Coisas do Acaso escrita por Quézia Martins, Tia Ay, Aylla


Capítulo 46
Foi Apenas Uma Armação


Notas iniciais do capítulo

Hey galera. Espero que ainda haja algum ser por aqui ¬¬ Sabe... com toda nossa demora kkkkkk Espero que gostem do capítulo. Comentem... Sei lá... Falem conosco :*

Boa Leitura!



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Narração

Os dias passaram rapidamente. Beatriz já havia voltado para casa com sua pequena Rebeca, era maravilhoso ser mãe. Foi emocionante a primeira troca de roupa, o primeiro banho, a primeira amamentação, e Filipe esteve ao lado dela por todos esses dias. Luana havia adiado a viagem por ter se encantado com os olhinhos da pequena e ela permanecia com Bia, mais íntima do que gostaria.

– Ei Bia, a pequena dormiu – Luana avisou enquanto chacoalhava a bebê no colo.

– Quer que eu a coloque no berço? – Bia perguntou terminando de arrumar sua cama.

– Por favor, ainda não aprendi fazer isso sem assustar a criança. – Luana admitiu entre risos nervosos. Beatriz andou até ela, pegando a bebê no colo com jeitinho materno. Após quase cinco minutos, Beatriz retornou.

– E então? Viaja quando para conquista d’Oeste? – Bia indagou sentando-se na cama.

– Amanhã.

– Nossa, já?

– É... Adiei demais. Confesso que morrerei de saudade da Rebeca – ela confessou sorrindo fraco. Bia apenas sorriu. – Ela tem os olhos do Simon... – Luana deixou escapar. Bia mexeu-se inquieta ao mesmo tempo que desviava o olhar.

– Eu sei – por fim, falou.

– Como você consegue não pensar nele?

– Nunca disse que não penso. Eu amo o Simon. Sempre amei e sempre vou amar. Não tem um só dia que eu não pense nele. – Bia confessou. No seu tom era notável a dificuldade e a dor em falar sobre ele.

– Você não ama o Filipe? – Luana inquiriu. Desde sempre quis perguntar isso, mas sempre se deteve.

– Amo. Amo muito ele. – Bia disparou – Mas nada comparado ao que sinto pelo Mon. O Filipe nunca me fez sofrer sabe... Ele era minha melhor opção e por um tempo, eu juro que pensei que poderia dar certo. Mas não foi assim. Nenhum relacionamento sobrevive com um amando mais que o outro e ele me amou além do que eu poderia retribuir.

– Mas não entendo – Luana pensou em voz alta.

– Eu sei que não. Levei grande tempo para entender também. Eu seria capaz de morrer pelo Pi, iria por ele até o fim... Mas eu o amo de forma diferente, ele... – ela parou para considerar seus sentimentos e organizar em palavras – é o irmão que eu nunca tive.

– Então você ama o Simon? – Bia soltou um longo suspiro antes de responder, a incomodava muito falar sobre ele. Era como se... Quando ela abrisse a boca, revivesse por pequenos instantes, tudo outra vez. E doía. Porque foi intenso demais, forte demais, arrebatador demais. E Bia nunca soube direito como lidar com as coisas que lhe roubavam o ar, as palavras, o raciocínio. Ela vivia num mundo lógico antes de Simon e depois dele... Todo o sentido já não era mais tão lógico assim.

– Você sabe que sim. – Bia respondeu depois de um longo tempo em silêncio. – Por que estamos falando sobre isso? – ela perguntou rindo numa vã tentativa de fugir do assunto.

– Para Bia – Luana pediu suavemente

– Parar com o quê?

– Com isso. Tentar escapar do que sente... – Luana tentou explicar gesticulando um pouco, como se mexer as mãos fosse ajudá-la a encontrar as palavras.

– Não estou fazendo isso... – mentiu descaradamente.

– Não? Então por que ele ainda não sabe sobre a gravidez? Não sabe que tem uma filha linda? Não sabe que seu maior desejo é estar com ele? – Bia a olhou de repente encurralada.

– Porque ele não está nem aí pra isso. – Beatriz acusou encarando Luana.

– Não pode falar isso. Sabe... não assim. Como se... Você fosse o Simon. Tem uma bebê na história, Bia. E nem é só por isso. O Simon faria qualquer coisa por você. – Luana respirou fundo – Desculpa, mas ele tem que saber. E se você não disser, eu direi.

– Não é você quem decide isso! – Beatriz falou pondo-se em pé enfurecida. – É minha vida, Luana. Você não está nele nem há duas semanas. Não tem o direito de interferir dessa maneira. Eu escolho isso.

– Você precisa de alguém... Essa criança precisa de um pai. – Luana argumentou em insistência

– Ela já tem!

– Quem? – Luana debateu – O Filipe? – Bia baixou a cabeça. – Eu também quero uma família com ele. Quero filhos de verdade Bia. Eu o amo. Não acho justo você usá-lo assim... Sabe... Ele nunca vai deixar de te amar enquanto estiver com essa responsabilidade.

– Então no final... O que importa mesmo é a sua felicidade? Chegamos ao ponto? – Luana respirou fundo e sustentou um olhar cheio de mágoas com Bia.

– Não é isso. Mas... – ela gaguejou – Tem isso também.

– Entenda que eu nunca pedi para o Filipe assumir a Rebeca. Eu nunca pedi para que ele assumisse essa responsabilidade. E... Pare de ser insegura. É claro que ele me ama. Mas agora sou apenas a irmã dele, e ele está apenas me fazendo um favor. A Rebeca não tem que estar no meio de vocês. Nunca, jamais. Não pense assim. – Luana estava chorando. – Esse assunto já está indo longe demais. Escute, o Simon não está comigo porque me traiu... de novo. E digo de novo porque eu estou farta de perdoar os erros dele. Toda vez que ele me decepcionava, toda vez que ele errava comigo, ele me traís de formas diferentes. Depois as coisas pioraram, ele passou a trair minha confiança, o nosso relacionamento. Isso foi inaceitável.

– Tá falando das fotos né? – Luana suspirou vendo a expressão de Bia passar de determinada para confusa.

– O Simon te contou?

– Eu não queria ter feito parte disso, mas fiz. De certa forma. Aquelas fotos não passaram de uma montagem feita no computador, a Sabrina sempre teve talento com isso.

– Sabrina? O que ela tem a ver com isso?

– Eu era m=melhor amiga dela, ela amava o Simon cegamente. Eu a ajudei a armar para vocês dois se separarem.

– Você fez parte? Foi tudo uma armação? Q-quer dizer... Minha vida foi virada de ponta cabeça por causa de uma armação? – Bia disparou com incredulidade.

– Eu sei que eu deveria ter dito antes, mas... Eu não sabia como.

– E agora, de repente, soube?

– Não foi de repente. Eu caí em mim, só isso. Acabei de perceber que tenho parcela de culpa por você e o Mon não estarem juntos. Tenho culpa se a Rebeca não vai ter um pai presente.

– Eu não acreditei nele... – Bia falou sentando-se na cama com lágrimas nos olhos. Milhares de pensamentos passando de uma só vez pela sua cabeça.

– Eu acho que devo... Ir. – Luana falou quase saindo.

– Luana... Eu não acreditei nele. Depois de todas as promessas e mudanças e coisas que ele fez provando cada dia que me ama, eu não acreditei nele. Meu Deus... O que faço.

– Vá atrás dele. – foi o último conselho de Luana antes dela sair e deixar Bia em prantos.

Beatriz

Perder alguém quando se ama não é fácil, mas difícil mesmo, é perder alguém quando tudo parecia que iria dar certo e pior ainda é se perder em meio a tudo isso. Isso tudo aconteceu comigo. Perdi quem amava e nesse processo acabei me perdendo, esquecendo de quem eu era em nome de um amor um tanto quanto impossível, e agora depois de todo esse tempo nem consigo dizer se algum dia eu soube quem eu era, mas agora sei quem eu quero ser.

Desde que vi o Simon pela primeira vez muitas coisas aconteceram, algumas rápida demais, algumas que poderiam ter sido evitadas, erros que jamais serão cometidos novamente e erros que parecem que eu sempre irei cometer, só pelo simples fato de que esses erros se tornaram minha ruína e a única razão pela qual ainda desejo viver. Já fazia mais de um ano, e nesse longo tempo de tudo um pouco aconteceu, o primeiro amor, a primeira perda que seria a primeira de muitas, o primeiro motivo para voltar a viver depois de tanto tempo, a primeira revelação, a primeira mentira e o primeiro perdão, e cada um desses momentos, por mais doloroso, angustiante e feliz, eles simplesmente passaram e no fim tudo se tornou apenas felizes e amargas lembranças. Algumas que me deixariam para baixo quando eu menos precisasse e outras que me lembrariam sempre, o porquê de querer continuar tentando e lutando.

O meu amor pelo Simon foi algo tão intenso que palavras nunca conseguiram descrever, mas nós seres humanos somos cheios de falhas e imperfeições e uma dessas imperfeições nos distanciou de tal forma que quando percebemos já não sabíamos como um dia conseguimos dar certo, era até mesmo surreal e difícil de acreditar, mas eu tinha, agora, alguém que me lembrava constantemente que todo aquele amor foi real e verdadeiro.

Saber que tudo não passara de uma armação, me revigorou. Quer dizer, eu sabia que tinha que procurar o Simon, mas não sabia se queria e nem se estava pronta para encarar isso. Mas eu... Eu iria em frente. Eu... Precisava fazer isso pela Rebeca. Precisava ir atrás do Simon. Precisava dizer que ainda o amo, que acredito nele, que agora eu sei que era real.

Então era isso. Me dirigi ao telefone como quem se dirige a um enterro ou algo do tipo. Disquei os números que eu já sabia de cor e quase fiz “figas” com os dedos na torcida de que fosse ele que atendesse de primeira. Quando meu pai atendeu, soltei o ar do pulmão aliviada. Nem havia notado que eu tinha parado de respirar. Eu queria que fosse o Monze a atender o telefone, mas o fato de ter sido meu pai, me deu mais um ímpeto de coragem.

– Oi pai. – cumprimentei

– Bia! Ei, quanto tempo. Meu Deus, tenho tantas coisas para te dizer. Você vem quando para cá? – ele falou de uma vez.

– Calma velho. – forcei uma risada. – Pai não sei se posso voltar logo praí, mas pretendo ir breve.

– Você teve um bebê e nos manteve por fora dessa notícia. Por quê?

– Como o senhor sabe da Rebeca? E... Eu não poderia dizer. Sabe... Não depois de ter ido embora por causo do Simon.

– Mas ele entenderia. Quer dizer, ele ficou arrasado por você ter ficado grávida do Filipe tão rápido, mas ele entendeu. – engasguei.

– Grávida do Filipe? – perguntei – Não pai... Eu... A Rebeca é do Simon. Eu... achei que ele tivesse me traído por isso fui embora. Quando descobri da gravidez... Sabe... Sou orgulhosa que nem o senhor.

– Filha... Tantas coisas aconteceram aqui por causa dessa sua gravidez... Mas vamos ao assunto, por que você ligou?

– Eu preciso falar com o Mon. Preciso dizer a ele umas coisas.

– Por telefone, Bia?

– Por favor pai... Não me repreenda agora. Eu preciso mesmo falar com o Simon. Dizer que agora percebo que ele me amava mesmo, que jamais me trairia... Preciso dizer que agora sei que foi tudo uma armação. Diga que ele está? – quase implorei.

– Não. Ele volta amanhã. – suspirei aliviada e decepcionada – Bia... Você não pode voltar pra vida dele depois de quase um ano. Eu sei que ele não deixou de te amar, mas ele quase morreu tentando superar o buraco no peito que você deixou. Sofri demais por aqui tentando ajudá-lo a encontrar um motivo que o fizesse querer viver...

– Ele está com outra? – cortei-o impaciente e de repente desesperada.

– Não. Mas eu já não tenho mais a certeza se ele vai querer você de volta com filha ou não. – me assustei com a sinceridade do meu pai.

– Diga que eu liguei. – falei, engolindo em seco e desligando sem esperar respostas. Meu pai deve ter ligado umas cinco vezes depois disso. Deixei cair na secretária eletrônica. Eu não desistiria, claro. Mas era com o Simon que eu precisava falar.

[...]


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? O que acham que irá acontecer no próximo capítulo? Alguma sugestão? Palpites? Comentem! E... Desculpem mais uma vez.

~Keel



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