Após a ''Esperança'' escrita por HungerGames


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

...'' Eu ainda não sei como contar, mas preciso descobrir por que com toda certeza eu vou encontrar Gale''...



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A manhã já se foi, já esta na hora do almoço mais Peeta não apareceu, será que aconteceu alguma coisa? Ou ele que não quis voltar? Não sei, mas eu vou esperar ele voltar, eu não posso simplesmente chegar na padaria e contar pra ele. As horas se passam devagar e torturantes, até que finalmente a tarde já esta caindo e Peeta enfim aparece. Não sei se fico feliz por está tudo bem, ou se fico mal por que sei que mesmo estando tudo bem isso duraria pouco.
– Aconteceu alguma coisa? – pergunto tentando descobrir por que ele não veio mais cedo.
– Não, ta tudo bem! É que tinha muito trabalho então resolvi ficar direto hoje, e aqui como foram as coisas? – eu sei o que ele quer saber, ele quer saber como foi a conversa com Gale.
– Tudo bem também, eu falei com a minha mãe. E me sinto muito melhor, nós conversamos bastante, ela ta ajudando no hospital do 4, ela esta bem, fico feliz por ela. – respondo, ainda evitando falar de Gale, por que não sei como falar.
– Que bom, vocês precisavam mesmo conversar, também estou feliz por vocês duas. – ele diz soltando um sorriso enquanto coloca meus cabelos atrás da minha orelha.
– É, precisávamos mesmo. – suspiro tentando criar coragem pra falar pra ele que Gale virá pra cá amanha.
– E o Gale? Você ligou pra ele? – ele pergunta tentando disfarçar o nervoso na sua voz, mais eu já ouvi essa voz muitas vezes pra saber quando tem algo diferente.
– É eu falei sim, ele ta bem. – eu êxito antes de continuar mas sei que tenho que falar então continuo. – Ele quer conversar melhor, então ele achou melhor... bom... ele chega aqui amanhã de manhã. – pronto falei, não tinha outro jeito. Posso ver pelo semblante que ele luta pra manter estável o quanto isso abalou ele. Mas mais uma vez ele tenta disfarçar.
– Que bom! Vocês também têm muita coisa pra conversar. – ele fala. – Melhor ir descansar – ele fala e então se vira pra ir embora.
– Onde você vai? – eu pergunto sem entender por que ele está saindo.
– Vou pra casa, a gente já tinha conversado lembra? – ele fala e pela primeira vez vejo que ele não está olhando nos meus olhos.
– Sim, nós já conversamos. E ficou decidido que não fazia sentido lembra? – pergunto já irritada, eu não quero que ele vá, será que é tão difícil ele entender. Claro que é!
Olha o que eu estou exigindo dele, que ele fique, durma do meu lado, enquanto amanha de manhã vou me encontrar com Gale. Mas mesmo sabendo que é muito e que eu não tenho esse direito eu queria que ele ficasse.
– Não Katniss, eu só não quis discutir. Hoje eu vou pra casa, amanhã a gente se fala. – antes que eu pudesse me opor ele sai e fecha a porta atrás dele me deixando aqui, sozinha.
Mesmo depois que ele sai e a porta se fecha eu permaneço em pé parada de frente pra porta como se a qualquer momento ela fosse se abrir e ele voltar, mas isso não acontece, me sinto sozinha e me sinto egoísta também, que espécie de pessoa eu sou? Eu sei o quanto ele está mal por tudo isso, pelo que aconteceu ontem e mesmo assim eu queria que ele ficasse, mesmo que isso significasse que ele fosse sofrer mais, e eu me odeio por isso. Finalmente eu saio de frente da porta, subo as escadas pro quarto e me deito, tento relaxar, horas se passam até eu perceber que hoje será uma noite em claro, a ansiedade, o medo, nervosismo, tudo esta muito forte pra que o sono vença.
Estou em lugar parecido com a floresta, e começo a escutar barulhos horríveis, como se fossem os bestantes atrás de mim, antes de ver o que é eu já estou correndo desesperada, enquanto corro olho pra trás e não vejo nada, então continuo correndo desesperada procurando por alguém pra me ajudar, eu grito por meu pai, Prim, minha mãe, até mesmo Haymitch, mas ninguém aparece até que os barulhos param. Eu já estou ofegante, porém não paro de correr, até que eu tropeço em umas pedras e caio de cara no chão, me levanto rapidamente esperando algum ataque. Nada acontece, no lugar dos barulhos assustadores o silêncio tomou conta de tudo e posso ouvir até as batidas do meu coração. De repente eu o vejo passando bem na minha frente, e uma sensação de alivio me inunda, só que ele não para, ele passa direto. Então eu grito por ele.
– Peeta? – eu o chamo, ele volta para na minha frente, mas ele não me responde pelo contrario, ele permanece mudo me olhando com tanta dor e desprezo que me assusta muito mais do que os barulhos. Tento tocar seu rosto, mas ele se afasta e sem falar nenhuma palavra simplesmente vai embora, eu tento correr atrás dele, mas ele simplesmente desaparece e eu me vejo completamente sozinha na floresta, a escuridão cada vez maior, então eu começo a me desesperar, gritar por ele, mas a única coisa que acontece é que eu abro meus olhos, e descubro que não estou na floresta, estou no meu quarto, meu instinto me leva a passar a mão na cama apenas pra comprovar que ele não está aqui, o que me assusta mais ainda. Depois disso não adianta mais tentar dormir, apenas me conformo e espero amanhecer. Quando amanhece, percebo que hoje é o dia que eu vou ver Gale, e que hoje tem que ser o dia que eu finalmente vou ter a certeza que eu tanto preciso.
Me levanto, vou até o banheiro tomo um banho, me visto e desço. Greasy já está aqui com o café pronto, mas aviso a ela que não vou tomar café em casa, ao invés disso vou até o escritório, pego a bolsa que uso nas caçadas, e coloco alguns pães, queijo, umas frutas, uma garrafa com suco de uva e saio.
Vou direto pra estação esperar por Gale, passam-se 15 minutos e então o trem chega, algumas pessoas saem do trem e quando finalmente eu o vejo, não consigo saber ao certo o que sinto, é uma mistura infinita de sensações e sentimentos, que variam de saudades a mágoa e ressentimento, mas todos os anos que passamos juntos, todas as horas que dividimos na floresta só nós dois, tudo isso é forte demais e antes que eu possa decifrar todas essas sensações eu me vejo correndo e abraçando ele com tanta força que ele solta um gemido.
E ficamos assim apenas abraçados sem dizer nada por alguns minutos, sentir seu abraço de novo é muito reconfortante, me sinto novamente naquela época em que tínhamos um ao outro, mas eu sei que não é mais assim, coisas passaram e por mais que eu esteja feliz em revê-lo eu não consigo deixar de pensar no fato de que ele me abandonou. Me tirando dos meus pensamentos é ele quem solta o abraço, então ele me olha nos olhos.
– Senti saudades disso sabia? – ele fala sorrindo embora eu posso sentir algo diferente na sua voz, algo formal demais, distante ou até mesmo receio. Em seguida ele me dá um beijo na bochecha.
– Também senti sua falta. – é o que eu consigo dizer por enquanto, na verdade eu tenho muito mais pra falar, mas não aqui, não agora. Então levanto a bolsa que preparei, e ele sabe o que isso significa, significa que nós vamos pra floresta, posso ver seu sorriso aumentar.
– Então é melhor a gente correr.– ele diz sorrindo.
Não demora muito a chegarmos a floresta, então nos encaminhamos para nosso lugar de sempre, chegamos, nos sentamos e ainda em silêncio retiro o que trouxe da bolsa, fazendo uma espécie de piquenique, até que ele quebra o silencio.
– Parece bom! – seu tom de voz mostra que ele também está tenso.
– Fiz o melhor que pude. – eu não posso esperar mais, quero falar logo. – e então o que você queria me falar olhando nos meus olhos? – pergunto logo de cara. – Deve ser algo realmente importante. – digo e por mais que eu tente não consigo agir normalmente com ele.
Ele se vira de frente pra mim e começa a falar.
– Bom Katniss, depois de tudo que aconteceu pela primeira vez eu não sabia o que te falar, como agir, eu tinha medo, na verdade eu fiquei apavorado com a ideia de que aquilo podia ter sido minha culpa – ele falava da explosão dos paraquedas que matou Prim.
– Não... Gale esquece isso. Não foi sua culpa, eu sei disso. – eu digo e eu realmente quero esquecer isso por que essa possibilidade me mata, prefiro acreditar que não teve ligação com ele.
– Pode ser, mas mesmo assim. Se nem eu mesmo conseguia me perdoar quem dirá você, e eu não te culpo por isso, eu sei o quanto isso te machucou e de uma maneira ou outra eu estava ligado a isso, por isso não te liguei e por isso fiquei tão feliz por você ter ligado, porque isso me mostra que você não me odeia.
– Eu NUNCA te odiei. – eu digo bem calmamente e enfatizando o NUNCA. – Eu fiquei sim, aliás, ainda estou magoada e um pouco decepcionada com você, por você ter sumido assim.
– Mesmo assim! Só agora eu sei. E eu quero que você também saiba que eu NUNCA deixei de pensar em você, pra mim você é e sempre será a minha Catnip.
Ele fala, e eu não consigo olhar nos olhos dele, eu não posso simplesmente sorrir pra ele e esquecer tudo, ainda dói demais pra eu fazer de conta que não aconteceu nada, mas por agora eu só preciso de um tempo com meu antigo amigo de novo.
– Que bom, agora que você sabe que eu não te odeio, que tal a gente tomar café? – eu pergunto levantando um pãozinho pra ele.
Ele concorda, nós comemos e conversamos sobre o que aconteceu nos distritos depois da guerra, sobre o trabalho dele, sobre outras coisas que não fossem nossos sentimentos, saímos pela floresta com um dos arcos que eu tinha escondido, então relembrando os velhos tempos nós caçamos alguns esquilos, na verdade somente pro nosso almoço, nós nunca matávamos por diversão, quando voltamos a pedra, eu preparo uma fogueira enquanto Gale limpa os esquilos, por alguns minutos ali vendo essa cena eu sinto como se nada tivesse mudado, nós trocamos alguns olhares e sorrisos o que só me fazia pensar mais ainda em quanto isso me fez falta. Nós assamos o esquilo, e em seguida comemos, até o sabor mexe comigo, são tantas lembranças que me dá vontade de voltar no tempo, terminamos de comer, e como se fosse num piscar de olhos a tarde já esta quase no fim.
– Engraçado como o dia passou rápido não é mesmo? – ele pergunta, tentando puxar assunto.
– Verdade, muito rápido, já tinha esquecido como o tempo voa quando nós estamos na floresta. – eu falo e realmente tinha me esquecido de como era bom.
– É, Katniss. Foi muito bom mesmo, mas eu acho que você sabe que meu assunto principal não era nada disso não é? – ele ergue uma sobrancelha, esperando que eu diga algo.
– Eu sei, é que... – antes que eu continue ele me interrompe.
– Bom Catnip, você sabe o que eu sentia por você não sabe? – ele me olha esperando uma resposta, eu concordo com a cabeça e ele continua. – então acontece que eu não apenas sentia, eu ainda sinto e agora que eu estou te vendo esse sentimento esta mais forte ainda, eu não queria ter me afastado, eu queria ter ficado do seu lado desde o inicio, ficar sem te ver, sem escutar sua voz, mesmo que fosse como antes me torturava diariamente.
Não sei o que falar.
– Katniss, o que eu quero que você saiba é que eu te amo, e já faz um bom tempo – ele diz com um sorriso. – você começou a ser o motivo mais bonito pra me trazer até a floresta, que me dava força, que me acalmava, eu não teria conseguido sem você, Katniss eu quero você do meu lado, eu te amo.
Quando termina de dizer ele se aproxima seus olhos nunca abandonam os meus, sua mão segura minha nuca e aproxima meu rosto do dele, ele para por um segundo como se pedindo minha permissão e eu aproximo ainda mais nossos rostos e então ele me beija lentamente, posso sentir o calor de seu corpo se aproximando mais ainda do meu, uma de suas mãos estão na minha nuca e a outra na minha cintura apertando-me cada vez mais ao seu corpo. E enquanto o beijo continua eu percebo que finalmente encontrei minha resposta, e como eu não vi isso antes, o beijo prossegue confirmando aquilo que agora sim eu tenho absoluta certeza. Milhares de momentos passam na minha cabeça, tudo que já passamos, tudo que ainda pode acontecer, e é incrível como a resposta está tão nítida agora, finalmente eu sei o que eu sinto.


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