Love And Death escrita por Baabe


Capítulo 33
Bem vinda ao lar


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap. saindo pra vcs.
Espero que gostem, muitas surpresas nele...
 
Boa Leitura!
 



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Cléo

 Piscava meus olhos inúmeras vezes para acreditar no que enxergava. Tom, mesmo ao meu lado, fazia com que eu sentisse sua falta cada vez que desviava minha atenção dele. Nada no mundo se compara ao gesto que ele teve ao ir me buscar no Hospital. Ele tornou tudo tão especial para mim, mais especial do que aquele dia naturalmente sairia.

 Antes de vendar meus olhos, o encarei mais uma vez. Ele mordia os lábios evitando um sorriso sapeca enquanto guiava o carro concentrado. Era impressionante como ele tinha a capacidade de me deixar segura. Mesmo tendo uma cara de louco irresponsável às vezes, eu confiava cegamente nele...

 

- Pronto, já não enxergo nada. – eu disse ao terminar de vendar meus olhos.

- Hmm... Será que está bem vendado mesmo? Vou conferir depois. – tão engraçadinho - Já estamos quase chegando.

 

 

 Seguimos a viagem em silêncio, cada um com os seus pensamentos. Os meus se alternavam entre o passado e o futuro. E os do Tom... Bem, daria tudo para saber o que ele estava pensando naquele momento. A ausência de fala dele me desesperava.

 Será que ele está feliz? Será que continua sendo o que era? Bem, acho que não... Ninguém continua sendo o que era quando perde uma parte de si mesmo. Era assim que ele estava, incompleto, mutilado.

 Ninguém melhor que eu para entender o que se passa dentro dele, afinal, ambos sofremos a perda da mesma pessoa, choramos pelo mesmo motivo e guiamos nossos pensamentos em uma só direção. Bem, eu acho que sei muito bem no que ele estava pensando e foi naquele instante que percebi que havíamos nos tornado dois seres completamente conectados como... Como irmãos gêmeos. Seria assim que passaríamos a considerar um ao outro a partir de agora?

 

 Depois de alguns longos minutos, ouvi o som de uma garagem se abrindo e Tom cumprimentando intimamente o porteiro do lugar:

 

- E ai Jonas, beleza? 

 

 

 O carro finalmente parou. Tom saiu para abrir minha porta.

- Venha, com calma... Eu estou te segurando. – ele disse me retirando do veiculo. – Suas mãos estão frias. – ele as aqueceu com as mãos dele.

- Eu estou meio... Nervosa. – dizia enquanto ele me guiava para o elevador.

- Relaxa. Acha que eu faria mal a você? – sua voz saiu suave.

- Apesar de não saber aonde você me trouxe, tenho certeza que não. –respondi desviando meu olhar sem graça do dele. 

 

 

 Então, depois de uma longa subida que parecia não ter mais fim a porta do bendito elevador finalmente se abriu. Meu coração batia acelerado demais, era como estar novamente em casa, mas, essa não era a minha casa, pelo menos não a que eu vivi durante toda minha vida. Só que, o sentimento era o mesmo, o cheiro era familiar,  e, mesmo de olhos fechados eu podia enxergar o ambiente agradável que me envolvia.

 

- Pronto, estamos em casa! – ele sussurrou ao pé do meu ouvido enquanto desamarrava delicadamente a venda, e quando esta foi inteiramente tirada dos meus olhos eu me deparei com algo tão inesperado...

 

- BEM VINDA AO LAR CLÉO!

 

 Minha mãe, Jost, Mika, Kamilie, os G´s e até o Dr. August com suas enfermeiras estavam lá para me receber com uma linda festa de boas vindas. Até pessoas que eu nunca havia visto em minha vida estavam presentes.

  Vários balões coloridos decoravam a sala, juntamente com uma enorme faixa de “Bem Vinda ao Lar”. Ao centro, uma mesa recheada de doces e um bolo delicadamente confeitado finalizavam a beleza da decoração. Eu mal notei a exuberância daquele luxuoso apartamento, minha atenção foi totalmente voltada a aquelas pessoas tão significativas em minha vida. Na verdade, só faltava uma pessoa para completar algo que por maior que fosse, nunca seria inteiro... Ah Bill, como eu queria que você estivesse aqui...

 

- Eu estou aqui também sempre com você, lembra?

 

 Parecia que eu conseguia escutá-lo sussurrando essas palavras ao pé do meu ouvido e quando essa sensação vinha, eu apenas fechava meus olhos para fazer de conta que era verdade.

 

- Oh Meu Deus gente! - eu exclamei - Tudo isto está muito lindo... Obrigada, muito obrigada. - meus olhos logo marejaram. - Obrigada Tom! - eu disse me virando a ele que apenas sorriu enquanto permanecia escorado na porta de entrada.

- Seja bem vinda de volta Cléo! – Gustav me ergueu no colo. Estava realmente muito animado.

- Gust, como você está forte... Andou malhando? – perguntava desacreditada de tanta força.

- Que nada Cléo! - Georg vinha ao nosso encontro – Isso tudo é gordura mesmo. Elas têm tanta vida própria que chegam a ser confundidas com músculos... – Ge, e seus comentários nada engraçados, mas que sempre nos faziam rir.

 

- Vou ignorá-lo, pro seu próprio bem. - Gust respondeu em tom ameaçador.

- Ai que saudades de vocês! – pulei nos braços deles sorrindo o mais largamente que podia.

 

 

 Depois de muitos abraços, muitos presentes recebidos e muitas palavras de carinho trocadas, me fizeram cortar o bolo da festa. Não, não era meu aniversário, apesar de ter sido melhor do que qualquer um que eu já tenha tido.

 

 - Gente, só um segundinho, por favor. Eu gostaria de dizer uma coisa! - Tom batia com a colher em uma taça, resultando um som estridente que rapidamente fez com que todos o notassem.

 

- Vai Tom, nos presenteie com seus comoventes discursos! – Jost abraçado por trás de minha mãe tirava sarro dele.

 

- Ahaha! – Tom sorriu sarcástico – Eu não vim aqui para comover, só que todos vocês já entregaram seus presentes a Cléo e agora chegou a minha vez.

 

- Ah sim, claro... O presente do Tom. - as pessoas comentavam umas com as outras.

 

- Ai meu deus, mais presentes? – eu disse me virando a todos.

- Sem querer desvalorizar tudo que você ganhou aqui Cléo, mas, o meu presente é realmente muito especial. Um presente que vai mudar a sua vida... Isso se você aceitar é claro!

- Bem, não sendo um dos seus brinquedinhos eróticos eu acredito que ela vá aceitar sem problemas, não é mesmo Cléo? – Georg deu o ar da graça fazendo com que todos rissem.

- Sim Georg, boa observação. – eu respondi em meio a risada.

 

- Mas será que dá pra vocês me levarem a sério pelo menos agora que é um momento tão importante para mim? – Tom falou realmente circunspeto. – Não basta que esse momento seja especial só para mim entende? Eu quero que seja especial para ela também. – fixou seu olhar no meu me fazendo paralisar.

 

- Tom, você já conseguiu tornar tudo especial para mim. Primeiro indo me buscar no Hospital, depois organizando essa festa que eu fiquei sabendo que foi idéia sua... Que presente pode ser mais valioso que esse?

 

- Filha! - minha mãe chamou calmamente - Apenas ouça o que ele tem a dizer. - ela com certeza sabia do que se tratava.

 

 Voltei a olhar para ele estava a minha frente, porém distante de mim.

 

- Cléo! – ele veio caminhando em minha direção, aproximando-se mais de mim – Você entrou aqui, com os olhos vendados e foi recebida calorosamente por essas pessoas, que te amam mais que tudo nesse mundo e só querem o seu bem. Você recebeu abraços, presentes e deu pra perceber pela sua carinha que tudo isso já bastou para que você de repente parecesse ser a pessoa mais feliz do mundo. Só que para mim, isso tudo ainda é muito pouco, porque eu sei que você não é a pessoa mais feliz do mundo, mas eu faria de tudo para que você se tornasse. – engoli seco tentando colocar meu coração de volta ao lugar - Eu não fui nada legal com você, eu sei disso... Mas eu quero recompensar a falta que eu te fiz, te dando algo que me fará estar com você a todo momento, mais do que isso... Eu quero... – ele abaixou a cabeça rapidamente, depois voltou seu olhar a mim – Eu quero recompensar a falta que o Bill te faz, te dando algo que faria ele estar com você a todo momento. 

 

 Senti meu coração se apertar, nisso eu já não pude conter minha feição emocionada. Ao meu lado, notava o sentimento que exalava das pessoas ali presentes. Elas com certeza, já sabiam do que se tratava a surpresa que Tom tinha para mim, só que as inesperadas palavras dele ali naquela situação foi sem dúvidas uma grande surpresa a todos nós. Então ele continuou:

 

- Eu comentei com você no caminho para cá, que você tinha uma nova casa. Você chegou aqui e mal reparou na sua nova casa, que é esta Cléo. Bem... – abriu seu sorriso de criança - Talvez ela não seja assim tão nova para você... Olhe bem a sua volta, repare em cada detalhe e deixe o seu coração falar por ti.

 

 Girei meus olhos por toda extensão do ambiente, comecei a caminhar por toda sala prestando atenção em cada detalhe. Tocava nos quadros, alisava o tecido do sofá, contemplava os lustres, fechava os olhos para sentir melhor o cheiro que as paredes exalavam... Foi quando senti uma espécie de força que pareceu me conduzir até a enorme porta de vidro que dava para a extensa sacada. Tom veio até mim, abriu a porta para que eu fosse até lá fora, enquanto as pessoas ficavam observando atentas cada movimento meu.

 A vista dos prédios, da avenida lá embaixo e do sol que se punha bem a nossa frente não soava como novidade para mim, eu sentia já ter visto aquela cena antes, só não me lembrava quando.

- É tão estranho... Parece que eu já estive aqui antes. – comentei com o Tom.

 

- Aqui era o lugar que ele mais gostava de ficar. Todas as tardes, ele vinha ver o sol se por, e as vezes ficava até de madrugada contemplando as estrelas, mas sempre, sempre acompanhado de um papel e uma caneta no caso da inspiração vir. E ela sempre vinha. - Tom me contava enquanto seus olhos iam armazenando cada vez mais lágrimas. - Ele sempre me dizia:" Não há lugar neste mundo que me faça sentir mais vivo do que este." - suas lágrimas finalmente escorreram pela sua triste face.

 

Eu o abracei.

 

- Cléo. - separou nossos corpos e segurou firme em minhas mãos - Esse era o apartamento em que eu vivia com o meu irmão e agora, eu quero que ele seja seu.

- Tom...

- Considere este um presente meu, e do Bill especialmente para você. - sorriu de leve.

 

 

 Fiquei em silêncio para pensar, precisava digerir tudo aquilo para conseguir dizer alguma coisa. Soltei minhas mãos das dele e me apoiei na grade da sacada.

 

- Eu... Eu não posso aceitar, me desculpe. - comecei a chorar aflita.

- Por quê?

 

- Não posso tirar este lugar de você Tom. Sem dúvidas esse é o bem mais precioso que o seu irmão te deixou e com certeza a vontade dele é que você fique aqui. É a memória mais viva dele, tudo aqui têm o toque dele e agora é seu por direito.

- Cléo, eu não consigo conviver com memórias. Mas eu também não conseguiria simplesmente vender esse apartamento para qualquer pessoa ou, deixar ele aqui abandonado pelo resto dos anos.Você é a pessoa certa para viver aqui, e eu sei que o Bill, onde quer que esteja, está de acordo com isso.

- Eu não sei...

- Por favor. – ele tocou em meu ombro - Traga o coração do Bill de volta a vida dele. Eu não conseguirei ir embora em paz se você não aceitar. – falou baixinho.

 

- Como assim Tom? Você vai embora? 

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Como assim vai embora heein Tom?
E ai, oq vcs acharam do presente dele pra Cléo heein?
Mandem seus reviews lindos.