Circus escrita por Nico kaulitz


Capítulo 8
Capítulo 8




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Soon as you got me
You go and drop me
It's cool when you burn me
I love how you hurt me
 Attention-Tokio Hotel

 

 

Nos dirigimos ao mesmo “campo” de antes, só que agora sem divisões de time.

-Vamos tirar quem vai ser o bobo. – colocando as mãos pras trás e em seguida colocando o punho fechado pra frente.

Isso não é possível, eu brincava disso no tempo em que minha avó ia de skate pra igreja.

Cada um segurou um dedo enquanto eu fiquei parada olhando.

-Audrey, só falta você. – eu ouvi Georg sussurrar ao meu lado.

Eu segurei o dedo mindinho, o único que havia sobrado.

-O pegador é o Georg – ela falou e em seguida todos saíram correndo.

Menos eu. É claro. Desculpa, eu sou meio lenta.

-Corre Audrey. – Kathe gritou já do outro lado do campo.

Tarde demais, eu havia me movida mais não o suficiente para ele não me pegar.

- Ta com a Audrey. – nessa hora havia começado a chover.

Eu sabia que ia sobrar pra mim.

Eles não estavam se dando ao trabalho de se manter longe de mim, até porque o que eu iria fazer? Colocar fogo na mata inteira?  Então o jeito era fazer como nos velhos tempos: correr.

Eu não sei se era só impressão mais todos pareciam correr mais rápido que eu.

-Isso não vai dar certo. – eu falei alto o suficiente só pra eu ouvir. – Eu tenho que escolher um, apenas um.

Eu ofegava.

Tom.

Saí em disparada atrás deles, Tom não se dava ao trabalho de se mexer. Era a minha chance.

Eu corria com todas as minhas forças, eu podia ouvir as risadas eles estavam se divertindo. Eu cheguei bem perto do Tom, eu iria tocá-lo.

Eu parei.

Na minha frente havia um imenso desfiladeiro, eu estava no alto de um penhasco, meu joelhos tremiam. Não existia campo, não existia Kathe, Georg, Dama ou Tom. Só eu, no topo de um penhasco a beira de cair.

Era isso. Esse era o poder misterioso do Tom. Imagens, ilusões criadas por ele. Nada daquilo era real, não era real eu tinha que me convencer disso. Mas parecia, eu podia sentir que realmente estava no topo de um precipício. Eu fechei os olhos com força, repetindo mentalmente. Não é real, não é real.

Eu me joguei. Joguei-me do penhasco rezando que aquilo realmente fosse uma ilusão, esperando não cair no chão duro lá embaixo.

Mas felizmente eu não caí em algo duro, algo até bem macio.

Eu abri os olhos após sentir que eu estava no chão. Eu estava esparramada sobre o Tom que ficou me olhando como se eu acabasse de atravessar uma parede.

-Ela não caiu na ilusão. – eu ouvi Dama falar baixinho atrás de mim.

Aquilo não importava, na verdade nada fazia muito sentido. O cheiro dele era forte, inebriante, ele tinha um perfume maravilhoso. Nós estávamos bem próximos, eu podia sentir a respiração pesada dele sobre o meu rosto.

-Como você fez isso? – ele falou num sussurro doce, diferente das palavras ásperas que ele soltava.

Eu não respondi, eu só fiquei encarando aqueles olhos profundos, enquanto seus lábios se movimentavam sobre as gotas de chuva que caiam sobre nós.

-Como saiu da minha ilusão? – ele tentou de novo.

Eu inclinei a cabeça quase indo ao encontro dos lábios dele.

Foi tentação demais, compreenda.

-Será que dava pra você sair de cima de mim? – ele respondeu com a voz seca de sempre.

Droga, ele voltou ao normal.

Eu me ergui no meu jeito desengonçado.

-Ta com o Tom – foi à única coisa que eu consegui dizer.

A gente retornou a brincadeira debaixo de chuva. Cada um teve a sua vez de pegador. No final eu havia percebido que já nos falávamos como velhos amigos. Apelidos, brincadeiras e todo o tipo de intimidade que não tínhamos na noite anterior.

Mas também não vai pensar que estávamos best friendes, vez por outra agíamos como desconhecidos que éramos.

Quando foi encerrado o jogo eu já nem conseguia ficar mais de pé.

Recostamos-nos nos carros estacionados enquanto tirávamos à lama dos sapatos. A essa altura já havia parado de chover.

-Nossa, eu tenho lama até nos ouvidos. – ouvi Georg  falar.

Já passava da hora do almoço, eu estava com fome e suja, meus pés doíam e sentia um leve formigamento nas mãos. Já estavam todos entrados nos carros quando Kathe voltou a falar.

-É... Audrey, bem nós amanhã estávamos pensando em ir ao cinema, e se você quisesse ir com a gente seria uma boa.

Diga não, diga não.

-Claro. Tudo bem

Imbecil.

-Então ta, a gente passa as sete pra te pegar.

Eu assenti.

Eu fui entrando no carro quando percebi que a Dama entrava na Van prateada.

-Quem vai te deixar sou eu. – Tom falou se sentando do lado do motorista.

Ferrou

-Porque não a Dama?

 

-Se você quiser ir a pé por mim tudo bem.

Odeio esse cara.

Saímos do campo em alta velocidade enquanto as rodas do carro jogavam uma onda de lama para cima.

- Você é muito sutil. – eu disse.

-Obrigada, as mulheres sempre dizem isso.

Eu olhei pra ele com um cara tipo: Se toca otário.

Ele era pior que a Dama, acredite. Ele ligou o rádio colocando no mais alto volume enquanto fazia curvas com o carro como se ele fosse de borracha.

-Deixa eu te perguntar, você é sempre assim?

-Assim como? – ele falou.

-Grosso, arrogante, estúpido e etc.

Ele me encarou e depois voltou os olhos para estrada.

-Você não me conhece.

-E não pretendo. Alguém como você nem da vontade de conhecer.

-Então cala a boca.

 

Não era possível, eu sentia vontade de dar na cara dele. Ninguém nunca havia me deixado irritada assim, só o Vinny e ainda fazendo esforço.

Fomos calados até chegarmos à frente do meu prédio.

-Obrigada. – eu falei descendo do carro antes mesmo dele parar por completo.

-Espera ai. – ele segurou meu braço.

Eu me virei encarando ele.

- Não vai me convidar para entrar?

Era o cúmulo.

-Você é muito fogaldo né não?!

-Talvez, mas é falta de educação não convidar alguém que já te trouxe até sua casa duas vezes.

Eu bati a porta com toda a força, atravessei a rua e fui subindo as escadas.

- Era o que me faltava. – eu falei baixinho.

-Audrey. – ele já estava ao meu lado. – Me desculpa.

Eu tomei fôlego.

-Entra. – eu disse por fim.

 


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