Coisas do Acaso escrita por Quézia Martins, Tia Ay, Aylla


Capítulo 27
Digna de Pena


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente... Tentei não demorar... Não sei se ficou a melhor coisa do mundo, mas espero que vocês gostem e pelo amor de Deus, comentem! Obrigada pelos últimos reviews ^^

Boa leitura!



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Bia

Saí andando em direção à ela. Katney. Como assim essa baranga estava na minha frente toda sorridente e esbanjando alegria? Como assim? Olha só a confusão toda que ela causou na minha vida.

Primeiro: Ela trouxe o Simon praquela bendita festa. Sim. Isso foi horrível. Pensa só: Se não fosse por isso, eu jamais teria tido algo ele. Confere? Sim, confere.

Segundo: Ele estava sem camisa. Ok, isso não é bem culpa dela, mas né? Se ela não tivesse convidado ele, e ido primeiro a boate interna, alguém jamais teria derramado bebida nele e ele não precisaria tirar a camisa. Percebe? Uma coisa leva a outra.

Terceiro: Ela não deu meu aviso para ele. Se aquela vaca tivesse dito que eu tinha engravidado e precisava dele comigo, as coisas poderiam ter sido mais fáceis para mim.

Quarto: Ela escreveu uma carta fingindo ser ele! Tipo... Aqui já engloba duas grandes justificativas como, por exemplo: Eu passei nove longos meses com dor. Tanto por fora, quanto por dentro. Tudo que eu tive que aguentar, as afrontas, humilhações e xingos. Já imaginou como é conviver com isso todo santo dia? Você perde aos poucos a vontade de querer viver, mas eu mesmo assim insisti. Por quem? Por causa do bebê que eu carregava dentro de mim. Bebê esse que eu perdi no mesmo instante que terminei de ler a carta.

E quinto: Eu passei bom tempo da minha vida tentando odiar alguém que claramente eu amava. Sabe... Agora ela estava ali. E nem era por vingança que eu me dirigia a ela a mil. Eu precisava dizer umas verdades enquanto ensinava a ela como ser uma boa pessoa. Dar um pouco de ética e caráter pra essa criatura. Se bem que sempre considerei impossível alguém aprender isso de uma hora para outra. Ainda mais alguém como ela.

Parei de frente a ela e podia ouvir os gritos histéricos de Katy atrás de mim.

—Oi— Cumprimentei cínica enquanto observava a forçada cara de surpresa que Katney tratou de interpretar.

—Olá.— Ela cumprimentou de volta. —Oi Katy.— Olhei para Katy que deu um meio sorriso e mexeu os dedinhos em sinal de oi. Percebi que ela olhava de um lado para o outro.

—Procurando alguém?—

—Você estava grávida não? Seu filho deve estar com uns dois, três anos agora.— Ela falou pausadamente contando nos dedos. Juro que tentei me segurar, mas quando ela parou de contar e jogou os cabelos para trás levantando a cabeça com um sorriso no rosto, perdi o controle. Voei naquela grande cabeleira e saí arrastando ela para fora do shopping. Katy saiu atrás, pedindo desculpa pelo escândalo por onde passávamos. Chegamos ao estacionamento do shopping e soltei o cabelo dela fazendo com que a mesma caísse no chão desorientada. Ela levantou e ficou me olhando, os olhos saltando das órbitas completamente pega de surpresa.

—O que você pensa que...

—Cala a boca!— Gritei antes que ela pudesse continuar. —Cala a boca e me escuta, ok? Sabe a porra de tempo que passei sofrendo por causa de uma armação sua? Já percebeu isso ou tava muito preocupada comprando alguma roupa nova? E por acaso me proibir de ter algo com o Simon te fez ter ele?—

—Fez!— Ela respondeu exaltada.— Não tem noção do quanto! Ele manda muito bem na cama, aliás.— Torci os lábios e com uma força mandada pelo demo, virei um soco na cara branca daquela perua. E depois outro, outro e outro... Estava em cima dela distribuindo socos até que Katy me puxou, ainda senti minha perna dar um chute na costela dela, costela essa que eu amaria ouvir o som sendo quebrada.

—Bia, para! —Katy gritava. —Ela está sangrando, para! Chega! Já deu a ela o que ela precisava. Acabou! Vamos sair daqui.

—Não...— Resmunguei com lágrimas nos olhos. —Não mesmo. Ela tirou a vida do meu filho. Ela tirou minha vida também. Não dá pra fingir que isso não foi nada.

—Mas você aprendeu coisas imensas e principalmente que a vida é curta demais para guardar rancor... Olha só... Ela pediu apontando para Katney jogada no chão. Ela é só alguém miserável. Merece compaixão e não ódio. Vamos embora? —Abaixei a cabeça e respirei fundo. Sim. Eu iria embora.

—Isso... —Katney falou baixo depois de cuspir o sangue acumulado no canto da boca. —Vai embora.— Ela deu um sorriso. —Vadia.— Eu abaixei com muita pena e cravei os dedos no cabelo dela.

—Tenho dó de você. Dó por precisar ver alguém sofrendo para ser feliz. Você é digna de pena, Katney. E é exatamente isso que quero conceder a você. Quero que você se afogue em todo esse seu egoísmo. —Dei um tapa na cara dela e a obriguei a me olhar de novo. —Agora eu perdoo você. —Depois disso, levantei e saí.

Katy passou o caminho todo em silêncio. Me olhava confusa. Acho que nunca pensou que eu chegaria naquele ponto. Eu dificilmente perco o controle.

—Você bateu muito nela. Se pá ela vai precisar de uma cirurgia plástica.— Ela comentou gesticulando devagar.

—Ela sempre precisou disso.— Eu disse num dar de ombros.— Não vamos falar disso, beleza? Você sabe o quanto guardei dentro de mim e quanto tempo passei remoendo isso. Não foi injusto e muito menos não merecido. —Ela comprimiu os lábios e depois deu um leve sorriso. Ato que eu entendo por Puxe outro assunto. —E então? Fiquei sabendo sobre você e o Brian...— Daí ela já começou uma longa história sobre como se conheceram melhor e valeu pelo resto de tempo que tínhamos juntas.

Filipe.

—É isso. Amanhã mesmo eu vou embora. —Confessei a Meg.

—Não pode abandonar tudo! Samy não gostaria que fizesse isso!

—Mas também não posso continuar num lugar onde tudo me trás lembranças dela. Entende?

—Mas Lipe... Cê vai pra onde?

—Eu dou meu jeito. Eu sempre dou.— Respondi me pondo em pé. — Não se preocupe!— Ela me deu um abraço.

—Você sabe que eu tenho me esforçado para mudar. Isso é tudo que eu mais quero...

—Todo mundo já percebeu isso Meg. No início achei que era fingimento, mas agora sei que é verdade e me alegro com isso. Só que é a minha vida, e a sua mudança não tem nada a ver com isso!— Ela me olhou tristonha — Amo você. Completei antes de sair de lá. Eu amava tudo aqui. Só que eu não podia mais me obrigar a viver daquele modo.

Lúcio.

—Como estão as crianças? —Perguntei para Rose que dobrava umas roupas.

—A Meg está apaixonadérrima pelo gringo. —Ela falou.

—O Jake?

—Esse mesmo.— Minha mulher respondeu com um entusiasmo incrível na voz. Sinal que aprovava o namoro.— Esses dias os ouvi falar em noivado.

—Mas fazem o quê? Uma semana que eles estão juntos? Esses jovens de hoje em dia têm um pressa danada, não?— Comentei tirando as botas.

—Só querem viver intensamente o que a vida os oferecem. Normal.

—Você acha normal eles terem certeza de uma coisa num dia e no outro já nem se importarem mais?

—Têm a vida toda pela frente, relaxa homem. Bom, o Filipe tá meio avoado, depois da morte da Samy... Acho que a cidade toda ficou meio abalada com isso, né? Uma hora ela estava aqui e na outra... Complicado.— Ela comentou começando a guardar as roupas em seus devidos lugares.— A Sophie tá indo mal na escola. O Simon se isolou, a Bia foi embora do nada... A Meg até tenta fazer companhia a ela, mas a garota percebe que não é o casal que ela tanto se identificava.

—Casal... Não soa estranho para você usar esse termo para se referir a Beatriz e Simon? Ambos meus filhos?— Inquiri com uma sobrancelha arqueada.

—Toda forma de amor é válida. —Ela respondeu entrando no banheiro e avisando que iria tomar um banho. Será mesmo? Eu realmente não sei mais no que crer.

Simon

Miragem? Talvez fosse. Mas não era. E eu tive absoluta certeza no momento que pude tocar naquele papel. Uma carta. Destinada a mim.

Oi Simon.

Fui embora né? Pode imaginar o quanto isso foi doloroso para mim? Pois foi. Eu nunca encontrei alguém como você na minha vida. Acho que todos conhecem nossa história. A virgenzinha que cometeu a burrada de se entregar de primeira para um completo desconhecido. A ex-pura apontada por Deus e o mundo por ter sido imprudente ao ponto de dar, se me permite o termo, sem camisinha. A idiota que sofreu longos dois anos para no fim das contas, reencontrar você. Isso não é irônico para você? Para mim soa engraçado demais.

Eu tive que ir, e imaginei que você ficaria abalado, mas espero que nem tanto. Porque não é o fim do mundo sabe... Eu apenas fui embora e você como ninguém, está ciente desse motivo. Por favor, não me culpe por ter sido fraca. Ir embora não significa deixar de amar ou não se importar mais. Às vezes é necessário se afastar. Mas não se deixa de amar. Eu não estou perto de você, só que isso não significa que eu não pense em você.

Não te proíbo de vir atrás de mim. Você não fez isso da primeira vez. Porém, te proíbo de sofrer. De ficar pelos cantos murmurando as armações idiotas da vida. Todos nós estamos vulneráveis a isso.

Se for pra vida ser boa e se for para ter sorrisos, que sejam por motivos eternos, mesmo que essa eternidade seja por pouco tempo. Antes amar e sofrer, do que não se permitir amar.

E eu amo você.

Meu eterno Simon.

Terminei de ler aquilo com lágrimas nos olhos. Claro. Existiam milhares de questões que me rondavam a mente, como: Quando ela escrevera essa carta? Por que digitada e não manualmente? Foi impressa por alguém? Devo acreditar veementemente naquela carta? Naquele conjunto de palavras que me emocionou? Não lhe pareceu que ela estivesse me vendo todo esse curto tempo da ausência dela? E como essa carta havia chegado aqui? Eu tinha tanto a descobrir e só pensava em ir até ela. Eu pensava em como seria bom vê-la. Talvez eu devesse fazer isso. Talvez eu devesse sumir para o Rio atrás da irmã que eu amo mais do que me cabia.

E por que não?

[...]


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Exagerado? Faltou algo? Comentem! Digam o que acham que vêm a seguir e sejam surpreendidos mais uma vez ^^

~Keel