Jogos Vorazes: O Despertar escrita por FernandaC


Capítulo 10
Quente


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu acabei de terminar o capítulo, estou exausta. Espero muito que vocês gostem, meu sacrifício para terminá-lo logo foi grande. Estou ansiosa para saber o que acharam!

Desculpem-me pelo texto não estar bem formatado, mas estou viajando e não trouxe o pc. ;)



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Peeta retira sua mão das minhas que estão grudadas no seu pescoço. Desliza pelo meu braço, desce pelo meu ombro esquerdo e pousa na minha cintura junto com a sua outra mão. Meus dedos afrouxam o aperto nos seus cabelos e quando eu menos espero Peeta se afasta gentilmente de mim, deixando-me atônita.

– Senti sua falta. - Ele sussurra com os olhos fechados, a poucos centímetros da minha boca. Ainda sinto o gosto dos seus lábios nos meus, sua respiração acariciando minhas bochechas, mas no momento em que ele revela que sentiu minha falta, uma irritação se forma em mim. Se o que Peeta diz é verdade, então por qual motivo ele me abandonou por tanto tempo? Não deixou nenhum recado, nem um telefonema. Fugiu. Muitas perguntas para poucas respostas.

– Mentira. - Digo tentando a todo custo manter o controle. Empurro-o para longe de mim e sento-me na beirada da cama com as mãos na cabeça.

– Não estou mentindo para você, Katniss. Por que você acha isso? Por que você me afastou? Você não queria me beijar - Peeta pergunta com mágoa estampada na voz. Quase pude sentir remorso a ponto de pular no pescoço dele e voltar a beijá-lo, mas estou com mais pena de mim por estar na mesma situação, por ainda estar na merda, por não saber de nada! Nenhuma mágoa se compara com o vazio que senti quando achei que nunca mais voltaria a vê-lo.

– Katniss... O que você tem? - Ele espera uns instantes. Respiro fundo e respondo.

– Peeta, você passou semanas longe daqui. SE-MA-NAS. Foi embora sem dizer nada, não deixou um recado sequer, nenhum telefonema. Haymitch foi um inútil. Você me abandonou! - Digo explodindo. - Agora, eu que lhe pergunto, por que? Por que Peeta?!

Ele me olha alarmado e profundamente angustiado. Percebo que ele está ponderando me contar, mas muda de idéia. Não consigo mais conter, sinto meu lábio tremer de ódio e frustração. Meus olhos enxem-se de lágrimas e logo escorrem pelo meu rosto. Peeta tenta enxugá-las, mas afasto bruscamente sua mão. Acho que só assim ele vai entender o estrago que causou em mim. Só assim para ele compreender a dor que me infligiu, uma cicatriz que ainda sangra, que machuca. Puxo minhas pernas para meu peito e as abraço.

– Katniss... - Peeta sussurra próximo ao meu ouvido esquerdo. - Me desculpa, mas não tem como eu lhe explicar agora. Peço que confie em mim, só isso Katniss... Na verdade, nem sei ao certo o que está havendo. Para lhe explicar tudo, até os últimos acontecimentos na Capital é bom que Haymitch esteja junto, ele vai saber o que fazer. Por favor, você pode esperar mais um pouco? Até no máximo um ou dois dias?

Peeta tenta puxar delicadamente meus pulsos de minhas pernas. Entretanto, continuo travada, ainda sem decidir o que fazer. Meu desejo é ignorar tudo e apenas abraçá-lo, contudo meu gênio e minhas dúvidas me corroem e me impedem de dar o braço a torcer.

– Por favor... Olhe para mim, ao menos isso. - Ele implora baixinho. - Katniss... Novamente Peeta tenta puxar meus pulsos e dessa vez eu cedo.

Nossos olhares se encontram e deixo transparecer meus sentimentos. Não tenho mais força para omiti-los, estou em um nível de quase desespero. Sinceramente, não sei o que Peeta está lendo em minhas feições, apenas sei que dentre tudo o que sinto, provavelmente um prevalecerá mais que os outros, só não sei definir qual deles será. Observo seus cabelos loiros crescidos, assim como a barba que está por fazer. Peeta pode estar com a fisionomia mais madura, mas nada consegue afastar a inocência dos seus olhos azuis. Esses olhos que conseguem enxergar minha alma e agitar meu coração. Suspiro.

– Também senti sua falta. - Falo um pouco contrariada, entretanto aliviada por estar sendo sincera. - Mas você não está perdoado! Mesmo me expressando com arrogância, Peeta abre um lindo sorriso, que me desarma por completo.

– Mesmo que eu não esteja perdoado, isso é tudo o que eu preciso ouvir. - Ele diz.

Peeta pega minha mão direita e a põe na sua bochecha. Sinto sua barba espetar minha palma. Sua face está um pouco quente, então ponho minha outra mão no outro lado da sua bochecha. Ele se senta ao meu lado e lentamente envolve-me em um abraço. Tudo o que eu precisava. Peeta enfia o rosto nos cabelos do meu pescoço. Os pelos dos meus braços se arrepiam.

– Como você sabia que... - Tento perguntar baixinho sem saber como me expressar.

– Sua boca pode dizer o que for, mas eu só escuto o seu coração. - Peeta murmura em meu ouvido.

Uma onda elétrica percorre meu corpo. Ele me conhece muito mais do que eu poderia imaginar. Minha respiração acelera, meu dedos começam a ficar agitados. Peeta me olha nos olhos e posso ver através deles que o que sinto é talvez seja recíproco. Minha mão encontra a sua. Ele baixa a cabeça para os nossos dedos entrelaçados. Então, com a outra mão levanto um pouco seu queixo. Peeta deixa escapar um pequeno suspiro, ele não esperava minha aproximação, nem eu mesma esperava essa tomada de atitude. Vejo seus lábios a centímetros dos meus. Levanto os olhos e nos encaramos e, assim, nos beijamos pela segunda vez. Minhas mãos percorrem seus braços até chegarem nos seus cabelos.

Dessa vez, eu interrompo o beijo. Olho pela janela e observo que ainda não amanheceu e tão pouco quero que ele vá embora, mas não tenho coragem de sequer olhar na cara dele agora, quiçá pedir para ficar comigo. Mordo o lábio pensativa.

– Hum... Peeta, er... - Olho para minhas mãos a procura das palavras.

Peeta fica me analisando por uns instantes, logo pega minha mão e se levanta levando-me junto. Damos meia volta na cama e ele puxa a colcha para eu entrar. Sem relutar obedeço, agradecida por ele ter entendido o que eu queria. Peeta vai para o outro lado e se deita por cima do cobertor, passando o braço por trás da minha cabeça. Esboço um pequeno sorriso e apoio minha mão no seu rosto, acariciando sua barba com os dedos.

–-

A luz do sol de verão invade meu quarto. Espreguiço-me e abro um largo sorriso, algo que eu não fazia há muito tempo. Sorrir. Estico meu braço, mas o outro lado da cama está vazio. Sento-me na cama, olho ao redor. Ninguém. Confusa, entro rapidamente no banheiro, troco de roupa para um jeans e camisa. Desço as escadas e encontro Gale no sofá.

– Bom dia! - Ele me saúda, mas passa muito tempo me analisando. - Você está bem? Você está diferente...

– Quê? Impressão sua. Hum... Você tem alguma novidade para me dizer ou comentar? - Pergunto como quem não quer nada. Começo a me preocupar, o nervosismo me irritando. Ontem não pode ter sido uma ilusão da minha mente, um truque maldoso. Não pode!

– Eu que lhe pergunto. Você tem algo para me dizer? - Analiso Gale por uns instantes, então me dou conta que ele não sabe nada sobre Peeta. Ele se refere a outro assunto que sequer pensei sobre. Meu foco é totalmente diferente.

l - Ainda não. Dormi a noite quase inteira, pela primeira vez. Vai entender... - Digo dando de ombros e sendo totalmente evasiva perante a pergunta. Dirijo-me à cozinha e espero pelo café.

Não posso ser para sempre evasiva. Gale merece uma resposta, uma decisão. Entretanto esse é o problema, o que decidir, o que pensar. Eu odeio não saber o que fazer, odeio ter que depender das circunstâncias. E pensando rapidamente, tenho dois caminhos, se eu seguir com Gale ganharei minha liberdade, uma vida segura. Por outro lado, se eu recusar a proposta, correrei o risco de perder tudo. Esse é o perigo que passarei, visto que não posso contar com o Peeta como costumava fazer. Jamais pensei que isso fosse acontecer de novo, mas estou com medo. Aterrorizada com as situações que estão se formando, com as decisões que tenho que tomar.

– Aqui está Katniss. Desculpe a demora. - Greasy diz. - Tudo bem. Não estou com pressa mesmo.

– Hum... Sério? E se eu lhe disser que um tal morador da casa da frente retornou para o Distrito 12? - Ela pergunta com um risinho na boca.

Um reboliço percorre meu corpo, então aconteceu de verdade. Ontem a noite ele veio me visitar. Remexo-me na cadeira e disfarço minhas emoções.

– E ele tinha ido embora? - Pergunto e tomo meu chá calmamente, ou assim tento transparecer.

Olho para Greasy que torce a boca como quem diz que ninguém a engana. E, sem dizer mais nada, ela vai fazer suas coisas, deixando-me sozinha. Engulo o resto do meu chá e dou três mordidas rápidas no pão, que por sinal é do Peeta. Corro para o banheiro, limpo meus dentes e passo a mão em minha trança. Caminho rapidamente pela casa em direção da porta

. - Ei Katniss... Para que a pressa? - Gale me pergunta intrigado.

– Pressa? Ninguém está com pressa. Só vou aqui fora atrás do Buttercup, não o vejo desde ontem de manhã. - Digo já com a mão na maçaneta.

– Buttercup? Você está falando daquele gato ali? - Ele aponta para o maldito animal que está dormindo em cima da poltrona.

– Ah... Que estranho. Jurava que tinha... Enfim, gato danado, então segura ele aí! - Sem ter mais desculpas, eu apenas escapo para fora da casa.

Fecho a porta e olho na direção da casa de Peeta. Meu coração perde o ritmo quando o vejo de costas na soleira da entrada da sua casa. Caminho para ele e então Delly sai. Peeta lhe dá uma pequena sacola parda, ela o agradece com um beijinho no rosto e vai embora trabalhar, suponho. Ridículos. Quando Delly entra completamente no meu campo de visão, ela me avista, dá um pequeno aceno constrangido com a cabeça e segue seu caminho. No momento em que Peeta se vira para fechar a porta da sua casa, ele percebe minha presença. Não posso permitir que seu estúpido sorriso me afete deste modo, não posso permitir que ele tenha esse poder sobre mim. Tenho que manter o foco, o controle da situação. Se eu fizer certo, acho que consigo minhas respostas e não serei dominada, de novo.

– Katniss... Não esperava vê-la tão cedo. Que surpresa. - Peeta fala gentilmente, mas ele não está me olhando, muito pelo contrário, fica vasculhando o ambiente, como se estivesse procurando algo ou alguém.

– O que você procura? A Delly? Não adianta, ela já me viu vindo, se é isso que lhe preocupa. - Falo com amargura na voz.

– Delly? Ela voltou? - Ele pergunta, então se arrepende quando vê minha cara azeda.

– Entre por favor. Penso duas vezes se entro ou não. Talvez ontem tenha sido um erro, provavelmente ele só quisesse conversar e eu entendi tudo errado. Como não me mexo, Peeta pega minha mão e me puxa para dentro.

– Peeta! Por que você fez isso? Você não deveria ter me puxado. - Digo irritada com todos esses enigmas que ele está fazendo.

– Desculpa Katniss, mas é mais seguro aqui dentro, acredite. - Ele diz checando as janelas.

– Seguro? Do que você está falando? Olha, tudo bem se você achou que ontem foi um erro, sei que você está com a Delly e... - Falo o que tem que ser dito. Não posso ficar ignorando as coisas. Peeta é livre para escolher quem ele quiser.

– Não estou com a Delly. - Ele diz com sinceridade, afastando-se da janela e chegando mais perto de mim. - E não acho que ontem tenha sido um erro.

Estou morrendo de vontade de abrir um largo sorriso, mas me contenho ao máximo. O que ele diz pode ser verdade, entretando ainda não é o suficiente para me convencer, presenciei muitas coisas e tenho um pensamento muito bem formado sobre as mesmas. E Peeta sabe disso também. Cruzo os braços e tento ignorá-lo, olho para qualquer lugar, menos para a cara dele. Sinto que ele se aproxima de mim. As estúpidas borboletas só faltam brincar de pira dentro do meu estômago. Peeta põe as mãos nos meus ombros, então começo a ter uma pequena arritmia.

– Nunca lhe vi fazendo bico, há não ser ontem, mas ainda assim... - Olho-o relutante e vejo uma pequena admiração no seu olhar.

– Não estou fazendo bico nenhum. - Afirmo inutilmente, uma vez que é bem provável que ele esteja certo.

Peeta passa o polegar pelo meu queixo e toca meus lábios. Minha boca se entre abre. Expiro lentamente. O que está acontecendo comigo? Como ele consegue fazer isso? Finalmente volto a encara-lo, uma gota de suor escorre pela sua testa. Seu dedo desliza para minha bochecha, contorna meu maxilar, desce pelo meu braço esquerdo e encontra minha mão. Ele entrelaça nossos dedos. Prendo fortemente sua mão na minha.

– Posso lhe pedir uma coisa? - Peeta pergunta baixinho com os olhos concentrados nos meus. Sem confiar na minha voz, eu apenas dou um pequeno aceno com a minha cabeça.

– Seria muito impossível para você me dar um beijo? - Esboço um sorriso no canto da minha boca.

Quebro nosso contato visual, olho para baixo envergonhada. O que é totalmente sem sentido, já que durante dois anos e meio o que eu mais fiz foi beija-lo na frente das câmeras para quem quisesse ver. Mas não posso ignorá-lo, eu não quero ignorar. Ele foi tão meigo em me pedir, totalmente diferente do Peeta de ontem.

– Onde está toda a sua atitude? - Pergunto sem conseguir me conter. Contudo, ainda não consigo encará-lo. Ele ri baixinho.

– Ontem fui um inconsequente, impulsivo, entretanto estava desesperado. Não estava nem me reconhecendo, geralmente sou muito paciente.

– Então, você voltou ao normal?

– Quem dera, só que estou longe de voltar ao normal. Estou com medo, Katniss. Não estou me reconhecendo. Eu juro que estou tentando me controlar, mas não consigo mais.

Peeta pega minhas mãos e as põe rapidamente nos seus ombros, enquanto ele me envolve nos seus braços. Damos meio giro e sinto sua boca tocar a minha. Tão cálida, tão gentil. Então, seus lábios puxam meu lábio inferior delicadamente, enquanto preencho minhas mãos com seus cabelos. Lentamente retiro meu lábio da sua boca. Escuto ele fazer um muxoxo de reprovação, o que me provoca risinhos bobos. Peeta aperta mais os braços ao meu redor. Ainda rindo volto a beijá-lo, mas dessa vez eu mordo seu lábio, um pouco forte e ele resmunga, só que não solto. Alivio a mordida lentamente. Desço minhas mãos pelos seus braços e pego suas mãos nas minhas. Largo sua boca e encosto minha testa na dele. Abro os olhos e observo que ele está um pouco ofegante.

Tomamos um susto quando o telefone toca. Peeta vai atender a ligação, mas me leva junto, envolvendo sua mão na minha.

– Alô. - Ele diz.- Sim, tudo bem. Sim, estou muito ocupado agora. Não podemos conversar outra hora?

Peeta me olha e percebo na sua voz o quanto ele quer desligar o aparelho. Acho até que ele está cogitando tirar o telefone da tomada. Peeta rebelde é ótimo.

– Como assim dr. Aurelius?! Voltar a fazer as sessões... Por que? - Escuto o nome do doutor e congelo.

Faz um bom tempo que não converso com ele. E com certeza não quero agora. Então, faço um sinal para Peeta de que o vejo em outro momento. Ele faz uma cara de chateado, mas consente. Volto para casa. Encontro Gale ainda no sofá lendo um livro. Pela sua expressão posso ver que ele não está contente. Finjo que nada aconteceu.

– Acabaram suas camisas limpas? - Pergunto olhando para o seu peitoral desnudo.

– Você não está sentindo o calor infernal que está fazendo agora? - Gale responde irritado.

Ok, não posso fingir que nada aconteceu. Eu simplesmente fechei a porta na cara dele, ignorando-o completamente. Pudera ele estar com raiva. Quando intenciono sentar-me ao seu lado para conversamos sobre nossas pendências, o telefone toca. Ele me olha como quem diz que não atenderá. Desgraçado, tenho certeza que o dr. Aurelius ligou para mim antes de ligar para o Peeta. Ele sabe que o médico está retornando a ligação. Ótimo.

– Alô. - Digo tendiosamente.

– Katniss é realmente você? - Escuto minha mãe no outro lado da linha. Descrente.

– Mãe! Sim sou eu... Como vai a senhora? - Falo alto o suficiente para Gale saber que não é o dr. Aurelius. Chupa essa idiota.

– Muito melhor agora, liguei várias vezes para você... O que aconteceu?

– Longa história, mamãe.

A campainha da casa toca. Viro-me para Gale que continua sentado. A campainha volta a tocar. Gale se levanta e enxuga a testa. No momento em que ele abre a porta, escuto uma enxurrada de cliques de câmeras, barulho de equipamentos. Algo inconfundível, um barulho conhecido. Mas não é possível. Por que? Deixo minha mãe falando sozinha no gancho do telefone e dirijo-me estarrecida para a porta. Quando meus olhos identificam a cena, já é tarde de mais para retroceder. Três câmeras nos localizam, muitos fleches são acionados, fotos de todos os ângulos. Olho para Gale sem camisa e imediatamente fecho a porta. Eu não acredito, eu não acredito. Eles voltaram.


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Notas finais do capítulo

Próximo capitulo em breve.
Beijo, Fernanda