Lágrimas de Amor escrita por XxLininhaxX


Capítulo 28
POV Rose




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– Rose, o papai quer falar com você. Ele está te esperando no escritório. – disse Jacob.

Eu suspirei profundamente. Não teria como adiar mais. Eu confesso que fiz muito mal e tudo mais, mas eu não queria passar por aquilo. Meu pai ia me lotar de perguntas e ia me fazer assumir o quanto eu fui imatura e egoísta. Saco! Eu detestava parecer uma menininha malcriada que apenas precisava de umas palmadas! E ele sempre gostava de deixar isso bem claro; nós somos as crianças e ele é o pai. Se ele pelo menos já partisse para a surra, tudo bem. Mas ele sempre ficava conversando até que descobrisse nossos mais profundos sentimentos, só para nos dizer o quanto estávamos errados e depois nos fazer passar por aquela situação constrangedora. Será que eu já não tinha tido castigo suficiente? Tudo aquilo foi uma verdadeira tormenta! Até agora eu não conseguia encarar a Sophie direito. Eu sentia uma enorme tensão entre a gente. Eu tinha pedido perdão e tudo, mas eu não conseguia encará-la. Quando eu a vi toda machucada daquele jeito, eu chorei a noite inteira. Eu não estava olhando apenas para minha irmã completamente ferida, eu também estava vendo o quão horrível era o reflexo da minha alma. Fui eu quem causou aquilo tudo. Eu fui capaz de entregá-la para aquela tortura e sofrimento. Eu fui tão cruel, tão canalha e, mesmo assim, ela dizia que a culpa não tinha sido minha e que eu não precisava me martirizar daquela forma. Toda a nobreza de espírito dela me incomodava. Eu preferia mil vezes que ela me olhasse com ódio e rancor, como Jacob fez. Mas não! Ela sorria para mim, tentava se aproximar, tentava conversar e ser minha amiga. Eu me constrangia muito perto dela. Afinal, eu era obrigada a assumir que ela era muito mais bonita que eu. Não aparentemente, mas ela tinha um brilho natural. Um brilho que eu não possuía. E quando eu percebi isso, logo entendi porque eu a detestava tanto no começo. Não era só por ciúmes, eu também estava com inveja. Inveja porque eu sabia que ela tinha algo que eu não possuía. Ela estava um passo a minha frente e isso me incomodava, me irritava! Era doloroso ter que assumir isso. Era aquilo que estava me fazendo tão feia e meu orgulho não me permitia dizer isso a ninguém.

Subi as escadas a passos humanos. Eu não queria falar nada! Eu não queria que ele soubesse de um lado tão podre assim. Eu já o tinha magoado e decepcionado muito. Eu ainda não estava acreditando que ele fosse me perdoar. Mesmo me dando uma surra e tudo, eu não conseguia acreditar. O que eu fiz foi algo realmente imperdoável, inaceitável. Eu fui contra tudo que ele me ensinara nesses tantos anos vivendo juntos. Ele era a compaixão encarnada, ele tinha aquele amor incomparável, ele era gentil, prestativo, educado, altruísta. E ele sempre nos ensinou todas aquelas virtudes. Mas as minhas atitudes demonstravam que eu nunca dei ouvidos a nenhum de seus ensinamentos. Ok! Não era verdade! Eu sempre o admirei muito e sempre procurei ser parecida com ele. Mas nunca tive êxito. Ele era como a Sophie, possuía um brilho natural. Saco! Eu estava cercada de pessoas assim! Quanto mais eu os via, mais eu me dava conta do quanto eu era miserável. Mas em um ponto Carlisle era diferente de Sophie e era por isso que eu o amei desde o primeiro momento que nossos olhos se encontraram. Ele era uma pessoa maravilhosa, perfeita e emanava todo aquele brilho, mas sua alma era calorosa e nos cobria com um carinho tão grande que nos fazia acreditar que éramos um tesouro especial, inigualável. Ah! E isso apenas aumentava meu ego. Era como viver em um sonho. Ao lado dele eu realmente me sentia uma princesa, importante, especial. Eu esquecia a minha personalidade mesquinha, egocêntrica e arrogante. Eu esquecia o lado feio da minha pessoa e apenas me focava no que eu tinha de bom. Com Sophie não! Quando nos encontramos eu não senti esse calor. Era como olhar no espelho da alma. E então eu via a realidade. A dura e fria realidade. E todo o sonho que eu vivia ao lado de Carlisle, se quebrava. Pensar nisso não era agradável. Embora eu não detestasse mais a Sophie, ela continuava me mostrando a realidade. E desde que voltamos, eu não consegui mais sequer me olhar no espelho. Todo o meu orgulho, toda a beleza da qual eu me gabava, evaporou. Parte porque eu ainda me sentia culpada. Agora meu pai já estava sem nenhum ferimento, Sophie ainda tinha algumas partes do corpo enfaixadas, mas a semana foi um inferno. Todos me tratavam normal, exceto Jacob, mas ele também estava em uma situação delicada. E o fato de ninguém me culpar fazia com que eu mesma me culpasse, o que era bem pior. Quando me jogavam na cara era bem mais fácil de lidar do que quando eu mesma percebia. De qualquer forma eu sabia que merecia passar por aquilo. Mas saber não significava que eu estava gostando, afinal, não sou nenhuma masoquista. E aquela tormenta se estendeu até o dia de hoje.

Eu parei em frente à porta do escritório. Eu não esperava que aquela surra que eu estava prestes a receber fosse dissipar minha culpa. Toda vez que olhasse para Sophie, eu me lembraria de tudo que a fiz passar. Não importava que ela, meu pai e o resto da família me perdoassem, eu jamais me perdoaria. Eu demonstrei aquele lado horrível para as pessoas que eu menos queria que vissem. Eu vi aquele lado, que eu tanto negava existir dentro de mim, aparecer tão facilmente. E não foi algo casual que poderia ser esquecido. Foi algo que envolveu pessoas inocentes e as pessoas que eu amava. Aquilo não era uma atitude que seria perdoada apenas com uma surra, era algo extremamente grave que ficaria marcado na minha alma por muito tempo, para não dizer eternamente. Eu fui tão cruel quanto aqueles canalhas que me violaram. Sim! Era extremamente doloroso dizer aquilo, mas era a verdade. Talvez eu fosse ainda pior, pois não fiz o trabalho sujo com as próprias mãos. Eu era como a mandante de um crime. Talvez fosse exagero dizer isso, mas era assim que eu me sentia. Suspirei. Eu teria mesmo que admitir aquilo tudo em voz alta para meu pai? Ele ia mesmo me obrigar a falar aquelas coisas?

– Rose, entre. – ouvi sua voz me chamando.

Provavelmente ele percebeu minha presença e, como viu que não entrei, me tirou de meus devaneios. Eu abri a porta lentamente e o vi sentado atrás de sua mesa. Ele tinha os cotovelos apoiados em cima da mesa e a cabeça apoiada às mãos, que estavam cruzadas. Ele estava sério.

– Por favor, entre e feche a porta. Temos muito que conversar. – ele falou ainda sério.

Eu fiz o que ele mandou e me dirigi para a cadeira que estava em frente à mesa. Sentei-me e o encarei. Ele continuava me olhando sério. Naquele momento eu podia dizer que ele estava lendo minha alma, tamanha era a profundidade daquele olhar. Eu queria abaixar a minha cabeça, mas eu sabia o quanto ele prezava pelo contato visual, principalmente durante esse tipo de conversa. Ele suspirou e encostou-se à cadeira.

– Eu nem sei por onde começar, Rose. Acredito que saiba muito bem porque está aqui, não é?

– Sim, senhor.

– Então...? Pode começar a falar. Eu estou ouvindo.

Fiquei em silêncio. Agora eu abaixei a cabeça. Eu não queria falar. Eu não conseguiria falar. Já estava cansada daquilo tudo. Eu queria acabar logo com aquilo e voltar a me introverter na minha culpa, na minha dor. Eu não tinha coragem de olhar naqueles olhos e dizer tudo que tinha percorrido minha mente até que eu cometesse aquele ato repugnante. Ele já tinha se decepcionado tanto. Por que ficar remoendo aquilo e voltar a se decepcionar?

– Rose, estou esperando. – ele falou mais firme.

– Eu não quero. – respondi bem baixo.

– Como é? – ele me perguntou em um tom incrédulo.

– Eu não quero falar sobre isso. – falei erguendo meu olhar, tentando parecer determinada. – Vamos logo ao que interessa. Eu sei que errei, que fiz algo horrível. Então você já pode tirar o cinto e fazer o que tem que fazer.

– E você acha que eu estou aqui para te condenar? Diga-me, filha, o que você pensa que estamos fazendo aqui? Por acaso você acha que eu sou um juiz e que você é uma criminosa sendo julgada? – aquelas perguntas eram retóricas, por isso permanecia em silêncio. – Será que depois de tanto tempo eu terei que lhe explicar de novo? Se estamos aqui é porque quero te entender e te ajudar a crescer. Você está cansada de saber que não estou aqui para lhe sentenciar a nada, apenas lhe aplicar a devida disciplina e livrá-la desse peso que está carregando. Entendeu? – continuei calada. – Perguntei se entendeu?

Eu continuei calada. Sabia que estava empurrando sua paciência, mas eu realmente não queria falar nada. Ouvi seu suspiro novamente e seus passos. Ele estava vindo em minha direção. Eu fechei meus olhos, eu sabia que estava ferrada.

– Filha, olha pro papai. – eu abri meus olhos e ele estava agachado na minha frente. – Eu não vou sair daqui enquanto você não me disser o motivo disso tudo. Eu quero entender, princesa. O papai quer entender! Caso contrário, serei incapaz de lhe ajudar e você ficará carregando esse peso por toda a eternidade. É isso que quer?

– Não. – respondi desviando meus olhos. – Mas você não pode me ajudar.

Olhe pra mim. – ele firmou a voz e eu obedeci. – Por que pensa que não posso te ajudar?

– Porque o que eu fiz não tem perdão!

– Isso não é você quem decide! Rose, quando fazemos algo contra alguém, não somos nós que decidimos se devemos ou não ser perdoados. Quem decide é quem sofreu a ação, no caso a Sophie. E ela já disse que te perdoa. Sendo assim, não tem porque você ficar se martirizando desse jeito. Agora, estamos aqui para discutir o que te levou a fazer o que fez e acabar com isso para que não se repita.

– Você fala como se fosse simples.

– Rose, é simples. O difícil já passou. Acontece que você tem o péssimo hábito de se apegar ao sofrimento.

– Como é? – perguntei incrédula. Do que ele estava falando?

– Isso mesmo. Eu não sei por que você faz isso, mas você passa tempos se martirizando por sofrimentos que você deveria deixar no passado.

– Eu não faço isso! – agora eu tinha ficado revoltada.

– Faz sim, princesa. – ele estava sorrindo. – Até hoje você sofre com a tragédia que aconteceu quando era humana, até hoje sofre com o fato de não poder ter filhos, até hoje sofre por ser uma vampira. E se eu não te impedir, você passará a eternidade inteira sofrendo por ter feito algo tão cruel com sua irmã.

Eu me levantei bruscamente. Ele estava dizendo que eu estava me preocupando por nada? Ele estava dizendo que eu era uma boba por continuar sofrendo? Ou ele queria dizer que o que eu passei não foi tão grave para que eu sofresse daquela forma? Aquilo me revoltara! Meu pai estava mesmo dizendo aquilo? Para onde tinha ido aquele Carlisle compreensivo?

Você não me entende? Está querendo dizer que o que aconteceu não foi grave o suficiente para que eu sofra?

– Não é nada disso. – ele se levantou. – Eu sei muito bem que tudo que lhe aconteceu foi sério e foi horrível. Não estou dizendo que foi insignificante! O que quero dizer é que você não pode deixar que isso lhe impeça de seguir em frente. Rose, todos tem suas cicatrizes. Eu também tenho as minhas, sua mãe tem as dela e seus irmãos tem as deles. Você não é a única que sofreu nessa casa, mas é a única que permanece vivendo no passado. E isso tem que acabar agora!

– Por quê? – perguntei olhando para o chão e apertando meus pulsos. – Por que você está jogando isso na minha cara?

– Jogando na sua cara? O que eu estou jogando na sua cara?

Eu estava prestes a explodir, mas me segurei. Não! Ele não ia me fazer admitir aquilo. Mas não ia mesmo! Eu não ia cair naquele joguinho dele! Apertei meus pulsos com mais força e suspirei pesadamente. Voltei a me sentar, ainda encarando o chão.

– Não é nada pai, esquece. – falei e ele suspirou.

– Por que você gosta tanto de dificultar as coisas, filha?

– Você que está dificultando. Por que simplesmente não me bate logo e acaba com isso, já que está tão cansado assim?!

– Sim, minha filha. Eu posso fazer isso e você pode ter certeza que vou. Mas não antes que você me explique seu comportamento. Eu já disse que não sairei daqui antes que obtenha sua resposta. E se você está achando que vai conseguir me fazer perder a paciência apenas para adiantar sua punição, está enganada.

Ele voltou-se para a mesa e encostou-se a ela. Eu ainda estava de cabeça baixa. Saco! Ele queria mesmo que eu assumisse aquelas coisas? Ele ia mesmo me fazer falar? O que eu poderia fazer para que ele perdesse logo aquela maldita paciência infinita e fizesse o que tinha que fazer? Continuei calada enquanto sentia o peso de seu olhar.

– Muito bem, já que está com tanta dificuldade de falar, vou te dar uma mãozinha. Vamos recapitular os fatos desde o começo. Quando eu disse que ia adotar a Sophie, você foi contra. Por quê? – ele estava mesmo me perguntando isso?

– Eu já disse naquela ocasião, pai! Terei mesmo que repetir?

– Ah sim! Naquela ocasião você disse que apenas queria paz, que eu estava trazendo confusão para nossa família e coisas do tipo. – ele estava sendo sarcástico. - Mas, logo depois, você entregou a Sophie para o inimigo, causando a confusão que tanto queria evitar. E isso prova que a explicação que você deu naquela ocasião não era de todo verdade. Existia algo por trás daquilo. E é exatamente isso que eu quero saber.

– Não tinha nada por trás disso! O que eu fiz em seguida não foi para causar confusão. Se eu o fiz é porque achei que estava evitando!

Claro! Porque eu não ia fazer nada depois que soubesse que minha filha tinha sido raptada! Eu ia simplesmente esquecer e continuaríamos vivendo como se ela nunca tivesse existido em nossas vidas! – ele transbordava ironia em suas palavras. – Sério que você pensou isso, Rose? Quer mesmo que eu acredite que você foi ingênua a esse ponto? Ou você apenas está tentando mentir para não ter que explicar o real motivo?

– Não é que eu tivesse pensado que você não faria nada! Mas o Anderson me garantiu que eu nunca mais veria a Sophie! Então, mesmo que você procurasse, não iria encontrá-la e um dia acabaria desistindo!

Desistindo? Alguma vez você já me viu desistindo de algum de vocês?

– Eu pensei que era diferente, tá legal?! Você tinha acabado de conhecê-la. Nunca que eu ia pensar que você já tinha se apegado tanto a ela.

– Mesmo, Rose? Está tentando me dizer que você pensou que eu estava adotando uma menina sem ter um sentimento já forte por ela? Está tentando me dizer que não me conhece depois de todos esses anos? Você quer mesmo que eu acredite nisso?

– É a verdade, você acredita se quiser. – dei de ombros.

Olha o jeito que você fala comigo! Acho bom me respeitar! Não estou brincando! – senti que sua paciência estava prestes a se esgotar. Ele suspirou mais uma vez. – Ok! Já que não quer falar, eu digo. O motivo disso tudo foi porque você é uma garota extremamente mimada e estava se mordendo de ciúmes por ter que dividir as atenções com mais uma irmã.

Não é nada disso!

– É sim, princesinha. Você sempre foi a princesinha da casa! Mesmo mantendo essa postura de arrogância e de altivez, você adora ser paparicada e mimada. E sempre quer ser a única a chamar a atenção. Todas as vezes que eu adotei mais um filho você deu um showzinho, junto com Edward. Dessa vez seu irmão não o fez porque Sophie o mostrou algo que fez com que a compaixão dele falasse mais alto que o ciúme. Mas você não ouviu a história da sua irmã, por isso deixou-se controlar por esse sentimento de ciúme e egoísmo até fazer o que fez.

– NÃO! NÃO! NÃO! Não foi nada disso! Para de falar essas coisas! – eu me levantei e olhei para ele ameaçadoramente.

Abaixe esse tom para falar comigo, Rosalie!

– NÃO VOU ABAIXAR COISA NENHUMA! VOCÊ NÃO VAI ME TRATAR COMO UMA MOLEQUINHA TRAVESSA QUE FAZ AS COISAS APENAS PARA CHAMAR A ATENÇÃO!

– EU VOU TE TRATAR ASSIM SIM! SABE POR QUÊ? PORQUE É O QUE VOCÊ ESTÁ DEMONSTRANDO SER! – ele se aproximou de mim e me fez sentar na cadeira novamente. – E senta aí porque eu não terminei de falar! Você vai ouvir! Se não quer falar, então vai ouvir!

– Eu não quero ouvir! – falei baixo e olhando para o chão. – Eu não quero ouvir isso!

– Você tem duas opções, Rosalie. Ou você fala o que eu quero ouvir ou você escuta o que não quer. Qual vai ser?

– Eu não quero nenhuma das duas! Qual é o seu problema? Por que quer tanto me ver sofrer? Já não basta tudo que eu passei? Já não basta o peso que estou carregando? Por que quer tanto isso? Você já vai me bater! Precisa mesmo me castigar ainda mais? – eu falei já com os olhos cheios de lágrimas.

Não aguentei. Desatei a chorar. Saco! Eu realmente detestava chorar na frente do meu pai. Eu detestava como ele fazia com que eu me sentisse fraca, vulnerável. Desse jeito seria impossível esconder alguma coisa dele. Por que ele fazia tanta questão que eu falasse aquelas coisas? Por que ele queria que eu admitisse aquilo? Ele sabia o quanto eu era orgulhosa. Ele sabia como aquilo era difícil para mim. Por que então? Por que ele estava fazendo aquilo? Era só pra me castigar ainda mais? Só podia! Será que era pedir demais para que ele não visse aquele lado tão ruim? Será que era querer demais esconder algo dele apenas para poupá-lo de mais uma decepção? Será que era tão difícil entender?

– Rose, pare de chorar e olhe para mim. – meu pai pediu, mas dessa vez eu não obedeci.

Ouvi seu passo vindo até mim novamente. Ele me fez levantar, apenas para sentar-se na cadeira e me colocar em seu colo. Eu ainda estava chorando com as mãos no rosto. Ele tentou tirar minhas mãos do rosto, mas eu não deixei. Ele então me abraçou e ficou mexendo suavemente em meu cabelo. Eu comecei a me acalmar com aquilo. Eu sempre me derretia toda quando ele me fazia carinho daquela forma. Eu me sentia bem daquele jeito. Sentia que nada me machucaria, nada me alcançaria. Sentia-me como um filhote de passarinho em seu ninho. Ele tentou tirar minhas mãos de meu rosto novamente e dessa vez obteve êxito. Ele colocou a mão em meu queixo e fez com que eu o encarasse.

– Já chega disso, princesa. Por que não quer me contar? Eu só quero te ajudar. – ele falava com carinho.

– Eu não quero que você saiba. – falei chorosa.

– Deixe de ser orgulhosa, Rosalie! Eu sou seu pai! Não tem porque você esconder nada de mim. Eu vou continuar te amando independente daquilo que você me mostrar. Eu não vou deixar de te amar por conta de um defeito ou de outro. Eu nunca quis que você fosse perfeita, minha filha.

– Mas...

– Mas nada! Rose, entenda que você não precisa se fazer de forte para mim. Eu conheço você! Sei que não gosta de parecer fraca, sei que quer sempre ser perfeita, sempre ser a número um. Mas você não precisa ter receio de mostrar seu lado frágil para mim. Você precisa confiar em mim!

Eu fiquei em silencio, mexendo na gola de sua camisa. Eu sabia daquilo! Mas não era fácil. Inspirei fundo tentando conter o choro.

– E então? Vai me dizer o motivo disso tudo? – ele perguntou de uma maneira tão doce que eu seria incapaz de não responder.

– Você quer mesmo a verdade? – perguntei, em uma última tentativa de fazê-lo mudar de ideia.

– Sim. – ele disse firme, me fazendo suspirar.

– A verdade é que toda vez que você adota um filho, eu me sinto insegura. E a Sophie, particularmente, me deixou tão insegura que despertou em mim esse... esse sentimento horrível!

– Por quê?

– Porque ela tem algo que eu não tenho. Eu não sei exatamente o que é, mas eu sei que eu não tenho. E isso me irrita! Eu odeio me sentir assim! Sentir como se alguém estivesse um passo à minha frente, como se alguém me superasse sem sequer fazer esforço!

– Espera um pouco, Rose. Não estou entendendo! O que está querendo dizer?

– Eu também não entendo muito bem. Isso é algo que acontece desde que eu era humana. Eu sempre fui a mais bonita, a mais desejada, a melhor! Mas existiam algumas pessoas que tinham um brilho que eu não possuía. E a verdade é que isso sempre despertou em mim esse lado... horrendo! Eu nunca soube o que era esse brilho, mas de alguma forma eu sabia que para mim era impossível alcançá-lo. Por isso talvez eu me apegue ao sofrimento. Não sei, talvez seja uma forma de tentar ser especial. Que seja! A questão é que sempre que você resolve colocar mais alguém na família, eu tenho medo. Medo de que essa pessoa tenha esse brilho e acabe me ofuscando. Meus irmãos possuem suas características especiais, mas não é como esse brilho. Por isso, mesmo que eu demonstrasse ciúmes no início, eu acabava esquecendo, pois percebia que o que eu temia não estava ali. Mas a Sophie... Desde a primeira vez que eu a vi, eu sabia que ela possuía isso. E eu me irritei! Porque eu sabia que quanto mais você a visse, mais ia querer que ela fosse sua filha. E eu entendia porque, mas não conseguia aceitar! Porque... Porque... – não conseguia falar.

– Por quê...? – ele me encorajou.

– Porque eu sabia que ela ia tomar meu lugar. – nessa hora eu abaixei a cabeça. – Ela não precisaria fazer nenhum esforço, só precisaria ser ela mesma. Ela não precisava ser bonita, não precisava ser perfeita, tudo que ela precisava era ser. Isso já era suficiente para que ela chamasse toda a atenção para si. E por mais que eu me esforçasse, eu não teria chance. E logo esse brilho me ofuscaria até que eu me apagasse por completo.

Eu fiquei em silêncio, esperando alguma reação. Mas o que veio não era exatamente o que eu estava esperando. Meu pai começou a rir. Começou a rir! Eu não estava acreditando no que estava vendo. Eu estava abrindo meu coração, eu estava falando algo extremamente difícil de verbalizar e ele estava rindo de mim! Eu não sabia se morria de vergonha ou se eu ficava irritada. Com certeza a segunda opção.

Qual é a graça?

– Perdão, princesa. – ele falou se recompondo. – É que você dramatizou tanto as coisas que eu não me aguentei.

Dramatizei? Do que raios está falando?

– Rose, isso que você sente é algo extremamente simples e comum. Chama-se inveja.

Eu olhei para ele incrédulo. Estava tão na cara assim? Era tão perceptível assim que eu tinha inveja dela. Não! Não! Eu não queria que ele soubesse daquilo. Ele podia dar o nome que ele quisesse, menos esse. Era humilhante, era constrangedor. Logo eu que adorava me gabar de ser tão madura, sentindo algo tão ridículo quanto uma criancinha que cobiça o brinquedo da outra. E ele estava rindo de mim. Eu não queria que ele risse! Justamente por saber o quão patético era aquele sentimento, é que era tão difícil para eu assumir. Eu era orgulhosa demais para isso. E assumir aquilo na frente de quem eu mais admirava era mais difícil ainda. Eu não queria que ele me visse como uma criancinha. Eu não queria que ele achasse que eu era boba, ridícula, digna de pena. Eu queria que ele continuasse me vendo como sua princesa. Uma garota forte, determinada, madura, altiva. Se ele não me visse mais assim, tudo que me restaria era a realidade. E eu não queria a realidade. Eu queria viver aquele sonho que ele criara só pra mim.

– Rose, você não preci...

– Você não entende! – o interrompi. – Você não entende! Acha mesmo que eu sentiria algo tão patético? Logo eu?! Qual é o seu problema? – tentei desmentir.

– Se não é inveja, o que é? Diga-me.

Eu fiquei calada. Não tinha como mentir para ele. Ele me conhecia tão bem. Mas eu não queria! Eu simplesmente não queria me sentir inferior. Eu simplesmente não queria perder. Eu simplesmente não queria... Do que eu estava falando? Aquilo era patético! E essa era a razão pela qual eu não queria que meu pai soubesse. Porque era ridículo! Aquela insegurança sem o menor fundamento, aquela vontade de ter aquilo que eu não tinha, esse sentimento de que ninguém poderia ser melhor que eu. Tudo era ridículo! Senti a vergonha se apossando de mim. Já não tinha mais volta. Eu estava ali, atestando minha figura insignificante, diante do meu pai. Não me espantava mais o fato dele ter rido. Eu realmente devia ser motivo de graça para ele. Como eu podia ser tão boba? Como eu podia ser tão idiota? E como eu pude deixar que um sentimento tão miserável me dominasse e me forçasse a fazer algo tão repugnante? Eu não sabia como eu conseguiria encara meu pai. Eu era uma decepção. Eu era uma frustração. Ele não ia querer ter uma filha como eu.

– Perdoe-me. Eu sou ridícula. – deixei que duas lágrimas caíssem dos meus olhos.

– Não, Rose! Ridícula não! Escuta, você precisa parar de pensar que ter fraquezas e defeitos é algo do qual se envergonhar. Rose, ninguém é perfeito! Eu não sou perfeito, sua mãe não é perfeita, Sophie não é perfeita e você também não. Todos estão sujeitos a erros e isso não faz de ninguém ridículo ou patético. Muito pelo contrário. São os erros que nos tornam fortes, são os defeitos que nos fazem querer crescer e melhorar. Coloque isso na sua cabeça, você não é ridícula por ter errado!

– Mas...

– Não tem mas, Rose! Sabe por que você está insegura assim? Porque quer ser perfeita! Sei que gosta de chamar atenção, mas você não precisa ser perfeita para isso.

– Preciso sim! Ou vão me ofuscar!

– Ninguém vai ofuscar você, Rose. Cada um tem seu brilho, sua característica especial. O que você viu na Sophie não é algo que vai te ofuscar ou vai te tornar alguém esquecida. O que a Sophie tem, você não precisa ter. Vocês são pessoas diferentes. E isso não faz uma melhor que a outra. E isso também não quer dizer que uma irá tomar o lugar da outra. Você sabe muito bem, Rose, que você é única! Ninguém pode ser você! Ninguém pode tomar o seu lugar! Você não precisa se apegar ao sofrimento para tentar ser especial. Você já é especial, Rose! Exatamente do jeito que você é!

– Mas a Sophie é diferente, pai! Ela tem alguma coisa que...

– Sim, Rose! Sua irmã tem algo muito diferente de todo mundo; um passado de intenso sofrimento. Acredito que você seja a única que ainda não sabe sobre o passado da Sophie. Na ocasião em que ela contou, você não quis ouvir e provavelmente por conta disso você tenha levado as coisas a esse extremo. Pois bem, eu vou te contar agora o que aconteceu com sua irmã. Talvez assim você consiga compreender porque sentiu tanta inveja dela.

E meu pai começou a contar. Eu ouvia aquilo e simplesmente não conseguia evitar as lágrimas. Era horrível! Era horrível! E parecia que as coisas sempre ficavam piores. Ele foi contando e contando e em nenhuma parte da história houve um momento de paz ou alegria. Era só sofrimento, perturbação, violência. E eu não tinha o menor direito de sentir pena, afinal, mesmo depois de tudo, ela ainda conseguia sorrir para mim. Ela era muito mais madura que eu. Se tinha alguém que merecia pena ali, esse alguém era eu. Ela tinha passado por tudo aquilo e eu só fiz as coisas piorarem, se é que tinha jeito. Claro que o fato de eu não saber daquela história me tirava um pouco o peso de ter tomado uma decisão tão cruel, mas não amenizava nem um pouco a situação. A questão é que eu sabendo ou não daquilo, eu fiz algo terrível. E agora que eu sabia é que eu entendi a gravidade das coisas. Sophie poderia realmente ter morrido! Aquilo não era uma simples perseguição, havia toda uma história por trás de tudo. Por que eu virei às costas para aquilo? No fundo eu sabia. Eu sabia que ela carregava um sofrimento muito maior do que aparentava. Eu sabia porque reconhecia aquela dor. E por que eu só fui abrir os olhos quando já era tarde demais? Eu sabia muito bem o motivo disso. Era a inveja. Inveja porque eu entendia aquele sofrimento, mas ela não agia como eu. Ela era mais forte. Apesar de carregar aquilo, ela continuava vivendo. Era diferente de mim que se apegara ao sofrimento de forma a viver uma vida de lamentações. Ela não lamentava o passado! Ela simplesmente vivia as consequências dele, mas continuava trilhando um caminho. Do seu jeito, com seus propósitos, mas continuava. Ela tinha tudo para viver se lamentando, tinha tudo para desejar por um fim na vida, ela não tinha ninguém ao seu lado, mas enfrentou tudo. Ela era como Carlisle. Que viveu um intenso sofrimento, mas lutou. E era isso que eu não conseguia fazer. Tudo que eu fazia era ficar me lamentando por ter aquele destino. Porque aquilo aconteceu comigo, porque eu não morri, porque me tornei um ser horrendo, porque não podia ter o que eu queria, tudo que eu conseguia era me lamentar e esperar que as pessoas tivessem pena de mim. Assim eu continuaria chamando a atenção, continuaria vivendo como a humana que eu era. Eu realmente estava vivendo no passado.

Droga! Perceber aquilo só fez com que eu percebesse o quanto a Sophie era mais especial que eu. Não importava o que meu pai dizia, eu não conseguia me imaginar apenas diferente, eu me via completamente inferior.

– Entende agora? – ele me perguntou.

– Sim.

– Então percebeu que não precisa sentir essa inveja toda, não é?

– Não.

– Não?

– Claro que não, pai! Não importa a maneira que você olhe, ela é muito mais madura que eu! Ela reagiu muito melhor que eu! Ela se aproxima muito mais de você do que eu! Como você quer que eu não sinta ciúmes? Como você quer que eu não sinta inveja? Sei que o que fiz não justifica isso, mas não me peça para não sentir!

– Bom, fico contente que você já tenha entendido que o que sente não justifica o que fez. Isso já lhe faz entender porque vai apanhar. Mas você precisa entender mais do que isso. Eu não posso permitir que você continue sentindo isso ou algo do tipo pode voltar a se repetir. – ele suspirou antes de continuar. – Rose, eu vou dizer mais uma vez: você e sua irmã são pessoas diferentes! Não é que ela seja mais madura que você, ela apenas reagiu da maneira que ela pensava ser a correta. Acredite, existem muitos erros na maneira que ela pensava. Mesmo não tendo desistido da vida, mesmo enfrentando tudo, ela decidiu se menosprezar e parar de se importar consigo mesma e com seu futuro. Ela não desistiu de continuar viva, mas desistiu de viver. Mesmo que ela não lamentasse, ela apenas continuou sem esperar nada, sem se importar com nada. Não importa como você encare isso, não é uma atitude madura. Você até pode dizer que ela foi mais forte que você, mas que ela foi mais madura não. Ou melhor, nem que ela foi mais forte, afinal vocês passaram por traumas completamente diferentes, então não se pode dizer que você não teria reagido da mesma maneira que ela e nem que ela não teria reagido da mesma maneira que você. Rose, você não pode continuar se comparando a ela. Ela é ela e você é você. Sim, em algum ponto ela se parece comigo. Mas você não precisa ter ciúmes disso, porque em outro ponto você também se parece comigo.

– Quê?

– Isso mesmo. – ele agora sorriu, mas voltou a ficar sério logo em seguida. – Filha, você e eu temos algo muito parecido; autenticidade. Mesmo passando por momentos ruins, permanecemos sendo os mesmos. Você, apesar de sempre gostar de chamar atenção, nunca deixou de ser você mesma. Mesmo tendo sofrido algo que te afetou profundamente, continuou sendo você mesma. Essa garota altiva, impetuosa, arrogante, determinada e firme. Eu também continuei sendo eu, mesmo depois de me transformar em algo que eu repudiava. Quando eu adotei você eu podia me ver espelhado em seus olhos. Eu via aquela perturbação que eu senti com a situação, mas via aquela necessidade de continuar sendo quem eu era. Então, se você acha que a Sophie tem algo que me aproxima mais dela, você não precisa se preocupar porque você também tem. Entende agora? Entende porque não precisa desses ciúmes e dessa inveja?

Eu abaixei a cabeça. Estava me sentindo mais e mais envergonhada. Aqueles sentimentos não tinham o menor fundamento. Eu sabia e mesmo assim não me detive. Como? Como eu pude deixar aquilo me controlar? Eu precisava pedir perdão para a Sophie de novo. Eu precisava que ela me perdoasse. O que eu fiz foi algo sem noção, sem escrúpulos. Só porque eu estava insegura de algo que era certo. Não fazia sentido. Saco! Meu pai estava me mostrando quanto eu fui tola. Aquelas palavras mexiam comigo. Ele estava dizendo que eu era parecida com ele. Se eu não estivesse naquela situação, poderia ter dado o sorriso mais sincero do mundo. Ele não tinha ideia do quanto eu me importava em ser parecida com ele. Aquelas palavras eram suficientes para que eu nunca mais achasse que alguém iria tomar meu lugar. Mas ele ainda tinha mais coisas a me dizer.

– Olhe pra mim, Rose. – ele ergueu meu rosto. – Não é só por isso que você não precisa sentir coisas assim. Existe algo ainda mais forte que faz com que esses sentimentos não se justifiquem; meu amor por você. Rose, eu não sei de onde você possa ter tirado a ideia de que o fato de eu adotar a Sophie fosse mudar de alguma maneira o que eu sinto por você. Minha filha, eu amo você! Amo demais! E não importa quantos filhos eu tenha ou vá ter, você sempre terá o meu amor na mesma medida de sempre ou até maior, mas nunca irá diminuir. Talvez não a mesma atenção, afinal eu sou só um e tenho que dividir meu tempo entre meu trabalho, minha família e outras responsabilidades. E dentro da minha família tenho que dividir meu tempo entre sete filhos e minha mulher. Mas mesmo que eu não dê a mesma atenção que eu te dava quando era só você e Edward, você pode ter certeza que meu amor não mudou em nada. Muito pelo contrário, a cada dia que passa, eu sinto que ele cresce mais. Eu estou garantindo isso para você! Eu – te – amo! E você não tem como escapar disso, mesmo que queira. Você pode fazer o diabo a quatro que eu continuarei te amando. Muito irritado, mas te amando. Entendeu?

Eu não consegui me conter, abracei meu pai. Ele estava ali do meu lado, ele estava dizendo que me amava. E isso para mim já era mais que suficiente. E era por causa desse amor tão grande que eu sentia ciúmes. Eu queria tudo para mim! Mas eu não precisava querer tudo! Não existia a necessidade de querer tudo. Só o que ele me dava já era mais que suficiente. Só o que ele me dava já era incomparável, desproporcional, inigualável. Eu queria ter percebido isso antes. Eu queria não estar naquela situação para ter entendido algo que já estava na minha cara. Senti que a insegurança já não existia mais dentro de mim. E todo o peso que eu estava carregando se esvaiu. Só precisava que ele me perdoasse por ter sido tão idiota. Só precisava daquelas palavras: “eu te perdoo”. E tudo ficaria bem. Mas eu bem sabia o que eu teria que passar para escutar aquilo. E pra falar a verdade, eu não estava com medo, não queria sequer fugir. Era o mínimo que eu merecia! Era o justo!

– Estamos entendidos, Rosalie?

– Sim senhor.

– Pois bem, então acho que agora você já pode encarar as consequências do que fez. Preste bem atenção! Você não vai apanhar pelo que aconteceu com sua irmã depois que ela foi capturada. Vê-la passar por tudo que passou já foi castigo o suficiente para você. Você vai apanhar por ter armado aquela emboscada para ela, por não ter pensado nos sentimentos dela e de toda a família e por ter omitido algo tão perigoso de mim. Você sabe muito bem que eu não tolero nada que possa prejudicar a segurança da minha família, sabe que exijo cumplicidade e compaixão entre vocês irmãos e sabe ainda mais que toda vez que houver qualquer tipo de perigo você deve me avisar imediatamente! O que você fez realmente foi algo inaceitável! Você agiu de maneira cruel e egoísta, ignorando todos os meus ensinamentos. Em momento nenhum você pensou nas consequências do que fez. Você foi irresponsável, inescrupulosa e ardilosa. Esse não é um comportamento que eu espero e aceito dos meus filhos. Fui claro?

– Sim senhor.

– Ótimo.

Ele me virou, como já era esperado, e eu fiquei debruçada sobre seu colo com o traseiro empinado. Ele abaixou minha calça e minha calcinha. Cara, eu sabia que merecia, mas eu detestava aquela posição.

PAFT****... Aaaaaaauuuu. – o primeiro tapa veio e foi mais forte que qualquer um que eu já tivesse recebido. Cara, aquilo ia ser difícil.

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… aaaahhh

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… aaahhhaaaaiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**…tá doeenndoooo

É pra doer, Rosalie! E eu nem comecei ainda!

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… aaaahiiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… hhuuuuuuuumm

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… paaaaraaaa

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… pa-paaaaaaiiiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… nãããããooooo

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… aaaaaaahhhhhhh

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… dóóóóóiiiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… paaaaaaiiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… pa-pa-paaaaaaaaiiiiiii

Espero estar me fazendo entender, Rosalie! Eu não te quero agindo assim de novo!

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**... e-eeeu enteeeendiiiiiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… nãããooooooo

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… nãããooo faaaçooo maaaaiiisss

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… paaaaraaaa paaaaiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… che-chegaaaaaaa

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… aaaaaahhhhhhhhh

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… deeeesscuulllpaaaaa

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… aaaaaaauuuuuu

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… aaaaaahaaaaaahiiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… tá boooommmm

Eu não crio filhos assim! Eu não aceito esse comportamento! Você vai aprender a agir como uma Cullen!

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… paaaaaaiiiiiiii

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… paaaaaaiiziiinhooooooo

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**…. AAAAAAAAHHHH

Entendeu?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… EEEENNTEEEENDIIII

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… CHEEGAAAAAAAAA

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… DÓÓÓÓIIIIIIII

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… PAAARAAAA PAAAAIIII

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**.. NÃÃÃÃÃOOOOOO

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… NÃÃÃOOO AGUEEEEENTOOOO

Vou precisar repetir?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… AAAAAAHHIIIIIIIII

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… POOOR FAAAAVOOOOORR….

Responda!

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… NÃÃÃOOOOO SEEENHOOOR

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… PAAAAAIIIII

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… NÃOOOO AGUEEENTOOO MAAAIIISSS

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… PEEERDÃÃÃOOOOO

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… JÁÁÁÁ CHEEEEGAAAAAA

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… AAAAAAAHHHUUUUUUUU

Vai agir assim de novo?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… NÃÃÃÃÃOOOOOOO

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… NÃÃÃOOOO VOOOOUUUU

Vai fazer algo contra sua irmã de novo?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… NÃÃÃÃOOOOO

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… PAAAAARAAAAA

Vai?

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… NÃÃÃÃHÃÃÃOOOO

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… PAAAAIZIIIIINHOOOO

PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT** PAFT**… PELOOOO AMOOOR DE DEEEEUUUSS

Ele parou de me bater. Eu já estava chorando há tempos. Ele nunca tinha me batido daquela forma. Os tapas foram fortes! Muito fortes! Minha bunda já estava latejando de tão dolorida. Mas eu sabia que ainda tinha mais. Nunca que eu ia escapar do cinto depois do que eu fiz. Ele me levantou de seu colo e eu fiquei em pé, tentando conter os soluços.

– Escuta o que eu vou te dizer. Eu não tenho nem palavras pra expressar o quanto eu fiquei decepcionado com você. Eu fiquei extremamente magoado, não só pela crueldade do que você teve coragem de fazer, como também por ter omitido tudo de mim. Eu achava que você confiava em mim. Eu pensei que depois de tudo, o mínimo que você poderia fazer era confiar em mim. Acreditar que eu poderia te ajudar, que eu estaria do seu lado, que não importasse a situação eu permaneceria te amando. Mas você resolveu me tratar como alguém inconsequente que não sabe o que faz! Resolveu agir por conta própria, como se eu não pudesse fazer nada para resolver seus problemas! E isso me magoou de uma forma inexplicável! Senti como se você estivesse ignorando todos os anos que eu dediquei para você!

– Maaaas...

CALADA! – ele disse bem alterado. – Você não só resolveu não dar a mínima para meus sentimentos, como também resolveu não dar a mínima para os meus ensinamentos. Eu pensei que apenas demonstrar já seria exemplo suficiente para você entender o que é ter compaixão, o que é ser alguém digno, justo e, acima de tudo, humano. Sei que somos vampiros, mas ainda possuímos valores humanos! NÃO SOMOS seres frívolos e sem sentimentos! E você agiu como se fosse! Eu sei muito bem que você não é assim! E é HOJE que eu vou trazer a minha filha de volta ao normal! Você NÃO VAI agir assim nunca mais! E eu espero não ter que repetir isso! – eu apenas balancei minha cabeça. – Ótimo. Você já sabe o que tem que fazer.

Vi ele se levantando e desabotoando o cinto. Cara, eu não sabia se ia aguentar. Ele estava sendo rígido demais. Mas as palavras dele doeram mais que qualquer cintada que ele poderia dar. E pensar que eu não só fiz algo horrível com a Sophie, como também magoei meu pai profundamente. Eu nunca tive a intenção de fazê-lo pensar que eu não confiava nele. Não era isso! Eu apenas estava sendo egoísta e inconsequente. Eu sabia que ele poderia me ajudar, eu sabia que podia confiar nele. Mas não o fiz. Como ele mesmo disse, passei por cima de seus sentimentos e seus ensinamentos. Eu merecia cada tapa, cada cintada. Fui a passos humanos para a mesa e me debrucei sobre ela. Não sabia se ia conseguir me manter em pé por conta própria. Como se entendesse meu receio, meu pai pegou meu braço e o dobrou sobre as costas, meio que fazendo um pouco de pressão sobre mim.

SHLAP*****... AAAAAAHHHHHIIIII – e novamente a primeira veio para dizer que ele estava sério sobre tudo que falara.

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**... TÁÁÁÁ FOOOORRTTEEEE

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… NÃÃÃOOO AGUEEENTOOO

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**... AAAAAHIIIIIII

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**...TÁÁÁÁ BOOOOMMM

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… AAAAAAAAHHHHH

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**... AAAHAAAAHAAAAIIII

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… DEEEESSCUUULLPAAAAA

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… PAPAAAAAIIII

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… AAAAAHUUUUUU

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… OOOOOHHHH

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… DÓÓÓIIIIIIIII

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… AAAAAAAHHHHH

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… AAAAHHHHHHH

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… AAAAAAIIIIIIII

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… NÃÃÃÃOOOO DÁÁÁÁÁÁ

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… CHEEEEGAAAAAA

Eu digo quando chega, Rosalie!

Eu SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Vou SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Te fazer SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Entender SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Que eu SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Sou SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Seu pai SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

E você SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Me deve SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Satisfações SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Você SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Não pode SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Agir como quer SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Nem quando quer SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Nem porque quer SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Eu não SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Adimito SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Que ignore SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Tudo SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Tudo SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Que lhe ensinei SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

E aja SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Como se SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Fosse SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Uma qualquer SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Você é SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Minha filha SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

E vai agir SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Como uma Cullen SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**

Nesse ponto eu já não conseguia gritar mais. Apenas chorava copiosamente. Já tinha perdido as forças.

– Quem você é Rosalie?

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… aaaahhaaaiiii

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… Cuuulleeeeen

E quem eu sou?

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… meeeu paaaaaiii

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… aaahhaaahaaaaiiiii

E você me deve satisfações?

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… ssssiiiiiimmmm

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… sssiiiiiiiiiimmmm

Quem você vai procurar quando houver problemas?

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… o seeeenhoooorr

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… o seeenhorrrr papaaaaiii

Quem Rosalie?

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… o seeeenhoooor papaaaaaaaiiiii

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… aaaaaaiiiiiii

Não ouvi!

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… O SEEEEENHOOOOORRR – voltei a gritar. Nem sei de onde tirei forças.

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… AAAAAAHHHHHHH

Vai agir como se não tivesse família de novo?

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… NÃÃÃÃÕOOO VOOOUUUU

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… NÃÃÃOOO VOOOOUUU PAAAAAIIII

Vai agir de maneira egoísta de novo?

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… NÃÃÃOOO SEEENHOOOOR

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… PAAAAARAAAAAA

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… JÁÁÁÁ ENTEEENDIIIIII

Vai deixar a inveja ou os ciúmes te dominar de novo?

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… NÃÃÃÃÃOOOOO

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… ME PERDOOOOAAAA

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… POOOOR FAVOOOR

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… MEEEE PERDOOOAAA

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… PEEERDÃÃÃÃÃOOOO

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**… TÁÁ BOOOMM

SHLAP** SHLAP** SHLAP** SHLAP**... CHEEEEGAAAAAA

SHLAP** SHLAP** SHLAP**… Cheegaaaa paizinhoooo.

SHLAP** SHLAP**… poooor faaavooorrr

SHLAP***************… AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH

A última cintada foi como se ele quisesse ter certeza de que o recado foi bem dado. Eu chorava desesperadamente. Quando ele me soltou, eu despenquei. Se ele não tivesse me segurado, eu teria caído no chão. Ele me pegou no colo e sentou-se comigo na cadeira. Ele me abraçou enquanto eu me debulhava em lágrimas, molhando sua camisa. Ele esfregava a mão nas minhas costas, enquanto tentava me acalmar. Eu chorava alto, meu rosto já estava ardendo depois de derramar tantas lágrimas. Aquele sentimento de que eu era uma estúpida ainda estava ali. Eu queria que meu pai me fizesse voltar para o sonho. Aquele sonho em que eu era sua princesa e de que eu era especial. Eu não queria aquela decepção. Eu já não aguentava que ele olhasse assim para mim.

– Pode chorar, minha princesinha. Coloca tudo para fora. O papai tá aqui com você.

Eu continuei chorando e chorando e chorando. Eu não conseguia me acalmar. Eu ainda estava assustada. Eu sabia que meu pai não era tão rígido com as meninas como ele era com os meninos. Mas dessa vez eu entendi o quanto eu era sortuda por ser uma menina, por ser sua princesinha. Eu não queria apanhar assim nunca mais. Eu o deixei tão magoado assim? Eu o decepcionei tanto assim? Eu queria perdão! Eu precisava de perdão! Eu queria ouvir aquelas palavras! Eu precisava da certeza de que agora estava tudo bem! Eu não queria mais ouvi-lo dizendo aquelas coisas! Eu não queria mais vê-lo magoado e decepcionado. Eu queria que aquilo acabasse ali.

– Peee-peeee-peeerr... – eu não conseguia parar de chorar.

– Shiiiii... Shiiiii... Princesinha, não fale nada agora. Acalme-se primeiro. – ele beijou minha testa e continuou seu carinho.

– Nã-nããã-oooo... E-eeeuu... E-eeeuu... Pre-pre-preeecisooo qu-queee... Vo-voocêêê me-me peeeer-peeer-peeerdoooeeeee... – me esforcei ao máximo para conseguir falar.

– Oh minha princesa! Quando foi que eu não te perdoei?

– Ma-maaass... E-e-eeeuu qu-queerooo o-ou-ouviiiiiirrr...

– Claro que eu te perdoo, minha linda. Você já foi punida, já passou. Agora o papai só quer que você se acalme.

Eu deitei minha cabeça em seu ombro e me deixei ser embalada por aquele abraço. Ele ora esfregava minhas costas ora mexia em meu cabelo. Eu sentia que ele estava tentando me acalmar de todos os jeitos possíveis. E ele estava conseguindo. Pouco a pouco eu fui me acalmando enquanto ele me mimava, dizia que me amava sussurrado em meu ouvido, me dava vários beijos no rosto e no topo da cabeça. Realmente, só meu pai mesmo. Ele tinha acabado de me dar uma surra e estava lá se derretendo de mimos agora. Não consegui me segurar, acabei soltando uma risadinha. Claro que não passou desapercebido.

– O que foi? – ele me perguntou curioso.

– Nada. – respondi ainda sorrindo.

– Ah! Então você já está pronta pra outra surra, né?

– NÃO! – ele falou brincando, mas eu não consegui evitar assustar. Ele gargalhou alto.

– Deixa o papai te vestir.

Eu já tinha me esquecido disso e ouvir meu pai falando era extremamente constrangedor. Mas eu não me importei dessa vez, estava mais carente que o normal. Ele me vestiu e eu rapidamente me sentei em seu colo de novo e agarrei seu pescoço. Minha bunda tava doendo como o inferno, mas eu não estava me importando com isso. Tudo que eu queria era o carinho do meu pai. Pelo menos naquele momento eu queria que ele fosse só meu. Acho que ele ficou meio surpreso no início, mas depois me retribuiu o abraço carinhosamente.

– Tá tudo bem, Rose? – ele me perguntou docemente.

– Eu só quero ficar mais um pouco assim.

– Tudo bem, princesa. Você pode ficar o tempo que precisar. Eu quero que você sinta a segurança de que o papai te ama muito e que nunca vai te deixar. Nunca!

Aquelas palavras entraram em minha mente e aqueceram meu coração. Eu continuei ali com ele. Embalada naqueles braços como um bebê. E foi ali que eu acabei adormecendo. Envolta de todo aquele amor.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Yoo pessoitas XD!!
Vivaaaaaa ^^/!!! A parte q todo mundo estava esperando finalmente chegou XD!! E aí? O q acharam? Fui mto boazinha? Ou foi na medida certa? Ou eu exagerei?... hauhauahauhauahauahauahua XD!! Digam-me o q acharam, é mto importante pra mim XD!! Esse foi o único cap q fiz questão de revisar, pq eu qria q ele saísse perfeito XD!! Espero ter agradado XD!!
Bom, estamos chegando ao fim xD!! O próximo será o último XD!! Non esqueçam de comentar e fazer uma ficwriter feliz... hauhauahauhauahauahau XD!!
Até o próximo o/



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