Angelic Me escrita por Thaís Fonseca


Capítulo 3
Capítulo III - Só Algumas Lendas Idiotas




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Eu fui para casa chocada. Depois daquilo que Edward me falara, todos os meus movimentos foram simplesmente inconscientes. O cérebro tomou conta do meu corpo, fazendo com que eu caminhasse até o estacionamento, entrasse no meu carro e fosse para casa.

Cheguei ainda sem ação e entrei no meu quarto. Foi aí que comecei a pensar em tudo. Quando meus sentidos voltaram e eu consegui raciocinar.

 

Não quero matar você’.

‘Em toda a minha existência eu nunca encontrei uma coisa tão tentadora quanto você. Você é a pior coisa que já cruzou meu caminho’.

‘ Não quero te machucar’.

‘A ultima coisa de que preciso é de mais motivos para te mostrar o por que da minha irritação’

 

O que era tudo aquilo? Isso estava me matando. Eu não podia suportar. O que matar e machucar significavam afinal? Eu precisava... de quê? Eu não sabia mais.

Resolvi deixar as coisas fluírem. Não tinha mais  o que fazer, ou dizer.

 

Os dias se passaram, e eu procurei não me aproximar dos Cullen. Na verdade nem que quisesse conseguiria. Por um milagre que só ocorre de mil em mil séculos Forks ficou ensolarada por duas semanas. Sim, ensolarada. Não com mormaços ou raiozinhos tímidos. Mas com raios de sol de verdade. E nesse período, a família recém chegada foi acampar. ACAMPAR. Que tipo de pais levam os filhos pra acampar por 15 dias, perdendo aulas e tudo? Charlie poderia adotar essa política. Eu mesma não ligaria.

Acordei aquela manhã como de costume e fiz o café da manhã. O tempo já tinha voltado ao normal. Chuva. Fui para a escola, sem me preocupar, como de costume. Foi quando cheguei no estacionamento que senti meu corpo todo se arrepiar. Lá estava o Volvo prata. No mesmo lugar que duas semanas atrás. Eles estavam de volta.

Na hora do almoço, entrei no refeitório. Olhar a mesa em que eles costumavam ficar foi inevitável. E lá estavam eles. Alice, Jasper, Emmett e Rosalie. Mas Edward não estava. Eu não sei porque, mas algo em mim se decepcionou. Como depois de toda aquela humilhação, ele poderia simplesmente sumir?

Depois da aula, encontrei Alice nos corredores. Corri para alcançá-la.

- Alice!

- Bella, querida! – ela se virou em minha direção, sorrindo – Como está?

- Bem, bem. E vocês? Passaram esse tempo todo acampando! Charlie morreria se eu pedisse isso a ele.

- Ah Bella, sair às vezes é bom. – ela sorriu divertida.

- Sim, sim. Mas, vi todos aqui, menos um. Algo aconteceu?

- A Edward? Ahh, ele... teve que ficar na casa de uns primos nossos.

- E a escola? Vocês já não perderam todo esse tempo?

- Ele não vai voltar Bella.

- Quê? Como assim?

- É. – pela primeira vez Alice estava realmente triste e preocupada. – Ele preferiu ficar lá. Estudar lá.

- Mas por quê? Ele não gostou do clima de Forks? – o que era ridículo, porque eu sabia que se houvesse um motivo para Edward ir embora, seria eu.

- Não, não é isso. A gente adora esse clima. Ele só... bem, é complicado.

- Eu posso ouvir.

- Mas eu não posso explicar. Me desculpe.

- Como? Ah, tudo bem, não quero me intrometer nos assuntos da sua família, nem tenho esse direito. Eu só estava... curiosa.

- Não é essa a questão Bella. As coisas são mais complicadas do que você possa imaginar. E acredite, é melhor assim. Você não está se intrometendo, só que, tudo é perigoso demais.

 

De novo. Aquele ar de mistério e de perigo. O que havia de errado com aquela família?

- Espero que possa entender. – Alice concluiu, ainda com o tom entristecido.

- Não, entendo sim.

 

Eu não entendia. Obvio que não. Agora que eu já estava envolvida nisso, iria até o fim. Não importava qual seria esse tal perigo.

Me despedi de Alice e fui para casa. Precisava pensar um pouco. Então, resolvi ir a La Push, uma praia próxima. Lá havia uma reserva indígena, dos quileutes. Um amigo morava lá. Jacob Black. Ele era alguns anos mais novo que eu, mas nossa amizade era boa. Não éramos melhores amigos, nem nada. Éramos só colegas. Nos dávamos bem.

Eu precisa conversar, pensar em outras coisas, então fui lá, até a casa dele. Jacob morava com Billy, seu pai. Ele, o Billy, era o ex dono da minha atual caminhonete. Jacob reformou o motor, e meu pai comprou pra mim assim que fiz 16 anos. Agora ele era um cadeirante. Uma história que nunca soube.

Estacionei próximo a casinha e sai do meu carro. Bati na porta e o velho Billy veio abri-la para mim:

- Ah, olá Bella!

- Oi Billy. Jake está?

- Ah sim, sim. Ele está na garagem trabalhando naquela coisa dele. Pode ir vê-lo.

 

Eu fui até a garagem, colocando as mãos no bolso da blusa. Entrei lá, e avistei sua silhueta de costas, mexendo na sua Rabbit.  Ele, que deve ter escutado meus passos, olhou para mim pelo canto dos olhos.

- Hey Bells!

- Hey Jake. Como está?

- Bem, bem. E você?

- Estou bem – eu disse, me sentando em uma caixa ali, e mexendo no cabelo. Minha voz deixou que algo mais escapasse.

- Preocupada com o quê? – Jacob disse de repente, voltando a mexer nas ferramentas.

- Hum? Preocupada?

- Ah Bells, não minta. Eu posso ser um pirralho, mas sei quando uma pessoa está pensando em alguma coisa que a deixa preocupada.

Realmente Jacob era bem perceptivo. Ele podia não ser meu amigo, mas conseguia me entender melhor do que ninguém. Era estranho isso. Resolvi me abrir com ele. Eu precisava falar isso pra alguém mesmo. Então contei da chegada dos Cullen, de como Edward me tratara naquele dia, e no seguinte, no estacionamento. Da nossa briga na aula e do desaparecimento da família.

- E agora Alice disse que ele se mudou definitivamente para a casa dos primos. Quer dizer, o que eu fiz de tão ruim para que ele se mudasse por minha causa?

Jacob que escutara tudo com muitíssima atenção e sem dar um piu, avaliou a situação e disse em seguida:

- Ele pode estar querendo você. – e em seguida riu da própria frase, como se fosse algum tipo de piada interna.

- Ah não. Jess acha o mesmo. Ela disse que todo esse ódio dele não passa de atração, ou qualquer coisa assim, mas, por favor. Eu sinceramente duvido muito que Edward esteja interessado em mim ou coisa do tipo.

- Não Bella, você não entendeu. Ele não te quer assim, é de outra forma.

- Outra forma? O que quer dizer?

- Bom, já ouvi falar dos Cullen antes. Muitas vezes na verdade.

- É, eles estão sendo muito comentados ultimamente com toda essa coisa de novatos na cidade e tudo mais.

- Ou veteranos.

- O que quer dizer, pelo amor de Deus?

- Ah Bells, são só algumas lendas idiotas que o meu povo tem. Sempre, desde pequeno, ouço pessoas dizendo coisas sobre os tais Cullen.

- Nossa, então eles são mesmo conhecidos. Desde antes de chegarem aqui?

- Muito antes de voltarem...

- Está me deixando intrigada. Vamos, conte!

- Está empolgada – ele caçoou – não tem medo de histórias de terror?

- Claro que não – disse revirando os olhos. – Quais são as tais lendas quileutes sobre os Cullen?

 

Foi nesse momento que um outro rapaz tão moreno quanto Jacob entrou na garagem, sem comunicar ou fazer qualquer tipo de aviso. Ele era mais alto que Jacob, muito mais. Seu olhar era de aviso e de ameaça. Não uma ameaça perigosa. Era aquele tipo de olhar que os pais usam com os filhos, quando eles estão dizendo ou fazendo algo errado. Mas o garoto deveria ter no máximo uns 23 anos. Seus cabelos eram negros e curtos. Um corte estranho que desconfio, ele mesmo tenha feito.

- Podemos conversar sobre isso depois? – Jacob falou, sem parar de olhar para o “intruso”.

Eu percebi a urgência em sua voz e compreendi.

- Promete?

- Sim, mas é melhor você ir embora agora. Eu te procuro.

 

Me levantei e sai da garagem respirando toda aquela tensão. O garoto me olhou como se eu estivesse fazendo algo errado. Com uma espécie de recriminação. Será possível que todo mundo resolveu me julgar antes de me conhecer?

E o que era isso de veteranos? E como o Jacob sabia quem eram os Cullen? Lendas. Ok, agora estou mesmo preocupada. O que os quileutes sabem sobre os Cullen que mais ninguém sabe, afinal? Eu nunca ia ter as respostas para todas as perguntas, isso era evidente.  


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