Angelic Me escrita por Thaís Fonseca


Capítulo 9
Capítulo IX - Um Leão Prestes a Atacar




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Dizer ao Charlie que eu iria sair no sábado, não foi uma tarefa tão difícil assim. Ele se surpreendeu com isso, mas gostou de eu estar socializando. Mas o que não o agradou, foi saber que Edward me convidara. Fato que acabei deixando escapar, sem querer.

Mas nada que não pudesse ser contornado. Eu disse que Edward transmitira o recado de Alice, que queria retribuir toda a gentileza que eu tive em ir à casa deles e me preocupar em apresentá-los a Forks, bla, bla, bla. Depois de convencer Charlie, foi a hora de lutar contra os ponteiros do relógio. Parecia que uma hora havia passado, e quando eu olhava para o tempo, nem dez minutos haviam ido! Como lidar com isso?

Finalmente depois de muitos dez minutos, livros de álgebra, e-mails de Reneé e conversas com Charlie, sábado chegou. E acho que esperar já estava tão comum para mim, que quando o dia chegou, não dei tanta importância como pensei que daria. Apenas me levantei da cama, e segui o ritual de sempre, como se fosse para a escola. Tomei o meu café da manhã e fui para a sala, ligando a TV em um canal qualquer, distraída.

Mal me acomodei no sofá e a campainha soou. Desliguei a TV sem ao menos ver o que passava e fui em direção a porta.

- Oi Bella! – sorriu Alice animada. – Quando vi você hoje conosco, fiquei muito feliz! Obrigada por aceitar vir. Vamos, todos estão esperando.

Olhei por cima do ombro de Alice e lá estavam o Jipe de Emmett e o Volvo de Edward. No jipe, Emmett acompanhava sua delicada Rosalie, enquanto Jasper se alojava no banco de trás, aparentemente esperando Alice voltar. No volvo, Edward olhava em nossa direção, enquanto uma Esme sorridente acenava para mim, do banco de trás, ao lado de Carlisle. Reparei que o banco que deveria estar reservado a mim, era o do lado direito de Edward.

Como não respondi nada, Alice puxou minha mão com suavidade e fechou a porta por mim. Andamos em direção ao comboio e ela rapidamente pulou para dentro do jipe, de forma graciosa, se abraçando a Jasper. Eu, sem outra escolha, abri a porta do carro e me sentei ao lado de Edward, que sorriu.

- Ainda bem que não desistiu.

- Não faria isso... com a sua família. – disse.

Edward não falou mais nada, apenas deu um sorriso subjetivo e olhou para frente, colocando a marcha no carro e arrancando.

- Sei que Alice já agradeceu pela sua presença, mas gostaria de ressaltar que é realmente muito agradável que tenha concordado em vir conosco. – disse Esme com o tom maternal de sempre.

- Não foi nada. Eu preciso me socializar às vezes também. Não sou do tipo que tem programas com amigos todos os fins de semana.

- Agora terá, sempre que quiser! – ressaltou Carlisle. – Pode nos visitar sempre. Será um prazer recebê-la em nossa casa.

- Obrigada. – sorri um pouco sem graça, aquilo estava me deixando meio desconfortável. – mas não sei se minha presença agradaria a todos...

Tentei evitar, mas ficou evidente de que falava de Edward. Carlisle, porém, muito delicado, acrescentou, tentando amenizar minhas palavras.

- Se fala de Rosalie, não se preocupe. Ela é metida e arrogante, mas é uma boa pessoa. Só precisa se acostumar que o foco, nem sempre é dela.

Esme por outro lado...

- Não seja tolo Carlisle! Ela fala de Edward, é claro. Mas não há com o que se preocupar também. Ele fala sempre de você.

Vi Edward olhar de rabo de olho para Esme, com uma expressão dura. Segurei para não rir. Mães faziam os filhos pagar mico, sempre. Agora era comprovado. Porque até um vampiro era dedurado por sua mãe!

Foi aí que me veio à cabeça, algo que até agora não me passara:

- Onde vamos? Edward não me disse nada...

- Ah, é claro! Vamos jogar beisebol! – respondeu Carlisle.

- Beisebol? – admirei.

- Sim! Uma tempestade está prestes a vir para a cidade, é perfeito. – completou Esme contente.

- Mas desde quando vampiros jogam Beisebol? – pensei... em voz alta.

- Oras, beisebol é o esporte nacional, não é? – agora a resposta vinha de Edward, que parecia divertido.

- Tudo bem. Mas, e o por que da chuva?

- Você verá. – ele respondeu, depois de parar o carro numa trilha.

Desci do carro, e todos já estavam esperando. Aquilo me irritava de verdade. De qualquer forma, apenas fechei a porta do carro e os acompanhei, em silêncio. Rapidamente chegamos a uma clareira, muito extensa. Era um lugar alto, pois dava para ver algumas casas de Forks. Aparentemente estávamos perto da divisa. O céu, na direção da cidade, estava formidavelmente enegrecido. Edward jogou para mim um boné, que eu coloquei em seguida. Todos estavam pondo os seus e indo para seus postos. Aparentemente, já haviam reconhecido o lugar antes. Eu não acredito que já jogassem beisebol a oitenta anos atrás, quando deviam estar aqui pela primeira vez.

- Quer jogar querida? – perguntou Esme.

- Não, não. – respondi de imediato. – prefiro apenas assistir.

- Ok, me ajude sim?

Todos pareciam esperar alguma coisa. De repente, o olhar de Alice desapareceu dali, ficando longe. Uma visão. E ela sorriu em seguida, dizendo:

- Já é hora.

E assim que ela terminou de falar, uma forte trovoada quebrou o silêncio do local: começara a chover em Forks. Alice se posiciou, com a bola em suas mãos, e num gesto elegante, lançou a bola com força em direção a Carlisle, que bateu na bola com o bastão que estava em suas mãos, causando um estrondo tão forte quanto o do trovão que acabara de soar. Agora conseguia entender o porque da tempestade.

Emmett correu na direção da bola, enquanto Carlisle corria pelas bases. Os movimentos eram todos extremamente rápidos e bonitos. Era difícil de se ver tudo. Meus olhos humanos, não podiam acompanhar. Emmett se apoiou em uma árvore e pulou tão alto como qualquer coisa que eu jamais presenciei, pegando a bola no ar. Caiu extremamente ereto, com a bola em sua mão direita e um sorriso triunfante no rosto.

- Fora! – disse Esme, sorrindo para Carlisle.

Após uns dez minutos de jogo, eu me divertia muito com aquilo. Era como um balé artístico. E eles se divertiam muito. Edward e Emmett tinham uma afinidade incrível. Se chocavam (o que também provocava grande atrito sonoro, devo dizer), ou jogavam coisas um no outro, brincavam de socos e coisas do gênero. Em uma família normal, a mãe diria: pare com isso, ou vão se machucar. Mas como não havia nenhum motivo para temer esse fato, Esme ria e se divertia com os garotos. Alice jogou a bola novamente, agora para Rosalie rebater. Edward passou como um borrão atrás da bola recém rebatida, mas a velocidade dela parecia incalculável.

Repentinamente, Alice congelou em seu lugar, o que fez com que Edward, mesmo de costas para a irmã, paralisasse ali mesmo, quase dentro da floresta. Ele estava lendo os pensamentos dela, ou a visão. Todos os olhares iam de Alice para Edward.

- Quanto tempo? – Edward disse, zangado.

- Não mais do que cinco minutos. – falou uma Alice preocupada.

- Alguém pode explicar isso? – comentou Rosalie, impaciente.

- Nômades, três deles. – explicou Edward, rude. – Estão vindo para cá. Ouviram os barulhos e resolveram vir jogar conosco.

Todos pareciam imóveis. Eu, muito menos sabia como agir. Nômades era o mesmo que dizer... outros vampiros? Acho que isso não era bom...

- Leve Bella daqui! – disse Esme, apreensiva.

- Não adianta. – Alice alertou. – eles estão chegando.

- Bella, solte o cabelo e permaneça atrás de mim. – Edward disse, em tom de ordem.

Eu o obedeci rapidamente, enquanto os sete vampiros formavam uma barreira. Os homens a frente, as mulheres atrás. Eu me escondia entre Edward e Emmett. Foi quando três belas criaturas apareceram da floresta. Ao contrário dos Cullen, apesar de inegavelmente lindos, eles eram selvagens. Andavam descalços, com as roupas rasgadas e sujas. Os cabelos bagunçados, e até com alguns vestígios de folhas.

Eram dois homens e uma mulher. A mulher era uma ruiva, de cabelos cor de fogo, reluzentes. Andava ao lado de um vampiro de cabelos negros, lindo como todos da espécie. Ao seu lado, um loiro de cabelo comprido, preso por um rabo de cavalo. Mas havia algo de diferente neles, e eu já lera sobre isso. Seus olhos eram vermelhos vivos, quase tão vermelhos como o sangue. Vampiros. Não como os Cullen. Eu sabia do que eles se alimentavam.

- Ora, veja quem encontramos aqui. – disse o moreno. – Irmãos, se é que podemos classificar assim. Ouvimos os ruídos e gostaríamos de jogar com vocês, se não for incômodo.

- Não há problema. – Carlisle falou gentilmente. – Alguns de nós estão voltando para casa, vocês podem substituí-los.

- Você disse casa? – o estranho disse surpreso.

- Sim, temos uma residência há alguns metros. Ficaríamos felizes de recebê-los qualquer dia.

- Interessante. Somos apenas nômades. E devemos estar causando transtornos para vocês. Se soubéssemos que existem outros de nós pelas redondezas, não estaríamos nos alimentando de suas presas...

- Não por isso. – Carlisle acrescentou de forma educada. – Só nos alimentamos de sangue animal. Mas seria muito adequado que parassem com os ataques. Para não levantar suspeitas contra nós.

- Claro, entendo perfeitamente. – o moreno sorriu, amistoso. – Mas não nos apresentamos. Sou Laurent e esses são Victoria e James.

Ambos acenaram. Em seus rostos, uma expressão que me fazia tremer. Reparei que o loiro, James, me olhava intrigado. Tive cuidado em manter o rosto virado, para que ele não olhasse em meus olhos.

- Perdão por minha indelicadeza. – respondeu Carlisle. – Sou Carlisle, essa é minha mulher Esme. E meus filhos: Emmett, Jasper, Edward, Rosalie, Alice e Bella.

Ele fez um sinal com as mãos, indicando cada um de nós. Me senti um pouco mais segura ao ouvi-lo me incluir como sua filha mas isso logo passou. Era óbvio que aquela era a decisão mais sensata a se tomar. Afinal, ele diria o quê? “E essa é a humana de sangue suculento que trouxemos como aperitivo para eventuais encontros como este”?

Logo em seguida, Emmett disse com excitação:

- Bom, vamos ao que interessa. Mostremos para eles quem manda aqui. – Completou, ameaçando esportivamente.

- Vamos. – disse Edward para mim, pegando em minha mão e me virando enquanto os outros vampiros tomavam seus lugares no jogo.

De forma traiçoeira, uma brisa passou pelos meus cabelos, jogando-os para o lado oposto. Tudo aconteceu de forma absurdamente rápida depois. Edward me jogou para trás dele, se posicionando à minha frente, de forma estranha. Seus joelhos estavam dobrados, o corpo inclinado para frente; de seu peito, um rosnado forte e alto saltou: um leão prestes a atacar.

Notei que James também estava em posição de ataque, mas se aproximava mais a um urso do que um leão. Não tinha nem metade da graça de Edward, mas ainda assim era admirável.

- Não sabia que haviam trazido o jantar. – falou ele pela primeira vez. Sua voz era grave. As palavras proferidas fizeram Edward rosnar outra vez.

- Filho. – Carlisle colocou sua mão sobre o ombro de Edward que voltou a posição normal, ainda com o olhar irado. – Ela está conosco. – agora ele parecia mais firme, sem perder a compostura.

Percebi que eu me segurava ao braço esquerdo de Edward. O apertava significativamente forte. Aquilo me envergonhou a princípio mas o olhar assassino de James sobre mim, me amedrontava muito e como sabia que Edward nem sequer percebia vestígios da minha força, o apertei ainda mais.

- James. – Laurent disse ríspido. – Nos perdoe. Vamos deixá-los. – Ele se virou e ao perceber que James continuava na mesma posição, repetiu de forma rude. – James, vamos!

No que o loiro se arrumou, contrariado. Nos lançou um ultimo olhar raivoso, segurou na cintura da ruiva e caminhou floresta adentro, seguindo Laurent. Logo, os três sumiram exatamente no mesmo lugar em que apareceram momentos antes.

Edward se virou para mim, rapidamente.

- Eu já sei Alice. – disse ele irritado.

- O quê? – perguntou Esme receosa.

- James é um rastreador. Minha reação despertou nele, uma excitação jamais sentida. Pra ele agora é como um jogo. O melhor de todos. Sou um desafio agora. Alice o viu vindo atrás de nós. Vamos Bella, precisamos correr.

- Mas o quê? Que quer dizer com isso? Ele vai vir atrás de você? – perguntei enquanto era puxada por ele de volta ao carro.

- Em termos. Mas ande, você precisa fugir!

- Mas por que eu tenho que fugir? O desafio dele não é você?

- Sim. Mas nunca ouviu falar que a melhor maneira de se derrotar alguém, é atingindo seu ponto fraco?

Com essas palavras, ele me colocou dentro do carro, fechando a porta. Mas que história era essa de ponto fraco? Em meio segundo, ele já estava sentado dentro do carro e colocava a chave no contato.

- Não entendo. – falei. O que eu tenho haver com isso tudo? E se ele quer atingir seu ponto fraco, o que ele está procurando afinal?

- Você Bella! – ele disse impaciente, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Você é meu ponto fraco. Por isso ele quer te destruir. Porque sabe que minha existência não faz sentido sem você.

Dito isso, ele arrancou com o carro, deixando meu oxigênio todo para trás.


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Notas finais do capítulo

*É interessante dizer, mas assim como a nossa Steph, eu ouço Muse para clarear as idéias. Tenho os dois cd’s no PC. E por coincidência, agora que comecei a descrever o jogo, começou a tocar Supermassive Black Hole, hahahaha. Achei legal :P

**Gente, se tiver aqui alguém que entenda as regras de beisebol, me perdoem, eu não sei, e nem procurei saber (escritora de meia tigela, haha). Então perdão.



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