'O Sole Mio escrita por Elizabeth Darcy


Capítulo 2
Dona Mantovani


Notas iniciais do capítulo

Acho que vocês vão ter que se acostumar com algumas expressões italianas, qualquer coisa me peçam ajuda, mas as frases tema tradução logo em seguida separada por traços.
Capítulo revisado.
ESTE CAPÍTULO CORRESPONDE AOS ANTIGOS CAPÍTULOS 1 E 2, MAS RESOLVI JUNTÁ-LOS, SÓ PARA AVISAR.
Nos vemos lá em baixo.



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A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.

– Leon Tolstoi

FLORENÇA, 2013

Emma se surpreendeu ao encontrar duas moças segurando uma placa com os escritos “Emma Scott”. Realmente ela não esperava que alguém a viesse buscar no aeroporto. Pegou sua mala e caminhou tímida até elas e acenando. Antes de falar, parou e tirou o casaco, aquele lugar era consideravelmente mais quente que Londres no verão.

Emma?– Perguntou a mais alta e bastante loira, o sotaque dela era carregado quando pronunciava o nome de Emma e o deixava quase engraçado, principalmente porque ela nunca havia ouvido alguém falar seu nome em italiano.

– Sim - Respondeu Emma com uma voz esganiçada pela tensão de falar em italiano com duas italianas.

Sono molto felice di conoscerti, io sono Francesca Mantovani e questa è mia sorella Pietra. - Fico muito feliz em conhecê-la, eu sou Francesca Mantovani e esta é minha irmã Pietra. - Ela fez um jeito para a moça com cabelos bem mais escuros que a acompanhava, mesmo não tendo entendido muito bem o que falavam, Emma sabia que elas eram irmãs. Compartilhavam mais traços do que a coincidência poderia deixar.

Depois de um breve cumprimento elas perguntaram se aquelas eram todas as coisas que Emma havia trazido e riram quando ela tentou se desculpar em inglês por trazer tanta coisa. Se a temperatura mesmo influenciada pelo ar condicionado que circulava no aeroporto não fosse uma mudança suficiente, ao passarem pelas portas duplas de vidro de uma das alas do aeroporto mostrava um lugar muito diferente do que Emma estava acostumada. O calor era pelo menos desconfortável, o sol mais forte e brilhante, o céu mais limpo, mas era o ar que se mostrava peculiar, pareci por si só dotado de uma energia contagiante de alegria, com os aromas do verão, o frescor de uma brisa que passava errante, completamente diferente do pesado e cinzento ar que preenchia Londres por quase trezentos e sessenta dias no ano.

A morena, Pietra, foi na frente e parou ao lado de um esportivo branco e abriu o porta-malas com a chave e com ajuda da irmã colocou as malas de Emma lá. O Porsh parecia ser o último modelo, mas não daqueles que serviam de enfeites em garagens de milionários, era apenas um carro utilitário muito bem projetado, e sem saber porque já imaginava as duas irmãs como parte da família de Little Woman, Pietra parecia ser entusiasmada, a lembrava de Jo enquanto Francesca parecia mais com a caçula, mas talvez seu julgamento tivesse sido afetado porque ela parecia ter exatamente o mesmo loiro e alguns traços de Samantha Mathis que fazia Amy March quando adulta.

Emma mirou a paisagem encantada. A vista de Florença era linda desde o momento em que saíram do estacionamento do aeroporto. Tudo tinha um aspecto antigo se misturando com a modernidade, o concreto e a natureza pareciam criar uma trama complexa e equilibrada. Em todos os espaços se via um pedacinho da história, um ar caseiro no meio de uma das maiores cidades da Itália onde as casas cresciam grudadas umas as outras e amparadas por grandes prédios como os que se viam em Londres, havia sempre jardineiras nas janelas e varais com roupas balançando ao vento, por perto pequenas lojas e ristorantes, em contraste com as grandes lojas de fast food, ou os grandes prédios de apartamentos e escritórios modernos e espelhados por fora. As pessoas pareciam muito mais alegres do que Emma estava acostumada a cruzar nas ruas, até os engravatados sorriam e falavam com ânimo. Mesmo o trânsito caótico das ruelas que se estendiam por toda cidade parecia ter um equilíbrio sofisticado, todos dirigiam de um jeito um pouco louco, Emma diria até perigoso, mas em nenhum momento o perigo de uma batida parecia real para a motorista ou os outros. Aquilo a assustava e as italianas riam de seu medo quando os carros passavam a centímetros uns dos outros.

Ora sto diventando molto contento siete venuti a prendermi, penso che non avrei mai nemmeno arrivato a metà strada da solo! – Agora eu estou ficando muito feliz de vocês terem ido me buscar, acho que eu nunca teria chegado nem na metade do caminho sozinha!– Disse Emma, vendo Francesca fazer uma curva acentuada.

– Niente, Firenze è una città facile da percorrere, se il GPS questo problema, qualcuno dovrebbe sapere come ottenere la casa di Dona Mantovani!– Que nada, Florença é uma cidade fácil de andar, mesmo que o GPS desse problema, qualquer um saberia dizer como chegar a casa de Dona Mantovani!

– Me desculpe, mas eu não entendi bem. - Disse Emma e a italiana repetiu mais lentamente a resposta. - Então vocês realmente devem ser uma família famosa aqui. - Comentou por fim rindo com as duas irmãs.

Pegaram um caminho por uma estrada de mão única rodeada por campos. Primeiramente eram pastos limpos com apenas algumas plantas intrusas que cresciam e coloriram em pontos a paisagem com suas flores, mas depois de alguns chalés, as filas de parreiras cheias de uvas e homens trabalhando apareceu no campo de visão de Emma e ela soube que estava perto. Cem metros depois havia uma placa que indicava o vinhedo dos Mantovani e quase um quilômetro a frente crescia no morro um enorme chalé, na verdade, estava mais para uma mansão de veraneio.

A maior parte era feita de pedras claras auxiliadas por partes e detalhes de uma madeira muito escura e com grossas vigas. “Eu apostaria meus brincos que isso com certeza é mogno tratado” Emma pensou. Mas a maior parte da estrutura era construída mesmo em pedras, entre elas Emma sabia que haveria de ter uma pequena camada de cimento, mas o encaixe a cada momento que se aproximavam parecia ainda mais perfeito, como se realmente não houvesse nada no meio. Ela percebeu que várias janelas se estendiam nos dois andares da casa e se cada uma significasse um quarto, aquela casa teria pelo menos uns vinte dormitórios mostrado que a família que se instalou ali era numerosa.

Arrivato! Incontra il resto della famiglia, la mamma stava cercando di darvi il benvenuto! – Chegamos! Venha conhecer o resto da família, mamãe estava ansiosa pela sua visita! - Disse Francesca quando o carro parou ao lado da varanda na entrada principal e saiu do carro para avisar a todos. Emma achava engraçado a maneira como ela falava com emoção, parecia que todas as suas frases terminavam com um ponto de exclamação.

Olhou mais uma vez para a casa e percebeu que não fazia ideia de quantos moravam ali dentro. Emma ajudou Pietra com as malas e esta então a convidou para entrar e esperar ir com ela até a cozinha onde tinha certeza que a mãe estaria. Era tudo em escala maior do que Emma podia imaginar. Os três sofás tinham quatro lugares cada um, o corredor várias portar e dentro delas se ouviam vozes de outras pessoas, na maioria mulheres trabalhando. No fim do corredor o último cômodo era amplo e bem iluminado por três janelas enormes e na parte esquerda uma mesa de madeira enorme que devia ter uma dúzia de cadeiras em volta. Na pia e no fogão, instalados no lado direito, uma senhora começava o que deveria ser uma massa salgada.

Mamma. - Chamou Pietra. A mulher limpou as mãos e se virou com um sorriso no rosto.

– Emma! - Disse ela expressando felicidade em ver a moça. – Vieni qui ragazza, dammi un abbraccio. - Venha aqui menina e me dê um abraço.

E foi isso que Emma fez, a abraçou como abraçava sua avó em Londres, Donna Marília Mantovani a tratava como se a conhecesse a muito tempo, e a parte engraçada é que a nossa própria protagonista se sentia a vontade com aquela mulher como se fosse velhas conhecidas.

Mi dispiace, la signora Mantovani ... ma non parlo italiano molto bene ... Mia nonna parlava molto della signora ed è un piacere conoscerti - Me desculpe, senhora Mantovani, mas não falo italiano muito bem. Minha avó falava muito da senhora e é bom conhecê-la - Tentou dizer em italiano e a senhora lhe sorriu com ternura e divertimento.

E come sta la tua nonna, cara? – E como está a sua avó, querida? - Lungo tempo non ha parlato con lei di frequente. - Faz bastante tempo que não falava com ela com frequência.

Sta bene, grazie.– Ela está bem - vedi ... - mostrou a foto no colar. - E questi sono mio padre e mia madre.

Naquele momento desceram algumas pessoas do andar de cima e era Pietra que os empurrava. Primeiro um homem na faixa dos 35 e tinha uma menina em seus braços, aquele era Ignazio com a filha Joana, ao lado a esposa agregada a família, Stella, ainda estavam parado ali Gianluca, o caçula casado com Suzzana.

Gli altri miei fratelli dovrebbero arrivare più tardi.– Meus, outros irmãos devem chegar depois. - Ela olhou no relógio da parede, já eram seis da tarde.

Altri fratelli?– Outros irmãos? Perguntou Emma desajeitada. Ali eles já eram quatro e havia mais? Na Inglaterra os casais tinham em casos extremos três filhos.

Sono in otto, ma le mie due sorelle sono sposati e non vivono più con noi. Non hai fratelli, Emma? – Somos em oitos, mas duas irmãs minhas se casaram e não moram mais conosco. Você não ter irmãos, Emma?

– Não, nenhum.

Dios mio! - Disse dona Marília enquanto contava a massa em um tabuleiro. - Me alegro de ter minha casa sempre cheia e barulhenta, a vida da sua mãe deve ser muito vazia.

– Acredito que não, Dona Marília, ela é muito ocupada com o trabalho. -Aquela resposta causou um silêncio quase constrangedor. Os homens se sentaram à mesa enquanto as mulheres colocavam os aventais para começar a preparar o jantar.

Emma, ​​andare con Pietra e fare un bagno di relax, la cena viene sempre fuori 07:30, quindi è bene che si sta riposato. – Emma, vá com Pietra e tome um banho para descansar, a janta sempre sai as sete e meia, então é bom que você esteja descansada.

– Posso farlo doppo cena. – Eu posso fazer isso depois do jantar. - Disse sem intenção de sair sem ajudar na cozinha.

– Na verdade, depois do jantar nós costumamos ficar todos aqui na mesa e então irmos direto dormir, é uma questão de costume, mas se você quiser, pode tomar banho depois se conseguir sair da cadeira depois de uma macarronada na mamma.

Non lo so, ma non ci vuole più aiuto in cucina? – Eu não sabia, mas não é preciso mais ajuda na cozinha?

– Nunca é preciso muita ajuda Emma, somos em muitas mulheres para fazer o jantar. Vá lá e arrume seu quarto do jeito que quiser para se sentir mais a vontade, se precisar de algo chame a Maria ou uma de nós.

{♥♥}

Emma entrou no quarto, era um cômodo simples, mas aconchegante, a cama de carvalho, o conjunto de lençóis brancos, e cortina de um tom entre vermelho desbotado e o rosa que com o pôr-do-sol tornava todo o cômodo colorido pela cor. Pietra explicou que por aquela ser a estrutura original da casa, os banheiros tinha sido instalados em um anexo conjunto a casa, para isso era necessário descer as escadas no fim do corredor e lá havia cinco banheiros a disposição.

Ficou alguns momentos observando o lugar, era aquela sensação de realmente ter chegado em um lugar bom, e que ali nada do passado podia prendê-la ali. Não havia ex-namorados, ex-amigos, os chefes dos estágios que ela fez, ou mesmo os professores da universidade, ninguém a conhecia ali e ela não precisava mais ser alguém diferente da própria Emma. Seguiria a vida, não lembraria de qualquer problema, ninguém ali tinha culpa pela vida doida que ela vivia, ou qualquer experiência que ela tinha tido. Seria a Emma verdadeira. E essa resolução fazia algo dentro dela estranhamente lhe dizer que aquela viagem podia mudar muita coisa, não só de uma única maneira, e Deus que tivesse razão em acreditar nisso.

Ela não tinha o que organizar no quarto além das roupas e pertences pessoais que ela tinha trazido, colocou o notebook na cômoda e deitou rapidamente na cama, macia e fresca, depois escolheu um vestido florido e pegou a necesser e rumou em direção do banheiro. A água tirou os poucos vestígios de cansaço que já se acumulavam em seus músculos, principalmente nos ombros, a ducha fria depois a deixou mais alerta e fresca, "Deus, como é quente esse lugar" era o pensamento ao voltar para o quarto. Resolveu por secar os cabelos para descer apresentável no jantar, mas quando ainda faltavam vinte minutos, achou que não havia mal em descer antes.

No corredor Emma fez o caminho inverso, passou pelos quartos de quem são saberia dizer ser, até encontrar a escada oposta a que seguiu para os banheiros, essa daria na sala por onde havia entrado naquela tarde. Das portas do corredor do andar inferior, somente uma estava aberta e se revelava uma lavanderia, cestos e mais cestos de roupa jaziam lá, nos varais da área aberta viam-se roupas de diversas cores e tamanhos, como Dona Mantovani conseguia cuidar de tudo aquilo?

A cozinha tinha um mormaço perfumado pelos temperos que deixavam o ar maravilho. Coentro, cominho, orégano, tomilho, manjericão e alecrim. Emma se ofereceu para arrumar a mesa para que Francesca pudesse tomar seu banho sem preocupações, a pilha de prato tinha o mesmo número que cadeiras, e aquilo realmente explicava o tamanho das panelas que Dona Mantovani usava para cozinhar.

Signora, como consegue dar conta de toda essa casa? - Perguntou para saciar sua curiosidade e pensando no tempo necessário para que tudo sempre ficasse limpo e ajeitado como estava, porque não havia pó acumulando, ou objetos fora do lugar.

– Eu só fico na cozinha, ragazza, as empregadas cuidam do resto, realmente é muita coisa para uma pessoa sozinha fazer. - Dona Maríla respondeu sem tirar os olhos do fogão.

In Inghilterra le cameriere anche cucinare. – Na Inglaterra as empregadas também cozinham. - Comentou, as pessoas se orgulhavam lá de não precisarem fazer nada em suas casas, havia também os que não faziam as refeições em casa para não cozinhar, e era por isso que os restaurantes e fast food sempre estavam lotados.

– Mas que mundo é esse? Uma senhora de respeito tem que cuidar da sua cozinha, tem que alimentar o spozzo e os filhos e não deixar outra fazer isso. - A indignação dela era grave, tanto que Emma gostaria de ter mantido aquele comentário apenas como uma nota mental.

Por sorte, um homem alto de cabelos bem escuros como os de Ignazio entrou pela porta da cozinha que dava para uma varanda. Emma se assustou com a voz dele ao gritar "Buon pomeriggio, mamma!" era tão forte e grave que as colheres que ela segurava - depois de insistir em ajudar em alguma coisa enquanto estava ali e logo foi posta para ajudar a arrumar a mesa com gentileza da mamma - foram para o chão como se ela tivesse ouvido um trovão mesmo com o céu limpo. Isso chamou a atenção para ela imediatamente, o moço beijou a bochecha da mãe antes de olhar para ela no chão enquanto juntava os talheres com rapidez.

Emma, goccia cucchiai, voglio farti conoscere mio figlio Raoul, il mio orgoglio!– largue essas colheres, quero lhe apresentar meu filho Raoul, meu orgulho! - Ela ela deu um beijo estalado na face esquerda dele.

Pegou as colheres que já tinha alcançado e se levantou batendo a cabeça na mesa e soltando um pequeno gemido, quando finalmente teve coragem de encará-lo viu um homem em sapato e calça social e uma camisa azul muito clara de linho. Raoul olhava Emma com as sobrancelhas franzidas e um olhar severo por causa dos trejeitos dela, o nariz reto e anguloso estava em harmonia com os lábios finos e fechados em uma linha reta. Era simples perceber porque aquele era o orgulho da mãe, sua imagem exalava sucesso e disciplina, diferente dos outros filhos que pareciam mais... despojados.

– Raoul, essa é Emma, neta de minha amiga Charlotte, a que se casou com o sr. Scoot, conhecido de teu babbo, lembra de eu dizer que ela viria?

No mamma, non mi ricordo. Benvenuto. - Não mãe, não me recordo. Bem vinda. - Disse ele calmamente mas suas sobrancelhas denunciavam que ele desconhecia a informação. - Emma - disse por fim, com um sorriso simples e lhe estendeu a mão.

Grazie, piacere di conoscerti. - Obrigada, é um prazer conhecê-lo. - Disse devolvendo o aperto de mão.

Inglese– inglesa, constatou ele pelo sotaque e dificuldade de dicção de Emma, mas não parecia interessado em prolongar o assunto, parecia estar anotando mentalmente tudo o que pudesse captar da estranha em sua casa. - Ci vediamo più tardi.- Nos vemos mais tarde. - E por fim entrou no corredor e foi possível ouvir seus passos na escada de madeira.

Mio ragazzo... - Suspirou a dona - agora só precisa encontrar uma esposa logo. - Emma lavou as colheres que tinha terminado de pegar a as secava pondo no devido lugar na mesa enquanto ouvia os suspiros de sua companhia - E você, Emma, tem um esposo?

No, signora. - Respondeu mesmo achando estranha a pergunta de Dona Mantovani.

No fidanzato?– Nenhum namorado?

– Nenhum, Dona Mantovani.

– Finirai come il mio Raoul, unico quando dovrebbe già vedere i tuoi figli in esecuzione in questa casa, egli sembra voler darmi nipoti! – Vai acabar como meu Raoul, solteiro quando já devia ver seus filhos correndo nessa casa, ele parece não querer me dar netos!

Emma quis rir do comentário frustrado e carinhoso de Dona Mantovani, um relacionamento amoroso é algo complicado, e encontrar a pessoa certa parece cada vez mais complicado, todas as pesquisar mostram isso, as pessoas passam mais tempo procurando seu par perfeito e mesmo assim a taxa de divórcios também aumentava. Se tudo se resumisse a dar netos a sua mãe, Emma não precisaria se preocupar, a mãe não teria tempo para eles como também não teve para ela, ter filhos era algo complicado, exigia esforços até o último respirar e muito mais coisas do que eu ela podia compreender como filha, mas Dona Mantovani não vi problemas, talvez criar os filhos antigamente fosse mais fácil do que parecia ser hoje.

– Não encontrei o homem certo até agora. - Emma respondeu sem querer falar de filhos, era necessário um marido primeiro, não?

– A pessoa certa! - Repetiu com deboche. - Ragazza, você pode ter tido a pessoa certa a um palmo do seu nariz e mesmo assim não ter descoberto, acredite na mamma, nós somos as melhores pessoas para saber sobre isso, as mães tem um faro muito bom quando se trata de genros e noras.

Sì, l'unico modo per me trovare un fidanzato.– Sim, só assim para eu encontrar um noivo. - Emma riu da situação, ela praticamente tinja acabado de pedir a Dona Mantovani que cuidasse de sua vida amorosa por ela!

Beh, vado a prendere un fidanzato prima di andare!– Bom, vou te arranjar um noivo antes que você vá embora!

O assunto foi dado como encerrado quando os filhos de Dona Mantovani vieram para a mesa, e ela tirava da pia uma travessa cheia de macarrão e Emma trouxe uma panela de cobre cheia de molho de tomate e cogumelo. Havia ainda um molho que levava berinjela e açafrão, queijo ralado e uma salada de folhas com molho que deveria ser o Caesar. Na mesa já tinham todos se organizado deixando apenas dois lugares, a cabeceira da mesa, onde parecia claramente ser o lugar de Dona Mantovani e um entre as irmãs Francesca e Pietra e parecia especialmente reservado a ela.

Depois de todos se servirem da forma como queriam, Dona Marília pediu por uma oração e mesmo Emma não sendo católica, o fez de bom grado, a massa era perfeita e aquela com certeza era a melhor macarronada que ela havia comido, na terceira garfada, porém, foi impedida de continuar.

Emma ha qualcosa a che fare oggi? – Emma, tem algo para fazer ainda hoje? - Perguntou a dona.

Non, Dona Mantovani.

– Então coma devagar, aprecia o sabor da massa e do molho, bambina! Você está na Itália, tem que comer como uma italiana!

Ma è molto buona, Dona Mantovani! – Mas está muito bom, Dona Mantovani! - Todos riram da reclamação de Emma como se aquele fosse um jantar diferente dos normais.

– Faremos o seguinte, - interferiu Gianluca - vamos mantê-la falando, assim ela não poderá comer tão rápido!

Oh! No, gratto, posso rispondere a tutte le domande più tardi! – Oh! Não, nada disso, posso responder a todas as perguntas depois!

Poi, quando? Quando voi o finiamo di mangiare? – Depois quando? Quando você ou nós terminarmos de comer?!

Cosa vogliono così tanto da sapere su di me? – O que querem tanto saber de mim?

– Você trabalha, Emma? - Perguntou Pietra ansiosa depois de Emma dar seus dados principais a eles.

–Já trabalhei e pretendo voltar a trabalhar quão logo voltar para Londres, por quê?

– Ninguém nos deixa trabalhar aqui, nenhuma de minhas irmãs pode por causa dos homens dessa casa! - Ela parecia indignada.

– Porque não?

– Porque nenhuma Mantovani nunca precisou trabalhar - Disse Raoul de uma das pontas da mesa, sério e decidido - e não é hoje que será necessário que elas o façam para o sustento da casa. - Era fácil ver que aquilo não era um assunto para discussão, mas Emma tentou da mesma forma.

Mi dispiace, ma questo è un atteggiamento molto maschilista ad una casa dove è la matriarca più importante. Perché fermare l'emancipazione delle donne? – Me desculpe, mas isso é uma atitude muito machista para uma casa onde é a matriarca a mais importante. Porque impedir a emancipação feminina? - Francesca e Pietra se apoiavam em Emma para expressar que concordavam piamente com ela enquanto a própria Emma tentava manter fala, e face calmas e argumentar contra aquela ideia obsoleta.

– Porque é o dever do homem sustentar a casa e é assim que fazemos aqui, mamãe nunca interfere nos negócios do vinhedo. - Raoul se empenhava para não levantar e gritar "basta" a visitante recém chegada e seus ideais liberais.

– Calma Raoul - chamou Ignazio - Todos estamos aqui para te apoiar, mas estamos adorando ver a desenvoltura que a Emma tem para o debate!

– Elas não tem motivo nenhum para trabalharem, não precisam se sustentar ou auxiliar no mantimento dos negócios ou mesmo da casa, então, não, é uma questão de honra e completa falta de necessidade. Nem Francesca, nem Pietra aguentariam uma jornada de trabalho, apenas estão criando opiniões fantasiosas por nada.

– Não é isso, tenha mais respeito por nós, Raoul! - Respondeu Pietra ao ouvir as duras palavras do irmão.

Per arriva! Non sono sulla mia scrivania! - Pois chega! Nada de discussões na minha mesa! - Disse Dona Mantovani.

Mi dispiace, mamma.– Pediu Raoul e Emma e por fim ela foi fuzilada pelos olhos escuros dele.

– E Pietra, chega de começar alvoroços, parece que não dei nenhuma educação a nenhum dos dois!

Emma quis interferir e dizer que a culpa era dela, mas Raoul e Pietra de desculparam com a mãe e dez minutos depois todos já conversavam e riam como se nada houvesse acontecido.

Ela sabia que tinha um gênio forte, e que desde pequena Emma tentara aparentar ser mais dócil e feminina, ela tinha conseguido pela maior parte do tempo. Porém, desde sempre assuntos como aquele a faziam esquecer a compostura, ela nem tinha percebido que brigava com o filho "preferido" de Donna Mantovanni até a metade da conversa. E ela provavelmente não conseguiria se conter se ouvisse outras afirmações tão obtusas como aquela, não sabia o que faria. Ela tinha prometido ser ela mesma, mas agora corria de algo que sabia que não podia resistir. Falaria com Pietra e Francesca mais tarde, e com sorte com Raoul a sós antes de causar outro caso.

– Como é viver em Londres? - Ouviu uma das mulheres perguntar e voltou a conversa enquanto os Mantovani a questionavam com interesse.

Casa dos Mantovani


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Notas finais do capítulo

Espero que dessa vez a foto abra, na verdade era para ter a foto da Emma no prólogo, mas acho que não saiu.
Alguma dúvida?
Beijos e até logo.