. Mas eu não posso permitir que você continue me desrespeitando como você o tem feito. Você já tinha apanhado por ter rosnado para mim e voltou a fazer, duas vezes. Parece que eu não fui claro o suficiente da última vez, mas dessa vez eu vou ser! Você nunca mais vai rosnar para mim, meu jovem! Eu não sou seu inimigo, não sou nenhum carrasco e não sou qualquer um para que você me trate dessa forma! Isso é uma completa falta de respeito e é algo que eu não tolero!

Ele se levantou e eu o vi desabotoando o cinto. Ele ia me bater mais? E de cinto? Só podia ser brincadeira!

– Mãos na mesa, Jacob.

– Nã-nãooo papai... Che-gaaaa... e-eu nããoo agueentooo ma-maaaiiss... – falei choroso.

Eu vou ter que te bater por me desobedecer de novo? – ele disse sério.

– Nãooo...

SHLAP**... AAAAHHHH

Então mexa-se!

Eu me resignei e obedeci, era melhor acabar logo com aquilo. Eu já estava soluçando e fungando. Apoiei meus cotovelos na mesa e debrucei minha cabeça entre eles.

SHLAP**... AAAAAUUUU – a primeira cintada estalou na minha bunda e eu não consegui segurar o grito.

Eu SHLAP** SHLAP**... AAAAAHHH

Não SHLAP** SHLAP** … PAAAAIII

Quero SHLAP** SHLAP**... NÃÃÃOOOO

Você SHLAP** SHLAP**... AAAAAAUUUUU

Rosnando SHLAP** SHLAP**... D-DÓÓÓÓIIII

Para mim SHLAP** SHLAP**... PAARAAA

De novo SHLAP** SHLAP**... CHEGAAAAA

Entendeu? SHLAP** SHLAP** SHLAP**… AAAAHHHAAA

Perguntei se SHLAP** En SHLAP** ten SHLAP** deu? SHLAP** SHLAP**... ENTEN-TENDIIIII

Você SHLAP** SHLAP**... AAAAAAHHHHH

Vai SHLAP** SHLAP**… T-TÁÁ DOOEENDOOO

Me SHLAP** SHLAP**... AHHHAAAAAAA

Respeitar SHLAP** SHLAP**... EU EN-ENTENDIIII

Eu Sou SHLAP** SHLAP**... PAPAAAAIIII

Seu SHLAP** SHLAP**… PAAAAIZINHOOOO

Pai SHLAP** SHLAP**... SIIIIIIIMMMM

Ouviu? SHLAP** SHLAP** SHLAP**… OOOUUVIIIII

Vai rosnar para mim de novo, Jacob?

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… NÃÃÃOOOO

Não o que?

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… NÃÃÃOOOO SENHOOOOR

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… CHE-CHEGAAAA

SHLAP** SHLAP**... DES-DESCUUUULPAAAA

Ele parou. Eu me permiti cair no chão chorando alto. Cara! Não ia querer repetir isso tão cedo. Eu realmente o deixei furioso. Eu ainda podia ouvir suas palavras ecoando em minha cabeça e o tom que ele usara foi extremamente magoado. Por que raios eu rosnei para ele? Eu sabia que estava sendo desrespeitoso. Eu tinha que aprender a me controlar. Ele era meu pai! Meu pai! Eu não podia tratá-lo como se fosse um líder de matilha ao qual eu não gostaria de me submeter. Ele deixou bem claro o quanto me ama e o que está disposto a fazer por mim. Claro até demais, eu diria. Continue chorando no chão, até que senti mãos eu meus ombros. Levantei meu olhar, fungando. Meu pai me deu a mão e eu aceitei sua ajuda para me levantar. Ele subiu minha cueca e minhas calças e eu soltei um gemido bem alto com o contato. Ele, então, colocou as duas mãos, uma de cada lado do meu rosto, e limpou as lágrimas. Ele deu um beijo na minha testa e me abraçou. Eu me desfiz naquele abraço.

– Shhiiii... Pronto, já acabou.... Shiii Shhiii...

– Deeescuuullpaaa... Me per-perdoooaaa... E-eeeeuu... – não conseguia falar.

– Shiii... O papai perdoa, lobinho. O papai sempre, sempre, sempre vai perdoar. Porque eu te amo e nada vai mudar isso. Nada, nada, nada. – ele sussurrava em meu ouvido e esfregava minhas costas, tentando me acalmar.

Ele se afastou de mim e, pela mão, me guiou até o sofá. Sentamos e ele voltou a me abraçar. Cara, eu precisava daquele abraço mais do que nunca. Era um alívio, para mim, saber que ele me considerava seu filho. Que ele não me achava fraco. Que ele não estava me tratando diferente de qualquer outro de seus filhos. Que eu fazia parte da família sim. Aqueles pensamentos me perturbaram demais durante o tempo em que ele esteve ausente. Eu nunca fiquei tão inseguro antes. E tudo só piorou por conta do perigo que eu sabia que a Sophie estava correndo. Foi difícil. Muitas vezes eu saía daqui e ia para floresta chorar sozinho. Eu estava com medo de perder minha Sophie e ainda de perder minha possível família. Se Sophie não fosse salva, eu ficaria sozinho de novo. Eu sentia meu coração se apertar toda vez que pensava que Carlisle não me considerava seu filho. Eu já tinha me acostumado com aquela ideia, eu já estava assumindo que era seu filho. Foi difícil ignorar nossas diferenças e aceitar que eu o queria como pai. E depois de todo aquele trabalho, eu me vi perdendo todo o esforço. Mas naquele momento ele estava ali, me abraçando, dizendo que eu estava enganado, que ele me amava e nada ia mudar isso. Não conseguia sequer descrever o alívio e a felicidade que aquilo me trazia. Agora eu podia viver em paz com a minha garota e com minha nova família.

Nem sei quanto tempo ficamos ali. Foi tempo suficiente para que eu me acalmasse. Afastei-me de seu abraço e ele me olhou gentilmente.

– Jake, por favor, eu não quero ter que repetir isso. Eu não gosto de fazer isso, dói bem mais do que você imagina. Não é uma dor física, como a que vezes sentem. É uma dor na alma. Eu não gosto de vê-los chorando. Mas prefiro que estejam chorando por uma surra a vê-los lamentando tragédias. Eu só quero protegê-los, eu só os quero ao meu lado para que eu possa amá-los e fazê-los felizes. Eu quero que vocês tenham uma eternidade cheia de alegrias. Eu farei qualquer coisa por isso, não importa quantas surras eu tenha que dar. E é justamente por esse amor que a única coisa que não tolero é falta de respeito. Eu posso errar, mas nunca faria nada para prejudicá-los. Eu os amo mais que tudo e o mínimo que eu exijo é respeito. Entendido?

– Sim senhor. Perdão por te desrespeitar. Eu não tinha a intenção de te magoar. Vou tentar me controlar mais. – disse sinceramente.

– Fico feliz em ouvir isso, Jake. Você não vai se arrepender por isso, eu lhe garanto que só tem a ganhar. Farei de sua vida a melhor possível e, como já disse, não lhe faltará amor. Nem meu nem de sua mãe e irmãos. E por falar em mãe, quero que se desculpe com ela também. Sabe muito bem que você não facilitou a vida dela nos dias em que estive ausente e isso não foi legal. Ela não merecia passar por isso nas condições em que se encontrava.

– Sim senhor. Vou me desculpar.

– Vem cá. – ele me abraçou de novo. – Eu amo você, Jake. Por favor, nunca mais duvide disso.

– Eu também te amo... papai.

Deixei-me ser embalado novamente, apenas para sentir aquele imenso carinho novamente. Mas dessa vez durou menos. Ele logo se afastou de mim.

– Já ia me esquecendo! Você está de castigo. – ele disse sorrindo.

– Que? Depois da surra que levei, ainda vou ficar de castigo? – perguntei incrédulo.

– Sim, senhor. Nada de TV, vídeo-game, computador ou qualquer tipo de entretenimento até que eu diga o contrário. Mas permitirei que Sophie fique no quarto com você.

– Muito generoso você. – falei ironicamente, mas sorrindo com humor.

– Tá bom, lobinho. Vá se desculpar com sua mãe e direto pro quarto depois.

Eu me levantei e me dirigi para a porta. Meu arrependimento ainda ia durar, não só pelo castigo, mas pela dor na minha bunda, que ficaria latejando por um bom tempo. Eu abri a porta e ainda ouvi meu pai me chamando.

– Jacob, será que você poderia pedir pra sua irmã, Rose, vir aqui?

– Sim senhor.

– Obrigado.

É, alguém, com certeza, ia se arrepender mais que eu.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Yooo pessoitas ^^/

Estamos nos aproximando do final XD!! Mas antes de qualquer coisa gostaria de dizer q adorei escrever essa fic XD!!
Enfim, espero que tenham gostado do cap XD!! Non sei se exagerei na surra do Jacob XD!!
Gostaria de ouvir de vcs: e aí? O que acharam? Aguardo ansiosamente os comentários ^^!!
Bem, é isso XD!! Até o próximo cap...
o/



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