Após a ''Esperança'' escrita por HungerGames


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

...''Não consigo dormir mas me mantenho quietinha junto dele, embora eu sei que ele também não está dormindo, na verdade minha cabeça não para de pensar que o fato de eu ter falado na possível conversa com Gale tenha sido o motivo para os flashes voltarem. Essa questão martela na minha cabeça por horas até que o sono consegue me vencer''...



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De manhã eu acordo e percebo que ele já não esta na cama, me levanto vou até ao banheiro, escovo meus dentes e quando me olho no espelho me assusto com a mancha roxa que está no meu braço, nos dois braços na verdade, eu sabia que iria ficar dolorido mas não imaginei que marcaria assim, passo meus dedos sobre a mancha como se pra me certificar de que é verdade e ainda posso sentir a dor, então me viro pra pegar uma blusa que cubra essas marcas por que se Peeta ver isso ele vai ficar pior do que já deve está, só que quando eu me viro pra sair do banheiro Peeta está parado na porta me olhando completamente transtornado, seus olhos vão diretamente pra mancha no meu braço, e eu posso ver a dor nos seus olhos.
– Não dói, não foi nada! – eu minto na esperança de amenizar a situação. Ele não me diz nada, assim como essa madrugada ele apenas me olha com dor, então ele se aproxima, pega minha mão e estica meu braço, com sua outra mão ele passa os dedos sobre a mancha.
– Peeta, não faz isso. Está tudo bem. – eu digo e puxo meu braço pra junto do corpo.
– Já passou – eu continuo. Mas ele simplesmente vira as costas e sai do quarto.
Droga, ele vai fazer uma besteira. Então eu pego a jaqueta que está por cima de uma cadeira coloco e em seguida desço para procurá-lo e o encontro encostado na janela olhando para o nada. Permaneço por mais alguns minutos observando ele e tentando encontrar as palavras certas pra falar, eu posso imaginar como ele está se sentindo, quando ele veio dormir aqui em casa pela primeira vez ele já tinha me falado que não achava seguro e que era para eu ter cuidado, mas nada nunca aconteceu, quando ele teve esses flashes antes, ele ia pra casa e voltava depois, mas ontem aconteceu no meio da madrugada e eu sei que foi por causa do que eu falei ontem, eu não queria vê-lo assim, mas também não posso voltar atrás no que eu falei, eu preciso falar com Gale. Eu me aproximo dele e passo minha mão nas suas costas ele se vira e posso ver a ansiedade e o pesar em seus olhos.
– Peeta, por favor, não fica assim, nós dois sabemos que você não teve a intenção, alem do mais eu forcei a barra, você não tem culpa, por favor, Peeta fala comigo. – eu digo quase implorando pra que ele fale comigo, ele se vira pra mim me olhando nos olhos então ele olha pra minha jaqueta e finalmente fala comigo.
– Eu não tive culpa Katniss? – ele me pergunta sério e um pouco exaltado.
– Você jura pra mim que eu não tive culpa? – ele fala e me encara friamente – Eu podia ter te matado – ele termina de dizer olhando pra fora da janela e posso sentir toda a dor e culpa em sua voz.
– Eu estou aqui não estou? Não faz sentido você pensar assim. – eu digo forçando ele a me olhar. Ele se afasta de mim e vai pro meio da sala.
– Como assim não faz sentido Katniss, você não tem noção mesmo do que eu sou capaz não é? - ele pergunta e lagrimas escorrem do rosto dele. – Você viu Katniss, você viu o que eu fiz com Michells lá na capital eu o matei, eu o empurrei para aquela armadilha, foi minha culpa – ele fala quase gritando, com ódio de sim mesmo– E eu podia ter te matado ontem– agora ele abaixa o tom de voz, e começa a falar baixo quase como sussurro.
– Não fala isso Peeta, você não teve culpa com o que aconteceu com Michells, você não podia adivinhar o que ia acontecer, e eu sei que você também não ia me machucar, eu sei disso. – eu digo e me aproximo dele, esticando minha mão para tocar no rosto dele, mas ele recua se esquivando do meu toque. Então ele se vira de costa olhando novamente pela janela e continua falando.
– Você não sabe, não tem como você garantir isso, nem mesmo eu sei o que eu podia ter feito, tudo por causa desse monstro que eu me tornei. – Ele se vira novamente pra mim, seus olhos exprimem de dor, angústia, ódio e desespero, e eu queria muito fazer algo pra mudar isso, mas eu não sei o que fazer, ele nem ao menos me deixa tocar ele, e eu não sou tão boa com as palavras como ele consegue ser. Enquanto eu penso no que dizer ele segue falando.
– Será que você não consegue entender, dessa vez eu te machuquei e na próxima o que vai ser? – ele fala com raiva e ódio de si mesmo – Katniss, isso não tá certo, eu não posso te colocar em risco, se eu tivesse passado disso, eu nunca ia me perdoar Katniss. E é por isso que eu já decidi. Acabou, não dá mais e eu não vou mais dormir aqui. – ele diz me olhando decidido.
– O quê? – não posso evitar o tom de surpresa na minha voz. – Peeta, você não é um monstro, não mesmo. – eu digo enquanto me aproximo dele – Nunca mais fala isso entendeu? O que aconteceu também é culpa minha ou você esqueceu por que tudo isso aconteceu com você, foi por minha culpa Peeta, por minha culpa, e eu sinto muito por isso.
Ele segura minha mão e me olha com pesar.
– Não adianta Katniss, eu não vou mudar de ideia. Acho que já está na hora de aceitar que aquele Peeta não existe mais, por mais que eu quisesse acreditar no contrário esse agora sou eu, um monstro, louco e que pode te machucar de novo e por mais que me doa, vai ser melhor assim. Eu nunca mais vou voltar a ser aquele de antes. – Não deixo ele terminar de falar e o interrompo.
– E nem eu vou voltar a ser aquela Katniss, nós mudamos é óbvio isso, depois de tudo não tínhamos como continuar os mesmos, eu tenho minhas limitações e você as suas, mas não me diga que aquele Peeta, aquele garoto do pão morreu, por que isso não é verdade, eu o vejo todos os dias, eu o vejo quando você sorri, quando você me acalma depois de um pesadelo, quando você está na padaria, eu o vejo constantemente e eu sei que ele continua aí, o que aconteceu ontem foi consequência do que nós passamos, mas nós podemos superar isso como nós já fizemos com tantas coisas, só por favor não me abandona Peeta, você é a única pessoa que eu realmente posso confiar, não me deixa, por favor, eu sei que eu não tenho direito de te pedir, mas por favor. – eu termino de falar e percebo que estou chorando, Peeta me abraça, me acalma, depois ele me olha nos olhos e diz.
– Eu nunca vou te abandonar Katniss, você é toda a minha vida lembra? – então como ele sempre faz ele me coloca no abraço dele e me acalma, mas parece que eu não consigo parar de chorar, o simples pensamento de que eu posso ficar longe dele me assusta, me apavora, meu coração se aperta e mais uma vez eu sou pega por esse sentimento de desespero, o mesmo que eu senti enquanto estava no 13 e ele na capital, eu não posso perder ele de novo. Como um estalo eu me pego pensando no por que me dói tanto perdê-lo e me dou conta de que eu só vou poder realmente ajudar Peeta quando eu souber primeiro o que eu sinto, penso e desejo em relação a ele, se for apenas um sentimento de gratidão ou por medo da solidão eu não posso prender ele a mim desse jeito, já que ele obviamente também está sofrendo. Pra ajudar Peeta eu tenho que primeiro me entender. Depois de chegar a essa conclusão, meu choro para e eu consigo me acalmar.
– Agora eu tenho que ir pra padaria. – Peeta diz enquanto coloca os fios de cabelo atrás da minha orelha como ele sempre faz.
– Ok, tudo bem. Eu vou ficar. – eu digo, mas não consigo terminar de falar que vou ficar por que vou ligar pro Gale, mas acho que ele subentende isso, por que ele logo fala.
– Eu imaginei que ficaria. – ele diz numa tentativa fracassada de mostrar um sorriso.
– Eu já vou indo. – ele fala então me dá um beijo na testa e sai, fechando a porta atrás dele.
Quando ele sai eu sinto meu peito apertar, ver ele assim me despedaça, principalmente por que eu tenho culpa nisso também, alias tudo que faz ele sofrer geralmente tem a ver comigo, e eu sinto como se fosse fazê-lo sofrer mais ainda e eu quero ao máximo evitar isso, mas preciso ser rápida, preciso me resolver e assim parar de magoar e ferir ele.
Greasy aparece pouco depois dele sair, pra avisar que ela não vai poder ficar hoje, vai levar a neta ao médico, mais uma novidade, aqui no distrito agora temos um posto médico;
Então já que estou sozinha pra matar o tempo, começo a arrumar algumas coisas na cozinha, mas como ela já tinha deixado tudo pronto nem tive muito que fazer. Vou para o banheiro coloco a banheira pra encher e espero, tiro minha roupa e entro na banheira, encosto minha cabeça na borda da banheira e fico assim até que no meio de tantos pensamentos eu pego no sono, quando acordo, percebo que meus dedos já estão todos enrugados.
Saio da banheira, coloco uma roupa, penteio meus cabelos, desço, sento no sofá e tento me encorajar. Decido começar pelo mais fácil e então ligo pra minha mãe. Conforme escuto o toque do telefone meu coração acelera, quando escuto sua voz então.
– Alô? – ouço a voz dela embora esteja um pouco abafada.
– Mãe? – sussurro.
– Katniss, minha filha é você? – sua voz parece bastante surpresa, afinal já se passaram quase 9 meses sem nos falarmos.
– Sim, sou eu. – Minha voz sai baixa e um pouco insegura.
– Ah minha filha que bom ouvir sua voz, saber que você está bem eu fico muito feliz por você! Eu estava tão preocupada. – ela diz e posso sentir que sua voz está embargada.
– Estava? Por isso você não ligou nenhuma vez! – não pude deixar de dizer, estava engasgada, como ela pôde me deixar aqui sozinha tendo o Haymitch como meu responsável.
– Minha filha, eu achei que você precisava de um tempo, eu escrevi cartas e como você nunca respondeu nenhuma delas, acabou confirmando as minhas suspeitas, você sempre foi tão independente e apegada a sua irmã que eu pensei que você quisesse ficar um tempo sozinha e eu te entendo foi assim que eu quis ficar quando seu pai se foi, então eu resolvi esperar você me procurar.
– Eu sei mãe! Eu realmente precisava de um tempo, mas eu também precisava saber que você estava comigo. – não posso mais segurar o choro e começo a chorar essa foi a segunda vez que ela me abandonou quando as coisas ficaram difíceis pra ela, primeiro com meu pai e agora.
– Mas eu sempre estou aqui minha filha, sempre vou estar com você.– ela diz e posso sentir que ela também está chorando.
– Tudo bem mãe, eu realmente só queria que você soubesse que eu ainda estou aqui. – eu digo ainda ressentida.
– Katniss me perdoa minha filha, eu sei o quanto eu já errei com você, mas pra mim também foi, alias está sendo difícil, eu só não ia conseguir ficar aí tendo tudo me lembrando o que eu estava tentando superar, me desculpa, eu queria ter te trago comigo mas depois do que aconteceu eu não tive permissão. – ela diz e eu acho que seria difícil mesmo pra ela aqui, já pra mim eu não tive escolha depois do que eu fiz, pra não ser presa meu castigo foi permanecer aqui, então eu concordo com ela.
Depois de alguns minutos já estou me sentindo mais aliviada, continuamos conversando, nos informando da vida de cada uma. Eu conto a ela da inauguração da padaria, de como eu e Peeta ficamos felizes, de como as coisas estavam se ajeitando. E ela me conta sobre seu trabalho, ela vai inaugurar o hospital no 4 e será uma das responsáveis, ela também tem tido grande contato com a Annie e o pequeno Finnick, terminamos de nos falar e ela diz que gostaria de vir aqui mas esse mês ela está muito enrolada com o hospital, eu digo que entendo e realmente entendo já me sinto melhor depois dessa conversa, agora vem a parte mais difícil, falar com Gale.
Logo em seguida ligo pra ele antes que eu desista, consegui o número da casa dele lá no distrito 13 graças ao Haymitch, e mais uma vez enquanto espero meu coração dispara até que...
– Alô? – ele fala com a voz de quem estava em movimento.
– Oi! – digo ainda muito receosa.
– Katniss? – ele parece levar um susto, porém reconhece minha voz.
– Ainda se lembra de mim? – pergunto e não é apenas uma brincadeira, eu realmente me surpreendi que ele reconhecesse minha voz assim tão rápida.
– E você realmente achou que eu pudesse esquecer? – posso sentir pelo tão da sua voz que ele também está receoso.
– Não sei, é que já tem tanto tempo que a gente não se fala que eu pensei que – e eu realmente não sei o que pensar, eu sei que foram anos que nós passamos juntos na floresta lutando para manter nossas famílias vivas e até nós mesmos, e por mais que eu jamais fosse esquecer sua voz tive medo que ele tivesse me esquecido.
– Katniss, eu já te disse antes mais vou repetir eu precisaria estar morto pra não lembrar de alguma coisa sobre você. Enfim, como você está? Fiquei feliz que tenha ligado, eu queria ter ligado antes... – antes que ele pudesse continuar eu o interrompi, eu precisava saber por que ele não me procurou até agora.
– Por que Gale? Por que você não ligou, tudo bem você não vir aqui, mas um telefonema, uma carta, por que? – eu cuspi as palavras tão rapidamente que só depois percebo as lágrimas rolando pelo meu rosto.
– Katniss, você não sabe como eu pensei nisso esse tempo também, mas toda vez que eu decidia ligar ou escrever eu não sabia como começar ou como seria sua reação, eu me odeio por não ter feito isso mas eu realmente não sabia como agir. – ele fala calmamente e posso sentir que é sincero.
– Então você escolheu simplesmente me virar as costas e me largar aqui sem nem ao menos de despedir de mim! – eu retruco sem consegui disfarçar toda magoa e ressentimento.
– Eu sei, eu queria muito conversar com você, nós ainda temos alguns assuntos que precisam ser resolvidos e esclarecidos, mais isso não é assunto pra se tratar assim, o que eu tenho pra te dizer eu quero dizer olhando nos seus olhos, então eu já me decidi. Estou chegando aí amanhã de manhã. – antes que eu pudesse falar alguma coisa ele desligou.

Ainda estou olhando para o telefone e tentando entender o que ele disse, amanhã de manhã? Então é isso, amanhã eu vou ver Gale de novo depois de tanto tempo, meu coração volta a disparar e é uma mistura da ansiedade de vê-lo de novo e do nervoso que eu tenho de ter que contar isso para o Peeta, como eu vou fazer isso, se só o fato de eu ligar pra ele fez Peeta ter aqueles flashes. Eu ainda não sei como contar, mas preciso descobrir por que com toda certeza eu vou encontrar Gale.

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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo, Beijos...